Improváveis

By nalandalima39

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Kira é uma lutadora de Muay Thai que tem apenas um foco: melhorar a vida de sua família se tornando uma Lutad... More

Prólogo
1 - Olá, velhota
2 - Lutar até o fim
3 - Louco
4 - Lutadora
5 - Aprontando
6 - Até que você é legal
7 - Poço de simpatia
8 - Ferrou
9 - Não é o único
10 - Sem peninha
11 - Carrapata
12 - Ciúmes
13 - Maressa né?
14 - Príncipe
15 - Eu estraguei tudo
16 - Uma bela dança
17 - Incógnita
18 - Alguém no mundo
19 - Apenas amigos
20 - "Ju"
21 - Amuleto
22 - Beijo da sorte
23 - Amizade colorida
24 - Carinho especial
26 - Apaixonada
27 - Velhos tempos
28 - Desafio
29 - Ajuda
30 - Plano B
31 - Reconciliação
32 - Recadinho
33 - Voltar
34 - Ele voltou
35 - A guerra ainda não acabou
36 - Muito apaixonado
37 - Cesta de 3 pontos
38 - Fotos
39 - Investigação
40 - Super estrela
41 - O mesmo por mim
42 - Culpada
43 - Meu pai
44 - Você não entende, Julian
45 - Irmãzinha
46 - Espero que esteja feliz
47 - Culpado
48 - Ela come demais
49 - Dormir aqui
50 - Esclarecimentos
51 - Que sede!
52 - Esqueça o que tivemos
53 - Estrelas!
54 - Decisões
55 - Incompletos
56 - Seguir em frente
57 - Memória favorita
58 - VOCÊ?!
59 - Turbulência
60 - Carreiras comprometidas
61 - Fonte de ouro
62 - Não faz falta
63 - Pais, segredos e descobertas
64 - Me perdoe

25 - Essa é a hora

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By nalandalima39

Julian

O dia tinha tudo pra ser bom, mas tudo começou a desandar com apenas uma ligação.

—Filho? Estou ligando pra te avisar que estou voltando pra casa, não vou poder te esperar chegar.

—O que? Por quê?!

—Aconteceu um imprevisto, tenho que voltar.

—Mas que imprevisto, mãe?

—Desculpa, filho. —disse com a voz trêmula e desligou.

Saí que nem um louco da quadra, eu tinha que saber o que estava acontecendo, minha mãe estava agindo estranho.
Expliquei ao Juanito que estava saindo, e que ele tinha que inventar alguma desculpa pro treinador, e fui pra casa o mais rápido que consegui.

E por sorte, eu consegui todas as respostas para minhas perguntas.

Ao chegar em casa, me deparei com meu pai sentado no sofá, usando roupa social e bebendo café calmamente, enquanto minha mãe arrumava sua mochila.

—O que tá fazendo aqui? —perguntei.

—Isso é jeito de receber o seu pai? —perguntou ficando de pé.

Tão alto como eu, o meu pai era minha versão mais velha, mais rabugenta e arrogante.

O meu avô tinha um brilho nos olhos que há muito tempo eu não via.
Apesar de na maior parte do tempo ignorar  a existência dele, o meu avô o ama intensamente.

—Estou aqui de passagem, vim verificar algumas coisas na minha frota, vou ficar 3 dias em casa, e obviamente não quero ficar sem a companhia da minha querida esposa, vim buscá-la e aproveitei pra cumprir a visita que eu disse que faria pro Manoel.

—Estou muito feliz em te ver, filho. —meu avô disse com o sorriso estampado.

Obviamente tinha algo de errado.
A minha mãe não parecia confortável com aquela situação, ela nem mencionou meu pai no telefone.

—Você quer ir, mãe? —perguntei com minha raiva estampada no maxilar.

—Como assim? É óbvio que ela quer ir. —meu pai respondeu com um meio sorriso.

—Eu perguntei pra ela.

—Filho, eu quero ir sim tá? —ela ficou entre meu pai e eu, e acariciou meu rosto. Quase que implorando pra aquilo não virar uma briga.

—Por que tão repentinamente? —perguntei.

—Eu te respondo, filhão. —meu pai tirou um cigarro do bolso pra acender. — A sua mãe resolveu se aventurar por uns dias e abandonar o trabalho dela na minha frota, só pra fazer com que eu a procurasse, você acha que é saudade de mim? Porque se for, ela conseguiu chamar minha atenção. Estou voltando pra consertar a cagada que ela fez e colocar um pouco de ordem naquela casa.

Eu não tinha o mínimo de respeito por aquele homem, era nítido o quanto minha mãe sofre com ele.

E eu não duvido que ele tenha outra mulher e possivelmente outros filhos em qualquer outro lugar por aí.

—Talvez ela não teria feito isso, se você a tratasse como família, usando o mínimo de respeito. Que tipo de marido você é, que deixa a mulher em uma casa afastada do seu trabalho e só vai visitar a cada vários meses? Acho que você gosta mais da sua outra família, não é?

Bastou eu dizer isso pra ele vir pra cima de mim com o punho levantado.

—Moleque, eu quebro a sua cara todinha se você falar assim comigo de novo. Quem você pensa que é?

Fiquei parado no mesmo lugar, olhando dentro dos olhos dele com um sorriso debochado.

—Tenta. —eu disse.

Eu queria que ele viesse me dar o primeiro soco, pra eu não ter um pingo de remorso quando revidasse.
E foi assim que aconteceu, o meu pai me deu um soco no rosto e eu revidei com todo meu ódio.

Nós caímos por cima da mesa de centro, e eu iniciei uma sequência de vários socos nele sem piedade alguma.

Mas apenas uma coisa conseguiu me parar.

Meu avô começou a chorar.

E eu me senti um idiota.

—PAREM! PAREM! PAREM DE BRIGAR! —ele dizia com os olhos cheios de lágrima.—Eu imploro.

Me senti a pior pessoa do mundo.
Meu pai não mexeu um músculo.
Saí  dali o mais rápido possível e fui pro meu lugar de refúgio, o teto do prédio.

A cada passo que eu dava, me lembrava dos olhos de medo e cheios de lágrima do meu avô.

Eu sou um idiota mesmo.

------------

Kira

As horas foram passando e o Julian não chegou no Raices.
Eu perdi as contas de quantas ligações eu fiz e nenhuma delas foi atendida.

Pelo horário ele não viria mesmo trabalhar hoje.

Eu estava preocupada e falava nele o tempo inteiro pro Juanito.

—Cálmate, chica. Quieres un chá de camomila?

—Quero que o Juliano atenda. —eu disse pronta pra ligar novamente pra ele.

—Pero yo quiero que Usted atendas la mesa 3. —Juanito pegou meu celular da minha mão. —No te preocupes, verei o que puedo fazer.

Juanito foi até a cozinha.
E eu fui atender a mesa 3.

Quando voltei, Juanito estava falando ao celular.

—Si si, Bollito. Sua luchadora quiere escuchar sua voz.

Assim que Juanito terminou a frase, eu agarrei o celular da mão dele.

—Juliano? —perguntei afobada.

—Oi miss simpatia.

Ao mesmo tempo que ouvir a voz dele me trouxe alívio, também uma ponta de preocupação surgiu, dava perceber que algo havia acontecido pela tristeza na voz.

—Que susto você me deu. —eu disse.

—Não consegue viver um dia sem mim?—ele disse rindo fraquinho.

—Palhaço. Eu sei que não tá tudo bem, e quando eu chegar aí você vai me contar tudo que aconteceu, entendeu bem? —perguntei.

—Isso é uma ameaça? —perguntou rindo.

—Talvez, entenda como quiser.

—Quando você chegar, sabe onde me encontrar. —desligou.

Olhei pro Juanito.

—Como conseguiu fazer ele te atender?

—Liguei pelo celular de mi padre. Quién recusaria la ligação del chefe?

—Muito esperto, Miguelito. Obrigada.

------------

Julian

Eu permaneci no teto do prédio desde então.

Foi tempo o suficiente pra noite chegar, sem que sequer eu tivesse coragem de voltar pra casa.

A Kira chegou de mansinho, me dando um leve susto.

—Oi Juliano. —ela disse.

Ela estava segurando uma sacola do Raices.

—Um passarinho verde me contou que você gosta de Arepas recheadas. —ela estendeu a sacola pra mim.

—Um passarinho com sotaque colombiano. —eu disse rindo.

Eu estava mesmo faminto.

—Obrigado, miss simpatia.

Ela deixou que eu comesse algumas Arepas em silêncio, e só depois perguntou:

—O que aconteceu?

—Minha mãe não estava aqui a toa. Ela estava se escondendo do meu pai.

—Por que ela faria isso? —perguntou.

—Não sei exatamente, mas suspeito de vários motivos.
O meu pai nunca foi muito presente nas nossas vidas, sempre viajava a trabalho e quase nunca estava em casa, só que depois que eu cresci e principalmente quando me mudei, ele aprecia cada vez menos em casa, e deixou uma responsabilidade grande pra minha mãe que é cuidar da frota de caminhões dele, provavelmente minha mãe estava cansada disso, e resolveu abandonar tudo lá e vir se esconder aqui em casa, mas não deu muito certo, meu pai achou ela aqui e a levou pra casa novamente.

—E a sua mãe aceitou ir?

—Sim. Eu acabo de constatar que minha mãe criou além de uma dependência financeira, criou uma dependência emocional também. E o meu pai é um homem ruim, sei que nessa relação não existe mais amor, ele não a respeita e eu sei que ele trai ela, e provavelmente esse cara deve ter outra família por aí, quem sabe até outro filho.
Minha mãe obedece tudo que ele manda, e eu não posso fazer nada pra ajudar.

—Eu sinto muito por isso.

—Eu só me importo com minha mãe, porque eu sei que ela ainda gosta dele, eu mesmo não ligo mais. E.. também tem o meu avô que ama o filho dele. Hoje eu fiz algo horrível...

Eu hesitei, lembrando a cara de desespero do meu avô ao ver a gente brigar.

—Eu fiz meu avô chorar, e eu nunca vi ele chorar antes.

A Kira segurou minha mão.

—Meu pai e eu brigamos hoje, no nível de cairmos no soco no meio da sala de estar.
O meu avô começou a gritar pra gente parar e ele estava chorando. Eu fiz o meu avô chorar.

A Kira segurou minha mão mais forte e deitou a cabeça no meu ombro, e em seguida disse:

—O seu avô teve um filho, e pra ele, o filho dele sempre será aquela criança amável que ele criou. E olha só, o filho deu a ele um neto que o ama e cuida dele o tempo inteiro. Ele ama vocês, e ver vocês brigando foi o ápice do desespero pra ele, mas o senhor Manoel continua te amando da mesma forma, eu tenho certeza que vocês vão se acertar e resolver isso da melhor forma possível.

—E qual a melhor forma? —perguntei.

—Uma conversa. Já tentou se desculpar com ele?

—Ainda não tive coragem de voltar.

—Essa é a hora. —Kira ficou de pé, e me incentivou a levantar também.

Ela me deu um abraço forte.

—Vai ficar tudo bem. —ela dizia.

Naquele instante eu fiquei com vontade de dizer que a amo.
Mas eu me contive, porque não queria assustá-la.
Afinal, faz apenas 3 meses que nos conhecemos naquele dia que ela entrou esbanjando simpatia pelo prédio e "trocando" meu nome pra "Juliano" porque ela achava mais simples, e mesmo assim, ela toma conta dos meus pensamentos desde aquele dia.

—Obrigado, miss simpatia.

(Eu te amo).

.

.

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