Hunting - Ivarsen Torrance

By ajxlia

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"Você sabe o motivo da rainha ser a peça mais poderosa do tabuleiro?" O homem mais forte que ele conheceu era... More

Noite do Diabo
Território inimigo
Medo
Alternativa
Camadas reprimidas
O meu rei
Lealdade
Em chamas
Minha rainha
Dor e caos
Matilha
Ponto crucial
Núcleo verdadeiro
Tempos de guerra
30.10
Oitenta cômodos
Libertação
Necessidade
Cicatrizes
4.2
Noite Santa
24.02
Evidências
Escuridão
Epílogo
25.04
Playlist
Extra: Noite do diabo
Pesadelo (Bill Skarsgard)

Soldado do diabo

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By ajxlia


KEISA


Havia algum tipo de ruído ofuscando toda a minha concentração no caos que se erguia pelas peredes sofisticadas daquela sala enquanto meu corpo continuava paralisado feito pedra. Os gritos da discussão de Heloise já não eram altos o suficiente para camuflar meus pensamentos, os olhos preocupados de minha mãe não roubavam mais a atenção e a presença de Isac empalhando meus ombros com algum tipo de cobertor fino não me preenchia mais de desconforto assim que ele ditava palavras das quais eu não conseguia escutar.

O nervosismo havia tomado controle e eu já não sentia mais os dedos dos pés ou meus músculos pesados, era como se tudo não passasse de um transe lento. Pensei em Fane e na forma que foi levado injustamente, pensei na família que sofreria pelo acaso, mas principalmente, pensei em Ivarsen e em como doeria nele quando descobrisse que a pessoa mais importante para ele estava sujeito a situações repulsivas em uma cela inoportuna. Os pensamentos estavam pesando de um modo ruim quando o som alto de um tapa me fez erguer o olhar e vencer a voz do meu subconsciente.

Heloise estava estática com o rosto virado para o lado e o cabelo embaraçado pelo esforço em que fazia antes de nosso pai a acertar no rosto. A sensação de vê-la sendo agredida fez minha cabeça doer, e eu gostaria de abraçar minha irmã se ela não estivesse parecendo um vulcão em erupção, e com toda razão do mundo para isso.

— Parece que vocês não escutam se não tiver agressão envolvida! — meu pai colocou as mãos nos quadris gordos e ofegou. — A partir de hoje quem sair sem minha permissão vai levar uma bala nas pernas. — ele olhou diretamente para mim. — Não importa se for por uma semana, um dia ou uma hora, eu vou dar a permissão para atirar. E se por acaso ousarem chegar perto dos malditos Torrance e toda a família de merda vou fazer questão de eliminar um por um na frente das duas! Entendido?!

Nenhuma palavra saiu de minha boca. Nenhuma expressão desenhou em meu rosto, mas a batalha para decidir o vencedor de qual sentimento me faria chorar primeiro estava chegando ao fim.

— Vai para o inferno, filho da puta! — Heloise xingou avançando para o arco que separava a sala do restante da casa. Me perguntei se meu fim teria sido diferente se fosse eu quem tivesse dito tudo aquilo na cara do capitão, certamente meu castigo seria pior do que um tapa na cara.

— Agora, nós temos um casamento muito bonito para planejar. — ele disse como uma piada. — Já perdemos tempo demais.

Quando levantei do sofá sem saber ao certo para onde ir ou correr minha mãe avançou para perto de mim. Ela me abraçou e só assim pude perceber o quanto seu corpo pequeno tremia, eu retribuí o aperto e encarei-a nos olhos banhados em lágrimas pesadas.

— Eu estive bem. — sussurrei para ela.

Ela abriu a boca mais nada saiu, levando as mãos para frente do corpo minha mãe fez um movimento de comunicação do qual eu não saberia traduzir tão bem quanto Heloise conseguia. Gesticulou e depois tocou o peito, então eu soube, ela esteve preocupada.

— Não aconteceu nada, me perdoe. Eu não soube como reagir, fiquei apavorada quando disseram que eu precisava me casar com urgência e com um homem que eu sequer conheço. — meu tom havia se tornado muito baixo, mas ela compreendeu totalmente enquanto balançava a cabeça em confirmação. Laila Blonder apontou para cima. — Vá ver como ela está. Heloise precisa muito de você agora, mãe.

A última palavra se estendeu como um sopro, mas eu jamais iria negar o fato de que minha mãe era quem era e demonstrava da forma que podia. Não deixei de observar o vermelho do corte no canto do seu lábio, alguma marca azulada na região do pescoço evidenciando a agressão que meu pai jogou contra ela no tempo em que estive fora.

— Podemos fazer a negociação na mesa de jantar, o que acham? — o capitão sugeriu com um enorme sorriso no rosto. Observei as pessoas que pareciam serem pais de Isac pelo tamanho da semelhança, estavam no canto da sala estáticos.

Nos dirigimos para o local e nos sentamos nos nossos devidos lugares.

— Quer que eu pegue algum remédio para dor? — Isac se sentou ao meu lado. Gostaria de pedir veneno em vez disso, mas neguei rapidamente.

Eu estava começando a compreender aqueles jogos. Manipular peças para obter algum tipo de vitória traçava homens poderosos como meu pai, e eu era a mais poderosa naquela situação, não queria ceder sem tirar vantagem sobre algo.

Em minha frente estava a senhora Benner. Uma mulher alta de expressão cansada, pele negra com um pouco de tom rosado nas bochechas altas, cabelo crespo preso em um grande coque e olhos pequenos me lançando uma análise de pena. Pensei na acusação de Ivarsen sobre Isac ser um agressor quando a peguei escondendo os braços machucados dentro das mangas da blusa clara. Todas as mulheres estavam saindo machucadas nesses jogos, e eles queriam que eu fosse a próxima.

Rainhas deveriam derrubar reis para sobreviver?

— Já estamos com a autorização do parque, será entregue em suas mãos assim que o os papéis do casamento forem assinados. — pai de Isac disse para o meu. — Não se esqueça, queremos netos com seu nome. — ele olhou para mim e eu precisei segurar a vontade de rir pelo tamanho da humilhação.

- Se eu pudesse os faria assinar os papéis aqui e agora, mas precisamos realizar uma cerimônia para que pareça real. Sabe como a imprensa é. - o capitão soltou uma risada nojenta.

— Tenho algumas condições. — coloquei em mesa.

— Diga. — Isac insistiu. O único que pareceu se importar com a minha opinião, pois estava claro que ele queria algo de mim. Algo que só Ivarsen teria.

— Quero um apartamento do outro lado da ponte. — eu estava tentando fazer meu jogo também. — Habilitação e um carro.

— Para quê? — foi meu pai que exigiu.

— Quero estudar e trabalhar. — não era uma mentira, mas também não era uma verdade — Quero minha liberdade de ir e vir.

— O que me garante que ficará longe deles?

— Eu sei o perigo que correm quando estou perto deles, não vou arriscar. — eu disse firmemente. — Assino os papéis do casamento com essas condições. Caso contrário terão que me amarrar e forçar minha mão para escrever meu nome no documento.

— Você terá o que quiser. — Isac disse.

— Comecem a providenciar. — eu levantei da cadeira. — Para amanhã.

Eu caminhei pela casa procurando por algo desconhecido. Por algo que me levasse algum tipo de conforto, mas meu único conforto estava do outro lado do mar, acorrentado no corpo de Ivarsen. Ele me odiaria se soubesse o que estava fazendo. Mas eu estava mentindo para sobreviver, mentindo para escapar, mentindo para mantê-lo bem da forma que não conseguimos manter Fane.

Uma luz azulada surgiu no final de um corredor diante dos meus olhos e quando me aproximei degraus emergiram levando para uma plataforma mais baixa do que a própria casa mas não o suficiente para ser subterrânea. A porta estava destravada por um código desconhecido no painel ao lado da parede, mas assim que empurrei a porta entreaberta meu coração pulou com a imagem casta de um arsenal pesado moldado por fuzis, pistolas, metralhadoras e todo tipo de armamento que deveria ser proibido manter dentro de casa. Eu nunca havia visto aqueles instrumentos pessoalmente, mas eu sabia o qual mortais poderiam ser ao serem apontadas para alguém.

Pensar em que dezenas delas estiveram miradas em nossas cabeças naquela ponte fazia minha barriga doer em nervosismo.

Impulsivamente segurei uma delas e ergui de forma desajeitada do suporte que a segurava na parede. Era pesada mas me dava uma sensação de poder, elevei da forma em que eu imaginava que deveria ser e apontei para a parede.

— Está travada.

Girei o corpo rápido demais para me deixar enjoada e não percebi enquanto continuava segurando a arma apontando para Isac. Ele estava com um sorriso bonito no rosto ao mesmo tempo segurava o cano da arma e retirava cuidadosamente de mim, levando todo o poder que senti com o armamento em mãos.

— Não irá acertar nada se não puxar a trava de segurança. — ele puxou o suporte destravando com um clique. Suas mãos se ergueram e apontaram na direção do meu rosto, da mesma forma em que fiz com ele anteriormente. — Agora sim.

— Você sabe atirar? — questionei tentando afastar o terror de tê-lo mirando pontualmente para mim.

— Cresci ao lado do seu pai. Aprendi muita coisa com ele. — seus olhos continuavam filtrados em mim na ponta da sua arma.

— Posso até imaginar.

— Então, — continuou. — qual deles tocou em você?

Sua pergunta saiu com um tom de ameaça e uma gota de suor escorreu pelas minhas costas.

— Não sei do que está falando. — eu disse tentando não demonstrar.

— Não minta para mim, Kei. — o sorriso de Isac se abriu mais e ele se moveu um pouco ao redor do meu corpo. — Conheço uma puta de longe, preciso saber com qual tipo estou lidando. Logo você estará deitada na minha cama.

Isac jamais havia dirigido alguma palavra áspera para mim, mas em todas as outras ocasiões estávamos acompanhados. E no momento em que estivemos sozinhos em uma sala ele apontou uma arma na minha testa, eu já poderia imaginar o que aconteceria caso estivéssemos sozinhos em uma casa enorme brincando de marido e mulher.

Eu estava começando a compreender homens que criaram homens como Isac, logo saberia como lidar com eles também.

Ergui meu melhor olhar triste para ele.

— Estou arrependida de ter fugido daquela forma. Eles me ajudaram quando eu não tinha para onde ir, só isso... — forcei uma voz baixa.

— Por que eu deveria confiar em você?

Segurando em todas as minhas forças eu me arrastei até ele. Erguendo minha mão e tocando em seu peito sentindo seus olhos se perderem em meu rosto como se eu fosse algo admirável demais para ele. Diga o que querem ouvir mesmo que não seja o que você queira dizer e eles serão facilmente manipulados.

— Porque será eu quem estará de pernas abertas em sua cama sempre que você achar que precisa de uma boa boceta. — respondi quase sentindo algo em mim morrer. Eu gostaria de ter feito aquela promessa para Ivarsen, e eu certamente não a quebraria da mesma forma que faria com Isac.

Isac vacilou perdendo a postura da mão que segurava a arma apontada para mim. A certeza de que minhas palavras falsas o desarmou me causava um gosto consentâneo de confiança em meu sorriso doce. Me afastei dele odiando lhe dar as costas quando passei pela porta daquele cômodo perigoso.

Encontrei minha mãe acariciando a cabeça de Heloise em um quarto de paredes lilás e não me acanhei em trançar meu corpo com o delas naquela cama pequena demais para abrigar três mulheres machucadas.

IVARSEN

— Como ela está?

Athos levantou o rosto quando ouviu minha voz. Ela estava cabisbaixa mas nunca parecendo abalada.

— Destruída. Acho que ter um filho preso injustamente dói mais do que ter um filho preso de forma justa. — minha prima respondeu se esquivando da bancada. — Octavia está com ela.

Me reencostei no local que ela apoiava os cotovelos antes. Passei a mão pelos cabelos tentando aliviar um pouco da dor que se prendia entre meus neurônios, segurando alguma porção pequena de força para não cair em lágrimas de raiva e arrependimento.

— Foi culpa minha. — cruzei os braços procurando pelos olhos da minha prima com os meus pesados. — Minha mãe está destruída por minha causa, de novo.

— Pare de querer carregar a culpa do mundo com você, Iva.

— Eu levei Keisa para o estúdio, mesmo sabendo das consequências. Eu fui feito de idiota e agora meu irmão está pagando por isso.

— Você acha que foi ela?

— Heloise jamais faria, apesar de tudo ela ama Fane. — eu disse. — Keisa, eu não sei. Eu nunca sabia quais máscaras ela iria usar comigo, ela tem muitas.

— Uma mulher de muitas máscaras não é nada confiável. — Athos disse alimentando um pouco da minha sede. — O que pretende fazer? — tive medo da minha resposta. — Eu te conheço. Por mais que queira, não vai deixar isso passar.

— Eu quero matar ela.

Era a minha vontade mais expressiva, eu precisava deixá-la transparecer antes dela começar mutilar pedaços de mim e não havia nenhuma fração de remorso ao ditar em voz alta.

Athos não rebateu mais nada apenas me encarou com os olhos de quem sabia que eu estava magoado para caralho, me sentindo traído e apunhalado imensamente para sentir falta de algo que ela me deu e que eu não teria mais após terminar de quebrar aquele pescoço bonito.

Caminhar pela nossa casa com o pensamento de que não encontraria Fane em nenhum daqueles cômodos vazios tornaram minhas pernas pesadas excessivamente o suficiente para quase impedir-me de manter meu corpo. Fane foi minha torre por tantos anos, sustentando minhas emoções atrapalhadas e meus pensamentos fodidos com aquele humor insano de merda que criava um sorriso bonito em seu sorriso. Era inevitável de pensar em Fane sem um sorriso enorme, sem um carinho e dedicação incorrigível. Odiava ter que acreditar que ele era feito de tudo que transbordava bondade.

Encontrei minha mãe e minha irmã abraçadas na suíte principal dos meus pais e segurei o corpo adormecido das duas prometendo uma vingança silenciosa pela queda da nossa torre.

KEISA

No meio da noite deslizei de minhas cobertas sentindo-me sufocada. Eu não sabia quando tinha me aconchegado nesse quarto com as paredes apertadas e um cheiro que entregava o fato de que aquele cômodo havia sido guardado por muitos anos. Sequer lembrava de quem havia trocado minhas roupas por uma camisola de seda vibrando em um corte de alças finas azul cobalto, mas eu realmente esperava que tivesse sido Helo ou nossa mãe.

Alcancei meu celular na cômoda e pulei ao ver o horário marcando meia noite, assim que a lembrança do compromisso marcado com Ivarsen no Cove fez uma pontada de dor me quebrar um pouco. Eu realmente gostaria de vê-lo.

Corri pela casa vazia e atravessei a floresta até que estivesse no centro do parque abandonado. Nem que houvessem mil armas apontadas para mim conseguiriam me parar.

Girei no lugar e não havia ninguém além da minha própria presença de pés descalços e camisola fina. Esse era o tipo de lugar do qual os pesadelos deveriam ganhar forma, banhado com a luz da lua com tantos esconderijos e possibilidades, mas de nada valia se não tivesse ele comigo. As engenharias velhas assoviavam com o vento da noite e as estruturas pareciam mais altas no meio da noite.

O medo estava subindo pelas minhas pernas como o rabo de um gato esperto quando decidi refazer meu caminho de volta pela floresta. Ivarsen não estava no parque.

Caminhei devagar esmagando os galhos com meus dedos nus, e o ar mais gélido pela densidade que cobria todos pinheiros com uma camada branca de frio. Um barulho estalou fazendo meu corpo paralisar na tentativa modesta de ouvir mais daquele barulho e quando ele não avançou decidi que era penas meu subconsciente embriagado de medo.

Mas o barulho voltou, alto e pesado. Deslizei meu olhar encontrando um par de botas atravessando meu campo de visão quando a estrutura alta de Ivarsen emergiu da escuridão, um capuz se filtrando com a luz mínima do lugar e uma máscara assustadora dissimulando a beleza que desenhava todos os mínimos detalhes de seu rosto um tanto vivo dentro dos meus pensamentos. O gosto do prazer derretendo na ponta da minha língua no momento em que chupei da minha própria saliva.

Por mais que eu soubesse que era Ivarsen Torrance por trás daquela máscara condenável, o terror ainda parecia predominar minhas entranhas.

Sem muita noção de qual reação deveria expressar eu me aproximei devagar, contraindo meus músculos ao sentir uma carga de tensão entre ele como um peso pendurado em seus ombros e no modo do qual seus dedos se esmagaram dentro de seu punho. Um rosnado rangeu do escuro por trás de Ivarsen e meus passos detiveram o desejo de prosseguir, até que Sturk manifestou sua forma como um animal faminto de dentes enormes e saliva grossa escorrendo. Eles estavam com raiva de mim, a linguagem corporal dizia mais do que palavras.

O lado mais obscuro da moeda que moldava Ivarsen foi virado quando o diabo jogou ela para o alto e eu estava com medo das consequências de tê-lo diante de mim.

Estava pronta para virar as costas e caminhar como se um soldado do diabo não estivesse me observando com ódio queimando o sangue feito brasas ardentes quando o cachorro deu a partida de uma corrida em minha direção. O desespero de estar sendo caçada se comunicou com a corrida dolorosa que iniciei a busca por minha própria vida.

Os galhos chicoteando minhas pernas expostas estavam enchendo meus olhos de lágrimas e os meus pés imploravam por misericórdia com a sensação das pedras afundando em minha pele. Eu não perderia tempo olhando para trás mas sentia a respiração da morte alcançando minha sombra.

A sensação de medo me enchendo de desespero era apenas uma fração do aperto que sentiria quando fosse pega.

Sturk me alcançou com um salto quase anormal agarrando a ponta da minha camisola, rasgando um pedaço contra os dentes enquanto sacolejava a cabeça jogando meu corpo para o chão. Um gemido de dor e pavor escapou de mim ao sentir o cachorro subir em minhas costas ao mesmo tempo em que minha barriga estava pressionada contra a sujeira do chão.

— Sturk?! — o diabo chamou pelo soldado que se afastou de mim como o cachorro obediente que era.

Me ergui pelos cotovelos me afogando no próprio fôlego perdido mas quando estava escorrendo para uma nova corrida Ivarsen encurralou com seu tamanho subindo em mim. Seus dedos seguraram meu cabelos com força o suficiente para erguer minha cabeça quase que dolorosamente, a máscara perto do meu ouvido sussurrando devagar:

— Eu realmente vim com o intuito de te matar, sabia? — ele puxou o meu cheiro como se ele fosse a merda do oxigênio que o mantinha vivo — Mas agora que de deparei com a sua bunda grande empinada para mim não consigo pensar em mais nada além de querer te comer, garotinha.

Me debati no aperto de Ivarsen, mas ele sequer cedeu.

— Por que? — engasguei. — Por que quer me matar?!

Uma risada assombrosa levantou os pelos do meu corpo inteiro. Sem conseguir mover meu corpo procurei seus olhos nas aberturas da máscara e vacilei por querer que ele fizesse qualquer coisa que envolvesse ele dentro de mim.

— Acho que nunca experimentou o gosto doce da vingança, Keisa. — disse — Eu amaria fazer doer da mesma forma que está doendo em mim.

Eu não sabia do que Ivarsen estava falando mas eu não iria questionar, se ele achava que poderia passar por tudo que transbordava quando nos tocávamos para me matar, ele que o fizesse. Mas eu tinha certeza de que algo clamava por mim sempre que me prendia com seus olhos de homem ruim.

Pensava que conseguia lidar com homens poderosos, mas Ivarsen Torrance não estava entre eles. Ivarsen não tinha poder sobre uma situação, ele tinha poder sobre todas que me assombravam. Odiava ter que aceitar o fato de gostar da forma que suas mãos me seguravam, do fogo que abraçava minha pernas e queimava meu sangue revivendo nas batidas tensas do meu coração em perigo.

— Faça! — eu quase gritei em seu rosto. — Faça o que tiver que fazer, eu aguento.

O aperto Ivarsen se tornou mais forte erguendo meus peitos do chão e curvando minhas costas, observei quando ele ergueu a máscara do rosto e jogou longe, e lá estava a beleza que embalava meu tormento interno. Sua mão livre trouxe uma Glock da parte de trás de sua calça para perto da minha bochecha mas meu corpo não reagiu negativamente quando senti minha excitação molhar um pouco.

— Odeio você e o que me faz sentir, — Ivarsen fez uma carícia com o revólver em meus lábios — também odeio que seja bonita demais para estragar. — seus olhos estavam nos meus — Chupa isso. - tentei lutar contra meus instintos de obedecer movendo a cabeça para escapar da dor que seus dedos estavam causando no meu couro cabeludo — Não é um pedido, Keisa! É a porra de uma ordem!

Eu não queria mais um homem poderoso tentando me dar ordens mas meu corpo inteiro reagia por vontade própria por todo chamado que Ivarsen ditava. Deixei de lutar quando percebi que não havia saída para mim e abri a boca sentindo Ivarsen escorregar com a ponta da arma até o fundo da minha garganta.

— Consegue entender o que acontece com quem brinca com as minhas coisas? Com minha família para ser mais específico. — Ivarsen avançou mais o cano até tocar o fundo da minha garganta onde eu engasguei fazendo um som angustiado. Eu não fazia ideia do que ele estava falando. — Essa boca quase não consegue com a minha Glock, imagine quando for meu pau fodendo aqui com força. — ele forçou alguns movimentos insinuando um foda molhada ao mesmo tempo em que minha saliva acumulada escorria de minha boca — Odeio o jeitinho que faz isso parecer tão gostoso...

Ivarsen se afastou puxando a arma e fazendo minha cabeça cair no chão. O corpo dele se afastou deixando um rastro de frio e desejo. Merda, eu queria qualquer coisa que ele oferecesse para o meio das minhas pernas.

Meu quadril foi erguido por suas mãos grandes e minha calcinha desceu até o meio de minhas coxas grossas apertando qualquer movimento que eu pudesse fazer com elas. De joelhos e fraca demais para lutar contra a vontade do meu corpo pude sentir quando o objeto molhado que lambuzei em minha boca tocou gentilmente meu clitóris.

Ivarsen me tocou com a ponta da arma apertando meu clitóris com movimentos rápidos, o medo de que aquilo disparasse em mim fez meu interior doer mas não o suficiente para privar meus movimentos arrebatando de volta. Ivarsen podia até ter roubado todas as minhas palavras mas minhas ações eram minhas e eu fazia como quisesse que fosse feito. Erguendo minha bunda para cima agitando o contato perigoso que estava me levando arduamente até a beira de um orgasmo violento, eu prendi completamente os olhos de Ivarsen na imagem de me ter de costas e talvez ele tivesse esquecido a vontade insana de querer meu pescoço quebrado.

Certo, Ivarsen Torrance havia perdido para mim.

Ele forçou a ponta para dentro de mim e entrou facilmente erguendo um ardor pelo desenho estranho da arma para o tamanho da minha boceta. Ele fodeu a ponta da arma em mim tocando impiedosamente naquele ponto que fazia meus olhos virarem.

— Fode essa bocetinha, Iva. — guardei toda vergonha para provocar Ivarsen ao limite. Segurei minhas mãos em minhas duas coxas e puxei a pele lhe dando a visão completa do buraco em que ele metia a arma. — Você gosta dela, por isso não quer me matar. Você odeia amar uma boceta!

A arma escorregou para fora de mim e eu sorri ouvindo o barulho do cinto abrindo entre a batalha feroz dos dedos de Iva, em questão de segundos ele estava me penetrando completamente duro e quente alargando minha entrada pequena demais para seu tamanho. Ele estava onde eu queria que estivesse e nada me pareceu mais poderoso do que sentir ele perder a postura por mim.

Ivarsen se curvou sobre mim com um tipo de domínio ferino colocando a arma novamente em frente da minha boca.

— Você vai chupar ela enquanto eu te fodo. Se tirar da boca eu disparo esse gatilho.

— Eu faço o que eu quiser.

— Faça o que quiser, Keisa. Mas não tente lutar contra mim, eu sou mais forte. — empurrou o quadril devagar e eu gemi rendida pela sensação dolorosa — Você tem que aprender a arcar com as consequências das suas ações. Se desobedecer morre, se obedecer vai ter o melhor orgasmo da sua vida... Você é quem escolhe.

Fiz a escolha mais sábia ao abrir minha boca e deixar que ele pudesse introduzir a ferro na minha boca. Eu recebi até o fundo da garganta sentindo a respiração trancar pelo preenchimento duplo.

— Segure. — a ordem de Ivarsen se ergueu na escuridão da floresta fria. Segurei minhas mãos no cabo, eu mesma apontando a arma na direção da minha boca enquanto engolia — Quero guardar essa imagem para sempre. Você completamente domada e obediente, encarando a morte sem medo só para gozar no meu pau do jeito que só ele consegue fazer.

Eu revirei os olhos de uma maneira quase impaciente. Ivarsen escapou de mim e eu soltei pelo nariz com força todo oxigênio preso pois minha boca estava ocupada para deixar meus sons de prazer sair. Ele bateu com o pau no meu clitóris roçando a ponta gelada do piercing que carregava lá embaixo, o movimento se repetiu com golpes mais duros e eu gemia abafado estremecendo na base da arma que segurava minha vida.

— Garotinha, você é uma putinha linda. — a voz de Ivarsen me acusou. — Sente o quanto está escorrendo pelas suas pernas? Tudo isso é por mim ou pelo medo de ter uma bala atravessando seu crânio?

Mesmo que eu pudesse responder não conseguiria.

Ivarsen agarrou o tecido da minha camisola enrolada sobre meu quadril e entrou em mim com um golpe forte empurrando meu corpo para frente ao mesmo tempo em que eu engasgava com a arma apoiando os cotovelos no chão eu não podia afastar minha mãos ou cairia de cara.

— Caralho. — xingou avançando para mim com mais força. Seus dedos separaram minha bunda e o polegar acariciou minha entrada traseira enquanto o pau escapava e entrava na minha boceta sensível.

Minha boceta chorava no pau dele sendo perseguida pela sensação boa de tê-lo me fodendo completamente, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Mas era incrível o qual ofuscante meus planos de não deixá-lo me dominar pareciam quando ele me molhava com o tesão de um sexo gostoso. Quando meu orgasmo formou uma ponta dentro de mim senti seu dedo escorregar para dentro da minha bunda e eu gritei cravando os dentes na arma que segurava meus gemidos.

De alguma forma minha lubrificação estava espalhada por minha bunda também causando pouca dificuldade da minha entrada receber aquele dedo grande. A sensação de preenchimento triplo me excitada mais do que deveria e eu gozei apertando minhas duas entradas em Iva, que imediatamente soltou um som semelhante a um rosnado rouca e introduziu com mais pressão dentro de mim. Ele abandonou minha bunda e meu corpo trêmulo lhe aceitou com toda violência que estava golpeando ao segurar com força nas curvas do meu quadril.

Apertei o cabo da arma agradecendo por meus dedos estarem longe do gatilho, minha saliva escorrendo por meu queixo e os olhos virando com os barulhos do nossos corpos se encontrando em agressividade quente. Deus, eu gostaria de levar esse homem comigo quando eu morresse.

Iva me marcou com seu esperma sendo jogado dentro de mim. As veias grossas de seu pau pulsando e aliviando o líquido quente atiçando minha vontade de gritar.

Ele simplesmente abandonou meu corpo como se ele fosse a única coisa que gostaria de reivindicar e aquilo causou uma sensação de desespero dentro de mim. Em algum momento eu gostaria que ele me quisesse mas eu já não tinha mais certeza do que era real entre nós, ele estava frio e me afastando como as ondas do mar escapavam da costas. Mas se as ondas sempre acabam voltando, Ivarsen também voltaria?

Ergui meu corpo e deixei a arma no chão enquanto puxava minha calcinha por minhas pernas e limpava a saliva escorrendo na direção do meu pescoço. Eu não tinha coragem de olhar para trás e encarar Ivarsen, após toda descarga do orgasmo uma avalanche de tristeza e constrangimento moldaram meus sentimentos. Tudo o que eu detectava dele era os sons de sua calça subindo para o devido lugar, zíper fechando e cinto sendo prendido.

— O fato de eu não ter atirado hoje não significa que não irei atirar em outro momento. - confessou — Eu te coloquei em primeiro lugar em minhas prioridades e você me traiu, Keisa.

— Eu realmente não sei do que você está falando.

— Fane foi preso por sua causa. — Ivarsen deu a volta em meu corpo e parou em minha frente. Suas pernas longas diante dos meus olhos.

— Está achando que eu entreguei ele? — meus olhos pesaram com lágrimas que eu não gostaria de deixar escapar — Eu não fiz nada. Você não pode me culpar por isso.

— Acho que não confio em você. — disse como se jogasse pedras em mim. — Eu não te conheço.

— Você está certo. Você não me conhece. — joguei contra ele. — Eu jamais faria isso com alguém que me ajudou quando eu mais precisei.

— Eu te ajudei. Tudo o que Fane fez foi te criticar e tentar me alertar sobre você. — Ivarsen se abaixou perto de mim — Você colocou a pessoa que eu amo na cadeia e acha que vai sair impune? Eu vou te matar mas antes disso eu vou fazer da sua vida um inferno.

— Muita gente está tentando fazer da minha vida um inferno. — alertei deixando a raiva esquentar meu rosto — Vai ter que entrar na fila!

— Eu amo uma concorrência, garotinha.

Ivarsen apenas levantou-se e chamou pelo cachorro que apareceu por entre a escuridão da mata. Eles foram embora, o diabo e o seu soldado.

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