Depois da noite em que descansavam no hotel e resgataram o pequeno filhote, Jimin, Taehyung e Hoseok finalmente haviam aterrissado em território coreano. Ambos estavam preocupados pois não sabiam o que os esperava ali, já que Taehyung era um dos mais procurados e Jimin havia sumido por um tempo, deixando seus amigos policiais muito preocupados.
Uma pontada de dúvidas surgia na mente do ruivo, que sempre fora bastante desconfiado com tudo que fazia. E por conta da noite passada Jimin estar calado e preocupado, é como se o Kim sentisse que algo ruim estivesse prestes a acontecer, mas ele não deixava transparecer todo o nervosismo. Pois, para poder escapar de alguma armadilha teria que agir a sangue frio, daquela forma não conseguiria. Então, várias foram as vezes que ele respirou fundo enquanto a nave estava ali, só esperando que ambos recolhessem suas malas e voltassem para suas rotinas de antes dessa viagem romântica que os dois tiveram.
— Então, chegamos... Lar doce lar. – Taehyung ditou sem muita animação, olhando para o de cabelo rosado logo em seguida, assim que percebeu o jeito que falou, logo tentou disfarçar com um sorriso mais animado no rosto.
— É tão estranho... estar de volta. — Já Jimin não se conteve em suspirar decepcionado; tudo estava tão confuso na sua cabeça, aquela viagem toda foi tão estranha, como de repente encontrar um paraíso dentro do inferno e sair de novo: o choque de realidades tão forte. — Lá fora ninguém sabia, mas aqui nós dois somos... Um caçador de recompensas e um serial killer, de novo... — Dois extremos opostos numa linha, dois indivíduos tão diametralmente distintos.
— Precisamos encarar a nossa realidade agora, eu vou te entregar um celular com um chip e ele só vai servir para a gente se comunicar, qualquer coisa relacionada a polícia, manda uma mensagem com um código 45, que eu já vou saber do que se trata e em seguida destruímos o celular e damos um jeito de nos encontrar novamente, entendido? – Taehyung falava como se estivesse dando ordens a um soldado, para uma missão importante. E isso só mostrava o quanto ele estava tenso e o quanto necessitava de ser profissional agora.
— Hm...ok... — Jimin mordeu o lábio de baixo e coçou a nuca nervosamente. Também estava tenso, mas seu jeito de ser tenso era bem diferente do de Taehyung. — Tae... — Chamou, mas não esperou que o ruivo lhe desse a atenção devida antes de se erguer sobre os calcanhares e deixar um beijo nos seus lábios, apertando os ombros largos de leve. — Eu... eu nunca vou me esquecer... do que nós tivemos... sabe, caso a gente... caso seja... — Sentiu os olhos ardendo, mas não ligou. — Caso seja difícil pra gente... se ver outra vez...outras vezes... com mais frequência... — E se enrolou todo. Droga, estava tão nervoso. O beijo havia sido retribuído, Taehyung preferiu manter a testa dos dois coladas enquanto o garoto falava, era nítido o nervosismo de Jimin, mas o ruivo não o julgava. Sabia muito bem o que o seu namorado estava sentindo, queria muito confortá-lo, então abraçou o rosado apertado, afagando os fios de seu cabelo enquanto suspirava para sentir o cheiro gostoso do menino.
— Caso tudo fique muito difícil, eu tenho olhos em toda a cidade e vou dar um jeito de te encontrar no momento certo, basta me esperar. – acariciou o rosto do pequeno em seguida, selando os lábios de ambos mais uma vez. — Promete?
— Uh hum. — Ele murmurou em concordância, balançando a cabeça e se segurando ao máximo pra não chorar. — Prometo. — Esticou o dedo mindinho pra Taehyung, que esticou o dele e entrelaçou no seu. "Vai ficar tudo bem", repetiu pra si mesmo mentalmente, sorrindo junto ao mais alto da diferença que eram os seus dois mindinhos juntos. "Vai ficar tudo bem"; se os dois conseguiam sorrir juntos de algo tão pequeno, então ia ficar tudo bem.
O clima estava começando a melhorar entre os dois, mas o tempo se passava rápido e quanto mais tempo demorassem para sair dali, mais fácil seria de serem encontrados.
— Vamos lá! Ah... Uma coisa, quem sai do terreno primeiro? – perguntou o ruivo, encarando Hoseok e Jimin, se aproximando cada vez mais da porta. — Aliás, cuide bem do nosso filho, hein?! – apontou para o cachorrinho, sorrindo quadrado, deixando os olhos fechadinhos.
— Pode deixar. — Jimin sorriu de volta, apertando Tannie no colo.
— Como são frescos. — Hoseok reclamou. — Ainda bem que chegamos, cansei de segurar vela pra vocês.
— Hmm, você está ficando cada vez mais chato também, estamos pagando pela viagem. Não é como se você estivesse fazendo algo que não foi combinado. – revirou os olhos e pegou a mochila que estava em um dos bancos. Pegou um celular e entregou a Jimin, em seguida colocou outro em seu bolso e abriu a porta da aeronave. — Como não me responderam, parece que sou eu quem vou descer primeiro... Vejo vocês em breve.
Taehyung desceu as escadas e foi pegar as malas, a essa hora já tinha um carro para que o ruivo pudesse fazer uma viagem segura até seu esconderijo. Mas, assim que chegou até o porta-malas do avião, que pegou sua primeira bagagem, ouviu uma voz que emanava de um autofalante:
— Kim Taehyung, você está preso. O local está cercado então, mantenha suas mãos na cabeça e deite-se no chão!
Aquela voz não lhe era estranha, se tratava de Bananinha. E foi nesse momento que Taehyung teve certeza: haviam armado para ele.
— Não está ouvindo? PRO CHÃO AGORA! – Jungkook gritou e fez o ouvido do ruivo doer no mesmo instante, xingando ele e as suas antigas gerações.
— Ah, não... — Jimin falou de si pra si num fio de voz, enquanto Hoseok jogava um "que merda é essa" quase tão alto quanto o autofalante da polícia lá fora. — Hoseok, fica aqui. — Empurrou Tannie pro colo do mais velho e correu pra porta do avião. — Fica aqui e não sai daqui. — "Merda, merda, merda! A polícia, droga, como eles o acharam?!? E justo Jungkook, por quê?!? — Calma, Jimin, calma... — Tentou dizer baixinho, mas desceu as escadas tropeçando, errou o último degrau e caiu com tudo no solo áspero que rasgou os jeans nos joelhos agora ensanguentados. O cenário girou, a dor lhe subiu à cabeça enquanto luzes azuis e vermelhas cegavam suas vistas.
Esta foi a oportunidade perfeita para que Taehyung tentasse escapar, não ia ter pena de Jimin, se quer pensar em ajudá-lo, já que em sua cabeça tudo aquilo não passava de uma armadilha para conseguir o dinheiro. O homem abandonou a mala que iria pegar e ficou apenas com a mochila, se escondeu por baixo da aeronave e foi correndo na direção da saída dos fundos, seu coração estava batendo tão forte naquele momento, o homem se encontrava realmente assustado dessa vez, não queria admitir agora, mas também estava com o coração partido. Lágrimas de dor escorreram solitárias em seu rosto, mas não foram muitas. Ele se concentrou em pegar o celular e abrir na opção SMS, escrevendo um número que servia como alerta e pedido de socorro, enviou para um de seus aliados e continuou a correr, mas não demorou muito para ser cercado por policiais que tentaram o prender.
Mesmo assim, Taehyung gritou, com ódio e socou o nariz de um dos policiais, chutando o outro que estava atrás de si. O ódio que lhe consumia era surreal, aquele estava sendo o combustível para que o homem fugisse naquele momento, mas Taehyung não era tão implacável como as pessoas costumavam falar sobre ele, Kim Taehyung continuava sendo um humano e assim que levou um tiro em um de seus braços o homem caiu, olhou para trás e viu o policial que havia apanhado de si.
— Isso não vai me parar! – gritou.
Mesmo perdendo uma boa quantia de sangue ele levantou e começou a correr ziguezagueando, outros dois policiais apareceram e então mais uma vez Taehyung foi pego, não havia como escapar e talvez os policiais só tenham ficado ali parados assistindo o ruivo tentar fugir com a própria sorte para se divertirem, pois tantas foram as vezes que ele havia os feito de idiotas.
— Onde pensa que vai seu filho da puta de merda? – puxou os cabelos do ruivo e já iria pôr a algema nele, quando o homem sacou sua pistola e atirou no estômago do policial usando o corpo dele como escudo para atirar no outro.
Então correu o mais rápido que pôde, pegando seu carro para fugir dali o mais rápido possível, a chave estava por trás do pneu do automóvel, o Kim tinha que ser rápido, então mais uma vez havia escapado da morte e da justiça. Por enquanto, ele havia escapado.
— Taehyung... Taehyung... — Jimin murmurava debilmente, lá atrás, enquanto Jungkook tentava o levantar pelos ombros. — Não... não machuquem ele... não...
— Jimin, você bateu a cabeça, não fale muito. — Passou um braço pelos ombros curtos, outro por suas pernas e o ergueu no colo. — Eu vou te levar daqui, está tudo bem agora. — Falava num tom manso, enquanto o levava pra um dos carros de polícia. — Você conseguiu, Jimin, você armou uma armadilha pra ele, não é? Não vamos deixar seu trabalho ser em vão, logo pegamos ele.
— Não, não foi... — Continuava murmurando; sua cabeça latejando, tudo em volta escurecendo. — Não foi isso, eu não queria... — Mesmo prestes a desmaiar ele conseguiu chorar aos montes; Jungkook o deitando nos bancos de trás sem entender o que estava acontecendo. — Tae!... Volta pra mim, Taehyung!...
— Ele tá legal? — Namjoon veio correndo assim que Jungkook fechou a porta do carro.
— Acho que tá delirando... temos que levá-lo a um hospital logo, talvez Taehyung tenha feito algo com ele. Aliás... — Olhou em volta. — Pegaram ele?
— Ele levou um tiro no braço, mas fugiu. — Namjoon soltou um suspiro, levantando o quepe e coçando os cabelos da franja. — O cara é imort- opa! — Se assustou quando o mais novo desceu um murro no capô do carro. — Calma lá, novato.
— Calma lá o caralho! Você tem ideia do que acabou de escapar pelos nossos dedos?!? — Falou alto, exaltado. — Do que o Jimin teve de fazer pra trazer esse cara pra gente?!?! Pra deixarmos ele escapar fácil assim?!?
— Escuta, Jeon, o Taehyung nunca foi fácil e você está certo, nunca estivemos tão perto, mas não é assim que as coisas funcionam. — Pôs o quepe de volta. — Ele tem um pacto com o capeta, e o Jimin não é diferente, apesar de estar do nosso lado. — Deu um soco de leve no peito largo do mais novo. — Tome cuidado com ele também, e se recomponha.
Jungkook crispou os lábios, mas baixou a cabeça pro mais velho. Droga, tão perto... Jimin os deixou tão perto, por um preço tão alto; ao menos, era o que imaginava. Entrou no carro e começou a dirigir: tinha que levar Jimin a um hospital, como havia dito, e depressa.
Enquanto isso, Namjoon foi até os policiais que estavam nos fundos do terreno e xingava cada vez que ia chegando mais perto.
— Viemos em seis pessoas! – esbravejou em um tom nada amigável. — Seis policiais treinados, eu e Jungkook ficamos escoltando ali na frente, porque sabíamos que a chance dele tentar fugir pela entrada era quase nula e mandamos os quatro para encobrir a saída e mesmo assim vocês o deixam escapar? E ainda temos dois dos nossos baleados?! ME DIGAM O QUE ACONTECEU???
— Aconteceu que quando o policial Jung atirou nele, começamos a subestima-lo, queríamos vê-lo sofrer como ele sempre fez conosco, senhor! Mas a culpa não é... – o policial acaba levando um esporro, o que o fez se assustar em seguida e calar a boca.
— A culpa foi de vocês sim! Nunca estivemos tão perto daquele demônio e por culpa do teatrinho de vocês, não sabemos o que vai acontecer. Pelo menos tinham que ir atrás dele! Nem isso fizeram... Vocês não estavam preparados para essa caçada. São um bando de amadores incompetentes. – Namjoon cuspiu no chão. — Agora rezem para que ele não busque vingança indo atrás de vocês.
Por todos acharem que Jimin estava ajudando a polícia a capturar o Taehyung, Hoseok confirmou que também estava a ajudar, para que não fosse preso e assim que viu a poeira baixar, o moreno fugiu. Iria a todo custo tentar entrar em contato com o Kim para explicar que ele e Jimin não sabiam de nada, mas não fazia ideia se ele iria acreditar ou não.
[ . . . ]
Taehyung estava em seu esconderijo retirando a bala que havia perfurado sua pele, aquilo era dolorido e fazer sem anestesia requer muito autocontrole, os gritos eram internos. Por fora, o Kim parecia estar apenas machucado, mas aguentando tudo como um homem sem emoções. Mas por dentro, sentia todas as dores se misturando e lhe machucando como o pior veneno que houvera provado, tanto a dor física quanto a dor de ter sido traído pelo próprio namorado, que jurava estar do lado dele. O ruivo não acreditava ainda que havia sido enganado durante todo esse tempo, que havia baixado tanto a guarda para alguém que sempre esteve planejando algo contra ele. Jimin havia conhecido uma parte do coração do ruivo que ninguém nunca antes tinha conseguido conhecer e mesmo assim, pisou como se fosse um montão de areia insignificante. Despedaçando toda a esperança que Taehyung um dia achou ter conseguido encontrar nos olhos do Park. Tudo estava destruído e apenas o que restou foi a sede de vingança. Ele iria pegar e destruir aqueles dois, sem dó nem piedade.