Marriage of Convenience

By PetalaNegra0

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Constantine Hill, chefe da máfia italiana. Morgan Stanley, uma jovem metida em negociações de interesse. Os... More

𝐌𝐨𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞𝐩𝐨𝐢𝐬 𝐝𝐨 "𝐒𝐢𝐦"
𝐌𝐮𝐝𝐚𝐧𝐜̧𝐚 𝐝𝐞 𝐩𝐥𝐚𝐧𝐨𝐬
𝐌𝐞𝐬𝐦𝐚 𝐜𝐚𝐦𝐚
𝐔𝐦 𝐟𝐢𝐧𝐚𝐥 (𝐢𝐧)𝐟𝐞𝐥𝐢𝐳
𝐀𝐣𝐮𝐝𝐚 (𝐢𝐧)𝐝𝐞𝐬𝐞𝐣𝐚𝐝𝐚
𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬?
𝐏𝐫𝐞𝐬𝐭𝐞 𝐚𝐭𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐮𝐦 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫
𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐦𝐞𝐬𝐚
𝐏𝐨́𝐬 𝐟𝐞𝐬𝐭𝐚
𝐂𝐚𝐬𝐭𝐢𝐠𝐨𝐬.
Não é um capítulo. Mas é importante!
𝐂𝐢𝐮́𝐦𝐞𝐬 𝐝𝐞 𝐧𝐨𝐯𝐨?
𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐯𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐬𝐮𝐦𝐚
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐯𝐨𝐜𝐞̂?
𝐏𝐨𝐫 𝐟𝐚𝐯𝐨𝐫, 𝐦𝐞 𝐦𝐚𝐭𝐞
𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐨𝐬 𝐢𝐧𝐜𝐨̂𝐦𝐨𝐝𝐨𝐬
𝐏𝐚𝐫𝐚𝐛𝐞́𝐧𝐬
𝐄𝐬𝐭𝐫𝐚𝐠𝐚 𝐩𝐫𝐚𝐳𝐞𝐫𝐞𝐬
Pergunta rápida! Não é capítulo!
𝐀 𝐡𝐢𝐬𝐭𝐨́𝐫𝐢𝐚 𝐬𝐞 𝐫𝐞𝐩𝐞𝐭𝐞.
𝐁𝐨𝐦 𝐝𝐢𝐚.
𝐏𝐫𝐚𝐭𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐬𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐟𝐫𝐢𝐨.
𝐔𝐦 𝐩𝐞𝐝𝐢𝐝𝐨.
𝐆𝐚𝐫𝐨𝐭𝐚𝐬?
𝐌𝐚𝐬𝐜𝐨𝐭𝐞
𝐈𝐦𝐩𝐥𝐨𝐫𝐞.
𝐃𝐞 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥 𝐩𝐚𝐫𝐚 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐥
𝐇𝐚𝐣𝐚 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐭𝐚𝐥
𝐀𝐭𝐞𝐧𝐭𝐚𝐝𝐨 𝐨𝐮 𝐚𝐬𝐬𝐚𝐬𝐬𝐢𝐧𝐚𝐭𝐨?
𝐂𝐨𝐦𝐚𝐧𝐝𝐨
𝐀𝐝𝐞𝐬𝐭𝐫𝐚𝐝𝐨𝐫
𝐀𝐦𝐚𝐝𝐮𝐫𝐞𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐦 𝐬𝐮𝐫𝐭𝐨𝐬
𝐎 𝐜𝐮𝐥𝐩𝐚𝐝𝐨
𝐏𝐨𝐫 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐬𝐚 𝐯𝐢𝐝𝐚?
𝐂𝐨𝐧𝐯𝐢𝐯𝐞̂𝐧𝐜𝐢𝐚
𝐌𝐞 𝐟𝐚𝐜̧𝐚 𝐬𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫 𝐚𝐥𝐠𝐨...(𝑓𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨. (𝐹𝑖𝑙𝑙𝑒𝑟)
𝐎 𝐩𝐚𝐠𝐚𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐞 𝐨 𝐭𝐫𝐨𝐜𝐨
𝐀𝐭𝐞́ 𝐝𝐞𝐳
𝐃𝐞 𝐣𝐨𝐞𝐥𝐡𝐨𝐬
𝐍𝐨𝐯𝐚 𝐜𝐡𝐞𝐟𝐞
𝐍𝐨́𝐬 𝐩𝐨𝐝𝐞𝐫𝐢́𝐚𝐦𝐨𝐬
𝐋𝐞𝐯𝐞 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐚𝐦𝐞𝐚𝐜̧𝐚
𝐈𝐧𝐭𝐞́𝐫𝐩𝐫𝐞𝐭𝐞
𝐔𝐦 𝐧𝐨𝐯𝐨 𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐄𝐩𝐢́𝐥𝐨𝐠𝐨
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𝐌𝐞 𝐝𝐞𝐬𝐜𝐮𝐥𝐩𝐞

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By PetalaNegra0

Constantine

     Não conseguimos dormir a noite inteira, nenhum dos dois conseguiu e talvez nunca mais eu consiga.
     A minha cabeça dói mais que nunca e nenhum remédio é capaz de sanar isso. Pela manhã, John bateu na porta do quarto e eu me levantei para abrir, a passos lentos.

- Eu fiz o que me pediu, tudo vai parecer um assalto, mas não pude fazer nada sobre como o...- Ele exitou.

- Corpo.

- Ela foi torturada, Tine. Qualquer legista consegue perceber isso.

- Que se foda a porra do legista, continue o seu trabalho.

     Fechei a porta de novo. Tudo vai ser assim agora, vou precisar me referir a ela como alguém sem vida, um corpo morto, isso não é justo.
     Quando Íris chegou um tempo depois ela me abraçou, não disse nada, só me abraçou o máximo de tempo que achou necessário. Fez o mesmo com a Morgan, a abraçou e ninou, fez o que eu não consigo agora.
     Ela só disse que ia dormir mais um pouco e que tomaria café quando acordasse. Diferente de mim, ela dormia e acordava, assustada e choramingando. Quando se dava conta de que estava em casa, passava a mão no rosto e afagava o próprio cabelo, para voltar a dormir. Teimou para deixar um dos abajures com a luz acesa. Eu disse a Íris que tomaria café depois, fiquei com a Morgan para que pelo menos tentasse dormir, então quando acordava não estava sozinha. Ela dormiu enquanto brincava com a minha mão, estalando os dedos dela ou então comparando o tamanho com a própria mão. Mais uma vez acordou assustada e passando a mão no rosto.

- Você está segura agora - Beijei a testa dela, senti me abraçar e puxar para perto. - Está tudo bem.

     Retribui o abraço com cuidado e fiz cafuné até que ela conseguisse dormir por mais de vinte minutos. O máximo que dormiu foi trinta minutos e só, pelo menos conseguiu dormir. Só levantou quando se sentiu mais disposta.

- Preciso ir a um lugar.

     Pelo que eu fui informado, o funeral será hoje a tarde. Quero falar com a família dela pessoalmente, com o pai, avó...

     Eles não gostavam de mim, nunca gostaram, mas a Sarah nunca quis que eles a proibissem de ter amizade comigo. E então, um dia eles me chamaram para um almoço e de lá para cá me aturaram bem.

- Vai voltar tarde?

- Eu não sei. Preciso falar com a família dela.

- Certo.

- Não vai querer ir no funeral, não é?

- Prefiro ficar em casa, não gosto de funerais ou túmulos. - Só acenei positivamente e levantei. - Se não for chegar antes do jantar, avise.

- Eu vou chegar.

     Beijo a testa da Íris e saio de casa.
     Eu fui para o cemitério bem mais cedo do que deveria, fiquei dentro do carro, observando as pessoas de preto chegando, a família chegando acompanhada do caixão fechado, pensando se realmente deveria sair ou voltar para casa antes que alguém me visse.

- Merda. - Sussurro para mim mesmo e me forço a sair do carro.

      Acompanhei a cerimônia ao lado da família, era muita gente, muito preto, muito choro, os choros das pessoas estavam me causando uma dor de cabeça infernal. Ela não gostava de metade dessas pessoas, todos tão falsos e pesarosos.
      Estava sol, mas tudo parecia nublado, nada estava claro para mim. Foi uma cerimônia bonita, embaixo de tendas para conter os raios de sol, com discursos preparados de uma hora para outra, até porque ninguém esperava um funeral da noite para o dia, com caixão fechado para que ninguém visse o estado em que a garota se encontrava, a "triste fatalidade", continuou sendo uma até o fim. Quando tudo acabou, horas depois, e todos já estavam se retirando, a avó dela me abraçou de imediato, está com o rosto cansado e triste. O pai dela parou ao meu lado, esperando eu soltar a senhora.

- Me desculpe. - Apertei a mão dele. - Eu não pude salvá-la, eu não...me desculpe.

- Foi uma fatalidade, meu filho. Não se culpe - Se soubesse que a sua única filha morreu por gostar de mim, me mataria. E eu não me defenderia disso. - Você amava ela, é disso que vou me lembrar.

      Esperei todos saírem, me sentei na grama ao lado do túmulo. Fiquei lá por horas encarando o chão e sentindo o vento fresco no rosto. Não tinha reparado no sol tão forte, sequer poderia estar embaixo do sol.

- Trapaceira. Dissemos que eu ia morrer primeiro. - Ri leve - Eu não tenho mais uma pessoa para me parar quando estiver fazendo os meus vícios, foi mal.

     Olhei para a lápide branca ao meu lado, as dezenas de flores deixadas nela - algumas minhas - e desde que tudo aconteceu, essa foi a primeira vez que me vi chorando, onde a minha visão turvou e as lágrimas molharam a grama à minha frente.

- Ia estar me chutando na bunda por ficar me desculpando, eu sei. Mas não consigo evitar. - Tusso para afastar o peso na garganta - Vai fazer falta...E por favor, não puxe os meus pés a noite, se quiser falar comigo, mande um raio.

      Fiquei ali até o início do anoitecer, prometi estar em casa para a janta, então fui embora.
Quando cheguei em casa fui direto para um banho, troquei de roupa e fui para a cozinha, a mesa do jantar já estava posta.


Morgan

     Sei que não deveria ir nesse funeral, não conheço a família dela e também mal conhecia ela. Além de sentir raiva sempre que a via, me sinto culpada ainda por isso. E cemitérios me dão arrepios e eu também não gosto do clima pesado.
     Não consegui fazer nada hoje, fiquei maior parte do dia na cama depois que Constantine saiu de casa. Me levantei e caminhei o quarto todo, prestando atenção em coisas que não prestava antes.
     Achei dentro do armário alguns livros, meus livros! São livros de matemática, ciências da computação e engenharia da computação. Sempre que Scott me deixava em casa sozinha, acabava estudando coisas que estavam guardadas antes de eu nascer. Para falar a verdade, peguei alguns desses livros de um vizinho e o resto eu achei guardado nas coisas do Scott.
Aproveitei o escritório do Constantine e me tranquei lá dentro sem nem perceber.
     Tirei algumas coisas de cima da mesa e coloquei sobre o sofá que fica perto da porta, pus meus livros na mesa e me sentei. Peguei um caderno não utilizado e um lápis e caneta, comecei a estudar sozinha. Se tem uma coisa que sou boa, é em matemática, nunca precisei de explicações para contas avançadas, meus professores não acreditavam quando eu fazia as contas sem as explicações deles.
     Alguns desses livros já estão empoeirados de tanto tempo que estão guardados, usava eles sempre que podia. Às vezes lia enquanto limpava a casa ou antes de dormir. Não tinha apoio de ninguém para isso, mas agora já consigo programar uma simples coisa na teoria, não na prática ainda.
     Não vi a hora e nem o tempo passar, quando anoiteceu, eu ainda estava no escritório fazendo cálculos em cima de cálculos, nunca tirando os olhos da folha do caderno e do livro.

- Preciso de livros novos, mas isso vai ser impossível de conseguir agora. Pelo menos a senhora deixou bons livros. - Estão assinados com o nome da mamãe na capa, ela é era a dona, por isso estavam guardados com o Scott. - Mas, se eu conseguir edições novas, posso estudar melhor e até mesmo entrar em uma faculdade.

      A porta do escritório se abriu e o Tine entrou. Olhei para ele e me levantei, fechando os livros e o caderno.

- Desculpe, ia arrumar antes de você chegar.

- Não ligo para isso, o jantar está pronto.

- Certo, já estou indo. - Empilhei os livros em um canto, para quando eu terminasse de jantar, vir estudar de novo.

      Ele esperou para irmos juntos. Saímos do escritório e fomos para a cozinha, me sentei para comer.

- Gosta de molho branco, querida? - Acenei que sim, sorrindo.

     Íris pôs o macarrão ao molho branco na mesa, e nós nos servimos, Tine fez questão que ela sentasse e jantasse conosco, e assim ela fez. Quando já estávamos quase terminando de jantar, me lembrei de uma questão. Não tomei pílula do dia seguinte.

- Tine. - Olhei para ele.

- Sim?

- Vou ficar grávida?

- Não. Eu acho, está no período fértil? - Dei de ombros.

- Não sei.

- Não sabe?

- Não, tinha dito que ia me dar a pílula.

- Desculpe. Eu acabei esquecendo...

- Então vou ficar grávida?

- Não, amanhã te levo num ginecologista para passarem um anticoncepcional.

- Hãn? - Minha expressão ficou confusa. O que ele está falando? Ginecologista e anticoncepcional? Ele está me olhando mais confuso ainda.

- O que foi?

- Do que está falando?

- Precisa tomar anticoncepcional, já que não nos protegemos sempre - Íris nos olhou com reprovação - Ou pode optar pelos outros métodos, você quem sabe.

- Não me faça de palhaça, sei que não existe coisas além de camisinha para não engravidar.

- Você quem está me fazendo de palhaço, é claro que existe.

- É claro que não. - Ri baixo, olhei para Íris. - Fala para ele que mentir é feio.

- Não está mentindo, meu bem - Ela disse, riu sem graça.

- Estão fazendo complô? Agora fala sério, não quero ficar grávida. - Voltei a olhar o Tine, parei de comer.

- Eu estou falando sério.

     Não sei o que falar, os dois falaram a mesma coisa. Intercalei o olhar entre a Íris e o Tine. Sentindo a comida no meu estômago se revirar.

- Eu sei, só estou brincando. - Ri tentando descontrair.

- Já foi num ginecologista alguma vez na vida?

- É claro! Preciso cuidar da minha saúde, certo? - Espero que seja algum tipo de médico.

- Certo. Então me diga o nome.

- O nome?

- O nome do ginecologista que você frequenta, assim é só marcar uma consulta.

- Ah... O nome dele... - Minha boca se abre para falar, mas não sai nada dela. Do que diabos ele está falando?!

- Certo, isso é preocupante.

- Com certeza não é. É só mais um médico como qualquer outro, não? - Sorri sem graça.

- Morgan, o que você sabe sobre educação sexual?

- Que eu posso pegar uma doença ou engravidar, por isso a camisinha.

- Certo, e o que mais?

- Ah... Eu sei que o xixi e a menstruação saem pelo mesmo lugar! - Falei em um tom convencido, tenho certeza que sei disso. Tine engasgou com a comida.

     Olhei sem entender, por que está rindo? Falei algo engraçado? Sabia que a palavra xixi era engraçada!

- Por que está rindo?

- Lugares diferentes. Urina e sangue saem por lugares diferentes, Mi amor.

- Eu sei disso. - Vai me achar uma burra, ou então está pregando uma peça em mim. Se fossem lugares diferentes eu saberia.

      Ele voltou a comer quando parou completamente de tossir. Ainda não entendi o que quis falar, mas seria melhor se eu pesquisasse ou perguntasse a outra pessoa.

- Vamos tirar as suas dúvidas depois do jantar.

- Não estou com dúvidas.

- Mas vai ter depois que eu explicar.

- Preciso estudar. - Me levantei, já tinha terminado de comer.

    Levantou e me pegou no colo, jogou nos ombros e foi andando para o andar de cima. Bati nele para me soltar, me esperneando e chacoalhando.

- Me solta! - Fui ignorada, ele me levou assim até chegarmos no quarto, onde me jogou na cama. - Eu falei que ia estudar!

- Também vamos estudar aqui, mas é para você entender sobre você mesma.

- Eu já entendo.

- E não sabe nem o seu período fértil.

- Não é importante.

- Como não? Se não quer filhos, deveria saber disso.

- Me falaram que não é e que se eu não quisesse engravidar era só fechar as pernas. - "Apenas engravide se der dinheiro." era o que eu escutava do Scott.

- E não ter vida sexual? Que vida triste.

- Triste? Sou eu que corro risco de engravidar nessa tristeza.

- Por esse motivo estou querendo explicar como não engravidar.

- Não sou a todo ouvidos mas posso entender o que fala se não falar rápido.

- Engraçadinha.

- Vai explicar ou não?

      Tine sentou do meu lado e começou a fazer perguntas, todas as que eu não sabia responder, ele me disse a resposta e aquelas que eu respondi errado, ele corrigiu. Explicou sobre hímen, os métodos contraceptivos, as doenças e todo o resto. Como sabe tanto, eu não saberia dizer, mas passou mais de uma hora explicando tudo. Quando terminou, eu estava com uma expressão de confusa, como tem tanta coisa assim? É assustador. As mulheres usam isso tudo mesmo sabendo que pode não funcionar?

- Se não entendeu fica complicado.

- É muita coisa ao mesmo tempo!

- É porque você já deveria saber. Mas não precisa lembrar de tudo agora.

- Não? - Ele disse que não. - Ótimo, quando vou no tal ginecologista?

- Amanhã.

- Amanhã!?

- Devia ter te levado quando transamos a primeira vez, ainda demorou muito.

- Não sabia que eu deveria ir.

- Agora sabe, Mi amor.

- Já acabamos?

- Acabamos.

- John vai estar ocupado amanhã?

- Se fosse estar, não está mais.

- Preciso ir em um lugar.

- Ele levará você.

- Certo. - Me levantei. - Também preciso do cartão.

    Ele pegou a carteira na cômoda e me entregou o cartão. Coloquei dentro de uma bolsa que eu sempre uso e caminhei para fora do quarto, voltando pro escritório. Tine preferiu estudar no quarto. Me sentei e peguei meus livros e caderno, agora eu preciso estudar na prática e não na teoria. Mandei uma mensagem pro Tine.

"Posso usar seu computador?"

    Ele só mandou um joinha. Que alma de velho.

"Senha?"

"2706"

"Certo."

     Coloquei a senha no computador e acessei ele. Acho que o Tine voltou a estudar.
O computador é extremamente organizado em pastas, o papel de parede é o Asterin. Meu objetivo não é ficar olhando e sim colocar meus estudos em prática. Então comecei a fazer uma nova programação no computador. Entrei no prompt de comando, digitei os códigos base para acessar o administrador e voilá, posso fazer tudo.

◇◇◇◇

     Passei quatro horas dentro do escritório, fiquei lá dentro até as duas da manhã.
Fiz uma merda muito grande, Constantine vai me matar por isso. Sem querer apaguei todos os arquivos e pastas que tinham no computador, quando tentei consertar só piorei a situação.
Me levantei e fui até o quarto, procurando pelo Constantine. Ele estava deitado, com um travesseiro no rosto. Cutuquei o ombro dele devagar, esperando que me olhasse.

- Hum? ~

- As coisas no computador são importantes?

- Bastante, tem negócios, estudo...e jogos.

- Estão salvos em algum pen drive?

- Não... - Bocejou.

- Bem... Me desculpe, vai precisar arrumar o computador.

- O que? - Ele abriu os olhos.

- Eu... Apaguei tudo sem querer.

- Não brinca com isso. - Levantou de uma vez, saindo do quarto.

- Achei que iria dar certo e não acontecer isso. - O segui.

     Ele andou rápido até o escritório, nem se sentou antes de olhar a tela do computador. O computador está do mesmo jeito de quando foi comprado, sem nada, nem Gmail. Tine apoiou os cotovelos na mesa e o rosto entre as mãos, suspirou pesadamente.

- Posso tentar consertar se quiser! - Peguei um livro, folheando as páginas para ver qual iria me ajudar a consertar.

- Padre nostro, che sei nei cieli, sia santificato il tuo nome...Dio! perché queste cose succedono solo a me?

     Deve estar me xingando, aposto! Mesmo que nós dois tenhamos a mesma descendência italiana e falemos o mesmo idioma, não consigo entender o que falam sem ser em inglês.

- No, perché ovviamente sono il peggiore del mondo, quindi il karma è maggiore!

- Juro que posso consertar! Vai estar novo amanhã!

- Então reze, Mi amor, reze para dar certo! La mia testa sta morendo, sento i miei neuroni svanire!

- Fale o idioma daqui! Não consigo te entender!

- Eu estou com dor de cabeça!

- Desculpe!

     Meu marido levantou do chão e deitou no sofá. Me sentei na cadeira de frente para a mesa, revirando os livros. Onde está o que eu preciso?! Olhei pro chão, procurando ele no meio de alguns outros. Só depois me lembrei, está no sofá, agora na mão do Tine, que está lendo o livro, aposto que não entende nada desse assunto.

- Preciso desse livro.

- Pensei que já soubesse.

- Foi a minha primeira vez mexendo em um computador.

     Ele esticou o livro para mim.

- Obrigada. - Peguei o livro e comecei a ler ele.

     Ao mesmo tempo que eu lia, também mexia no computador, tentando resolver o que eu fiz.
Depois de trinta minutos, parei e fechei o livro, bocejando. Preciso dormir e descansar, além disso, preciso consertar essa merda!

- Não consegui consertar, vou tentar amanhã. - Olhei pro Tine, me levantando.

- Isso é mal, bem mal.

- Desculpe, foi sem querer.

- Tudo bem - Ele suspirou.

      Caminhei até ele e segurei as suas mãos, puxando para se levantar.

- Não fique irritado.

- Não estou irritado, estou amargurado. É diferente.

- Vou tentar de novo amanhã. - Beijei o canto da boca dele e sorri de leve.

- Certo - Sorriu com a expressão negra e saiu do escritório.

     Suspirei e sai também, indo direto para o quarto. Me deitei na cama, sentindo meu corpo inteiro relaxar. Se não fosse pela agonia que sinto toda vez que durmo, eu me sentiria mais relaxada ainda e sem sono durante o dia.
     Tine deitou na mesma posição que estava antes, com o travesseiro no rosto e reto, não me abraçou ou pegou o celular, completamente quieto. Não mexi nele e nem mesmo falei algo, só o deixei quieto, rolei de um lado pro outro na cama, sem conseguir dormir ou fechar os olhos, muitas coisas estão passando pela minha cabeça.
      Olhei de canto pro Tine, tentando ver se estava dormindo, mas só está quieto. Me sentei na cama e peguei meu celular, vendo se tinha notificações ou mensagens, não tem nada. Desliguei o celular e coloquei em cima da cômoda de novo, estalei meus dedos, mexi no meu cabelo, peguei meu celular inúmeras vezes, cantarolei uma música aleatória. Nada me distraiu ou divertiu, absolutamente nada me prende a atenção.
      Só de pensar que vou precisar ir ao médico amanhã, me dá arrepios. Não sou o tipo de pessoa que vai ao médico toda vez que está doente ou machucada, sempre tomo um remédio e se resolve na hora. Nem mesmo para saber o que eram cólicas ou porquê eu sangrava todo mês. Na verdade, é um médico especializado em coisas para mulheres, certo? Não me lembro, é confuso e complicado. Mas assim vou poder tirar dúvidas que nunca consegui tirar, por vergonha ou medo do que iriam pensar sobre mim. Quando perguntei ao Scott porquê eu estava sangrando, apenas recebi um "foda-se" indireto, na época eu tinha onze anos e estava em casa.

Flashback

      Sai do meu quarto correndo, logo depois de acordar. Só de ver um sangue no meu lençol, fez meu coração acelerar e minha cabeça doer.
     Procurei meu pai pela casa toda, o último lugar que ele estava era no quarto dele, bati na porta e entrei. Faço isso para avisar que estou entrando, já que não consigo escutar a resposta. Corri até a cama, onde ele está deitado e vendo um jogo de futebol na televisão, nem sequer me olha. Cutuquei o braço dele, esperando que me olhasse para mostrar o lençol sujo.

- Eu me machuquei! Preciso ir no hospital! - Posso ver que está achando isso desagradável. - Está saindo sangue de dentro de mim!

- Estou ocupado, saia do quarto e me deixe em paz.

- Mas eu estou perdendo sangue! A professora escreveu no quadro que quando perdemos...

- Cale a boca. - Me cortou, parece estar irritado. - Se está machucada, o problema é seu.

- Não quero morrer! Vamos pro hospital!

- Não, não vamos! - Me afastei, sentindo meus olhos arderem por estar acumulando lágrimas. - Já falei para não me contrariar!

- Mas tem sangue em mim e eu não sei o porquê!

     Ele agarrou o lençol sujo e tirou das minhas mãos com força, jogou em mim, sem nenhuma delicadeza ou forma de brincadeira.

- Se quer tanto ir pro hospital, vá sozinha! Não vou te levar a porra de lugar nenhum!

- Mas eu também estou com dor! E se a mamãe tivesse isso também!? - Não devia ter dito isso. A mamãe é o ponto fraco dele, não sei porquê ele me culpa por ela ter ido embora.

      O vi se levantar e caminhar até mim, me agarrou pelo cabelo e puxou para fora do quarto. Sinto lágrimas descerem o meu rosto, não sei se é por causa da dor que o puxão de cabelo está causando ou no pé da barriga.
Me empurrou para fora, me fazendo cair no chão, e bateu a porta, senti a vibração forte, como consequência.
      Levantei, tentando segurar o choro, caminhei de volta pro meu quarto, pensando no que fazer. Eu não quero morrer, e se comi algo estragado?! Ou então tem um bicho em mim!
Sempre que eu choro ou faço algo errado, deixo meu pai triste e irritado sem querer. Mas ele sempre compra uma lata de refrigerante para mim, deve ser algum pedido de desculpas por ter me ignorado ou batido, no colégio chamam de castigo do silêncio e castigo normal, deve ser isso.
      Arrumei a minha cama e lavei o lençol e shorts que sujaram. Passei o resto do dia assim, com dor no pé da barriga, sangrando e ficando com os shorts sujos de sangue.
Pelo menos não vou ganhar uma lata de refrigerante hoje! Mesmo que seja mais gostoso que água.

Fim

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