Paixão em Jogo (Livro...

Af rrbeatrice

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PROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS! Livro cinco da Série da Paixão. Mere

Sinopse
Prólogo
Cap. 1 - O jogador
Cap. 2 - A aposta
Cap. 3 - O primeiro passo
Cap. 4 - As jogadas de um jogador
Recados
Cap. 5 - Abuso
Cap. 6 - Apenas amigos
Cap. 8 - Ano Novo
Cap. 9 - Nate
Cap. 10 - A virada
Cap. 11 - Encontros e reencontros
Cap. 12 - Te amo
Cap. 13 - Te amo mais
Cap. 14 - Super Bowl
Cap. 15 - Fotos
Cap. 16 - A primeira vez
BÔNUS
Cap. 17 - O começo do fim
Cap. 18 - Um ombro amigo
Cap. 19 - Ordem de restrição
Cap. 20 - Desastre estampado no jornal.
Recado importante
Cap. 21 - Correndo contra o tempo
Cap. 22 - Indo para casa
Cap. 23 - A queda
Cap. 24 - Perdão
Cap. 25 - Festa de aniversário
Cap. 26 - Beijo
Cap. 27 - Quero você de volta
Epílogo
Agradecimentos
Playlist

Cap. 7 - O jantar

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Af rrbeatrice

É muito irracional e idiota eu estar nervoso com esse jantar?

Estou me comportando igual a uma garota, encarando minhas roupas sem saber qual colocar na bolsa.

Devo usar um terno para o jantar, ou talvez deva usar algo mais informal?

Ah, foda-se! Odeio usar terno. Escolho algumas camisas sociais e esse é o mais formal que eu vou me vestir, não me interessa se eu vou jantar na casa de um senador.

Ainda não acredito que Ella me convidou para jantar com ela e a sua família. Eu sei o quanto o Natal significa para ela, e eu fiquei me sentindo muito estranho por saber que ela me queria lá.

Não acredito que vou dizer isso, mas...eu estava errado. Completamente errado. Ella não é uma escrota idiota metida. Ela é provavelmente uma das pessoas mais legais que eu já conheci na minha vida.

É claro que eu nunca admitiria isso para os caras, mas eu gosto da sua companhia, eu realmente me divirto quando estou com ela.

Ella é tão inteligente, alegre, vê as coisas de uma forma diferente. Acho que nós dois poderíamos ser amigos de verdade, se não existisse essa aposta na jogada.

Não sei explicar direito, mas quanto mais tempo eu passo ao seu lado, mais eu me sinto leve. É estranho e eu nunca senti isso antes, mas é como se eu estivesse flutuando. Não é que os problemas sumam, mas eles parecem diminuir significativamente de tamanho.

E agora, por causa dela, eu vou ter o meu primeiro Natal. Se ela soubesse o inferno que era essa época do ano quando eu era criança. As brigas, os gritos, a violência e o medo.

Afasto as imagens da minha cabeça e termino de arrumar minha bolsa. A casa onde os pais de Ella moram e onde ela viveu durante anos fica em Albany, há duas horas de carro daqui. Então se eu quiser chegar a tempo, é melhor me apressar.

Coloco a bolsa no ombro, fecho o apartamento e chamo o elevador.

Jogo a bolsa no banco detrás do carro e começo a minha viagem.

Sigo as instruções que Ella me deu e que eu coloquei no GPS e um pouco mais de duas horas depois, estou parado em frente a um portão de ferro alto e com lanças negras.

Dou meu nome para o segurança e digo que os Hendersons estão me esperando. Ele libera minha passagem e diz para que eu siga em frente, a mansão dos pais de Ella é a última.

O condomínio é de luxo, é claro. As mansões deslumbrantes me cercam por ambos os lados. Quando finalmente chego ao final da rua, paro em frente a uma casa enorme e imponente.

São três andares feitos de pedra, a entrada é sustentada por colunas brancas e a porta é de uma madeira escura e envernizada. As janelas são grandes e brancas e posso ver a chaminé alta da lareira despontando na lateral do telhado.

Pego minha bolsa e um pouco hesitante, subo os degraus e toco a campainha.

Alguns momentos depois a pesada porta se abre e Ella me recebe com um sorriso largo.

— Vince! — Ella se joga em meus braços para um abraço e eu envolvo seu corpo com meus braços.

Ela é tão pequena!

— Que bom que você já chegou. Fez uma boa viagem?

— Fiz sim, obrigado.

— Venha, entre. — Ela segura meu braço e me puxa para dentro da casa.

Ella está usando uma calça jeans, tênis e um suéter que se molda perfeitamente ao seu corpo e principalmente aos seios pequenos e redondos.

— Então é aqui que você cresceu, hum? Bela casa. — Olho em volta, o lustre, os móveis caros, as pinturas nas paredes e o chão de mármore, tudo exalando bom gosto e refinamento.

— Obrigada. Venha, vou te mostrar o seu quarto, você pode tomar banho e descansar um pouco. Os convidados vão começar a chegar às 9. — Ella segura em meu braço e me conduz pela casa.

— E a sua família? — Pergunto.

— Você vai conhecer eles depois, minhas irmãs...ah, falando em irmãs. — Ella para de andar e falar quando uma mulher abre a porta do quarto e sai de lá de dentro.

— Hey, mana. — A mulher diz. Ela é loira e muito linda, tem um ar selvagem e rebelde que me atrai.

— Oi, Emily. Deixa eu te apresentar o...

— Vincent Price, o jogador de futebol do momento que virou o BFF* da minha irmãzinha. — Emily diz com um sorriso malicioso e cruza os braços.

— Muito prazer. — Digo enquanto a irmã de Ella me analisa descuidadamente.

— Eu estava indo mostrar o quarto ao Vince. — Sinto como se Ella estivesse se explicando para sua irmã, não sei o porquê disso, mas é possível que elas tenham acabado de trocar uma conversa significativa com os olhares e eu tenha ficado de fora.

— O dele ou o seu? Ou é o mesmo? — Ela pergunta com o sorriso malicioso ficando maior.

— Emily! — O rosto de Ella começa a ficar vermelho e ela parece nervosa, começa a balbuciar algumas palavras que eu não entendo e me puxa para longe dali.

— Esse é o seu quarto. — Ela diz abrindo a porta e nós dois entramos no quarto grande, neutro e muito confortável.

— Sobre o que foi aquilo com a sua irmã? Tem a ver com aquela noticia sobre nós dois no jornal? — Pergunto colocando minha bolsa em cima da cama.

— Infelizmente sim.

— Eu nem te perguntei, como o Chris e a sua família reagiram? — Jogo meu corpo na cama macia e fico sentado ali, observando Ella.

— Emily, como você pode perceber, ficou me zoando. Meus pais me deram um sermão sobre comportamentos inapropriados e ficar longe de escândalos e Chris...bom, nós tivemos uma briga, não sei bem em que pé está o nosso relacionamento agora. — Ela diz com uma carinha triste e eu me sinto impelido a me desculpar.

— Sinto muito, não queria causar nenhuma confusão entre você e o seu namorado. — Digo.

— Tudo bem, nós vamos resolver isso. Sempre resolvemos

Parece não se ter mais nada para dizer, mas Ella não vai embora, ela fica parada na minha frente, me olhando.

Nossos olhos se encontram e permanecem fixos um no outro.

Acho que esse tempo todo eu tenho sido muito crítico. É óbvio que Ella não é nenhuma beldade, mas ela tem suas qualidades.

Os traços do seu rosto, por exemplo, são comuns porém delicados. Seus lábios são rosados e o seu nariz é muito bonito, bem redondinho e delicado.

— Bom, vou deixar você sozinho para poder descansar um pouco. Sei que o jantar de hoje não será nem de longe o tipo de experiência que eu queria que você tivesse, mas espero que você se divirta. Estou muito feliz por você estar aqui, Vince.

— E eu estou feliz por estar aqui. — Respondo. Ella sorri para mim e então deixa o quarto.

Não decidi se isso é verdade, provavelmente sim, apesar de estar nervo estou feliz por estar aqui. Vai ser estranho, mas sinto que com Ella ao meu lado, como sempre, as coisas vão terminar bem.

Deito-me na cama e começo a pensar sobre a aposta. A cada dia eu chego mais perto da certeza de que Ella não merece o que eu estou fazendo com ela. Eu descobri que ela é uma boa amiga e a perspectiva de perder essa amizade depois de seduzi-la e engana-la me deixa com um gosto amargo na boca.

Mas não há nada que eu possa fazer. Não posso admitir para os caras que eu acabei me tornando amigo dela, sem falar que se eu desistir, eu vou perder. Eles nunca me deixariam esquecer isso.

Não sei qual é a desse lance comigo, mas eu odeio perder. O problema é que agora é perder ou perder. Ou eu ganho a aposta e perco a amizade de Ella, ou continuo amigo dela e perco a aposta.

Apesar de tudo, acho que prefiro ganhar a aposta. A amizade de Ella não é algo que eu não vá conseguir viver sem, admito que ela é muito boa para mim agora, mas uma vez que Ella sair completamente da minha vida, provavelmente nem vou me lembrar mais dela.

O plano tem que continuar. Tenho que seduzir Ella. Está na hora de começar o segundo passo.

ELLA

Deslizo o vestido azul por meu corpo e coloco os sapatos pretos de salto.

Ando até o espelho na parede que vai do teto ao chão e observo meu reflexo.

O vestido é bonito, o tecido acetinado é de um azul escuro e se molda perfeitamente ao meu corpo, não que eu tenha muitas curvas para mostrar, mas eu gostei de como ficou. O decote deixa uma boa quantidade de pele à mostra, não sei se me sinto muito confortável em ficar mostrando os meus seios, mas esse é o vestido que mamãe pediu que eu usasse, então usarei.

Se têm uma coisa que eu aprendi, é que nunca se deve contrariar Donna Henderson quando ela está organizando a ceia de Natal. Pelo menos o vestido não é muito curto, o tecido acaba dois palmos acima do meu joelho.

Fiz alguns cachos em meus cabelos normalmente lisos e passei uma maquiagem leve, o que eu também não costumo fazer.

O barulho de alguém batendo na porta me afasta dos meu pensamentos, olho na direção e vejo mamãe entrando no quarto.

— Ella, já está pronta, querida? Hilary e Andrew já chegaram, só falta você e o seu amigo.

— Sim, estou pronta. O que acha do vestido que você escolheu?

Mamãe passa os olhos por mim e sorri.

— Você está adorável, querida. Agora vamos. — Ela diz e se vira. Meu sorriso se desmancha aos poucos e eu a sigo para fora do quarto.

Deixo que mamãe vá na frente enquanto eu sigo na direção do quarto de Vince. Paro em frente a sua porta e bato três vezes.

Escuto alguns passos lá dentro e então a porta se abre.

Vince está com uma calça jeans escura, tênis, uma camisa social branca e um casaco de tweed cinza.

Ele está lindo!

— Oi, já está pronto para descer? — Pergunto tentando disfarçar a minha admiração por ele.

— Ann...eu...sim, eu...estou pronto. — Ele limpa a garganta e parece meio nervoso, seus olhos não encontram com os meus, pois ele não para de olhar para meu corpo.

Começo a me sentir desconfortável com seu olhar e cruzo os braços.

— Vamos então? — Pergunto, mas ele não se move.

— Vince? — Chamo quando ele não responde.

— Desculpa, é só que...nossa, Ella, você está tão...tão...

— Adorável? — Pergunto com um sorriso tímido, usando o mesmo adjetivo que minha mãe usou.

— Eu ia dizer incrível ou incrivelmente linda. — Vince me dá um sorriso de canto, sexy e travesso, sinto minhas bochechas esquentarem, assim como o resto do meu corpo.

Merda, por que sempre que eu recebo um elogio dele, eu reajo dessa maneira?

— Obrigada, você também está incrível.

— Você acha? Não estou informal demais? — Vince pergunta encarando as próprias roupas.

— Não, você está perfeito. Agora vamos, os convidados vão chegar a qualquer momento e eu ainda tenho que te apresentar para minha família.

— Confesso que estou um pouco nervoso. — Ele diz saindo do quarto e fechando a porta atrás de si.

— Por quê? — Pergunto.

— Não faço a mínima ideia. — Ele responde e eu rio.

— Vai ficar tudo bem, só pise onde eu piso. — Digo e pisco para ele.

Caminhamos juntos para a sala no andar de baixo, um cômodo menor e reservado, e então depois que os convidados chegarem, iremos para o grande salão.

Entro na sala com Vince logo atrás de mim. Papai e mamãe param de conversar e todos se viram para nós.

— Pessoal, gostaria de apresentar o meu amigo, Vincent Price.

Vince se adianta e vai cumprimentar minha família.

— Esse é o meu pai. — Digo para ele.

— É uma honra, senador. — Vince diz apertando a mão de papai.

— Por favor, rapaz, me chame de Sr. Henderson. — Papai diz educado, porém sério. Ele ainda está bravo comigo por causa da matéria no Times. E é claro que ele culpa Vince, já que antes disso eu nunca havia sido alvo de nada tão escandaloso.

— Minha mãe.

— Donna Henderson. — Mamãe se anuncia.

— Muito prazer, Sra. Henderson.

— Então você é o famoso Vincent Price. O homem que fez com que minha filha aparecesse no jornal como uma adúltera.

— Mãe! — Exclamo envergonhada. — A senhora prometeu que não falaria nada sobre isso.

— Tudo bem, Ella. Seus pais têm razão em ficarem bravos. — Vince diz.

— Temos razão? — Papai pergunta cruzando os braços e levantando a sobrancelha.

— Não, não quis dizer desse jeito. O que foi dito é mentira, sua filha e eu, Sr. Henderson, somos bons amigos. Apenas isso.

— Eu já expliquei isso para eles, não é mamãe? — Lanço lhe um olhar zangado e agarro o braço de Vince.

— Venha, vou te apresentar para as minhas irmãs. Com licença. — Digo e puxo Vince para onde Emily, Rebecca, Hilary e o marido estão.

Apresento Vince a todos e antes que Emily possa fazer mais algum comentário malicioso, dou-lhe um aviso com o olhar para que fique quieta, ela sorri, porém não diz nada.

Mamãe e papai começam a fazer algumas perguntas a Vince. Sobre sua vida e sua carreira e ele parece responder com prazer. Posso ver o brilho nos seus olhos e a empolgação em seus gestos quando ele começa a falar sobre a carreira.

Acho que a coisa mais importante nesse mundo para ele é o futebol, não consigo imaginar nada que seja capaz de fazê-lo desistir disso.  

Papai não é muito fã do esporte, mas Andrew sim e logo ele e Vince engatam uma conversa animada sobre o Giants.

Não demora muito e os primeiros convidados chegam, alguns reconhecem Vince e o parabenizam pelo trabalho que ele vem fazendo no time. O orgulho que eu vejo em seu rosto me dá vontade de soltar uma risadinha, mas me controlo.

Logo todos os convidados da noite estão presentes, papai e mamãe se ocupam em serem bons anfitriões e deixam para nós a tarefa de entreter os mais jovens, filhos e filhas dos seus amigos.  

Andrew, Vince e mais dois homens, filhos do deputado Harrison conversam em um canto enquanto eu e Emily conversamos com Caitlin, filha única da senadora da Carolina do Norte.

— Não acredito que Vincent Price está na mesma festa que eu. Ele é tão gostoso. — Caitlin, que deve ter no máximo 19 anos, sussurra para Emily e eu enquanto devora Vince com os olhos.

Minha irmã me lança um olhar engraçado e vejo que um sorriso está se formando em seus lábios.

Tudo é brincadeira para Emily, ela nunca levou nada a sério e provavelmente nunca irá.

— Ella... — Caitlin me chama e eu desvio meu olhar do grupo de homens, mais precisamente de Vince, e olho para ela.

— Sim?

— Aquilo que saiu no jornal, sobre você e Vince estarem tendo um caso...é mentira, não é?

— Claro que sim! — Respondo um pouco mais alto do que gostaria. — Vince é apenas um amigo, você sabe muito bem como é a mídia. Eu estou com o Chris e nós estamos muito bem.

— Ele não veio hoje?

— Não, está passando o feriado com a família em Boston.

— Ah, claro. Bem, se não tem nada acontecendo entre você e Vince, você se importaria em me dizer se eu faço o tipo dele? — Caitlin pergunta, ela morde o lábio inferior enquanto observa Vince.

— Ann, eu acho que infelizmente não... — Começo, mas Emily me interrompe.

— Nem precisa perguntar, garota. Todas fazem o tipo dele, você não sabia que ele é um conquistador de primeira? Pega geral! — Emily diz com aquele seu jeito descontraído e indomado.

Dou uma cotovela discreta em suas costelas. Caitlin parece não perceber e Emily parece não ligar.

— Sério? Bom, então acho que vou tentar a sorte. — Caitlin diz me entregando sua bebida e arrumando os cabelos e o decote antes de ir em direção aos homens que conversam de forma animada.

— Emily... — Viro-me para minha irmã e digo com raiva. — Por que você tinha que falar aquilo sobre o Vince? Agora ela vai lá se esfregar nele!

— E qual o problema, mana? Você mesmo vive dizendo que são só amigos. — Emily diz com o seu habitual sorriso travesso e então vai embora. Deixando-me sozinha e confusa sobre o porquê o fato de Caitlin se interessar por Vince me irrita tanto.

***

A hora do jantar chega e todos nos dirigimos para a sala de jantar.

Mamãe é extremamente organizada e minimalista quando se trata de eventos e jantares, então todos têm lugares marcados.

Quando me aproximo do meu lugar, Caitlin é mais rápida e se senta na minha cadeira, que é ao lado da de Vince. Que surpresa! Ela ficou perto dele desde aquele momento em que Emily praticamente disse que tudo bem ela se jogar em cima dele porque Vince é um "pegador".

— Ah, Ella, você não se importa de trocar de lugar comigo, não é? Vince eu queremos continuar a nossa conversa, ela estava tão...estimulante. — Caitlin diz em um tom sugestivo e dá uma risadinha.

Olho para Vince, que está me encarando perdido, me perguntando o que fazer silenciosamente.

Minha mãe me mataria se eu criasse qualquer caso com a filha da senadora Garbaldon, então coloco um sorriso falso no rosto e me afasto resignadamente.

Durante todo o jantar não consegui deixar de observar o modo como Caitlin se comportava com Vince.

Ela se inclinava na sua direção e cochichava algo a cada cinco minutos. Às vezes ria alto demais e segurava no braço dele, para não falar na vez em que Vince estava lhe dizendo algo quando de repente ele deu um pulo na cadeira e chamou a atenção de todos, vi quando Caitlin deslizou a mão para cima da mesa de novo.

Não consegui evitar deixar meu queixo cair diante da ousadia e vulgaridade dela.

Ela tentou mesmo acaricia-lo por debaixo da mesa no meio de uma ceia de Natal? Qual o problema com aquela garota?

Eu até estava disposta a passar a noite conversando com ela, a conhecendo melhor, e não só porque mamãe tinha me pedido. Mas depois de ver o jeito sem vergonha que ela estava dando em cima de Vince, toda vez que eu olhava para sua cara, sentia nojo.

Que tipo de mulher fica se esfregando em um desconhecido dessa maneira? Quer dizer, nada contra as mulheres que gostam de fazer isso, acho que o problema mesmo está na situação.

Caitlin está agindo como se estivesse em uma festa em alguma boate e não em um jantar sério cercada de pessoas elegantes, incluindo seus próprios pais.

Tentando parar de encarar Caitlin e Vince, desvio minha atenção para a decoração de Natal que mamãe colocou na casa.

O jantar passa devagar, finalmente chega a hora da sobremesa e depois que todos estão satisfeitos, papai e os outros homens vão para a biblioteca. Conhecendo meu pai como conheço, e sabendo como esses homens são, eles provavelmente vão falar sobre trabalho. Ou seja, política.

Mamãe leva as esposas para uma sala no segundo andar, vejo Caitlin enganchando seu braço no de Vince e os dois seguem mamãe.

Já na sala, as mulheres mais jovens ficam em pé conversando enquanto mamãe e as outras mulheres sentam-se no sofá cor de creme e pedem que a empregada traga café.

— Ella...Ella...Ella! — Escuto a voz alta e rigorosa de mamãe me chamando e só então percebo que eu estava encarando Vince e Caitlin conversando e nem me dei conta que ela estava falando comigo.

— Sinto muito, o que foi?

— Eu perguntei se você não gostaria de tocar algo para nós. — Mamãe diz com um sorriso que eu conheço muito bem. O sorriso que ela dá sempre que vai se gabar de uma de suas filhas.

Olho para o piano de calda branco e sei que a sugestão de mamãe é na verdade uma ordem. Então sorrio e digo:

— Será um prazer. Algo especial que gostaria de ouvir, mamãe?

— Qualquer coisa, querida. — Ela diz me dispensando com um movimento de sua mão.

Vou até o piano e sento-me no banquinho de couro.

Meus dedos pairam pelas teclas, decidindo o que tocar.

Decido tocar La Valse d'Amelie do compositor francês Yann Tiersen.

Deixo que meus dedos dedilhem as teclas e que a melodia encha o ambiente.

Quando a música termina decido continuar tocando e prossigo com uma parte da sonata nº 11 de Mozart.

Enquanto estou concentrada nos movimentos das minhas mãos, sinto a presença de alguém se aproximando, uma sombra surge ao meu lado e curiosa e um pouco nervosa por estar sendo observada tão de perto, desvio o olhar rapidamente e vejo que é Vince que se aproximou e agora me observa com atenção.

Para não sair do clima, em seguida toco uma canção de Natal. Uma segunda sombra se aproxima e não preciso espiar para saber que é Caitlin.

Termino a música e olho para mamãe, ela está entretida demais conversando com suas amigas então decido que chega de piano por hoje.

— Você toca muito bem, pequena. — Vince diz e eu me viro para ele.

— Obrigada.

— Sim, realmente, você toca muito bem. — Caitlin complementa.

— Existe algo que você não faça bem? — Vince pergunta me fazendo rir sem jeito.

Lembro-me do embrulho que tenho guardado então aproveito a oportunidade e digo:

— Vince, eu gostaria de falar com você um momento, se estiver tudo bem.

— Claro. Eu volto logo, Caitlin. — Vince diz e se afasta junto comigo antes que Caitlin diga qualquer coisa.

Guio Vince até meu quarto. Entramos, fecho a porta e acendo a luz.

— O que foi, pequena?

— Não é nada demais, eu só queria... — Abro a gaveta onde eu mantive o presente guardado e pego o embrulho retangular.

— Bem, esse jantar não foi exatamente tradicional. Não foi só família e não vai ter aquele momento onde nos sentamos na sala perto da árvore para entregarmos os presentes. Acho que não fazemos mais isso desde que eu tinha uns 15 anos, mas espero que você tenha se divertido mesmo assim, tenha sentindo um pouco como é comemorar o Natal.

— Eu gostei muito, é bem melhor do que ficar no meu apartamento sozinho, assistindo TV e comendo pizza. Obrigado por me convidar, pequena.

Sorrio e seguro o embrulho em minhas mãos com força.

— Sabe, eu...bem, eu comprei um presente para você. Não é nada demais, mas espero que goste. — Digo e estendo o embrulho. Vince o pega nas mãos e o encara por longos segundos sem dizer nada.

— Você comprou um presente para mim? — Sua voz sai rouca e baixa, como se ele estivesse emocionado.

Dou de ombros, mesmo que ele não esteja olhando para mim, e começo a remexer as mãos nervosamente.

— Eu sou muito idiota mesmo, não comprei nada para você.

— Não tem problema, Vince. — Digo sinceramente, não esperava mesmo nada em troca. E o meu presente é mais uma lembrança, nada demais.

Vince começa a rasgar o papel vermelho cheio de desenhos de renas. Quando o meu presente surge, ele sorri.

Encaro o porta retrato junto com ele. Eu mandei gravar a frase o melhor dia de todos e coloquei uma foto que foi tirada no dia em que levamos as crianças naquele passeio.

Vince e eu estamos juntos no centro e as crianças estão em volta, em uma selfie desajeitada.

— Gostou? — Pergunto. Levanto a cabeça e nossos olhares se encontram.

Percebo surpresa que Vince está com lágrimas nos olhos.

— Eu amei, Ella. Muito obrigado. — Ele diz e então me puxa para um abraço.

Envolvo meus braços em seu corpo e sinto seu calor, seu perfume delicioso me invade, fecho os olhos e tento segurar o suspiro que quer sair dos meus lábios.

A sensação de abraça-lo é tão reconfortante, tão boa, parece que seu corpo foi feito para que eu o abraçasse.

— Acho melhor você descer, Caitlin deve estar te esperando. — Digo e me afasto.

— Você vai ficar aqui?

— Vou descer daqui a pouco. — Respondo.

— Na verdade, prefiro ficar aqui, com você. — Vince diz e eu nem tento segurar o sorriso que escapa dos meus lábios.

— Eu não falei nada porque não queria ser mal educado com uma convidada dos seus pais, mas aquela garota não me largava mais. A gente podia ficar escondido aqui, não acha? — Ele diz e eu rio.

— Acho que só um pouco não vai fazer mau. — Respondo.

Vince olha ao redor, analisando o ambiente, e então se volta para mim novamente.

— Então esse era o seu quarto quando você morava aqui? — Ele pergunta e eu sorrio.

Nos mudamos de Albany quando eu tinha 8 anos, mas papai manteve a casa como ela sempre foi, às vezes vínhamos passar o feriado aqui. Alguns anos depois, quando eu tinha 16 anos, fui morar com Rebecca por um tempo e mamãe e papai voltaram para cá.

O quarto ainda têm algumas coisas de uma garotinha de 8 anos. Fotos, meus troféus, livros, algumas bonecas e ursinhos de pelúcia e até meu primeiro violino.

— Sim. — Digo quando percebo que ainda não o havia respondido.

Vince coloca o seu presente em cima da cama e começa a andar pelo quarto, ele para quando acha a estante com meus troféus e medalhas. Ele olha para mim e aponta para a estante.

— Nossa! Você é mesmo boa em tudo.

— Não em tudo. Esse aqui é de terceiro lugar. — Digo indo até ele e pegando o troféu que eu recebi quando fiquei em terceiro na competição de natação na escola.

— Ah sim, claro, que perdedora você é. — Ele diz de forma brincalhona e eu rio.

— Você participava de várias competições, hein. Natação, equitação, piano, balé, soletração e...nossa, matemática? — Ele pergunta com a sobrancelha levantada e uma cara engraçada enquanto segura a medalha que eu ganhei na olimpíada de matemática.

— Sim, é isso mesmo que você está pensando, eu era uma grande nerd.

— Não fale isso como se fosse algo ruim. Você é inteligente, cheia de vitórias na vida. A única coisa pela qual eu já ganhei um troféu foi o futebol, não sou bom em mais nada.

— Isso não pode ser verdade. — Digo.

— Mas é. Seus pais deviam ter muito orgulho de você.

— Acho que tinham.

— Acha? Eles nunca te falaram isso?

— Não exatamente, acho que para eles era meio que a minha obrigação ganhar tudo isso. Ser tão boa quanto minhas irmãs eram, sabe.

— Isso não é muito legal da parte deles. — Vince comenta e continua sua exploração pelo meu quarto. Ele para em frente a um quadro cheio de fotos da minha infância.

— Essa aqui é você? — Ele pergunta e eu me aproximo para ver de qual foto ele está falando. Quando vejo de qual se trata, sinto meu rosto queimar de vergonha na hora.

— Meu Deus, não sei por que não destruí essa foto ainda. Ou melhor, todas as da minha época de escola.

— Destruir por quê?

— Você ainda pergunta? Olha só para mim! Eu era tão vesga, meu Deus. Fui assim até os 10 anos, que foi quando eu fiz uma cirurgia para corrigir meus olhos, não ficou perfeito obviamente, meus olhos ainda são um pouco tortos, mas ficou bem melhor do que antes.

— Quem é esse com você? — Ele pergunta apontando para uma foto de quando eu tinha 7 anos.

— Esse é o Theo, eu já te falei sobre ele, não é?

— Aquele seu amigo da universidade?

— Ele mesmo. Nós somos amigos desde criança. Depois que eu me mudei para Nova York, nos afastamos um pouco, mas sempre nos falávamos por telefone quando conseguíamos. Depois, quando ele fez 18 anos, foi estudar em Columbia também então nos reaproximamos.

— Você só tem fotos com ele, e seus outros amigos? — Ele pergunta e dessa eu tenho que rir.

— Theo era meu único amigo.

— Único, sério mesmo? Você devia ter outros amigos, todo mundo têm.

— Não, era só ele, pelo menos só ele de amigo verdadeiro. Os outros ou queriam se aproximar porque eu era rica ou me odiavam e queriam fazer da minha vida um inferno. — Digo e Vince franze a testa diante das minhas palavras, vejo a pergunta em seus olhos, então explico melhor.

— Eles tiravam sarro de mim, colocavam coisas no meu armário, mandavam bilhetinhos maldosos, me empurravam, riam de mim porque eu tinha as melhores notas e os professores gostavam de mim. — Fico com raiva de mim mesma quando percebo que estou me deixando afetar por algo que aconteceu há tanto tempo atrás. Obrigo as lágrimas que se formam em meus olhos a ficarem onde estão e não escorregarem por minhas bochechas.

Não quero chorar na frente de Vince, mas as lembranças das palavras maldosas e das provocações que se seguiam dia após dia durante anos ainda mexem comigo.

— Me chamavam de vesga, magricela, de feiosa.

— Feiosa? — Vince pergunta parecendo extremamente desconfortável. Acho que não deveria ter aberto tanto o meu coração e contado sobre o que eu tive que aguentar na escola. Ele não precisa ficar escutando essas baboseiras.

— É, feiosa. Eu nunca fui um modelo de beleza e meus colegas faziam questão de me dizer isso. — Limpo rapidamente a lágrima traidora que escorreu por meu rosto.

— Ella, eu...eu sinto muito mesmo. — Vince diz com um sussurro.

— Tudo bem. — Fungo e limpo os olhos. Tento sorrir para ele. — Não foi você quem disse essas coisas.

Vince me dá um sorriso fraco, o primeiro sorriso dele que eu tenho certeza ser falso, e então se vira de costas para mim.

— Isso, o que aquelas crianças disseram para você, te afeta até hoje, não é?

— Não acho que algum dia eu vá esquecer. Esse é o problema das pessoas, elas não fazem a mínima ideia do quanto suas palavras podem machucar alguém, então elas simplesmente dizem.

— Sinto muito. — Ele repete.

— Eu tenho consciência de que não sou bonita, como também tinha consciência quando era criança, não precisava que ninguém ficasse me lembrando disso todo santo dia. — Desabafo com o coração que de repente ficou pesado demais com todas as lembranças que não consigo esquecer.

Sinto que vou começar a chorar de novo, então abaixo a cabeça, fecho os olhos e envolvo a mim mesma com meus braços.

— Ella... — Vince me chama. Sinto seus dedos em meu queixo, ele me obriga a levantar o rosto e olha-lo.

— Não acredite no que os outros falam, você é linda, pequena.

— Ninguém me acha linda e eu sei que não sou, Vince.

— Chris certamente acha. — Ele diz e eu solto uma risada triste, balanço a cabeça discordando.

— Não.

— Acha sim. Tenho certeza que ele te acha linda, inteligente e uma mulher maravilhosa, é por isso que ele te ama...

— Chris não me ama. — As palavras saem da minha boca sem que eu pense sobre elas primeiro. Arrependo-me na hora.

— Claro que ama, vocês estão juntos afinal de contas, não é?

— Vince, o meu relacionamento com Chris é... — Solto um suspiro cansado e com dificuldade admito aquilo que todos sabem mesmo sem nunca terem escudado de ninguém. —...meu relacionamento com ele não passa de um acordo.

— Como assim? — Ele me pergunta confuso.

— Chris só está comigo por causa do meu pai, ele quer entrar no mundo da política e sabe que meu pai pode ser um grande aliado. Ele está nesse ramo há anos, ele conhece cada detalhe desse mundo, sem falar que papai é admirado por muitos. Com o apoio dele, Chris tem um caminho muito promissor pela frente.

— Isso não pode ser verdade, você tem certeza disso? — Vince pergunta incrédulo.

— Tenho. — Respondo.

— Como? Ele te disse que só está com você por interesse?

— Não, claro que não. Mas eu sei desde o começo, ele nunca me disse as palavras, mas ele nunca fez questão de esconder a admiração pelo meu pai. Ele me convidou para sair no mesmo dia em que nos conhecemos, ele me ligava todo dia e me convidava para sair toda semana. Não tinha um dia que nos falássemos em que ele não perguntava do meu pai. Sem falar que Chris quis conhecer minha família na mesma semana em que começamos a namorar, ele estava mais ansioso para isso do que para qualquer outra coisa.

— Então porque você aceitou namorar com ele? Eu achei que você odiasse qualquer um que se aproxima de você por causa do seu pai ou do seu dinheiro.

— Eu já o admirava antes mesmo de nos conhecermos. Ele é o irmão mais velho da minha amiga e eu já tinha o visto em fotos. Fiquei encantada com ele e quando nos conhecemos fiquei mais ainda. Eu nunca namorei antes, o Chris é o meu primeiro namorado. Eu estava cansada de ficar sozinha, então mesmo percebendo que o seu interesse era mais no meu pai do que em mim, eu aceitei ser a sua namorada.

— Não acredito nisso! — Vince dá um passo para trás e me olha com indignação. — Como é que você é capaz de aceitar uma coisa dessas? Ficar com um cara mesmo sabendo que ele só está com você por interesse. Você merece mais do que isso, Ella.

— Mereço? Talvez seja verdade, talvez eu mereça. Mas eu não podia ficar esperando, Vince. Eu não queria mais ficar sozinha, e mesmo tendo se aproximado de mim por motivos egoístas, Chris sempre foi muito gentil e carinhoso comigo. Ele nunca me disse com todas as letras que só estava interessado em chegar até o meu pai, mas também nunca mentiu e me fez acreditar que gostava de mim. Ele nunca me enganou sobre isso, ele nunca disse que me amava, de certa forma, ele sempre foi honesto comigo.

— Ah, por favor, Ella! — Ele passa a mão pelos cabelos e parece frustrado, parece estar com...raiva?

— Você está bravo? — Pergunto confusa. Porque ele estaria bravo?

— Claro que eu estou! Você acaba de me dizer que sabe que seu namorado está com você por interesse e não liga. Você não precisa disso, você não precisa das migalhas da atenção dele. Me diga uma coisa, o que vai acontecer quando aparecer um cara que gosta de você de verdade, hum? Que acha você linda e que quer ficar com você porque está apaixonado?

— Isso nunca aconteceu comigo, porque iria acontecer agora? — Pergunto.

— E se já tiver acontecido, mas você não percebeu?

— Do que você está falando, Vince? — Franzo a testa e cruzo os braços.

Vince acaba com a distância entre nós com um único passo. Suas mãos firmes agarram meus braços com força e puxam meu corpo para junto do seu.

— Estou falando disso, Ella. — Ele diz e então gruda sua boca na minha.

Coloco minhas mãos em seu peito, com surpresa. Tento afasta-lo, mas Vince desliza um dos braços por minha cintura, me puxando para mais perto, e a outra mão desliza até meu pescoço, me segurando no lugar.

Sua língua acaricia meus lábios e abre passagem para dentro de minha boca.

Quando sua língua se encontra com a minha, solto um gemido involuntário e paro de resistir. Não tenho forças para isso.

Vince começa a brincar comigo e sem que eu perceba, estou correspondendo ao beijo. Deixando que sua língua acaricie a minha e retribuindo as caricias com igual vontade.

Minhas mãos, hesitantes e trêmulas, sobem por seu peito até seu pescoço. Escondo meus dedos em seus cabelos, sentindo a maciez deles. Vince solta um gemido que reverbera por entre meus lábios.

Acaricio seu pescoço e brinco com os cabelos que roçam sua nuca. Ele desliza a outra mão e segura em meu quadril com ambas as mãos.

Sua língua brinca com a minha com familiaridade, como se fossem velhas conhecidas. Ele explora minha boca como se já tivesse feito isso muitas vezes antes.

Vince me beija com certo desespero, com ânsia. Sua língua é quente e habilidosa, dançando em minha boca com confiança.

Ele sobe a mão até as minhas costas e a outra desliza até chegar em minha bunda. Ele a aperta e um calor infernal se espalha por meu corpo.

Vince começa a acariciar toda a lateral do meu corpo e é como se suas mãos estivessem em brasas. Seu toque me queima mesmo por cima do tecido do vestido.

Ele prende meu lábio inferior entre os dentes e morde, uma picada de dor e de prazer que faz meus joelhos tremerem e meu coração pular uma batida.

Isso tudo está indo muito longe. É bom demais, mas não deveria estar acontecendo, não importa como o meu relacionamento com Chris funciona e nem que não estejamos nas melhores condições agora, não posso continuar beijando Vince.

Junto toda a minha força de vontade e empurro Vince, afastando-o.

Dou um passo para trás e levo a mão até o coração, que bate palpitante em meu peito.

Estou ofegante, é difícil simplesmente respirar. Estou tremendo, estou com calor, meus joelhos estão quase cedendo e tudo o que eu queria fazer agora é voltar para os braços de Vince.

Ele me encara com um olhar selvagem. Algo, algum sentimento desconhecido, brilhando no verde dos seus olhos. Seu peito sobe e desce perceptivelmente. Ficamos nós dois nos encarando enquanto tentamos recuperar o fôlego.

A estática no ar é quase palpável. Uma força, uma atração, parece me puxar de volta para ele. Tento resistir, mas não sei se serei capaz.

— Isso não deveria ter acontecido, é melhor eu ir. — Digo com a voz rouca e baixa.

Corro até a porta e saio do quarto. Sigo pelo corredor, virando e caminhando sem saber por onde estou indo.

Vejo a porta de um dos banheiros e entro, me trancando lá dentro.

Apoio-me na pia de cerâmica e encaro meu reflexo no espelho. Meus cabelos estão bagunçados e meu rosto está corado.

Levo os dedos até a boca e encosto em meus lábios inchados.

Fecho os olhos bem apertados e tento acalmar meu coração. Mas é difícil. É difícil quando eu ainda sinto as mãos de Vince em meu corpo e seu gosto em minha boca.

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BFF* – Best Friends Forever, em português Melhores Amigos para Sempre.

VOTEM E COMENTEM. ATÉ O PRÓXIMO CAPÍTULO ;)

Fortsæt med at læse

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