Spotted

By dntfarway

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O Spotted SNU é a maior sensação da rádio universitária. Apresentado por Choi Beomgyu e seu veterano do curso... More

Você recebeu um spotted!
Personagens + Trailer
ON AIR: Aquele veterano de Medicina Veterinária
ON AIR: O loirinho com risada de golfinho
ON AIR: O monitor da biblioteca
ON AIR: Nova Ordem Espacial
ON AIR: Cara, você tá tão na dele
ON AIR: Latte macchiato
ON AIR: Os três mosqueteiros
ON AIR: Quatro é demais
ON AIR: Cúmplices de um resgate
ON AIR: Clube dos corações solitários
ON AIR: Ande duas casas, volte três
ON AIR: Não é sobre amor
ON AIR: Perigo! Não ultrapasse
ON AIR: Confissões de um apaixonado em crise
ON AIR: Orgulho e preconceito
ON AIR: Sobrevivência do mais forte
OFF AIR: E eu estarei te amando por muito tempo
ON AIR: Efeito unilateral
ON AIR: Razão e (in)sensibilidade
ON AIR: Efeito colateral
ON AIR: Sorte no amor, azar no jogo
ON AIR: Clube dos corações incertos
ON AIR: Estrelas e cicatrizes
ON AIR: Clube dos corações perdoados
ON AIR: Cinco centímetros por segundo
ON AIR: Clube dos corações confusos
ON AIR: Me encontre no nosso lugar
ON AIR: Em sintonia
ON AIR: O DJ da rádio
ON AIR: O último dia das nossas vidas
OFF AIR: O primeiro dia do resto das nossas vidas
OFF AIR: E eu comecei a te amar a tempo
OFF AIR: E eu continuo te amando depois de todo esse tempo
OFF AIR: E eu estive te amando por muito tempo (I)
OFF AIR: E eu estive te amando por muito tempo (II)
Agradecimentos

ON AIR: Achados e perdidos

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By dntfarway

— Você tem literalmente cinco minutos para falar o que veio falar, começando a partir de agora. Vai. — Foi a primeira coisa que Soobin falou, assim que sentou na ponta da mesa que Kai e Beomgyu ocupavam no restaurante da sua tia.

Era o começo da noite de quarta-feira.

Ou seja, para Beomgyu, era o começo da noite do quarto dia desde o seu beijo com Taehyun. Também conhecido como o começo da noite do quarto dia que ele não via e nem falava com Taehyun, podendo também ser chamado como o começo da noite do quarto dia em que estava enlouquecendo completamente por causa de Taehyun.

Quarta-feira.

Na manhã daquela quarta-feira, Taehyun lhe enviou uma mensagem. Um mero balãozinho consideravelmente grande brilhando na tela de bloqueio de Beomgyu, tão inocente que não deveria ter feito o seu coração escalar pelas paredes da sua garganta como o alpinista mais desesperado de todos, como tinha feito.

Na mensagem, Taehyun lhe pediu desculpas novamente por ter fugido dele no sábado e perguntou se os dois podiam conversar naquele dia, pois estava pronto para esclarecer o ocorrido com Beomgyu. Beomgyu esse que, por um segundo apavorante, só conseguiu pensar que esse esclarecimento ao qual o mais novo se referia seria um grandíssimo pé na sua bunda.

Por qual outro motivo Taehyun estaria o evitando por quatro dias seguidos e faltado a faculdade por três, justamente após os dois avançarem um passo que tentaram conter por tanto tempo que não conseguiram mais controlar, quando a vontade se tornou absurda?

— Ai, hyung, sinto muito, mas não vou lidar com isso sozinho — resmungou Kai, no final da aula da tarde deles, quando se encontraram para ir juntos ao ponto de ônibus e Beomgyu dividiu consigo aquele tormento que tinha o incomodado o dia inteiro, desde o momento que a mensagem ainda não-respondida de Taehyun chegou em seu celular. — Segura aí, vamos encontrar o Soobin hyung.

Então, em vez de subirem em seus respectivos transportes para suas respectivas casas, a dupla seguiu até a estação de metrô e embarcou naquele que os levaria até o restaurante familiar, barulhento e energético de Choi Seoyun, a tia mais nova de Soobin e único familiar que ele possuía em Seul.

Assim, fazia quase vinte minutos que estavam sentados em uma das mesas próximas à enorme janela do estabelecimento, dividindo uma porção de tteokbokki apimentado e observando o movimento de trabalhadores e estudantes retornando às suas casas na rua exterior e sem discutir o tópico principal — e predominante — que dominava os pensamentos de Beomgyu.

Soobin, que estava substituindo um funcionário doente naquele semana, ainda não tinha conseguido se livrar da agitação do serviço para vir conversar com os amigos e, toda vez que Beomgyu tentava falar somente com Kai sobre a sua situação atual com Taehyun, o mais novo começava a cantar uma musiquinha infantil para calá-lo.

Ele estava começando a ficar rebelde demais, na opinião do mais velho.

— Você vai me censurar agora? — questionou Beomgyu, com as sobrancelhas arqueadas, para Kai. Ao seu lado, Soobin se curvava sobre a mesa para roubar um pouco do lanche dos amigos e arqueou as sobrancelhas para o ataque gratuito.

— Não, agora você pode falar, meu amor — retrucou Kai, ironicamente, apoiando os cotovelos na mesa, o queixo nas mãos e encarando o amigo com um par de olhos implicantes.

Aish — reclamou Beomgyu, irritado consigo mesmo, pois não conseguia ficar bravo com Kai nem se quisesse bastante. E o mais novo sabia se aproveitar disso.

— Quatro minutos, Gyu-yah — alertou Soobin, com a boca cheia e os olhos grudados em seu relógio de pulso.

A sua psicóloga ia saber o nome daqueles dois, concluiu Beomgyu, enquanto puxava o celular do bolso, o desbloqueava e abria o chat com Taehyun para que pudesse mostrar as mensagens enviadas pelo mais novo para os melhores amigos.

Assim que colocou o celular no centro da mesa, Soobin e Kai se curvaram sobre o aparelho para avaliá-lo como uma dupla de filhotinhos de gato atraídos por um feixe de luz.

— Tá, e aí? Por que você não respondeu? — perguntou Soobin, erguendo o olhar na direção do amigo, com sua voz ainda soando abafada por estar mastigando o tteokbokki.

Os lábios dele estavam levemente sujos do molho apimentado de uma maneira adorável e que teria feito Yeonjun beijá-lo, se estivesse presente.

Beomgyu agradeceu pela ausência dele.

Ahn, porque... bem, só porque, talvez, exista a possibilidade de eu estar com medo dele me rejeitar — murmurou, envergonhado, desviando o olhar dos amigos para o exterior do restaurante novamente.

— E por que você acha isso? — quis saber Soobin, sinais de incredulidade brotando em seu tom de voz.

Beomgyu grunhiu de frustração, em resposta. Ele tinha contado aos amigos sobre o beijo com Taehyun no dia anterior, fazendo questão de pontuar como o mais novo tinha fugido sem explicação alguma após os dois se separarem e como isso estava o enlouquecendo desde então, porque não sabia a que conclusão poderia chegar com a atitude do outro rapaz. Não sabia se deveria chegar a alguma conclusão, ou apenas se deixar ser consumido pela agonia da espera.

Para falar a verdade, não sabia mais nada.

Tudo o que Beomgyu tinha consciência era um único fato: tinha se declarado para Taehyun e Taehyun o beijara, somente para largá-lo completamente sozinho e confuso logo depois. E os motivos para o mais novo ter feito isso eram tão variados que, no fim de tudo, a única resposta ao qual o cérebro ansioso de Beomgyu conseguia chegar era que estava errado durante todas aquelas semanas e Taehyun nunca esteve na mesma página, no mesmo caminho, na mesma batida de coração que ele.

Então, que o processem por ter medo de conversar com o mais novo e ser rejeitado diretamente, embora soubesse que esse era um risco que estava correndo ao declarar seus sentimentos românticos por um dos seus amigos em uma música performada para toda uma multidão de universitários e seus agregados.

— Você lembra que ele fugiu depois do beijo? — retrucou, na defensiva, voltando a encarar os amigos.

Soobin deu de ombros, enquanto limpava a boca com um guardanapo que Kai tinha estendido para ele.

— É, mas foi ele que tomou a iniciativa do beijo, não foi? Ele te beijou porque quis, Beomgyu-yah — disse o mais velho, cheio de uma certeza a qual Beomgyu não queria se apegar no momento, uma vez que estava temendo criar expectativas. — E antes que você pergunte como eu posso ter tanta certeza, fui eu que tomei a iniciativa do meu primeiro beijo com o Yeonjun hyung e posso te garantir que sim, fiz aquilo porque quis. Se o Taehyun fez isso também, foi porque ele também queria te beijar.

— Pelo que me lembro bem, o hyung disse que tudo só aconteceu porque ele te chamou pra sair e te convidou pra ir até o apartamento dele — implicou Beomgyu, abrindo um sorriso vitorioso ao ganhar um par de olhos arregalados.

— Ya! É porque ele é um aproveitador que ama roubar os créditos dos outros! — exclamou Soobin, revoltado. Seu tom alto chamou atenção de um grupo de pessoas sentadas em uma mesa próxima, mas aquilo não os impediu de continuar a discussão boba.

— Então é assim que você fala do seu namorado quando ele não está presente? — provocou Beomgyu. — Acho que vou ter que te dedurar, hyung.

Soobin fez menção de tentar acertá-lo com um tapa na testa, mas foi interrompido por uma mulher baixinha, com olhos muitos semelhantes aos seus e uma touca de redinha segurando seus fios de cabelo tingidos por vermelho, que brotou no balcão do caixa e exclamou impacientemente:

— Ya, Choi Soobin! Levanta daí e vai trabalhar!

— Nem tem cliente, tia — reclamou Soobin, olhando para a mulher por cima do ombro.

— Então vem ajudar sua prima na cozinha. Bora, levanta logo daí antes que eu te mande de volta pra Ansan a chutes — avisou a mulher e retornou para o interior da cozinha, após se desculpar com os poucos clientes presentes com um sorriso doce que não combinava com seu tom irritado de meros segundos atrás.

Soobin revirou os olhos, roubou mais um tteokbokki dos amigos e se levantou. Antes de deixá-los, anunciou em um tom muito parecido com aquele que professores de jardim de infância usavam para disciplinar seus alunos — tranquilo e gentil, mas firme:

— Para de enrolação e vai logo falar com o Taehyun. Você sabe que quer fazer isso. — Dito isso, deu às costas a mesa e marchou de volta para o seu serviço, sem antes deixar de apontar na direção do celular de Beomgyu, ainda largado na mesa, quando passou para trás do balcão de atendimento e foi ocupar o seu lugar atrás do caixa.

Beomgyu revirou os olhos e desviou seu olhar novamente para Kai, somente para encontrá-lo já o encarando com aquela neutralidade insultante estampada em suas feições. Era como se nem o maior temporal do mundo fosse capaz de abalá-lo, o que, para a pessoa preocupada e ansiosa que Beomgyu era, chegava a ser ofensivo.

— O Soobin hyung tem razão, sabia? — ele começou, assim que recebeu a atenção do amigo. — Você tá fazendo aquilo de novo, hyung. Aquilo que você sempre faz quando não quer lidar com uma conversa importante ou coisa parecida. Você sempre dá um jeito de inventar desculpas para não ser sincero com seus sentimentos ou sobre o que quer.

O mais velho encolheu os ombros, ao ser pego no flagra tão simples e naturalmente daquela forma. Descobrir que seus velhos hábitos prejudiciais não sumiam com a facilidade que gostaria era quase menos vergonhoso do que se dar conta que esses mesmos hábitos estavam estampados em suas atitudes, gritando para quem parasse um pouco para prestar atenção em si.

Kai sempre prestava.

— Se você estivesse com medo de verdade de conversar com o Taehyunie sobre vocês dois, você não teria apresentado Guard You no show — continuou o mais novo, em um tom surpreendente descontraído, como se já tivesse dado uma espiada no futuro e soubesse que Beomgyu não tinha com o quê se preocupar. — Você teve dias para desistir da ideia, hyung, mas não desistiu. Eu acho que essa insegurança que você tá sentindo agora é só medo do desconhecido porque, até então, você e o Taehyun não conhecem outro tipo de relacionamento. Vocês só sabem ser amigos um do outro.

— Mas eu não quero mais ser só amigo dele — murmurou Beomgyu, espontaneamente, dando voz àquele pensamento que tinha se enraizado em seu ser há muito tempo. Ele só tinha demorado um pouco para se acostumar com ele. — Você acha mesmo que o Taehyun não vai me rejeitar depois de tudo que aconteceu?

Kai abriu um sorriso suspeito. Por um segundo, ele não parecia mais estar sendo compreensivo com a confusão de Beomgyu, mas estar, na verdade, se divertindo com ela.

— Ah, eu tenho certeza disso, hyung. Aposto até o teclado novo que meu pai tá fingindo que não comprou para me dar de presente de Natal, se você quiser.

Beomgyu abriu a boca para perguntar o que ele queria dizer com aquilo, ou qual era a verdade mal contada que estava escondendo por baixo daquele sorrisinho ambíguo, entretanto, foi interrompido por seu celular vibrando no centro da mesa com a chegada de uma mensagem.

Soobinie hyung [18:19]

O que quer que o Hyuka esteja falando, eu concordo com ele e não com você

Vai falar com o Taehyun!!!!

Erguendo o olhar para o balcão de atendimento, Beomgyu encontrou o seu hyung batendo em seu relógio com o dedo indicador, como se quisesse avisá-lo que o tempo estava passando, o que o fez revirar os olhos — mas abrir um sorriso involuntário também, enquanto respondia o mais velho com um polegar para cima.

A verdade era que seus amigos tinham razão. Ele não estava com medo de conversar com Taehyun, somente se deixou convencer que esse era o motivo da sua hesitação porque temer algo conhecido era mais confortável do que temer o desconhecido. Ou seja, temer aquele relacionamento para o qual Taehyun e ele abririam uma porta, independentemente do que discutissem durante a sua conversa.

O desconhecido era assustador, de fato, mas Beomgyu estava cansado de esperar por empurrões exteriores que o incentivassem a enfrentá-lo. Estava cansado, na verdade, de esperar.

Assim, com isso em mente, aproveitou que tinha o celular em mãos e respondeu as mensagens de Taehyun, confirmando um encontro.

O mais novo tinha dito, durante o seu recado de mais cedo, que poderia encontrá-lo em seu apartamento e Beomgyu informou que estaria o aguardando, caso ainda estivesse disposto a conversar.

Dessa vez, estaria aguardando com um prazo de validade.

— Pronto, feito — falou e largou seu celular no meio da mesa, como se esse estivesse pegando fogo. Seu coração estava disparado em seu peito, o que o fez soltar uma risada incrédula. — É isso. Agora é esperar para ver no que vai dar.

— Vai dar em eu servindo de vela para outro casal meloso — resmungou Kai, embora seu tom fosse de divertimento. — Quer apostar quanto que vocês vão ser mais grudentos do que os hyungs? Aish, vai ser ridículo.

— Isso é homofobia — acusou Beomgyu, ignorando o rubor quente em seu pescoço, ao se imaginar sendo um casal com Taehyun.

Meses atrás, o pensamento teria o jogado em um espiral autodepreciativo de insegurança e medo. No entanto, agora, o enchia de uma euforia e apreensão formigantes, que acelerava seu coração e pintava manchinhas rosas nas maçãs da sua bochecha.

— É nada! — Kai se defendeu. — Você é pan e o Taehyun bi, logo não estou sendo homofóbico, tô sendo panfóbico e bifóbico. É diferente.

Beomgyu gargalhou.

— E em que mundo isso é melhor? — devolveu, ainda risonho, com lágrimas de alegria ardendo em seus olhos.

— O que é melhor? — A voz de Soobin, soando próxima mais uma vez, os assustou, fazendo-os erguer o olhar na direção do mais velho em conjunto.

Soobin estava parado em pé ao lado da mesa, com dois cardápios enfiados debaixo do braço direito e um cenho franzido estampado em seu rosto.

— O Hyuka disse que o Taehyun e eu formaríamos um casal melhor que você e o Yeonjun hyung — mentiu Beomgyu, ganhando um chute na canela do mais novo do trio, enquanto Soobin arregalava os olhos e anunciava:

— Ah é? Então, por isso, você vai ficar na cozinha com a noona. Anda, levanta. — Ele estendeu um cardápio para Beomgyu, completando: — Você atende as mesas.

A dupla o encarou como se o mais velho tivesse começado a falar repentinamente em uma língua estrangeira.

— Oi? — Kai foi o primeiro a verbalizar a confusão que compartilhava com Beomgyu.

— O outro funcionário da minha tia também não vai poder vir trabalhar hoje e o restaurante vai já entrar no horário de pico porque o pessoal aparece para jantar — explicou Soobin, abrindo um sorriso conspiratório. — Já que vocês fizeram a caridade de aparecer por aqui, levantem as bundinhas daí e venham me ajudar a trabalhar.

Beomgyu, então, foi relembrado porque evitava aparecer no restaurante familiar de Choi Seoyun. Assim como se aproveitava do sobrinho, a mulher não tinha nenhuma vergonha em se aproveitar dos amigos dele também, o que já lhe rendeu algumas noites tendo que ajudar com o serviço, quando só tinha vindo buscar Soobin para que pudessem ir ao cinema depois que ele fosse liberado.

E nunca havia escapatória, principalmente quando Seoyun os subornava com promessas de comida gostosa e gorjetas a mais no final do expediente. Mas esse não era o único motivo para Kai e Beomgyu decidirem ajudar Soobin, claro que não. Eles se importavam bastante com o melhor amigo e fariam tudo por ele, etc etc.

Como Soobin tinha dito, o restaurante não demorou muito para começar a ficar mais movimentado, com a chegada de trabalhadores saindo dos seus expedientes e parando no meio do caminho para jantar a comida saborosa de Seoyun e sua única filha.

Kai foi despachado da cozinha, por estar mais atrapalhando do que ajudando, e colocado no caixa de atendimento, enquanto Beomgyu e Soobin perambulavam pelo espaço anotando pedidos, limpando mesas e servindo pratos com um cheiro forte de comida caseira e aconchego.

Uma música instrumental tranquila soava pelos alto-falantes disponibilizados pelas paredes do restaurante, misturando-se ao ritmo agradável das conversas e burburinhos passeando pelas mesas, criando um ambiente tão gostoso que todas as preocupações bobas de Beomgyu se perderam em algum lugar durante o seu trajeto indo e voltando da cozinha, uma vez que estava distraído o suficiente para não ficar antecipando a sua conversa com Taehyun.

Tão distraído que só lembrou de checar suas mensagens quando trocou uma segunda vez com Kai, ficando no caixa em vez do amigo mais novo, que foi ajudar Soobin com o atendimento dos clientes.

A resposta de Taehyun tinha chegado há quase quinze minutos.

Taehyunie [20:27]

Eu ainda quero conversar sim, hyung.

Vou para o seu apartamento. Te aviso quando sair de casa.

Beomgyu apertou o celular e respirou fundo. Seu coração palpitou nervoso no peito, quase despencando do seu posto na caixa torácica, mas Beomgyu conseguiu manter o controle da própria ansiedade porque estava tudo bem.

Tinha tudo sob controle.

Beomgyu não tinha nada sob controle.

Ele se deixou ficar mais meia hora ajudando no restaurante de Seoyun até pedir para ser dispensado mais cedo do que o combinado, porque tinha um problema pessoal para resolver.

Por conta disso, acabou perdendo a porção de comida que Seoyun tinha prometido e foi recompensado apenas com as gorjetas que recebeu durante o seu trabalho, mas alguns sacrifícios precisavam ser feitos pelo bem da sua vida amorosa.

Kai e Soobin se despediram dele com apertos nada discretos em seus ombros e tapinhas em suas costas, como se nem estivessem se esforçando para disfarçar o fato de que Beomgyu estava à caminho de uma guerra para qual se preparou por tanto tempo que nem tinha mais certeza se estava pronto para ela. Estar acostumado com o treinamento e a antecipação não tornava a situação real menos assustadora, como as pessoas diziam que fazia.

Mas até aí tudo bem.

Beomgyu ainda tinha tudo sob controle, embora sentisse seu coração batendo mais forte e a respiração ficando mais rarefeita a cada estação que o metrô passava em seu caminho de volta para casa, aproximando-se mais e mais do ponto em que teria que deixar o transporte para ir, enfim, enfrentar aquela guerra adiada por tantos meses.

Tudo saiu completamente dos eixos assim que pôs o pé dentro da residência compartilhada e tirou o celular da sua mochila, para checar o horário. Além do relógio anunciando que faltavam quase vinte minutos para às dez da noite, também havia uma mensagem de Taehyun, enviada um pouco mais de meia hora atrás, informando que estava a caminho.

Considerando a distância da casa dos Kang para o apartamento e o horário da mensagem, Taehyun chegaria a qualquer momento e Beomgyu ainda estava fedendo a aulas finais da faculdade, tteokbokki e trabalho forçado.

Sem contar que, assim que adentrou o seu quarto — tropeçando desesperadamente atrás da sua toalha e de uma muda de roupas limpas —, encontrou Dongwook deitado relaxadamente em sua cama, de uma maneira que Beomgyu não imaginaria que encontraria o amigo, pois ele tinha dito que sairia com a namorada naquela noite.

— Hyung, o que você tá fazendo aqui? — questionou, congelando no batente da porta, com a respiração ofegante e as alças da sua mochila escorregando por seus ombros.

Dongwook o encarou com as sobrancelhas franzidas.

— Ahn, eu moro aqui? — Sua resposta soou mais como uma pergunta, e o mais velho não tirou seu olhar de Beomgyu, que perambulava afobadamente pelo cômodo atrás das suas coisas para tomar um banho.

— Você não disse que ia sair com a sua namorada? — Beomgyu parou no meio do quarto, com dois pares diferentes de calças em ambas as suas mãos, sem saber qual das duas usar.

Uma era a do seu pijama e a outra era uma flanelada confortável que usava em casa — e que, provavelmente, seria mais útil se Taehyun fosse embora e Beomgyu precisasse ir atrás dele. Não queria sair de pijama na rua.

Ele decidiu vestir a calça flanelada.

— É, mas a gente ficou com preguiça de sair — respondeu Dongwook, dando de ombros. — Ela tá vindo pra cá pra gente assistir um filme. E você não tá convidado, então fica lá pela sala com os meninos, sei lá. O Sangho tá doido pra ter uma companhia para maratonar a nova série da Marvel com ele.

— Não, hyung! Eu vou precisar do quarto! — Beomgyu não pretendia soar tão desesperado quanto soou, contudo, quanto mais minutos gastava discutindo com Dongwook, mais as chances de Taehyun chegar e encontrá-lo naquele estado deplorável aumentava. Assim, ignorando o seu constrangimento, encarou o mais velho e disse: — É muito importante, sério. Por favor, vai dar uma volta com sua namorada ou, sei lá, fiquem lá pela sala. Mas me deixa usar o quarto.

Dongwook o encarou com as sobrancelhas arqueadas, sem falar nada por alguns minutos. Então, para surpresa de Beomgyu, ele abriu um sorriso divertido e questionou, como quem não queria nada:

— Isso tem a ver com aquele loirinho?

Beomgyu ia se atirar pela janela.

— Hum, é — respondeu, com os ombros encolhidos. — Ele tá vindo pra cá porque nós precisamos discutir um assunto importante. E eu vou precisar de privacidade pra isso, então...

— Ok, já saquei. Fui expulso. — Dongwook se deu por vencido e desceu da sua cama, apanhando seus pertences pelo caminho até a porta do quarto. Antes de deixar Beomgyu sozinho, entretanto, ele o encarou, dizendo: — Não façam barulho, ok? E usem camisinha.

Beomgyu não se atirou pela janela — por muito pouco —, mas atirou um travesseiro da sua cama na direção do colega de quarto, assim que esse fechou a porta do cômodo para se defender do ataque, sua risada alta e grossa ecoando pelo corredor do apartamento.

Decidindo ignorar a provocação de Dongwook, Beomgyu correu para tomar seu banho e se deixou acreditar que tinha a situação controlada novamente, até ouvir as batidas na porta do banheiro e a voz do seu colega de quarto anunciando, em um tom abafado por conta da distância que os separava, que Taehyun tinha chegado e estava esperando-o no quarto deles.

Beomgyu quase caiu no box do banheiro, ao ouvir as palavras do mais velho.

Seus minutos de isolamento e paz sob o chuveiro tiveram que ser sacrificados, pois todo o nervosismo que consumia seu corpo, diante das possibilidades do que poderia acontecer durante aquela conversa com Taehyun, foi substituído pela necessidade e ansiedade em ter o mais novo próximo novamente, como ele não estivera naqueles últimos dias.

Beomgyu nem sequer percebeu o quanto estava sentindo falta de Taehyun até sentir seu coração quase saltando pela sua garganta para que fosse encontrar o garoto no quarto ao lado, antes do restante do seu corpo.

Assim que parou na porta do seu quarto, com o cabelo úmido, as bochechas coradas pelo nervosismo e pelo banho quente recém-tomado e com a toalha jogada ao redor dos seus ombros, toda a agitação caótica dos últimos minutos evaporou da existência, no momento em que seus olhos encontraram Taehyun.

De repente, o mundo todo ficou silencioso, devagar e cinzento.

A única coisa se destacando — tanto em cor, quanto em som e movimento — era o garoto sentado na beirada da sua cama, com uma jaqueta dobrada ao seu lado e as mãos ansiosas escondidas pelas mangas grandes do seu moletom vermelho.

— Oi, hyung — cumprimentou Taehyun, timidamente, levantando-se da cama assim que a presença de Beomgyu foi anunciada pelo barulho dos seus passos adentrando o quarto.

Os dois se encararam por um instante, sem saber o que dizer ou como agir.

Beomgyu estava a um segundo do curto-circuito completo, visto que tudo em si tinha entrado em um conflito acirrado, no qual nenhum dos lados parecia disposto a ceder: o seu corpo desejava desesperadamente a aproximação com Taehyun, querendo reencontrar o calor da sua pele e a pressão dos seus lábios, enquanto o seu cérebro não parava de mandar sinais de alerta, avisando-o para manter a distância e não tomar nenhuma atitude impulsiva que apenas os colocasse em uma situação ainda mais complicada.

Ele tinha a leve suspeita que começaria a hiperventilar a qualquer momento.

Ahn, o-oi — cumprimentou, odiando a forma como sua voz tremeu. Ignorando o pequeno deslize, Beomgyu resolveu se ocupar fechando a porta do quarto e caminhando até a cadeira da sua escrivaninha, onde largou a sua toalha. — Foi mal por te deixar esperando. O Hyuka e eu fomos até o restaurante da tia do Soobin hyung depois da aula e acabamos ficando por lá para ajudar com o serviço porque ela tá sem funcionários essa semana. E, quando você mandou mensagem dizendo que estava vindo, eu ainda estava no metrô voltando para casa e só vi quando cheguei, aí tive que correr para...

— Hyung, tudo bem — Taehyun interrompeu o seu falatório nervoso com uma risadinha, que vibrou pelo corpo de Beomgyu como se ela tivesse soado da sua própria garganta. Ele virou na direção do mais novo, que repetiu: — Sério, tá tudo bem.

Taehyun não parecia estar se referindo unicamente à espera.

Seus olhos observavam Beomgyu com uma atenção cautelosa, como se quisesse decorar cada uma das nuances das expressões do mais velho, o que fez com que esse encolhesse os ombros, constrangido por estar sendo observado. Sua vergonha não passou despercebida pelo mais novo, que abriu um sorriso pequeno, encantado, diante da sua vergonha adorável.

Beomgyu sacudiu a cabeça levemente e soltou uma risada baixinha, soprada e incrédula, ao perceber o quão absurdamente os dois estavam agindo naqueles breves minutos de reencontro.

Kai estava certo.

Eles não sabiam agir dentro de outro relacionamento com o qual não estavam acostumados e os beijos que trocaram no sábado tinham sido a abertura para um território completamente desconhecido, no qual ambos se enxergaram perdidos naqueles últimos dias.

No entanto, assim como tinham aprendido a construir uma amizade firme, meses atrás, podiam aprender a andar por aquele novo lugar que tinham criado e estavam criando naquele exato momento.

Eles sabiam como se encontrar, porque já tinham se perdido um do outro muitas vezes e desvendado o caminho de volta outras inúmeras.

— Eu não sei o que dizer — assumiu Beomgyu, pois tinha aprendido que sinceridade era sempre o primeiro passo para encontrar o trajeto certo.

Taehyun assentiu, como se estivesse concordando com ele, e assumiu a atitude corajosa de tomar a dianteira da situação.

Timidamente, ele segurou um dos cotovelos de Beomgyu e o puxou até a cama inferior da beliche, onde sentaram-se um ao lado do outro, como tinham feito no dia em que esbarraram com o pai de Taehyun no exterior do Solar e o mais novo dividiu um segredo íntimo e vulnerável com Beomgyu.

Aquilo parecia ter acontecido em outra vida, com outras pessoas totalmente diferentes — o que, de certa forma, tinha sido. Eles não eram mais os mesmos daquela tarde.

— Você não precisa dizer nada, hyung — falou Taehyun, sentando-se levemente de lado para que pudesse encarar Beomgyu. — Eu vim aqui porque queria que você me escutasse.

O mais velho engoliu em seco.

— Tudo bem.

Taehyun voltou a puxar nervosamente as mangas do seu moletom e seus olhos não conseguiram permanecer mais em Beomgyu, decidindo que seria melhor focar toda sua atenção no cobertor listrado que cobria o colchão da cama. Ele seguiu o traço de uma das linhas da estampa com a mão esquerda, enquanto dizia:

— Eu queria me desculpar de novo por ter ido embora daquela forma no sábado, hyung. E também por ter praticamente te ignorado durante todos esses dias depois do que... do que aconteceu entre a gente. Você deve ter pensado que eu não apareci na faculdade por sua causa, né?

Beomgyu não tinha motivos para mentir, então concordou com um murmúrio, que fez Taehyun encará-lo brevemente para garantir:

— Não foi por causa disso. Eu faltei porque precisei resolver... ahn, uns problemas.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou Beomgyu, no mesmo instante, em um tom de voz preocupado que fez Taehyun sorrir.

— Depois eu te conto — ele desconversou e o mais velho não insistiu, porque sabia que Taehyun estava sendo sincero. Sabia que ele não pretendia se esconder mais. — Não é sobre isso que eu vim falar com você. Na verdade, eu quis vir aqui porque tenho uma coisa para te contar e é algo que eu já devia ter dito há muito tempo, antes... bem, antes de te beijar, pelo menos.

Diante da menção direta do beijo, ambos desviaram os olhos para pontos diferentes do quarto, constrangidos demais para manter a atenção um no outro sem reviverem aquele momento ainda tão vívido em seus corpos, mentes e corações.

— O que você quer me contar? — questionou Beomgyu, com a garganta seca e as mãos tremendo levemente entre seus joelhos, onde tinha as enfiado para tentar disfarçar a sua apreensão.

Taehyun respirou fundo e Beomgyu praticamente conseguiu ouvir o coração dele tropeçando no peito, entrando em harmonia com o seu próprio.

— É sobre aquele primeiro spotted que eu recebi. — A voz de Taehyun soou tão baixa pelo cômodo que, por um segundo, Beomgyu achou ter escutado alguma coisa errada. Nem fazia sentido, para começo de conversa. Por que ele estava falando sobre o Spotted agora?

— Como assim? — Ele encarou o mais novo, os olhos gritando de confusão.

O rosto de Taehyun estava tão vermelho quanto o seu moletom e teria sido uma visão que faria todo o corpo de Beomgyu entrar em combustão, mas, no momento, estava atordoado demais para se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse o seu desejo por uma explicação adequada.

— Fui eu que mandei aquele spotted, hyung — falou Taehyun. Simplesmente. Falou como se fosse a coisa mais natural do mundo, não uma das frases mais absurdas e confusas que Beomgyu já tinha ouvido nos últimos meses. — Na verdade, foi a Hyejin noona que mandou, mas foi uma ideia nossa. Minha e dela. Mandar o spotted. Bom, foi uma ideia mais dela do que minha, mas foi para me ajudar, então... Ahn, é.

O chão do quarto parecia ter virado gelatina sob os pés de Beomgyu e ele continuou somente olhando Taehyun por alguns segundos, tentando dar um sentido para as suas palavras nervosas e espalhadas. O mais novo, por sua vez, fez um esforço gigantesco para sustentar o seu olhar, o que foi o primeiro sinal de que estava sendo completamente sincero.

Mas saber que Taehyun estava falando a verdade não significava que essa tivesse sido compreendida por Beomgyu.

— Eu não entendi — ele assumiu, em um sussurro.

Taehyun soltou um suspiro trêmulo, antes de se agarrar ao restante de coragem que lhe restava, para que pudesse arrancar o band-aid de uma única vez:

— Eu tenho um crush em você desde o dia que a gente se conheceu, hyung, mas nunca fiz nada sobre isso porque a gente não se dava muito bem no começo, então, sei lá, achei que nunca teria chances. Aí, teve aquele dia que o Kai recebeu o primeiro spotted dele e ficou implicando com você, dizendo que você tava emburrado pelo spotted por estar com ciúmes dele. Você lembra disso?

Beomgyu apenas assentiu, não confiando nenhum pouco em sua capacidade de formular palavras, uma vez que ainda estava tentando assimilar o "Eu tenho um crush em você desde o dia que a gente se conheceu".

— Então. — Taehyun se remexeu na cama, sem jeito, suas mãos se afundando cada vez mais e mais nas mangas do moletom. — E-eu fiquei, er... fiquei com ciúmes? Eu sei que sua amizade com o Kai não tem nenhum tipo de segunda intenção, mas acho que... que queria que você sentisse esse tipo de ciúmes por mim, não por ele. Naquele dia, eu fiquei tão incomodado com isso que acabei contando para Hyejin noona sobre minha paixonite em você, e ela me incentivou a tomar uma atitude.

— Então... vocês mandaram aquele spotted para ver se eu ficaria com ciúmes de você? — Beomgyu tentou seguir a linha de raciocínio, forçando seu cérebro a funcionar antes que os neurônios derretessem com tanta informação e formassem uma poça no chão daquele quarto.

— É, foi isso. — Taehyun encolheu os ombros, envergonhado. — Mas você não pareceu incomodado, por isso resolvi deixar o assunto para lá, porque o que eu sentia realmente era só uma paixonite boba. Só que, aí, você começou a se aproximar de mim e nós passamos a ser muito mais íntimos do que antes, e isso me deixou abalado. Eu percebi que estava começando a gostar de você de uma maneira muito mais séria, o que me assustou.

Ao ouvir o tom de Taehyun decaindo para um timbre inseguro no decorrer da sua fala, a reação natural de Beomgyu foi resgatar uma das mãos do mais novo do seu esconderijo na manga do moletom e segurá-la com firmeza, entrelaçando os dedos, firmando Taehyun à segurança.

O mais novo o encarou com um par de olhos adoravelmente arregalados.

— Se foram você e a Hyejin-ssi que enviaram o spotted, onde o Namhee entra nessa história? — perguntou Beomgyu, ignorando a maneira como seu coração batia forte no peito, por conta do seu contato físico com Taehyun.

— Ele já gostava de mim e, quando nós enviamos aquele primeiro spotted, ele decidiu investir em mim e enviou aqueles spotteds seguintes — explicou Taehyun, com a atenção presa em suas mãos dadas descansando no colo de Beomgyu, como se estivesse drenando sua coragem dali. — Quando ele enviou o spotted do café, eu meio que entrei em pânico porque não sabia quem estava mandando aqueles recados, aí resolvi pedir ajuda do Kai. Eu contei tudo isso que tô te contando pra ele e, desde então, ele ficava insistindo para que eu te contasse a verdade, mas um monte de coisas ruins começaram a acontecer e toda essa história só foi se perdendo ainda mais. Mas o Hyuka estava certo, eu deveria ter contado muito antes.

— Espera aí, então o Hyuka sabia disso tudo desde o dia que você recebeu aquele café? — Beomgyu se levantou, completamente revoltado, e virou na direção de Taehyun com as mãos na cintura e os olhos arregalados, recheados por incredulidade. — Aquela peste sabia que você que tinha mandado o primeiro spotted, mas ficou me assistindo ficar investigando o coitado do Namhee que nem um idiota, sem falar nada?

— Foi eu que pedi para ele não falar nada, hyung — Taehyun se alarmou. — Não fica com raiva dele. Ele insistiu pra que eu te contasse tudo logo desde o dia que falei a verdade pra ele.

Ah, mas eu vou ficar com raiva dele sim, aquela peste maldita. — Beomgyu estava, no momento, andando de um lado para o outro no meio do quarto, em uma tentativa de descontar sua agitação em algum lugar. — Você cai nas armadilhas do Hyuka porque é ingênuo, Taehyunie. Esse pirralho é um grandíssimo fofoqueiro, isso sim. Ele fica nessa de "não vou me intrometer, porque não é da minha conta" — ele afinou a voz, para imitar o melhor amigo, antes de prosseguir em seu tom normal: — só pra poder ficar por dentro de tudo, assistindo tudinho de camarote. Ele vai ver só quando eu...

— É só com isso que você está incomodado? — A voz pequena e tímida de Taehyun interrompeu a sua explosão de revolta, fazendo-o congelar no meio de um passo e desviar o olhar na direção do mais novo. Ele o observava ainda com os ombros encolhidos e questionou, inseguro: — Você só está incomodado pelo Hyuka saber a verdade? Ou por algo mais?

— Como assim? — Beomgyu franziu o cenho.

— É porque e-eu... eu achei que você ficaria com raiva de mim por ter mentido sobre o spotted durante todo esse tempo — confessou Taehyun. — Foi por isso que eu fugi de você no sábado. Eu tinha me convencido que iria te contar a verdade antes de qualquer coisa, mas aí nós acabamos nos beijando e... Não sei, foi tudo muito rápido e confuso.

Beomgyu se deu um segundo para respirar fundo e, quando o oxigênio voltou a circular adequadamente pelo seu corpo, sua primeira reação natural foi abrir um sorriso desacreditado.

Ele estava tão confuso, inseguro e apavorado naqueles últimos dias. Montou mil e um cenários ruins sobre o destino do seu relacionamento com Taehyun, mas nunca atravessou a sua mente a possibilidade de que Taehyun tinha um dedo por trás do Spotted, que tinha arquitetado aquele plano maluco porque, durante todo aquele tempo, ele estava batalhando contra as mesmas dúvidas e incertezas que Beomgyu.

Durante todo aquele tempo, os dois estavam sim na mesma página, no mesmo caminho, na mesma batida de coração. Eles apenas levaram os seus próprios tempos para se encontrarem.

— Ei, Taehyun-ah — chamou carinhosamente, sentando-se novamente ao lado do garoto. Os olhos de Taehyun pareciam atravessar a sua alma, de tão atentos e cheios de expectativa. — Eu não estou com raiva de você por ter mentido. Na verdade, se você não tivesse mandado aquele spotted, eu acho que teria demorado uma eternidade para perceber meus sentimentos por você. Eu só percebi que, talvez, pudesse sentir alguma coisa por você porque realmente fiquei com ciúmes quando os spotteds começaram, mas tentei disfarçar porque, na época, estava querendo me convencer de que não era nada demais.

Beomgyu segurou uma das mãos de Taehyun novamente e acariciou a palma gelada com seu polegar, à medida que concluía:

— Eu não sei quando comecei a gostar de você, mas, se não fosse por aquele spotted, eu acho que nunca teria percebido que gostava. Então, parabéns, o seu plano maluco, adorável e um tiquinho narcisista, diga-se de passagem, funcionou.

Taehyun soprou uma risada tímida, antes de protestar:

— Bem, mais ou menos. Você não prestou atenção na parte sobre o Namhee?

Beomgyu revirou os olhos.

— Você pode só aceitar a sua vitória para que a gente possa pular para a parte em que se beija de novo? — retrucou impacientemente, porque estava cansado de esperar. Estava tão, tão cansado de esperar.

As íris de Taehyun dilataram e, de repente, era como se a escuridão delas fosse capaz de engoli-lo em um único segundo. Beomgyu não duvidava que ela realmente fosse.

— Então você quer me beijar de novo? — o mais novo provocou, sua voz soando atraentemente rouca e baixa.

O coração de Beomgyu alcançou um ritmo de batidas aceleradas que ele nem achava que o músculo fosse capaz de alcançar.

— Eu literalmente me declarei para você mais de uma vez desde sábado, o que você acha? — devolveu, esforçando-se para não ser levado completamente pelo maremoto que era Kang Taehyun.

Não, ele não seria arrastado, pois queria aproveitar a jornada.

Taehyun soltou uma risadinha e sentou-se de lado na cama, com uma perna sob um dos seus joelhos, para que pudesse ficar frente a frente com o mais velho e segurá-lo por seus dois braços, puxando-o em sua direção com a mesma ansiedade que tinha usado no sábado, na tenda, no primeiro beijo deles.

Quando Beomgyu esbarrou em seu corpo, respiração se misturando à sua e coração a um passo de alcançar fisicamente o seu mais uma vez, ele sussurrou:

— Você pode me beijar, hyung. Você pode me beijar quantas vezes quiser.

Diferente da última vez, Beomgyu segurou o rosto de Taehyun entre as mãos com o cuidado de alguém construindo uma maquete, tomando a devida atenção com cada uma das pecinhas delicadas.

Não havia pressa alguma ao deslizar seus polegares sobre o maxilar do mais novo, grudando suas digitais na pele macia dele, ou qualquer tipo de urgência na mistura das suas respirações. Foi tudo feito com um zelo e uma tranquilidade que demoraram para se fazer presentes entre os dois, até mesmo o encaixe dos lábios ansiosos um pelo outro.

Taehyun o beijou delicadamente, sem desespero ou euforia, de uma forma que não combinava nenhum pouco com o primeiro beijo deles. Era como se, enfim, tivesse chegado à conclusão que tinham todo o tempo do mundo às suas disposições, que não havia mais limite algum com que se preocupar.

Então, lentamente, eles se deixaram aprender qual era o melhor ritmo das suas bocas em conjunto, qual era a textura exata dos lábios alheios, como funcionava a sequência de notas da sinfonia de sons que soltavam espontaneamente.

Beomgyu se autodeclarou um estudante prodígio nesse último quesito, por sinal, porque não demorou mais de um minuto para reparar que um grunhido rouco e abafado era produzido no fundo da garganta de Taehyun, toda vez que ele puxava o lábio inferior do mais novo entre os seus.

Taehyun também não ficou muito atrás, pois logo tinha decorado, com uma rapidez maestral, todos os pontos sensíveis básicos de Beomgyu, aqueles que existiam em uma primeira camada e eram unicamente uma porta de entrada para um mundo de sensações que não tinha intuito algum de desvendar por completo agora. Eles ainda tinham tempo.

Suas mãos desceram dos braços de Beomgyu para as pernas dobradas dele sobre o colchão. Elas apertavam e acariciavam vagarosamente as coxas, arrancando, do mais velho, arfadas de ar contra o seu rosto, ao descobrir um ponto de sensibilidade bem ali e se aproveitar dele o quanto podia.

Taehyun apreciou a forma como a respiração de Beomgyu tropeçava contra a sua pele em resposta ao carinho satisfatório, como um aluno iniciante de uma aula de balé tentando compreender todas as posições básicas dos pés.

Era tudo familiar, mas ainda assim diferente. Era como revisitar sua escola de infância depois de décadas, sabendo onde a sua sala de aula costumava ficar, mas não conseguindo lembrar em que corredor virar para encontrá-la.

Eles se perderam pelos corredores juntos, aprendendo em um toque mais profundo de lábios, em uma posição de mãos mais confortável, em uma nova troca de olhares durante as pausas conjuntas por oxigênio, qual era o caminho certo.

Beomgyu concluiu, naquele exato segundo, enquanto encarava as íris dilatadas de Taehyun e os lábios dele, inchados e coloridos pelos seus próprios, brilhando em um vermelho-escarlate chamativo, que nunca mais teria medo de se perder de novo, contanto que tivesse o mais novo consigo daquela forma.

— Eu gosto tanto de você, Taehyunie — murmurou de novo. E de novo. — Tanto. — E de novo, de novo, de novo. — Tanto, tanto, tanto.

Taehyun não o respondeu verbalmente. E nem era preciso, para falar a verdade, pois sua expressão hipnotizada e os olhos engolidores de estrelas gritavam, por cada pedacinho da sua existência naquele quarto, o quanto o sentimento era recíproco.

Assim, o mais novo apenas agarrou a frente do blusão que Beomgyu usava e o puxou para um novo beijo. Dessa vez, um beijo ainda mais profundo, mais curioso, mais desbravador.

Seus dentes acabaram esbarrando pelo movimento brusco e as risadas envergonhadas se misturaram uma à outra, antes de serem caladas pelas bocas se unindo no rumo correto, mais uma vez.

Os lábios de Taehyun tinham gosto de protetor labial e a pele dele nunca parava de pegar fogo contra as mãos de Beomgyu, consumindo-o como um incêndio incontrolável, reduzindo tudo o que encontrava às cinzas. E, apesar do perigo evidente que corria, Beomgyu seguia Taehyun com facilidade, enquanto o mais novo continuava puxando-o em sua direção, arrastando-o para o meio das chamas.

Um gemido de apreciação escapou pela boca de Beomgyu e vibrou pela garganta de Taehyun quando as mãos do mais novo voltaram a explorar o seu corpo, trilhando um trajeto pelos ombros, pelos braços, pelas mãos e retornando pelas pernas, até pararem na cintura como tinham feito na tenda, após o show da NAL, encontrando uma morada naquela curvatura perfeita que o corpo de Beomgyu formava.

A troca fervorosa de beijos estava começando a deixar Beomgyu tonto, mas ele não estava nenhum pouco tentado a ceder à necessidade natural do seu corpo por uma circulação livre de oxigênio.

E nem teria cedido, mas acabou sendo obrigado, no instante em que Taehyun, aproveitando o encaixe das suas mãos na cintura de Beomgyu, impulsionou o corpo dele para cima, querendo-o sobre o seu, e a falta de cálculo do movimento fez com que o mais velho batesse com a cabeça no alto da beliche.

Beomgyu, ofegante, apartou o beijo com um gemido de dor, causado pela colisão nada bem-vinda, e soltou Taehyun para que pudesse segurar a sua própria cabeça dolorida.

— Hyung! Meu Deus do céu! — Taehyun riu, erguendo as mãos até a cabeça de Beomgyu também e massageando o local atingido, o que não serviu para afastar o bico insatisfeito que brotou nos lábios de Beomgyu. — Machucou? Tá doendo muito?

— Você fez isso de propósito — acusou, piscando as lágrimas de dor que ardiam em seus olhos.

— Não fiz, não. — Taehyun se defendeu, ainda com aquele maldito sorriso grande no rosto e os olhos repletos de afeto, encanto, paixão. Beomgyu se sentiu tão adorado sob aquele olhar. — Deixa de drama, nem tá doendo muito.

— É porque não foi com você — resmungou, sem conseguir conter o sorrisinho de felicidade que se abriu em seu rosto. Ele estava tão feliz.

Aish, vem cá.

Taehyun o puxou pelos pulsos até que os dois estivessem deitados de lado na cama, virados um para o outro, com as pernas entrelaçadas e os calores do corpo próximos o suficiente para aquecê-los sem a necessidade de um cobertor.

Beomgyu acabou parando um pouco abaixo do queixo do mais novo, então, quando esse o abraçou pelos ombros, seu nariz foi pressionado gentilmente contra o pescoço dele. O cheiro de primavera o engoliu inteiro, atirando-o em um mar de lírios e sonhos apaixonados.

— Aqui — falou Taehyun, sua voz ecoando contra o peito de Beomgyu, antes de deixar um beijo no alto da cabeça do mais velho e acariciar seus fios de cabelo com ambas as mãos. — Melhorou?

O bico de Beomgyu aumentou, seus lábios esbarrando no pescoço de Taehyun e causando arrepios perceptíveis nos braços do mais novo.

— Não, ainda tá doendo — resmungou, envolvendo o tronco de Taehyun com um braço.

Taehyun começou a encher sua cabeça de beijos seguidos, carimbando-o repetidas e repetidas vezes com todos os seus sentimentos profundos, o que arrancou uma risada alegre de Beomgyu e o fez afundar o rosto ainda mais na curvatura do pescoço do mais novo.

— E agora? — Taehyun quis saber e ganhou um aceno positivo de cabeça em resposta, assim como o abraço ao redor do seu tronco se tornando mais firme.

Beomgyu fechou os olhos, inspirou e expirou profundamente e se deixou ser segurado pelo garoto que tanto gostava, que tanto estava apaixonado, descobrindo sem muita surpresa que o abraço de Taehyun era definitivamente o seu lugar favorito no mundo inteiro. Era como residir dentro de uma estrela; sempre cintilando contra sua existência, sempre o guiando pelo caminho adequado, sempre o protegendo das noites completamente escuras.

Eles passaram longos minutos somente em silêncio, abraçados e ingerindo a presença um do outro.

Taehyun não parava de pentear o cabelo de Beomgyu com uma das mãos, os fios navegando tranquilamente por entre seus dedos, enquanto o mais velho tinha começado a, inconscientemente, deixar selinhos em cada pedacinho de pele que seus lábios conseguiam alcançar do pescoço do outro, decidindo que começaria a marcá-lo por inteiro naquele segundo.

Um alívio mútuo os envolvia, protegendo-os do frio e das incertezas, pois aquela era a primeira vez que sentiam que podiam respirar livremente em conjunto, compartilhar aquele suspiro de tranquilidade que, por muito tempo, esteve preso sob as circunstâncias das suas vidas.

Beomgyu nunca tinha se sentido tão leve em toda a sua existência.

— Taehyunie — chamou, sua voz soando levemente rouca por conta dos minutos que passou sem usá-la. Taehyun indicou que estava ouvindo com um "Hum?" que ecoou pelos braços e pernas de Beomgyu, causando-lhe cócegas. — Eu ainda tenho uma dúvida sobre essa história toda do spotted.

— O quê?

Beomgyu inclinou a cabeça um pouco para trás, querendo encontrar o rosto de Taehyun, o que fez com que os carinhos do mais novo em seu cabelo parassem.

Entretanto, ele não teve muito tempo para sentir falta do contato, visto que, no segundo seguinte, Taehyun tinha descido uma das mãos para o seu pescoço e começou a afagar o seu maxilar com o polegar, enquanto aguardava pelo que ele tinha a dizer.

— Essa semana você recebeu outro spotted — contou Beomgyu, tentando não se distrair com a maneira adorável com a qual Taehyun o encarava de cima naquele instante. — A Minji noona disse que ele foi enviado no começo do mês. Foi o Namhee ou você tem algum outro admirador secreto que eu não saiba?

— Nenhum dos dois, seu besta — retrucou Taehyun, achando graça no tom acusatório do mais velho. — Isso foi coisa da Hyejin noona. Ela estava tentando nos juntar de uma vez e mandou esse spotted sem me contar. Eu também nem sabia dele até a transmissão dessa semana.

— Teve uma época que eu achei que ela gostava de você — assumiu Beomgyu, desviando a sua atenção para o movimento do pomo de Adão de Taehyun, em uma busca falha para escapar do seu constrangimento.

— Quem? A Hyejin noona? Hyung, ela é literalmente minha parceira de crime — retrucou o mais novo, risonho, antes de completar apressadamente: — Não conte ao Hyuka que eu disse isso.

Beomgyu soltou uma risadinha e ergueu levemente o rosto para deixar um selinho nos lábios de Taehyun, só porque queria e podia.

O loiro o seguiu e tentou capturar seus lábios em um novo beijo, quando ele se afastou, mas Beomgyu inclinou a cabeça para trás, fugindo dele, pois estava mais ocupado em protestar:

— Vocês dois viviam de segredinho pelos cantos e são super grudados um no outro, então, não me julgue por ter pensado isso, oras!

— Hyung, você acabou de descrever o seu relacionamento com o Hyuka — pontuou Taehyun, brincalhão, e abriu um sorriso grande ao ganhar um par de bochechas ruborizadas em resposta. Ele deixou um beijo estalado na testa de Beomgyu, antes de prosseguir, em um tom mais sério: — A noona estava me ajudando com a questão da faculdade. Foi ela que me convenceu... não, me deu o empurrão final para tomar a decisão de desistir do meu curso. Acho que teria tido ainda mais dificuldade em tomar essa decisão se não tivesse sido por ela.

O sorriso que Beomgyu tinha no rosto não podia ser interpretado de outra forma que não fosse orgulhoso. Ele estava tão orgulhoso de Taehyun.

— Você vai desistir mesmo? — quis saber, enquanto acariciava as costas do mais novo para tranquilizá-lo.

Taehyun assentiu.

— Amanhã eu vou pra aula, mas só porque quero ir na coordenação cancelar minha matrícula — contou, atento ao carinho que seus dedos deixavam na franja de Beomgyu. — Eu chequei se tinha como mudar de curso pela faculdade mesmo, mas você tem que ter feito no mínimo três semestres do seu curso atual para poder trocar e eu sinceramente não aguento mais um semestre dessa tortura. Então, acho melhor cancelar de vez e tentar o vestibular de novo ano que vem.

— Você está com medo? — Beomgyu perguntou, em um sussurro.

— Um pouco — respondeu Taehyun, no mesmo tom, sem encarar o mais velho diretamente.

Seu corpo tinha ficado levemente tenso, o que fez Beomgyu deixar um beijinho delicado em seu pescoço. Aquilo pareceu aliviá-lo.

— Você vai conseguir passar no vestibular de novo, Taehyunie — garantiu Beomgyu e se ergueu repentinamente, apoiando o corpo em seu cotovelo. Taehyun o encarou com o cenho franzido. — Sabe por quê? Porque eu vou te ajudar a estudar. Eu tirei uma das melhores notas da minha turma nas questões de Matemática do meu vestibular, sabia? Meus pais queriam que eu tivesse feito Contabilidade ou alguma chatice dessas só por causa disso.

— Mas aí você resolveu ser o filho rebelde que saiu de casa para seguir uma carreira duvidosa — devolveu Taehyun, ironicamente, arrancando uma risada de Beomgyu.

— Fazer o quê? Faz parte do meu charme — falou o mais velho, entrando na brincadeira boba.

— Você é tão fofo, hyung — soltou Taehyun e, diferente de todas as outras vezes, não se envergonhou pelo comentário. Na verdade, concluiu a admiração puxando Beomgyu para baixo, para um beijo carinhoso.

— Você tá me beijando pra fugir do assunto de estudar? — murmurou Beomgyu, contra a boca do mais novo, e recebeu um "Oi?" abafado e cínico como resposta.

Dessa vez, foi Taehyun que apartou o beijo, sem antes deixar de carimbar um selinho afetuoso no queixo do mais velho.

— Ok, aceito sua ilustre ajuda com os estudos — ele respondeu, finalmente, sorrindo para a expressão surpresa e ligeiramente confusa de Beomgyu, como a de um cachorrinho perdido. Se perder com ele naquele novo relacionamento estava sendo a melhor experiência da sua vida. — Mas vamos deixar para combinar isso depois. Agora, eu tenho que voltar para casa — concluiu, cabisbaixo, e seu sorriso se foi.

Em resposta a isso, Beomgyu acordou do transe deixado pelo carinho recente trocado e voltou a se agarrar ao mais novo como um bebê coala, com o rosto grudado mais uma vez em seu pescoço e a mão apertando as costas do seu moletom com força.

— Não tem, não — protestou, sua voz emburrada arrepiando os poros do pescoço de Taehyun. — Fica aqui.

— Hyu-hyung. — Beomgyu adorou a forma como a voz dele falhou, ainda mais por saber que era a causa do desconcerto do outro. — É sério, hyung, me larga. Já tá tarde e eu disse ao Yeonjun hyung que a gente terminaria de assistir o anime que começamos ontem, quando voltasse.

— O Yeonjun hyung já te teve por anos, é minha vez — resmungou o mais velho, ainda sem afrouxar o seu aperto ao redor de Taehyun, que soltou uma risadinha encantada com a sua birra adorável.

— Deixa ele te ouvir falando isso pra você ver — alertou. — Mas, de verdade, preciso ir. Minha mãe vai ficar preocupada.

Beomgyu sacudiu a cabeça negativamente, seus fios de cabelo fazendo cócegas sob o queixo de Taehyun e espalhando uma cortina bagunçada sobre seus próprios olhos.

— Fica aqui comigo — insistiu, com o tom soando um pouco mais sincero e suplicante do que pretendia, seus sentimentos verdadeiros escapando pelas sílabas do pedido inocente.

Taehyun apertou o abraço ao seu redor por um segundo, deixou um novo beijo no alto da sua cabeça e repetiu aquelas mesmas palavras que tinham trocado tantas vezes, mas ainda carregavam toda a sinceridade e comprometimento que sentiam para com o outro:

— Eu não vou pra canto nenhum, hyung. — Houve uma pausa, uma batida de corações conjunta, antes de Taehyun quebrar o clima ao concluir: — Mas agora realmente preciso voltar para casa.

Beomgyu soltou uma risada e voltou a se erguer em seu cotovelo, para que pudesse ter seus olhos no rosto daquele garoto tão lindo deitado em sua cama, ao reclamar:

— Você é um chato, sabia disso?

— É você que gosta tanto, tanto, tanto desse chato — retrucou Taehyun, implicante.

— E foi você que arquitetou todo um plano de conquista porque tem um crush em mim desde o dia que me conheceu — devolveu Beomgyu, sem se deixar ficar para trás na provocação.

Taehyun o respondeu com a maior crueldade de todas: aproveitando a sua distração, ele conseguiu fugir do seu aperto e levantar da cama. Beomgyu o perseguiu aos tropeços, conseguindo alcançá-lo no centro do quarto, onde o beijou entre risadas.

Ele ainda o beijou contra a porta do quarto, quando os dois estavam deixando o cômodo, e uma última vez — rápida e discreta — antes do mais novo subir em seu ônibus, quando o transporte apareceu no ponto mais próximo à república dos garotos, para onde o mais velho tinha o acompanhado.

Beomgyu voltou para casa com um sorriso infalível em seu rosto e uma sensação avassaladora de euforia, tão grande que o atirou em um estado de êxtase nunca experimentado antes. Era como se, ao mesmo tempo que seu coração parecia a um segundo de explodir em seu peito, por estar tão sobrecarregado por Taehyun, ele ainda era perfeitamente capaz de abrigar muito, muito mais.

Pela primeira vez em toda sua vida, Beomgyu não teve dificuldades para dormir por conta da sua ansiedade, estresse ou cansaço emocional, mas porque seu cobertor, seus travesseiros, suas roupas e sua pele estavam impregnadas pelo cheiro e pela memória da presença de Taehyun.

Beomgyu nunca sentiu tanta saudade dele quanto naquela noite.

VIVA OS GAYS POVO ANIMADO!!!

foram 27 de capítulos de muita luta, muitas lágrimas, muito desespero, muito surto e gritaria, mas os dias de glória finalmente chegaram!!! TAEGYU É CASAAAAAAL MEU POVO

o que vocês acharam do capítulo? espero que tenham gostado! essa cena dos taegyu ficando juntos é algo que tenho em mente há tanto tempo que nem acredito que finalmente posso compartilhar com vocês aaaaa foi uma luta não soltar nenhum spoiler, juro.

E ATENÇÃO! vocês lembram quando eu disse que ainda tinha surpresas pela frente? então. 

faltam 3 capítulos para a fanfic acabar, mas o fim nem sempre significa um adeus porque nós vamos sim ter um epílogo e extras! PODEM SOLTAR OS FOGOS DE ARTIFÍCIO, SPOTTED CONTINUA VIVÍSSIMA!

quantos extras? vocês me perguntam, mas aí é história pra outro dia.... fiquem atentes ao twitter, porque eu posso acabar soltando alguma coisa por lá durante a semana...

a gente se vê sábado que vem <33 boa semanaaaa!

use #SpottedTG pra falar sobre a fanfic no twitter! e a thread de extras e mimos de Spotted está fixada no perfil da fic (dearbjun), vão dar uma olhada!

com muito, muito, muito amor,
annie.

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