Levanto da cama e vou limpar meu rosto que está manchado de sangue e suor.
Meu corpo todo estava gelado e eu sentia um aperto em meu peito. Sei que escutei a voz do Martin, mas não o vi em lugar nenhum do meu sonho... Será que era somente a minha imaginação?
Não.
Aquele sonho tinha muita realidade, muita coisa que eu realmente gostaria de fazer. E se eu tivesse no controle não tinha escutado a voz do Martin e tinha partido a cara da Sarah no meio, mesmo que fosse só no meu pensamento.
O que está acontecendo comigo?
Estou perdendo o controle?
Pensava em tudo o que estava acontecendo e tentei lembrar de pequenos pedaços do meu sonho, buscando alguma coisa que fizesse sentido enquanto eu sentia a água fria lavar meu corpo.
Sai do pequeno banheiro, molhando tudo o que estava ao meu redor, e nem me importei muito. Sentei na cama e abracei meus joelhos, sentindo aquele vazio em meu coração querer me dominar novamente.
Não gostava de mim quando sentia aquele vazio. Sentia como se o meu corpo virasse uma simples marionete do meu ódio.
Aquelas paredes, tudo parecia pequeno demais, e não sentia o ar querer entrar nos meus pulmões, precisava sair dali, não importa pra onde, precisava de ar fresco.
Levantei da cama e calcei meu tênis. Sai do quarto, de pijamas mesmo. E ao contrário do meu sonho, não encontrei ninguém no meu caminho, então me obriguei a decorar o caminho de volta para o meu quarto.
Passo por alguns corredores até que encontro um pequeno cômodo, que parecia ser aberto ao ar livre e sem pensar duas vezes, eu entrei por aquela pequena porta e vi um corpo deitado ao chão olhando as estrelas.
Me aproximei um pouco e vi que era Oliver.
– Dificuldades em dormir? – perguntei, avisando que ele tinha companhia.
– Desde que eu fui... – ele senta ao chão. E eu sento ao lado dele. – Libertado, não consigo dormir direito, pesadelos cobre sempre minha cabeça, não consigo descansar.
A noite estava fria e sem muito vento. As estrelas brilhavam bonitas no céu e eu só pensava que Martin estava entre elas, brilhando sua amizade e seu coração único.
– Entendo Oliver... Nem consigo começar a imaginar as coisas que você fez... Quer dizer, que Tobias fez...
– Isso sempre me tira o sono, mas hoje foi...
– Hoje.
– Sim, eu nem consegui pregar o olho, não consegui. Megan, eu estou... – a voz de Oliver morre e ele olha para baixo, e fica olhando para o nó de seus dedos.
– Eu sei Oliver, eu também estou... – deposito minha mão no ombro dele e é quando eu vejo a primeira lágrima em seus olhos cair.
Ele chorou em silencio, e estava calmo.
– Eu só achei que teria outra chance com ele – Oliver fala e eu sinto meu coração se apertar.
– Acho que ele tinha esse efeito sobre nós não era? – falar de Martin no passado é uma coisa horrível, quase surreal para mim.
– Sim.
Ficamos ali em silêncio, aproveitando a nossa companhia. Ele que tinha sido uma pessoa tão importante antes para o Martin e eu gostava de pensar que eu era uma parte importante para ele agora.
– Preciso ir buscar a minha avó Oliver. Ela está lá...
– Eu sei... Mas acho pouco provável te deixarem ir Megan.
– O que você quer dizer com isso Oliver?
– Pensa aqui comigo – ele fez uma pequena pausa e continuou. – Você está aqui, mas sua avó esta lá. Martin morreu pra te deixar viva. Tem muita gente te querendo morta Megan, e não acho certo você ir na linha de frente dessa batalha...
– Mas eu...
– Não estou duvidando da sua capacidade Megan, já vi você em ação e é uma dominadora habilidosa, mas suas emoções estão em frangalhos. Assim não tem dominador que não se abale... Você seria um alvo fácil.
– E vão querer que eu fique de braços cruzados protegida, enquanto alguém que eu amo está em risco?
– Não é fácil Megan, mas às vezes, tudo o que podemos fazer é esperar e confiar nos outros – minha cara se fecha com a escolha de palavras dele.
– Você sabe que não posso...
– Desculpa Megan, realmente foi uma péssima escolha de palavras, depois da sua amiga, sei como deve estar difícil para confiar nos outros assim tão cegamente.
– Não sei se eu confio em mim nesse exato momento Oliver.
– Não pode ser assim Megan. Nesses momentos você tem que ser forte, e confiar em seu coração, e em sua mente.
– Eu sei que tenho que fazer isso Oliver, mas estão acontecendo algumas coisas esquisitas comigo...
– Esquisitas como?
Respirei fundo e contei alguns acontecimentos. Contei até sobre o meu sonho agora, mas omiti o conteúdo, ele só precisava saber do essencial.
– Lágrimas de sangue? – ele pergunta espantado.
– Sim, eu não sei o que isso significa, e eu estou com os sentimentos à flor da pele Oliver, estou com medo – admiti.
– Nunca vi nada parecido... Eu realmente não sei o que te dizer...
– Eu sei disso Oliver. Ninguém sabe o que está acontecendo, mas você concorda comigo não é? É muito esquisito...
– Sim, nisso você tem razão, é muita coincidência... Sempre acreditei em destino, e o seu parece estar sendo mudado...
Quando ele falou em destino me lembrei dos meus encontros com Fred. Ele me falou alguma coisa sobre ser, ou ver ou escrever o destino. Ai que ódio, eu e minha memória de peixinho de aquário...
– Ainda bem, pensava que estava perdendo o meu juízo...
– Quando se trata de Nihal Megan, o óbvio nunca está presente. Juízo então, isso é para pouco e poucas situações... – ele fala deixando escapar um pequeno riso...
– Você tem toda razão.
Me junto a ele e começamos a rir. Não sei bem porque estávamos rindo, mas gargalhei tanto que a minha barriga começou a doer um pouco de tanto que eu ri. Fomos nos acalmando e Oliver tinha um pequeno sorriso em seus lábios.
– Obrigado – ele fala por fim.
– De nada? – falo estranhando. – Mas eu não acho que eu fiz nada.
– Fez muito mais do que imagina Megan. Precisava conversar, mesmo que fosse pouco, do meu jeito, você me ajudou demais.
– Fico feliz por isso.
– Mas acho que agora vou me retirar. Tenho que pensar em algumas coisas, tenho uma pessoa muito especial de uma amiga minha para resgatar.
– Você vai? – falo sentindo uma coisa boa.
– Claro que sim Meg. Sei que você está tendo dificuldades com tudo isso. Então se ajudar um pouco sabendo que eu vou estar lá para ajudar a sua vó, nada me faria mais feliz...
– Ajuda e muito. Obrigada Oliver – abro um sorriso sincero para ele e ficamos ali nos encarando por alguns segundos.
– Não há de quê – ele se levanta, quebrando a nossa ligação. – Você vai ficar aqui mais um pouco, ou vai pro seu quarto?
– Acho que vou pro meu quarto, acho que vou conseguir dormir agora...
– Vem, eu te acompanho – ele me estende a mão e eu a seguro. Oliver me ajuda a levantar e vamos em um silêncio confortável até o meu quarto.
– Obrigada Oliver pela conversa.
– Fica tranquila Megan. E saiba que eu vou fazer tudo o que está em minhas mãos para você ver a sua avó novamente – ele fala e eu seguro a sua mão, tentando passar forças, ou receber forças, sei lá...
– Sei que sim Oliver – abro um sorriso para ele.
– Boa noite Megan.
– Boa noite Oliver – fico na ponta dos pés e dou um beijo na bochecha do rapaz que parecia, e agora tinha a atitude, de um anjo.
Ele abre um sorriso, mas fica nervoso e sai, não sem antes de acenar para mim e o perdi de vista depois dele virar no corredor.
Abro a porta do quarto e sento em minha cama. Nem me dei o trabalho de acender a luz, fui direto para a cama e me joguei lá. Mas alguma coisa estava diferente, fora do lugar, não sei, tinha alguma coisa esquisita e eu não conseguia ver o que era.
Abri os olhos e me pus alerta. Sentei na cama e puxei meu lençol mais para perto de mim, ridículo eu sei, mas fazer o que?
O som de um suspiro vindo de dentro do quarto anunciou que eu não estava sozinha. Me apressei em ligar a luz e vi uma silhueta no canto do quarto.
– Quem é? – pergunto irritada.
– Minha nossa senhora Meg. É assim que você recebe um rosto conhecido? – escuto a voz distinta de Fred.
– Fred?
– Claro que sim, quem mais seria? – pisco o olho e perco o momento em que ele materializa na minha frente.
– Ah, – falo me assustando pela sua materialização tão súbita. – Oi Fred.
– Oi Meg – ele fala com o rosto preocupado, ou pelo menos eu acho que isso em seu rosto é preocupação.
– Aconteceu alguma coisa?
– O que me denunciou? – ele pergunta com um meio sorriso.
– O fato de você aparecer aqui do nada, mas principalmente seus olhos...
– Eu e minha expressão facial... Tenho que aprender a esconder isso melhor, mas a situação não me permite isso...
– Que situação? – pergunto sentindo alguma coisa dentro de mim mudar.
– Então Megan, eu sei que eu disse que te daria um pouco de tempo, para você se recuperar e tudo mais, mas aconteceram algumas mudanças...
– Mudanças?
– Sim, temos que ir.
– Ir? Pra onde Fred tá maluco?
– Temos que controlar você?
– Me controlar? Porque?
– Sei que você está sentindo mudanças dentro de você Megan, mudanças que você não tem controle sobre elas...
– Isso tem haver com o fato de eu estar chorando sangue?
– Sim. Sinto muito Megan, mas temos que ir...
– Ir pra onde? Você está repetindo isso, nós temos que ir agora?
– Temo que sim Megan. O destino está entrando em colapso, e temos que por essas suas emoções em ordem, temos que descobrir como controlar tudo, senão tudo o que conhecemos por esse mundo irá acabar.
Um frio percorre minha espinha quando ele fala isso. Não duvido de suas palavras.
– É tão sério assim?
– Mas do que você imagina. Ia te chamar mais cedo, mas você estava conversando com o Oliver e ele estava precisando de você naquele momento. E vai precisar mais... – ele fala a última frase tão baixo que eu até duvidei que ele tinha falado.
Mas resolvi ignorar.
– Podemos ir? – ele pergunta se levantando.
– Mas e minha avó? O que vai acontecer com ela?
– Olha Megan, Oliver tem razão, e lá no fundo você também sabe disso. Não vão deixar você ir. E se você for por conta própria só estará se pondo num risco desnecessário.
– Eu sei Fred, mas ela é família. E se acontecer alguma coisa com ela enquanto ela estiver lá?
– E você vai poder impedir?
– Não necessariamente, mas...
– Quando chega a hora de uma pessoa Megan, não há nada que se possa fazer. Você deveria saber disso agora...
– E eu sei. Mas não sei se vou suportar se acontecer alguma coisa com ela e eu estiver longe.
– Vai ser um risco que você vai ter que correr... E outra coisa Megan, você está pondo muita pouca fé na sua avó, quando foi que eu dormi e ela virou uma pessoa frágil? – ele fala.
Claro que sim. Minha avó era uma das pessoas mais fortes que eu conhecia... Assim como o Martin. Não Megan! Que droga! O que aconteceu com o Martin foi uma fatalidade! Aconteceu o que tinha que acontecer e outra, eu tinha um pouco de Martin dentro de mim.
É assim que fala Megan. A voz de Martin ecoa na minha mente sorrio ao escutar a sua voz e eu consigo pensar nos meus próximos passos. Ia ser mais fácil se conseguisse manter meus sentimentos controlados, assim como Fred me disse.
Eu só tinha uma certeza, não queria enfrentar o desconhecido sem um rosto conhecido comigo. E a primeira pessoa que me veio a mente, foi claro, o melhor namorado do mundo.
– Fred, posso levar o Adam? – sei que parece egoísmo, mas preciso de um rosto conhecido comigo. Eu finalmente me levanto da cama.
Ele solta um longo suspiro e analisa por alguns segundos.
– Não vejo o porque não, mas eu vou logo lhe avisando Megan, acho que ele vai ver um lado seu que ele não conhecia.
– E-e-eu...
– Mas vai ver será mais fácil para você se tiver um rosto que conhece e ama na sua frente. Acho que pode dar certo isso.
– Mas não sei onde ele está...
– Mas o seu coração sabe, ele sempre leva vocês dois juntos – ele aproxima a mão do meu peito.
– Ei! O que é isso? – pergunto me afastando um pouco.
– Calma, eu só quero encontrar o Adam. Vai ser rapidinho. Pode ser que doa um pouco.
Mesmo com um pouco de receio deixo ele se aproximar – mesmo achando que ele poderia fazer isso sem que eu deixasse – e quando sua mão atravessa meu peito eu sinto uma sensação de falta de ar, meu estômago se revira.
Os olhos de Fred reviram e ele balbucia umas palavras que eu não entendi. Sua mão então sai de dentro do meu peito e ele começa a sair do quarto.
– Onde você vai?
– Você quer se trocar na minha frente? Ou você vai usando esse pijaminha lindo?
– Ah, sim, claro. Obrigada.
Ele sorri e sai do quarto. Eu ponho a minha roupa que estava dobrada em cima de uma pequena cômoda ao lado da minha cama. Saio e encontro Fred encostado na parede do lado de fora do quarto.
– Vamos – ele fala e comecei a acompanhar ele.
Não demorou um minuto para estarmos na porta do Adam. ou era isso que ele disse.
– Vamos logo, acorda ele e vamos, você se explica com ele depois.
– Certo.
Dou batidas de leve na porta e começo a falar o nome do Adam. Nada em resposta. bato mais forte e falo um pouco mais alto agora e nesse momento que ele abre a porta. Seus cabelos estão uma bagunça só e ele só usava uma calça de pijama bem folgada e cinza.
Se não tivesse tanta coisa em minha cabeça nesse exato momento, sei que teria apreciado a vista muito mais.
– Megan? – sua voz estava mais rouca do que o usual e ele coçava os olhos e tentava se adaptar a luminosidade do corredor.
– Desculpa te acordar Adam é que...
– Não, tudo bem – ele me interrompe. – Aconteceu alguma coisa?
– Você pode se vestir e vir comigo? – falo apressadamente.
– Aconteceu algo?
– Sim, mas eu te explico no caminho, temos que ir Adam, por favor, por favorzinho?
– Certo – ele se vira e volta para o quarto. Vejo quando ele se tranca no banheiro e sai de lá rapidamente já vestido.
Mas seu rosto ainda indica que ele está morrendo de sono. Tadinho.
– Desculpa pela hora, mas realmente temos que ir – falo segurando sua mão e o puxando para fora do seu quarto.
– Quem é ele? – Adam pergunta apontando para o Fred.
– Você pode ver?
– Sim – ele fala um pouco confuso.
– Esse é o Fred. Lembra? – os olhos de Adam arregalam um pouco, o que responde a minha pergunta.
– Apresentações depois, agora, temos que ir – Fred fala ficando na nossa frente. – E já peço que me desculpem por isso. Mas a viagem é bem turbulenta.
Fred coloca suas mãos em nossos ombros e sinto meus pés desprenderem do chão. A última coisa que consigo fazer é segurar a mão do Adam.
Oiiiie pessoal lindo que faz meu coração bater mais forte.. Como vão meus melhores dominadores? Espero que bem. A faculdade está uma loucura e estou fazendo o meu melhor para não deixar vocês na mão.
Agora a nova aventura de Meg vai realmente começar. Nem posso expressar o quão animada estou em escrever os próximos capítulos. Queria muito ter mais tempo para escrever, mas infelizmente tá difícil.
Estou preparando um bônus todo especial, que vai ser bem legal (ou pelo menos assim espero, kkkk) Então, fiquem de olho e não abandonem o livro <3 Vou dar mais informações nos capítulos que virão...
Esse capítulo é dedicado à três pessoas super especiais que eu conheci escrevendo OOD, @AndressaYOUNG, @DaviAldrighi e @Vitoria_Silva5, obrigada por todo o apoio e fico muito feliz por conhecer vocês um pouco melhor por conta desse livro.
Beijos à todos, e até a próxima. ;*