J.
Eu não posso acreditar. Eu simplesmente não consigo entender isso. É incrível. Estou no centro da galeria, olhando para as muitas pinturas expostas nas paredes... mas essas não são apenas pinturas quaisquer, são minhas. Minhas pinturas estão nas paredes, sendo vendidas e expostas a todos.
— Tudo parece ótimo. — Taehyung sussurra em meu ouvido, seus braços envolvendo possessivamente minha cintura.
— Pare. — eu ordeno tentando afastar ele, embora eu realmente queira fazer o mesmo com ele. — As pessoas estarão aqui em breve. Outros alunos, e você sabe, sua equipe.
A galeria ainda está vazia, mas felizmente, ela estará lotada de pessoas quando as portas se abrirem. Mesmo que não esteja, marcarei este dia como um sucesso.
— Certo. — ele se afasta com uma carranca. — Vou guardar tudo para mais tarde. — Mesmo que tenhamos feito sexo todas as noites, sinto que não nos tocamos há meses. É como eu sempre me sinto por ele agora. É como se eu não me cansasse, estou sempre morrendo de fome por mais.
O som de saltos altos batendo no piso de madeira imaculado da galeria chega aos meus ouvidos, e quando eu olho para longe da parede, vejo Margret, a gerente da galeria saindo da sala dos fundos. Na verdade, não andando, mais como se pavoneando em uma pista.
— Jen, querida! Tudo parece maravilhoso. — ela exclama, agitando as mãos dramaticamente. É assim que eu descreveria toda a sua personalidade e estilo pessoal, dramático. Do cabelo aos sapatos, ela me lembra um pavão, sempre com sua bela cauda de penas em plena exibição.
— Obrigada, Margret, significa muito estar aqui e ter minhas pinturas expostas em sua galeria. — digo a ela de todo o coração. Ela não tem ideia do quanto isso... seu apoio realmente significa para mim. Alguma comoção na sala dos fundos chama nossa atenção e, por um momento, tenho medo de que algo esteja errado.
— Deve ser o serviço de bufê. — ela diz e volta, balançando os quadris como se estivesse descendo a passarela. — Corbin, por favor, observe as pinturas. — ela chama caminhando um pouco mais rápido. Eu me viro e encontro os olhos de Taehyung, nossos lábios se transformando em sorrisos enormes.
— É ruim que eu queira te levar de volta para uma das salas do estúdio e fazer do meu jeito com você? — Suas palavras causam uma onda de calor pulsar por mim.
— Taehyung! — advirto, sabendo que se ele me tocar, acabarei cedendo a ele. Estou bêbada por ele. Alta pelo seu amor, e seu toque quase causa um curto-circuito em meu cérebro. Eu não abandonei as aulas ainda, mas se eu conseguir isso, irei em breve. Estou cansada da escola, quero me concentrar na minha arte e estou cansada de me esconder.
— Sim eu sei. Vou me comportar, mas isso não significa que não vou pensar em te despir quando chegar em casa.
Balançando a cabeça, eu ignoro o calor que queima minhas bochechas e caminho até um conjunto diferente de pinturas para colocar algum espaço entre nós. Eu posso praticamente ver Taehyung sorrindo com o canto do meu olho. Esse bastardo. Ele sabe o que faz comigo.
Não demorou muito para que as pessoas começassem a entrar, Soojin, Jackson e Eunwoo são as primeiras pessoas a passar pela porta, todos eles apareceram para mostrar seu apoio, e o gesto não passou despercebido por mim. Principalmente sabendo que meus avós não virão. Tentando afastar o pensamento, volto minha atenção para Soojin.
— Parabéns, Jennie. — Soojin sorri com entusiasmo enquanto envolve seus braços em volta de mim. — Todas essas pinturas são lindas.
— Obrigada. — Não tenho certeza se algum dia vou me acostumar com todos esses elogios.
— Será bom ter um artista na família. — diz Jackson a seguir, também me dando um abraço. Eu não respondo porque o que diabos eu digo sobre isso? Não sou realmente parte da família deles, mas eles têm me tratado como tal desde que voltei para North Woods. Ainda assim, Taehyung e eu não vamos nos casar tão cedo. A menos que Jack saiba algo que eu não sei.
Soojin lhe dá uma cotovelada na lateral do corpo e revira os olhos.
— Não se preocupe, ele está apenas fazendo planos dentro da cabeça para o irmão.
— Dê uma olhada ao redor e me diga se você encontrar algo que goste. Posso conhecer o artista e possivelmente conseguir um desconto para você. — Pisco enquanto me afasto. Soojin me dá um pequeno aceno e eu vagueio ao redor da sala, conversando com os outros convidados. Eu faço o meu melhor para não ficar com ciúmes quando um grupo de professoras entra e cumprimenta Taehyung.
Tudo o que quero fazer é gritar que ele é meu quando reconheço uma das mulheres, é a mulher com quem o vi duas vezes agora. A última vez que a vi foi à noite em seu escritório e, embora aquela noite tenha terminado bem, a pontada de ciúme permanece.
Ela inocentemente coloca a mão em seu braço, e leva tudo de mim para não andar até lá e remover. Mal posso esperar até o dia em que todos saberão que ele é meu e eu sou dele. Como se percebesse que ela o estava tocando, ele deu um passo para trás, colocando algum espaço entre eles. Eu posso sentir olhos em mim, e quando eu olho para cima, encontro Taehyung olhando para mim. O calor em seu olhar é o suficiente para me queimar até o chão.
Meu núcleo aperta. Pare de me encarar. Digo com meu olhar, mas em vez disso, tenho certeza que pareço uma corça esperando pelo caçador.
A noite continua, e mais e mais pessoas lotam a galeria, olhando para minhas pinturas com admiração. Logo todas as pinturas que adornavam as paredes da galeria são vendidas, e fico parada no meio da sala, com o rosto todo maravilhado.
— Jennie, amor, parece que você é um sucesso. — Margret sorri, mostrando seus dentes brancos perfeitamente retos, uma taça de champanhe na mão.
— Obrigada, Margret. Estou um pouco chocada. Eu não posso acreditar se estou sendo honesta. — E eu não posso. Passei de ouvir que não havia dinheiro na arte, que eu nunca faria isso, para vender todas as pinturas em uma noite.
Margret revira os olhos.
— Por favor, eu soube no momento em que te conheci, que você estava destinada a grandes coisas. Quando o Sr. Kim me mostrou uma de suas pinturas, eu estava... não consigo nem descrever. Você literalmente me deu arrepios.
Não tenho certeza do que dizer. Na verdade, estou um pouco sem palavras.
Felizmente, meu cérebro conecta os pontos, então não estou parada ali como uma muda incapaz de falar.
— Obrigada. Muito obrigada. Sempre me disseram que nunca seria capaz de me sustentar com minha arte e, embora não esteja fazendo isso para ganhar dinheiro, realmente amo pintar, poder fazer isso para o resto da vida, como um trabalho, seria apenas um sonho tornado realidade.
Ela sorri contra a taça de champanhe.
— É mesmo?
Eu aceno
— Sim, é o meu sonho. Meu maior objetivo.
— Hmmm, — ela franze os lábios vermelhos. — e se eu te dissesse que tenho uma vaga para você. Um aprendizado em tempo integral?
O choque preenche minhas feições, e o barulho de sangue enche meus ouvidos. Ela não disse apenas o que eu acho que ela disse, disse?
— O que? — Eu pergunto, embora eu tenha certeza de que a ouvi corretamente.
— Estágio remunerado em tempo integral. É seu, se você quiser.
— Sério? — Eu levanto a mão ao meu peito. Meu coração parece que vai explodir do meu peito. Margret acena com a cabeça e sorri.
— É realmente tão difícil de acreditar? Você vendeu todas as pinturas esta noite e trouxe muitos clientes novos. Eu seria estúpida em não te contratar.
— Eu.... — Estou me debatendo, meus lábios não estão se movendo e provavelmente pareço um peixe retirado da água, com falta de ar.
Colocando a mão no meu ombro, ela se inclina com um sorriso.
— Um obrigada é o suficiente, querida. Estou mais do que animada por trabalharmos juntas. Já sei que há grandes coisas por vir com a nossa união.
— Obrigada. — eu sussurro graciosamente.
— De nada, agora vão comemorar e fazer tudo o que vocês, universitários, fazem. — Ela tira a mão do meu ombro e a agita no ar, em um movimento de sair.
— Eu ia ficar e te ajudar a limpar.
— Não há necessidade, criança. Temos uma empresa de limpeza que fará isso por nós. Vá aproveitar o resto da sua noite. Ligo para você amanhã e conversaremos sobre todos os detalhes do seu aprendizado. — ela diz, antes de me dar beijos em cada bochecha.
Ela se vira e vai para a sala dos fundos. Só então, percebo que Taehyung está parado a alguns metros de distância. Eu olho por cima do ombro e nossos olhos se encontram.
— Você ouviu?
Ele acena com a cabeça, um sorriso enorme nos lábios. Eu giro todo o caminho e caio em seus braços. Somos as duas últimas pessoas que restam na galeria, então não precisamos mais esconder o nosso carinho.
— Vamos para casa e comemorar. — Tae sugere, me puxando em direção à porta. — Sempre quis transar com uma artista famosa.
Saímos da galeria rindo, de mãos dadas, caminhamos até o carro de Tae, e não consigo me lembrar da última vez em que estive tão feliz. Talvez nunca. Uma vez no carro, eu me viro para ele.
— Então... estive pensando. — eu começo enquanto Tae puxa para a estrada. — Quero largar a escola e, antes que você diga qualquer coisa, direi que estou pensando nisso há algum tempo. Isso não é um impulso do momento. Honestamente, eu nunca quis ir para a faculdade de qualquer maneira. Só fui por causa dos meus avós. Isso é o que eu queria fazer, e conseguir essa posição acabou de fechar o negócio para mim. — As palavras saem em um ritmo mais rápido do que o normal e, quando termino, acho que estou sentada esperando sua resposta.
Durante toda a minha vida, fui uma decepção para as pessoas ao meu redor, nunca atendendo às expectativas de ninguém. Eu não quero que ele fique desapontado comigo também. Se ele estiver, isso me esmagaria.
— Jen, se é isso que você quer fazer, então eu apoiarei sua decisão cem por cento. Estou tão orgulhoso de você. — ele me diz, e não consigo evitar que a lágrima escorra pela minha bochecha.
— Sério? — Eu suspiro, e parece que posso finalmente respirar como se tivesse escapado da pressão sufocante em meu peito.
— Sério... embora, como seu reitor, eu provavelmente deva te aconselhar a não desistir... — ele ri. — Você sabe que a educação é importante, blá, blá, blá...
— Kim Taehyung, é isso que você diz a todos os seus alunos?
— Não, apenas aqueles por quem estou apaixonado.
— Eu também amo você. — Tanto assim.