"Hortum tuum plantabis et animam tuam ornabis, non expectans ut quis tibi flores afferat" (Plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.)
- William Shakespeare
Alguns dias mais tarde...
Mardok
Depois do rompante de ira da minha cigana, curiosamente as coisas entre nós progrediram. Ela me deixava tocá - la e até consegui beijar seus lábios duas vezes. Kassandra ficou constrangida e fugiu da primeira vez que selei seus lábios com os meus, na segunda ela encarou - me e sorriu fragilmente. Esses pequenos indícios de afeição fazia - me esperançoso de poder remediar o que causei.
Mesmo que ela continuasse a me rejeitar, a me ignorar lutaria por ela mil batalhas.
Se me dissessem a tempos atrás que Mardok Uard II estaria esperançoso com algo eu riria ou mataria o infeliz que ousasse supor que alguém como eu teria um sentimento tão mundano quanto a esperança. Eu tomava, saqueava e fazia meu oponente sucumbir a minha vontade.
Mas não com Kassandra, não mais.
Precisei perder a sua afeição para entender a preciosidade que tinha em minhas mãos, Kassandra era o sopro de beleza e humanidade que a minha vida precisava e eu nunca soube. Suspirei olhando o horizonte do jardim suspenso ainda em reparação. Avistei entre as frestas de uma pedra uma flor branca, uma das preferidas de Kassandra, um lírio branco nascido em meio a devastação.
Seria um sinal dos Deuses que o amor que Kassandra sentia por mim poderia renascer como esse lírio branco... Tão puro e inocente quanto a minha cigana. Peguei o lírio e segurei entre os dedos aspirando o cheiro floral.
Andei até a minha ala, ansiava sempre preferi estar com ela em sua presença, em seu domínio, Kassandra estava melhorando aos poucos ainda tinha pesadelos e não dormíamos mais juntos, porém passávamos muito tempo na presença um do outro antes de ir com a Legião de Nergal até Anatólia e retomar o meu poder usurpado naquela região.
Abri a porta dos meus aposentos sentindo o cheiro adocicado da nuri tonar minhas narinas e senti meu corpo reagir imediatamente. Nunca havia ficado tanto tempo em privação sexual assim, porém não pretendia sujeitar meu corpo a mais ninguém que não seja Kassandra.
Dona da minha alma, senhora da minha essência, Rainha da minha existência.
- Kassandra, minha cigana... - Andei até a varanda onde se encontrava uma mesa com nosso almoço. A vi virar - se para mim devagar tão bela quanto uma aparição. Levantei a flor para que ela visse, um sorriso singelo despontou do seu rosto.
Por aquele sorriso eu destruiria e reergueria mil impérios.
- A achei solitária entre uma pedra, depois da flor de lótus lembro - me que amava o cheiro dos lírios.
- Lembra - se disso, meu senhor?
- Lembro - me de tudo sobre você, minha cigana. Absolutamente tudo.- Entreguei em suas mãos a flor e a vi fechar os olhos cheirando e se deliciando com o aroma. Meu pau se contorceu de saudade em minhas vestes.
- Agradeço o gesto, meu soberano.
- Mardok. - Kassandra encarou - me intrigada com o cenho franzido.
- Chame - me pelo nome que me deram em meu nascimento. Mardok. - A cigana abriu e fechou a boca algumas vezes confusa.
- Será como quiser, meu se... Mardok. - Sorri por ela não ter rejeitado - me.
- Sentes fome? - Perguntou - me delicada e pela primeira vez em muito tempo Kassandra tocou meu braço e guiou - me até a cadeira próxima a sua. Comemos em silêncio. A vi cheirar a flor que te dei uma e outra vez enquanto encarava - me indecisa do que estávamos fazendo.
- Um dia... Um dia olhará para mim novamente com amor?- Perguntei fazendo - a encarar - me com os olhos mais expressivos e lindos que já vi arregalados, assustados, incertos.
Levantei aproximando - me dela e beijei seus dois olhos. Ajoelhando - me diante da nuri e deitando minha cabeça em seu colo.
- Nunca ajoelhei - me por nada. - Mas sempre o farei por ela.
Suspirei pelo contato tão próximo, senti suas pequenas e hesitantes mãos acariciando meus cabelos. Fiquei algum tempo assim desfrutando do seu abrigo. Então levantei os olhos memorizando cada parte do seu rosto.
Nada mais fazendo sentido ao meu redor a não ser Kassandra e seus olhos, Kassandra e seu regaço, Kassandra que me amou apesar de tudo, apesar de mim...
- Kassandra... Eu daria tudo, o meu império para ver novamente um sorriso de amor e alegria seu...
- Não! - Ela levantou - se negando e eu a retive abraçando - a por trás. Segurando - a no lugar, atando - a mim.
- Estar com você me faz sonhar, eu nunca, nunca sonhei antes, eu desejava e possuía, mas nunca, minha cigana, nunca havia sonhado com algo antes de você... Você é o meu primeiro sonho, meu único sonho.
- Pare, por favor... - Ela sussurrou.
- Eu preciso te falar tudo, antes... Antes que eu não possa mais. - Kassandra virou - se enfrentando - me com seus olhos. Ela depositou uma mão em minha face e fechei os olhos sentindo a afeição do gesto.
- Kassandra ofertaria a ti mil impérios para que fosses feliz. Darei - te minha vida e minha morte. Tu és senhora da minha existência. - Levei minhas mãos às sua bochechas e consumi seus lábios com tudo de mim.
- Uma vez amou - me com tudo de ti, agora amo - te com tudo de mim. Amaremo - nos juntos em algum momento, minha cigana? - Encostei nossas testas em desalento.
- Espero que sim, allat, espero que as areias do tempo tragam o amor que sentias por mim novamente aos olhos teus. - Beijei sua testa delicadamente.
- Darei - te, meu amor, o meu último suspiro.
...
Sai do quarto atordoado pelas emoções controversas que estar com Kassandra me acometia e fui ao encontro dos meus soldados encarregados de encontrarem aquela prostituta que ousou incutir mentiras no meu circulo pessoa e ainda perturbar Kassandra em um momento de fragilidade.
A vagabunda da Aurya havia sumido como fumaça ao vento. Quando eu colocasse as minhas mãos naquela mulher sem amor a vida, ela imploraria para morrer.
Cada vez mais eu tinha a ciência que havia um traidor entre os meus e era alguém próximo o suficiente para saber uma parte dos meus planos, isso implicava que ele estava dentro só alto círculo da Assíria. Vi Apsu junto com um soldado a minha espera.
- Meu soberano. - Ambos ajoelharam - se em reverência.
- Novidades?
- Encontramos a prostituta. Rammil levou - a até as masmorras. Ele é o General Aubalith estão esperando suas ordens. - Apsu falou e a ira agitou - se trazendo meu demônio para o controle. Beberia o sangue daquela vadia em uma taça ornamentada com rubis.
- Irei agora mesmo e arrancarei a pele daquela vadia! Apsu você vem comigo e tu soldado podes descansar. - Com o ódio consumindo meu âmago andei a passos rápidos sendo seguido de perto por Apsu.
- Mais alguém foi avisado? Apenas Barsim, meu soberano.
- Muito bem, Apsu, muito bem. - Falei encarando - o e vendo - o soltar um suspiro orgulhoso.
- Obrigado, meu soberano. - Crispei meus lábios em entendimento. Mesmo sem pedir meus soldados de uma forma distorcida e até mesmo loucua me admiravam. Parei virando - me para ele.
- Estamos em guerra, Apsu. Você é um líder de tropa valioso. - Voltei a andar e depois de alguns segundos ele voltou a seguir - me com mais vigor. Talvez lutar ao lado dos meus soldados em Anatólia faria com que o moral deles se elevassem e nós conseguíssemos uma vitória contra todas a possibilidades.
Andamos em silêncio rapidamente até onde estavam com aquela víbora do deserto. Hoje seria o último dia de vida da prostituta Aurya. Cheguei as masmorras no subsolo ansioso por ver sangue ser derramado. Assim que fiz minha presença ser percebida a vadia louca começou a gritar comigo.
- Mardok, meu amado. Mandem - nos soltar a sua rainha e mãe do seu herdeiro. - Ela cacarejava insanidades pendurada pelos braços por correntes. Desembainhei Tihamtu e a arrastei pelo chão encarando a vagabundo louca que dizia me amar.
- Primo a encontramos vagando pelas passagens no palácio, a louca estava tentando entrar na sua ala novamente.
- Estava indo para nossa ala, meu amor. Depois que coloquei a vadia cigana no lugar dela fui para minha cabana espera - lo, mas você não apareceu e pensei que talvez a vagabunda não tenha dito sobre o nosso filho. - Essa mulher tinha uma cabana?
- Cabana?
- Oh, pelos Deuses não fostes, pois não sabias. A ganhei do nojento Alaha, precisei deitar - me com ele para reaproximar - me de ti, meu soberano. Alaha falou - me que ficarias com ciúmes quando soubesses e que voltarias a me procurar.
- Estivestes em contato com Alaha, puta?
- Oh, não precisas sentir ciúmes, meu amado, amo só a ti.
- Fale - me, prostituta, quando esteves com Alaha?
- Meu amado... - Andei até ela e soquei seu rosto fazendo seu nariz sangrar.
- Fale - me sobre o que perguntei a ti. Quando esteves com o meu asqueroso tio?
- Não... Não vais machucar - me carrego tua criança, teu herdeiro, meu soberano.
- Fales o que quero ouvir puta ou cortarei um dedo a cada insanidade que falares.
- Não podes... Nosso filho...
- Não a fodi em muito tempo, prostituta e mesmo que em seu ventre podre existisse uma criança ela morreria hoje contigo. Sabemos que és seca, vadia. Fale - me sobre Alaha e os traidores com ele e te darei uma morte limpa.
- Amas - me. Vou dar- te o filho que a cigana maldita não... - Não esperei que terminasse e apertei o seu pescoço com força. Rammil escolha um dedo e corte. - O garoto Nimari olhou - me apreensivo. Ele precisava endurecer. Homem, mulher ou criança se é o inimigo exterminamos.
- A vadia não está prenha, faça!
- ESTOU! ESTOU CARREGANDO A SUA PROLE! - Gritou debatendo - se. Rammil ergueu o braço e escolheu o indicador cortando - o finalmente com a lâmina afiada de sua faca. A vagabunda gritou em plenos pulmões.
- Tudo isso és pela vagabunda cigana? Seu primo irá toma - la de ti. Só eu amo - te, aquela vadia da Elif e seus planos de invasão... Só eu amo - te, Mardok.
- Invasão? Fale - me mais sobre este impropério.
- Se eu contar - te irá amar a mim e ao meu filho? Largarás aquela vadia cigana. - Soquei o estômago dela em resposta tirando - lhe o fôlego.
- Se falar - me evitarás que enfies em ti o caralho de uma estaca com entrada no seu rabo e saída nessa sua boca insana. Fales algo que me sejas útil, Aurya! - Soltei o nome dela com escárnio. A puta estava me enervando.
- Não mereces meu amor, eu fiz tudo por amar - te. Tudo exatamente tudo, por amares, deitei - me com aqueles velhos asquerosos para aproximar - me de ti.
- Mas tu pensavas apenas na maldita e magricela cigana. Maldita cigana, imunda cigana. Eu posso dar - te filhos, sei que posso. Eu posso dar - te o que a vagabunda cigana não deu - te. Eu posso...
- Não fales da minha filha ou da minha mulher, sangue sujo. Fales algo de útil antes que mude de ideia e arranque pedaços da sua pele asquerosa. - Falei já sem paciência.
- Invasão... Elif planeja invadir o palácio e arrancar a cabeça da sua prostituta cigana. Se me amasses eu poderia descobrir quando... Se... - Revirei meus olhos.
- Conte - me algo possível, ser desprezível, tu estas enlouquecendo e a insana da Elif também, se acham que conseguiriam me matar em meu próprio território... Mas o que esperar de alguém tão burra?
- Caíras, senhor da Assíria e sua maldita cigana virará a putinha de Ador... - A vagabunda insana começou a gargalhar tenebrosamente. Minha espinha endureceu.
- O inimigo está ao seu lado, imperador. - Olhei a figura patética de Aurya.
- Desçam a vadia. - Rammil e Apsu soltaram a puta insana e ela caiu em um baque surdo no chão.
- Últimas palavras, Aurya?
- Você é sua vadia irão queimar! Eu amei - te... - Empenhei a espada e cortei o ar com ela passando pela cabeça sem o mínimo de sanidade da vagabunda. Vi a cabeça rolar em câmera lenta e os olhos abertos e agourentos de Aurya me encararem agora sem vida, mas tão insanos quanto antes.
- Aparentemente a messalina insana era boa apenas como um buraco disponível. Ela não nos ofertou nada de novo. - Aubalith olhou - me pensativo com minha fala.
- Ela realmente esperava se salvar e ficar com o imperador se aliando ao inimigo? - Rammil indagou confuso.
- Acredito que ela achava que Mardok seria grato se ela contasse o plano e conseguisse conter os motins graças as suas intervenções. Antes ela precisava se livrar de Kassandra, mas não tinha coragem o suficiente para matar. Então tentou fazer com que ela fosse para longe, mas ao contrário do que ela esperava, nem Kassandra fugiu, nem Mardok a castigou pelo descontrole. Aurya era insana, vivia em sua própria realidade de insanidade. - O garoto Nimari assentiu.
- Aprendas, garoto, fazemos o que é preciso para proteger o que é verdadeiramente importante. - O j9vem encarou - me antes de falar.
- O império acima de tudo! - Sorri de lado e vi o olhar de entendimento de Aubalith.
Existia algo para mim mais valioso que tudo...
O problema Aurya foi eliminado, mas agora eu precisava tomar de volta o que me foi tomado e exterminar os vermes de dentro para fora.
Os Deuses me dariam a oportunidade de redencao...
Continua...
Oieee apareci. Espero que gostem. RETA FINAL.
*Música na mídia Love Store - Indila
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