Ensina-me A Viver Novamente [...

By NerwenHydrefShadow

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[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... More

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo XVI - Irmão Urso
Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XXV - Bard o Arqueiro

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By NerwenHydrefShadow

Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo meus OC's Estelwen, Miluiel e Voronwë.

Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Uma amiga minha (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.

Capítulo XXV - Bard o Arqueiro

P.O.V Terceira Pessoa

A situação em que a companhia se encontrava não estava nada a seu favor. O arqueiro diante deles era habilidoso, não havia como negar, e era claro que eles estavam em maior número, mas estavam exaustos. Se eles estivessem no auge, teriam dominado o homem... mas como estavam? Eles não teriam a menor chance.

Como se isso não bastasse, Estelwen percebeu que sem seu arco não havia muito o que ela pudesse fazer. No tempo que levaria para ela agir contra o homem, o arqueiro já teria atirado contra ela ou seus companheiros.

Mas então Estelwen se lembrou que o arqueiro simplesmente desarmou Kili ao invés de matá-lo, o que mostrou uma falta de interesse por parte do humano em se envolver em uma batalha. Ele pode ser letal, mas talvez o homem estivesse disposto a negociar e ouvir a razão. Estelwen ergueu sua mão esquerda no ar em sinal de rendição, enquanto sua mão direita lentamente guardava sua adaga na bainha em suas costas.

"Não queremos problemas, estamos apenas de passagem." Estelwen disse assim que sua mão direita voltou para a mesma posição que a esquerda, mostrando que ela estava desarmada, enquanto seu olhar ainda permanecia no homem.

"Você diz isso, mas pode dizer o mesmo para seus lobos?" Ele disse, sua linha de visão caindo para a fileira de lobos,  enquanto sua atenção voltava sem demora para a elfa.

"Khozoh." Estelwen chamou a atenção do lobo líder e este olhou para ela de orelhas levantadas, esperando o próximo comando. Ela olhou para ele e abaixou a mão, ordenando-o a se deitar. Khozoh não pareceu feliz com a ordem e voltou a olhar para o arqueiro, rosnando para ele, encorajando os outros lobos. "Khozoh!" Estelwen exclamou irritada. O lobo, a contragosto, abaixou-se no chão, submetendo-se ao comando de Estelwen, enquanto sua parceira e filhos espelhavam seus movimentos e seguiam seu exemplo.

Quando os lobos mostraram que não eram uma ameaça ao seu bem-estar, só então o humano abaixou sua arma, mantendo-se sempre vigilante. Aproveitando a oportunidade, Balin dirigiu-se ao homem: "Desculpe, mas.... você é da Cidade do Lago, salve o engano." Disse Balin, que se aproximou lentamente com os braços levantados, as palmas das mãos abertas na altura do rosto para mostrar que estava desarmado. "Aquele seu barco ali, por acaso estaria disponível para aluguel?" Ele perguntou. O homem pareceu intrigado com o pedido, mas perguntou sarcasticamente.

"Porque acha que eu ajudaria vocês?" Ele perguntou, enquanto se dirigia para seu barco. A companhia o seguiu e no caminho Balin comentou.

"As botas já viram dias melhores, assim como este casaco. Sem dúvida tem bocas famintas para alimentar." Disse Balin, dando seu melhor e mais encantador sorriso, na tentativa de convencer o homem a ajudar ele e seus companheiros. "Quantas crianças?"

"Um menino e duas meninas." Disse o arqueiro, enquanto rolava os barris que foram usados pela companhia para descer o rio, e os guardava em seu barco.

"E sua mulher? Eu imagino que ela seja linda." Disse Balin. Mas o homem parou, seu olhar era triste.

"Sim... Ela era." Ele disse, após um breve silêncio. A reação entre a companhia variou, desde aqueles que respeitosamente simpatizavam com o homem, enquanto muitos se sentiam desconfortáveis e desviavam os olhos para outro lugar, devido a situação em que o anão mais velho os colocou.

"Eu sinto muito, não foi minha intenção-" Balin começou a gaguejar, tropeçando em suas palavras na tentativa de se recuperar e levar a conversa para um assunto mais leve. Foi então que o arqueiro ouviu Dwalin sussurrando impacientemente para Thorin. "Hora vamos. Chega dessa frivolidade."

"Porque a pressa?" O comportamento inquieto de Dwalin chamou a atenção do arqueiro, ainda mais desconfiado da verdadeira intenção do grupo.

"E é da sua conta?" Dwalin respondeu sarcasticamente, considerando que 'fazer bonito' era uma completa e absoluta perda de tempo e desejava acabar logo com isso para que pudessem continuar atravessando o lago.

"Se querem que eu os leve no meu barco, gostaria primeiramente de saber porque um bando de anões, quatro lobos e duas elfas estão viajando juntos?"

"E um Hobbit" Disse Bilbo, o que desencadeou algumas risadas de Mimi, Estelwen e os anões mais jovens.

"Um Hobbit? Nestas terras? O que vocês estão fazendo aqui?" Ele perguntou mais intrigado ainda.

"Somos apenas comerciantes das Montanhas Azuis, viajando para ver nossos parentes nas Colinas de Ferro." Disse Balin, sua confiança nas palavras mostravam o quão preparado o anão estava caso fossem interrogados e não quisessem que seu real objetivo fosse revelado a outros.

"Sei... e as elfas?" Ele perguntou se dirigindo a Estelwen e a Mimi. "Não consigo pensar em nenhum motivo para duas raças que se odeiam tanto estarem viajando juntos."

"Morei por um tempo nessas florestas. "Estelwen começou a explicar calmamente. "Os anões me contrataram para guiá-los. Só não contava que estas terras estaria tão doente e bem diferente de como eu me lembrava."

"E a garotinha?" O arqueiro perguntou, apontando para Mimi, o que fez com que os olhos de Estelwen arregalarem quando se voltaram para onde Mimi estava, preocupada com o que poderia acontecer a seguir. Irritação e aborrecimento caíram sobre Mimi em ondas. A tensão era tamanha que fez com que aqueles ao redor da elfa lhe dessem um pouco de espaço. "Não lhe sequestraram, não é?" Continuou o humano, falhando em notar a real situação.

"Receio que tenha havido um pequeno mal-entendido de sua parte, bom senhor, e pretendo corrigi-lo." Disse Mimi, a voz tensa da pequena elfa era uma indicação clara de que ela estava tentando ao máximo se controlar e não explodir após ser confundida com uma criança, devido a sua aparência física. Afinal, qualquer um teria cometido um erro semelhante, tudo o que Mimi tinha que fazer era corrigi-lo com calma. "Eu lhe asseguro que minha idade supera em muito a sua."

"Perdoe-me... pela grosseria, não era minha intenção." O homem disse timidamente. Mimi apenas continuou com sua história.

"Estou apenas acompanhando meu Hobbit em sua jornada pela Terra-Média." Ela disse, colocando a mão no ombro de Bilbo. As bochechas do hobbit ficaram vermelhas com a mera menção de ser 'o hobbit de Mimi'. "Conheci Estelwen há alguns anos. Devido à minha saúde frágil, o ambiente em que eu morava estava piorando minha condição. Então, Estelwen se ofereceu para me levar para a Vila dos Hobbits, onde conheci Bilbo, que me ajudou a me estabelecer em minha nova casa. Estelwen sabia do meu desejo de viajar, e quando de repente ela apareceu mais uma vez com uma oferta para se juntar ao seu grupo para viajar para as Montanhas Azuis, aproveitamos esta oportunidade para ver o que mais este mundo tem para oferecer."

"Entendi..." Respondeu o humano, pela sua expressão, parecia relativamente contente com a explicação da elfa, mas  continuava com sua guarda levantada e então continuou. "E os lobos?"

"Eu os criei desde filhotes." Disse Estelwen, enquanto acariciava Khozoh que agora estava sentado ao seu lado. "Eles vão aonde quer que eu vá, além de serem uma proteção extra muito necessária."

"Receio que não poderei transportá-los em meu barco. Até porque eles deixariam as pessoas da cidade em pânico." Disse o humano .

"Entendo perfeitamente. Não se preocupe, eles não virão conosco." Estelwen assegurou.

O arqueiro deu uma pequena risada e disse. "Simples mercadores anões, uma guia elfa com quatro lobos e um casal apaixonado de uma elfa com um hobbit. É sem dúvida um grupo no mínimo peculiar."

"Precisamos de comida, suprimentos, armas." Disse Thorin, ignorando o sarcasmo do homem." Pode nos ajudar?"

"Eu sei de onde esses barris vieram." Disse o homem, inspecionando as marcas de flechas e arranhados que marcavam os barris.

"Qual o problema?" Perguntou Thorin ao olhar para as marcas e depois para o humano.

"Eu não sei que negócio tiveram com os elfos. Mas acho que não acabaram bem." Ele disse e então olhou para Estelwen, com sua roupa esgarçada, fazendo com que ela desviasse o olhar. Thorin, que estava ao lado da elfa, a puxou para ficar atrás dele, como que a protegendo. Seu ato surpreendeu o arqueiro consideravelmente, mas este preferiu continuar com a conversa.

"Ninguém entra na Cidade do Lago sem a permissão do Mestre." Ele continuou. "Toda fortuna dele vem do comércio com o reino da floresta." Ele disse, se preparando para zarpar. "Ele prenderia vocês para não sofrer a fúria do rei Thranduil. As elfas entrariam facilmente. Já os demais. Será bem difícil." Concluiu, enquanto jogava a corda para Balin.

"Ofereça mais." Sussurrou Thorin a Balin.

"Acredito que existam outros meios de entrar. Sem ser visto." Insistiu Balin.

"E existem. Mas para isso, precisam de um atravessador." Ele comentou.

"Por quem pagaríamos... O dobro." Balin respondeu, sério. O humano ficou surpreso com a oferta e finalmente concordou.

"Pois muito bem. Entrem." Ele disse.

Antes de entrarem no barco, toda a companhia foi se despedir de seus lobos. Em especial Estelwen, Thorin, Fili e Kili. Os lobos ficaram relutantes em deixá-los, pois não tinham certeza de quando os veriam de novo. Mas Estelwen os instruiu para que seguissem pela floresta em direção à Erebor e a esperassem lá, que ela iria encontrá-los assim que possível. Os lobos finalmente concordaram, atravessaram o rio e partiram floresta adentro.

Estelwen então se lembrou de Orcrist e puxou Thorin para o canto, para que ela pudesse devolver a espada. Ao ver Orcrist novamente, Thorin não pôde conter um sorriso. "Como conseguiu?" Ele perguntou enquanto desembainhava sua espada e a inspecionava para ver se estava intacta."

"Agradeça a Legolas, caso o encontremos de novo. Ele me ajudou a escapar e me devolveu nossas armas." Mas ao ouvir o nome do príncipe élfico, Thorin revirou os olhos, o que desencadeou uma pequena risada da elfa. Ao ver a reação de Estelwen, Thorin não pode conter um sorriso.

"Venham logo vocês dois." Incitou o arqueiro, ansioso para retornar a sua casa, onde seus filhos estavam esperando. Quando todos estavam embarcados, Estelwen se dirigiu a Dwalin e discretamente, pegou a pequena adaga que estava guardada em seu bolso e a entregou ao anão. Quando Dwalin viu sua preciosa lâmina, a tirou rapidamente das mãos de Estelwen e a guardou imediatamente. Entretanto, a única resposta que Estelwen obteve foi o canto de seus lábios se curvando em um sorriso, ela podia dizer que ele estava extremamente grato por devolver seu tesouro. Ela sorriu para si mesma e foi se juntar a Bilbo e Mimi, que estavam sentados na base elevada onde se encontrava o leme.

O barco seguiu pelo rio em direção a Esgaroth, também conhecida como Cidade do Lago. Uma névoa espessa caiu ao redor deles, se intensificando quanto mais eles viajaram através do Lago, fazendo Mimi estremecer. Bilbo, percebendo a elfa ao seu lado tremer, puxou Mimi para seu abraço caloroso. Era aconchegante, quentinho, um gesto de boas-vindas que eventualmente fez Mimi adormecer em seus braços.

"Ela parece se sentir segura com você." Disse o humano olhando para Bilbo e Mimi. O hobbit sorriu, seu aperto ao redor da Mimi aumentou, fazendo com que a elfa se aconchegasse ainda mais em seu peito. "Como vocês se conheceram?" Perguntou o humano, enquanto manobrava o barco.

"Em uma biblioteca." Bilbo começou. "Ela estava sentada em uma poltrona... que era grande demais para seu corpo. Tão absorta no livro que estava lendo que mal me notou, mesmo quando eu estava bem na frente dela." Bilbo riu com a lembrança. "Seu cabelo brilhante me cativou, mas eram seus olhos que pareciam implorar por uma vida fora das paredes em que ela estava confinada... suponho que é por isso que ela estava sempre na biblioteca. Os livros eram sua janela para o mundo exterior." Bilbo comentou e olhou para Mimi, reposicionando a elfa para uma posição mais confortável, enquanto a observava sorrir enquanto dormia. "Daquele dia em diante, dei todas as desculpas para visitá-la na biblioteca e ela falou sobre todas as aventuras sobre as quais leu. Fiquei tão encantado com o entusiasmo dela que fiz algo muito incomum para um hobbit. Convidei-a a deixar seus limites e explorar tudo o que a Terra-Média tinha a oferecer. E estamos juntos desde então." disse Bilbo.

Estelwen, inclinando-se a bombordo, sorriu após ter ouvido a historinha que Bilbo havia tecido de verdades escondidas dentro de uma mentira. Um verdadeiro contador de histórias que teceu uma história de eventos reais enquanto revelava apenas meias verdades. Estelwen parecia prestes a explodir de vertigem e curiosidade. O hobbit sabia muito bem que não ouviria o fim quando ela tivesse a oportunidade de perguntar mais sobre os detalhes quando estivessem sozinhos.

"Uma história e tanto. Lembre-se de contar a minhas filhas. Elas vão adorar." Disse o humano.

"A propósito. Não nos apresentamos. Como se chama?" Perguntou Bilbo.

"Bard." Ele disse. "E vocês?"

"Me chamo Bilbo Bolseiro, do Condado e ela se chama Miluiel, mas nós a chamamos de Mimi." Disse Bilbo olhando para Mimi. Bard então dirigiu o olhar para Estelwen, esperando que a mesma se apresentasse.

"Me chamo Estelwen. É um prazer conhecê-lo Bard." Ela disse.

"O prazer é todo meu." Ele disse. "Mal posso esperar para apresentar vocês duas as meninas. Elas vão ficar incrivelmente felizes por recebermos duas elfas em nossa casa. Elas nunca haviam visto elfos de perto."

"Você mencionou que tinha filhos, como se chamam?" Perguntou Estelwen.

"A mais velha se chama Sigrid, depois meu rapaz Bain e minha caçula, Tilda. Eles são tudo em minha vida." Ele comentou com um enorme e orgulhoso sorriso estampado em seu rosto.

"Tenho certeza que sim." Disse a elfa com um sorriso. "Estou ansiosa para conhecê-los." Ela comentou.

De repente, Mimi começou a sibilar enquanto dormia, isso chamou a atenção de Estelwen e ela se afastou da lateral do barco e ficou encarando a menina, como se esperasse algo. Ela então foi arrancada de repente de seu sono e começou a tossir, Bilbo levou um susto e se afastou um pouco da menina.

Os anões ficaram preocupados e começaram a se aglomerar ao redor de Mimi, colocando-se entre Estelwen e a garota, perguntando se poderiam fazer alguma coisa para ajudar. As mãos trêmulas de Mimi alcançaram sua bolsa, mas antes que ela pudesse começar a procurar seu remédio, Bilbo arrancou a bolsa de suas mãos e começou freneticamente a vasculhar seus pertences. Oin e Estelwen forçaram seu caminho para o centro do grupo e, na tentativa de controlar a situação para não piorar a condição de Mimi, insistiram fortemente que os anões se afastassem. Mas os eles não ouviram.

As tosses de Mimi se transformaram em uma tentativa desesperada de respirar, vendo que a situação da amiga estava piorando, Estelwen não teve escolha e gritou em Khuzdul para que os anões se afastassem e eles rapidamente a atenderam. Mas para o azar de Estelwen, tal ato não passou despercebido por Bard, que levantou uma das sobrancelhas ao ouvir uma elfa falando a língua dos anões e principalmente ver que os anões a obedeceram. Estelwen então tirou a sacola de Bilbo, entregando-a a Mimi logo em seguida e puxou o Hobbit para longe da pequena elfa.

"Deixem ela respirar." Disse Estelwen. "E mantenham a calma. Quanto mais ansiosos ficarmos, mais ela vai piorar." Acrescentou.

Mimi então pegou sua bolsa e, na medida do possível, calmamente foi procurando os remédios que precisava, enquanto inspirava e expirava profundamente para controlar sua fadiga. Ela então puxou um dos frascos, deu alguns góles de seu conteúdo e o guardou. Depois, pegou uma pequena caixa de madeira e a abriu, lá, havia pasta amarronzada. Ela pegou um pouco e espalhou em seu peito, por debaixo de sua túnica.

Após este pequeno ritual ela gradativamente foi normalizando sua respiração e finalmente sorriu para seus amigos. Os anões, e principalmente Bilbo, respiraram aliviados. Estelwen finalmente soltou o Hobbit e ele correu para Mimi, preocupado com ela.

Bard permaneceu no leme todo o tempo, fazendo o possível para manter o barco estável. Estelwen voltou recostar na lateral do barco, enquanto os outros anões voltaram para a frente do barco.

"Como se sente Mimi? Está melhor?" Perguntou Bilbo, extremamente preocupado.

Mimi sorriu para ele e disse. "Não se preocupe querido, estou bem melhor, já tive crises muito piores que esta." Ela comentou.

"Você lidou muito bem com a situação mocinha, conheci um homem que tinha a mesma condição que você e ele dependia inteiramente de sua mulher. Fiquei impressionado em como você manteve a calma, mesmo com a confusão envolta." Disse Bard.

"Anos de prática, tenho este problema desde criança, acabei me acostumando a lidar com ele." Ela comentou enquanto se recostava nos braços de Bilbo mais uma vez.

Bard então se virou para Estelwen e comentou. "Fiquei um tanto quanto intrigado ao ver uma elfa em uma jornada com anões. Mas julguei que a necessidade de uma guia em uma floresta élfica era plausível... Agora... uma elfa ter conhecimento da língua deles... Um tanto quanto peculiar." Ele comentou. Estelwen deu um leve sorriso, aquele homem era mais perspicaz do que ela havia previsto.

"Vejo que nada passa despercebido de seus olhos... Homem da Cidade do Lago." Ela comentou.

Bard sorriu e disse. "Sou um viúvo com três filhos, sendo que duas são meninas. Se eu não estiver atento o tempo todo no mundo em que vivemos, acabarei morto ou perdendo elas também." Ele comentou e Estelwen apenas assentiu com a cabeça. Ele então continuou. "Mas você não respondeu minha pergunta."

"Mas o senhor não me fez pergunta alguma... fez?" Ela perguntou com um sorriso brincalhão, Bard acabou respondendo com outro.

De repente, um calafrio percorreu a espinha de Estelwen e Bard. Não o tipo de calafrio que você sente quando está frio, mas um calafrio de alguém observando-os de perto. Havia algo sombrio emanando do pequeno grupo de anões. Quando Bilbo olhou para a pilastra do barco, viu Thorin olhando para Bard com sangue nos olhos. O pobre homem não tinha ideia do que havia feito para justificar tal reação. "Estelwen!" Chamou Thorin. Estelwen olhou para o anão e ele acenou para que ela fosse até ele.

"Desculpe-me, com licença." Ela disse para os três ao se levantar e se dirigiu a Thorin. Bard olhou para Bilbo e Mimi como se pedindo uma explicação, o casal apenas riu, dizendo para que ele deixasse para lá.

P.O.V de Estelwen.

Me levantei e caminhei em direção a Thorin, ele pegou minhas mãos e me estudou por um tempo. "Como você está? Eles machucaram muito você?" Ele perguntou, visivelmente preocupado.

"Estou bem, não se preocupe." Eu disse sorrindo. "As feridas ainda doem um pouco, mas Mimi e um velho amigo nosso, Voronwë, cuidaram de mim antes de fugirmos, então ficarei bem logo logo."

"Então o nome daquele elfo ruivo era Voronwë?" Thorin perguntou, me pegando de surpresa.

"Conheceu ele?" Perguntei.

"Sim, ele vinha todas as noites deixar frutas e água para nós. Ele me contou a história dele, do avô, a sua e de Mimi." Thorin disse e, para minha surpresa, estava sorrindo. "É um bom garoto." Ele concluiu o que me fez sorrir ainda mais.

"É sim, está sempre disposto a ajudar quem precisa, como seu avô. Fico feliz que o tenha conhecido." Eu comentei. "Ele era um aprendiz notável, espero que tenha se aperfeiçoado enquanto não estive por perto. "Eu comentei e Thorin assentiu. Mas então olhou para minhas mãos enquanto as acariciava com seus polegares, seu olhar era triste, parecia querer dizer algo mas estava incerto de como fazê-lo. "O que foi?" Eu perguntei.

"Quando estavam te levando para sua cela, senti como se seu espírito houvesse sido... quebrado... Você parecia..." Ele parou por um momento e continuou após um suspiro, parecia não gostar de lembrar daquele dia. "Você parecia morta por dentro... Estelwen... o que Thranduil fez com você?" Ele me perguntou, agora olhando em meus olhos, preocupado.

Eu suspirei e evitei seu olhar. A lembrança da informação que Thranduil me revelou ainda era dolorosa demais para mim. "Ele... Ele me contou que minha mãe verdadeira era Galadriel..." Eu disse com um meio sorriso. Thorin arregalou os olhos, mas então seu olhar de surpresa passou para raiva.

"Ele não... Aquele monstro... Ele não devia ter te contado... não desse jei-" Eu o interrompi na mesma hora.

"Espera... como assim não devia ter me contado?" Eu perguntei, sem entender. Foi quando a realização do que ele queria dizer me atingiu. A gravidade de suas palavras se instalou em minha mente quando dei a Thorin um suspiro incrédulo. "Thorin... você... sabia?" A sensação de traição que senti foi tão pior, se não maior, do que quando Thranduil me contou. Eu balancei minha cabeça em total descrença e me virei para ir embora, sem conseguir dizer uma palavra e desvencilhando minhas mãos das de Thorin. Mas antes que eu pudesse ir embora, senti minhas duas mãos sendo puxadas para trás novamente, quando me virei para encarar Thorin, pude ver o quão aterrorizado ele parecia, mas pelo que eu não entendi.

"Não Estelwen eu não sabia. Mas eu suspeitava. Vocês são muito parecidas, você é uma versão mais jovem dela e-" Mas eu o interrompi, furiosa e indignada, mas mantendo a voz baixa para não chamarmos a atenção dos outros.

"Então porque não me contou? Você sabia o quanto isso era importante pra mim Thorin." Eu disse. Fiquei furiosa por ele ter escondido tal informação de mim, mesmo sabendo o quanto eu queria saber quem era minha mãe. Observei Thorin diminuir o espaço entre nós, colocando sua mão em meu rosto, para me incitar a finalmente olhá-lo nos olhos.

"Estelwen... me escute..." Disse Thorin apreensivo. "Eu queria te contar e eu ia, eu juro. Mas tive medo de como você iria reagir. Eu decidi esperar que estivéssemos em Erebor novamente. Balin e eu achamos melhor lhe contar em um lugar familiar, onde você se sentiria segura."

Eu suspirei e coloquei minha mão sobre a mão que Thorin havia colocado em meu rosto e desviei meu olhar. "Eu... eu ainda não digeri isso tudo." Comentei. Soltei suas mãos e me afastei para me sentar no chão na lateral do barco. Coloquei minha cabeça entre minhas mãos e senti um fio d'água marcar meu rosto. "Agora eu entendo porque ela me entregou aos outros, ela não poderia me criar, isso seria um desastre para sua reputação e para todo o trabalho que ela desempenha na Terra-Média, mas... porque ela nunca me contou? Eu a via como uma mãe porra." Eu perguntei, enquanto algumas lagrimas marcavam meu rosto contra minha vontade.

Thorin se sentou ao meu lado e me abraçou, aproximando meu rosto de seu peito. Seu gesto fez com que eu não conseguisse mais conter minhas lágrimas e eu o abracei de volta. "Porque Thorin? Porque ela mentiu para mim todos esses anos?" Thorin acariciou meus cabelos e beijou o topo da minha cabeça.

Ficamos abraçados por um tempo, enquanto eu descarregava toda a mágoa misturada com raiva que estavam acumuladas dentro de mim. Thorin nada disse, apenas continuou me confortando com seu afeto. Naquele momento, em seus braços, pela primeira vez em muitos e muitos anos, eu me senti verdadeiramente segura.

Foi então que Thorin suspirou tristemente e finalmente quebrou o silêncio. "Se serve de consolo... vi nos olhos daquela senhora que ela te amava muito. Como uma filha." Seu comentário me fez sorrir, eu o abracei mais forte e ele retribuiu. "Eu... eu devia ter te contado antes... na casa de Beorn. Assim você não estaria sofrendo desse jeito."

Eu me afastei dele e enxuguei minhas lágrimas com os pulsos. "Não se culpe. O que você fez por mim agora já foi mais do que eu poderia pedir. Obrigada Thorin. De verdade." Eu disse sorrindo para ele.

"Cuidado!" Bofur gritou de repente, pegando todos nós de surpresa. Mas antes que pudéssemos ter qualquer reação, o barco deu uma guinada para a esquerda, e quase perdemos o equilíbrio. A neblina se dissipou, tornando aparente as ruínas da antiga Cidade do Lago, ruínas deixadas pelo fogo e destruição de Smaug a anos atrás.

Ao ver as antigas estruturas, Mimi ficou fascinada e correu para frente do barco, tão rápido que seu corpo mal se abalou com a instabilidade do barco. Bilbo tentou chegar até ela o mais depressa que podia.

"Ah Mimi, cuidado! Você pode cair. "Ele disse, com medo que minha amiga pudesse escorregar.

"Olha Bilbo! Olha! Que histórias será que elas nos contam?" Ela perguntou apontando para as ruínas. Bilbo e eu não conseguimos conter um sorriso ao ver o entusiasmo de sua pequena elfa.

Thorin se afastou de mim enraivecido e se dirigiu a Bard. "O que você está tentando fazer? Nos afogar?" Ele rosnou, encarando o barqueiro.

"Eu nasci e me criei nestas águas, senhor anão. Se eu quisesse afogá-los... não seria aqui." Bard respondeu, enfatizando suas últimas palavras e olhando diretamente nos olhos de Thorin, enquanto manobrava seu barco em torno das altas ruínas com maestria.

A este ponto, Dwalin já estava perdendo a paciência com nosso barqueiro. "Urg. Já ouvi o bastante desse homenzinho insolente. Eu digo para tirarmos ele do barco e continuarmos."

"É Bard... o nome dele é Bard." Disse Bilbo, um pouco irritado.

"Como é que você sabe?" Bofur perguntou intrigado.

"Uh, eu perguntei." Bilbo respondeu, como se fosse algo óbvio.

"Não me importa como ele se chama, eu não gosto dele." resmungou Dwalin

"Não temos que gostar dele." Disse Balin, contando as moedas que ele tinha para o pagamento. "Vamos amigos. Esvaziem os bolsos." Ele ordenou. Mas eu os interrompi.

"Esperem." Eu disse baixinho, para apenas a companhia ouvir "Poupem as moedas de prata, Podemos precisar delas mais tarde." eu disse colocando 5 moedas de ouro em cima da mesa. Os anões ficaram espantados.

"Estelwen não pode fazer isso, é muito dinheiro." Sussurrou Thorin.

"Não se preocupe meu rei eu tenho mais se precisarmos." Eu disse para Thorin.

"Onde conseguiu isso tudo?" Perguntou Glóin, muito interessado.

"Vocês iam se surpreender o quão bem pagos são caçadores de recompensas e bardos hoje em dia." Comentei, até que algo em meio a neblina me chamou a atenção e eu puxei Mimi para mais perto de mim, indicando a direção em que eu estava olhando. Todos os demais começaram a se levantar e admirar a montanha. Agora tão perto.

"Olha Mimi, lá está Erebor." Eu disse, sussurrando para ela.

"Pelas minhas barbas." Disse Glóin bestificado. Foi quando Bard se aproximou e Bilbo limpou a garganta para chamar nossa atenção.

"Rápido o dinheiro, entreguem para mim." Disse Bard aflito.

"Pagaremos quando tivermos as provisões não antes disso." Enfatizou Thorin.

"Se prezam sua liberdade, farão o que eu digo. Tem guardas à frente." Disse Bard estendendo a mão para pegar o dinheiro. "E Estelwen, vista isso." Ele me disse, entregando uma capa negra com capuz, que cobria todo meu dorso. "Precisa esconder esta roupa, se não, não a deixarão entrar."

Vesti a capa e aproveitei para colocar meu medalhão no pescoço. Foi muita sorte Legolas ter interrompido Tauriel naquele dia, quando ela estava me revistando, mas creio que Tauriel não o tiraria de mim. De qualquer forma, ele pode ser útil caso tenhamos que pagar pela nossa entrada, e ninguém suspeitaria de sua veracidade, pelo menos assim eu espero.

Bard ordenou que meus amigos entrassem novamente nos barris. Apenas eu e Mimi pudemos ficar do lado de fora. Navegamos mais um pouco e atracamos em um porto onde haviam pequenos barcos pesqueiros. Bard pediu que eu e Mimi o esperássemos no barco, ele então caminhou pelo cais até um homem parado nas docas. Eles se cumprimentaram e começaram a conversar.

Eu e Mimi ficamos esperando qo lad9 dos barris, ouvindo a conversa, para poder repassá-la aos demais. Mas esta se tornou uma tarefa extremamente difícil pois ao ouvir o teor da conversa, levamos nossas mãos à boca tentando abafar uma risada.

"Mas o que... Meninas... Foco, no que raios vocês estão prestando atenção." Disse Thorin de dentro do barril. Mas seu comentário fez com que fosse mais difícil ainda para nós nos controlarmos.

"Urg. Alguém consegue ver o que que ele está fazendo?" Perguntou Dwalin irritado.

Bilbo olhou através do buraco que havia em seu barril e viu Bard conversando com alguém. "Ele está falando com alguém e apontando direto para nós." Ele comentei. "Apertaram as mãos."

"O que?" Perguntou Thorin incrédulo.

"Que vilão. Ele está nos vendendo." Ao dizer isto, não conseguimos aguentar mais e começamos a rir sem parar.

"Por Mahal meninas, o que há com vocês? Estão sob algum encantamento?" Perguntou Thorin.

"Não..." Eu disse, limpando as lágrimas de tanto rir. "Por Mahal vocês vão ficar tão fulos de raiva." Eu comentei em meio a risos o que fez Mimi rir ainda mais.

Ao dizer isto, um guindaste segurando uma rede carregada de peixes foi posicionado bem acima do barco. Meus companheiros finalmente entenderam o motivo de nossas risadas, quando a rede se abriu e encheu os barris com a pesca fresca do dia.

"Estelwen você me paga." Pude ouvir a voz abafada de Thorin vindo de baixo da montanha de peixes, o que me fez rir ainda mais.

Por Mahal nunca ri tanto em anos. 'Os anões vão ficar tão irados quando saírem daqueles barris.' Eu pensei. E Mimi se divertiu como nunca, o que me deixou extremamente feliz. Nos sentamos próximos a Bard e seguimos viagem, enquanto conversávamos sobre o que deveriamos fazer quando chegassemos a entrada da cidade.

"Estamos próximos aos portões do pedágio." Disse Bard, "Meninas, estão preparadas?" Ele perguntou.

"O que quer dizer com isso?" perguntou Thorin, já a ponto de explodir de raiva, ele então começou a se mexer dentro do barril querendo sair.

"Quietos." disse Bard, chutando o barril. "Estamos quase chegando."

Nos aproximamos do grande portão de ferro quando ouvimos uma voz vinda de dentro da casa à beira do lago." "Pare!" A voz disse, em um tom autoritário, aparentemente era o porteiro da cidade."Inspeção de carga. Papéis, por favor!" Ele disse ao sair de dentro da casa, segurando um lampião, mas quando viu Bard, sua abordagem mudou para uma mais amistosa. "Ah, é você, Bard."

"Bom dia Percy" Disse Bard alegremente.

"E vejo que está muito bem acompanhado hoje." Comentou Percy, fazendo-nos uma pequena reverência enquanto segurava seu chapéu. "Bom dia senhoritas."

"Bom dia senhor." Nós dissemos, correspondendo à sua delicadeza.

"Estavam viajando pela floresta. Eu as encontrei às margens do lago e elas pediram uma carona para a cidade." Disse Bard entregando os papéis a Percy.

"Ah, são viajantes então." Disse Percy ao receber os papéis."Sejam muito bem vindas a Esgaroth" Ele disse e nós agradecemos com um aceno de nossas cabeças "Alguma coisa a declarar Bard?"

"Nada. A não ser que estou cansado e pronto para ir para casa." Respondeu Bard.

"Então somos dois." Percy disse enquanto entrava na casa e carimbava os papéis. "É só isso. tudo em ordem." Ele disse sorrindo e se dirigir a Bard para devolver os documentos.

Eu assisti enquanto o homem deu um passo à frente, e eu pensei que estávamos livres. Mas a sensação durou pouco. Assim que eu estava prestes a soltar um suspiro de alívio, uma mão surgiu por detrás de Percy, impedindo o porteiro de nos conceder o acesso à Cidade do Lago.

"Só um instante." 

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