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Você viu o passeio para cachoeira de Matilde, todos os veteranos vão, são 3 ônibus você vai né? -Rafa me perguntava entusiasmado.
- Não sei , minha mãe nunca deixa eu ir nesses passeios lembra e para Ouro Preto e o de Natal? - Falei sem esperanças enquanto atravessavamos a rua em direção a escola . E hoje as 18:00 está de pé a maratona Senhor dos anéis? O Felipe , Cora , Talita , Pança e o Orelha também vão.
- Só se começarmos as 19:00 pois me inscrevi em uma palestra que fala sobre a relação entre psicologia e o filme matrix, faremos a maratona na sua casa, prepara o quarto de visitas que isso vai terminar tarde e é bom que eu aproveito para pedir para você ir ao passeio afinal de contas Minas é longe mas Matilde é pertinho.- Rafa falou esperançoso.
Minha mãe disse ao Rafa que eu não poderia ir, que aquela cachoeira é perigosa e que de vez em quando , gente morre naquele lugar.
Então dias depois inventamos uma mentira e falamos que iríamos para a fazenda dos pais de Rafa como já falamos um bilhão de vezes e então minha mãe deixou, já que os pais do Rafa eram melhores amigos da minha família iriam está lá.
No dia da viagem Rafa e eu combinamos de nos encontrarmos na escola pois Rafa havia ido no dia anterior para a casa de sua avó e só ia chegar minutos antes da partida dos ônibus então falei que chegaria antes para guardar um lugar para ele no ônibus ao meu lado.
Eu muito ansiosa, não havia nem dormido na noite anterior. Uma hora antes do horário combinado eu já estava arrumada e de mochila nas costas indo me despedir dos meus pais .
Dei um beijo na minha mãe e ao me despedir do meu pai ele insistiu para me levar e sem entender falei para o meu pai que não precisaria pois eram apenas 10 minutos de casa até a casa da família Bitencourt. Meu Pai falou que o certo seria a família Bettencourt passa lá em casa para me pegar e eu acabei contando a verdade : que iríamos para o passeio na cachoeira de Matilde. Meu pai não deixou eu ir alegando que aquela Cachoeira é muito perigosa . Chorando muito joguei minha mochila que estava com meu celular em cima do sofá e ainda com os olhos cheios de lágrimas fui sentar no meio-fio da calçada da frente de casa.
Enquanto chorava via algumas pessoas passando com mochilas e barracas indo em direção a escola que era o ponto de encontro. Abaixei a minha cabeça olhando fixamente para o chão enquanto as lágrimas molhava o mesmo quando de repente eu ouço uma voz conhecida.
-Olá, está esperando alguém para te ajudar a carregar as coisas para o passeio? - Jean Perguntou.
Ainda com a cabeça baixa e com o cabelo escondendo o meu rosto falei:
-Eu não vou.
-Mas por que ?todos os veteranos vão vai ser incrível e você é uma veterana. -Jean falou largando a mochila na calçada e sentando ao meu lado.- Com um pouco de sorte conseguirá ser a oradora da formatura, afinal só o Rafael pode tirar isso de você.
- Meu pai não deixou disse que é muito perigoso, sabe? Coisa de pai . -Respirei fundo tentando parar de chorar .
-Não faço ideia de como seja, eu não tenho pai, nunca tive. Se você quiser converso com seu pai .- Jean falou olhando na direção da minha casa .
-Não vai adiantar ele não irá deixar. - Falei balançando a cabeça em negativa .
-Então não irei viajar também. -O Loiro falou esticando as pernas que outrora estavam cruzada.
Levantei a cabeça e olhei para Jean que me olhava com um meio sorriso nos lábios e falei:
- Por que faria isso?
-Owo , não me interprete bem, não é nada disso que está pensando. Irei te sequestra-la por dois dias e te obrigar a me dar aulas de geografia , física e matemática, durante todo final de semana. -O loiro falou olhando para o céu enquanto segurava o riso.
-Sinceramente eu não entendo por que o Rafa não gosta de você. - Falei olhando para Jean que me olhou de volta e disse:
-Você é cega ou o que?
Nesse momento acertei o óculos em meu rosto com o dedo indicador.
-O cara é apaixonado por você. - Jean falou como se fosse uma coisa que todo mundo soubesse menos eu.
-Nada a ver, somos os melhores amigos um do outro e é só isso. - Falei sorrindo com a idéia de eu namorar com Rafa que era praticamente meu irmão.
- Você precisa trocar esses óculos; o cara te protege com unhas e dentes, quando você faz trabalho comigo o sujeito fica esperando você acabar para te levar para casa. Tenho que aproveitar que ele estará fora esse final de semana. -Rafa falou sorrindo.
-Oh meu Deus ! tenho que ligar para o Rafa ele deve está me procurando nos ônibus. -Interrompi Jean .
Levantei-me correndo e voltei com meu celular na mão.- Bosta está sem bateria.
- Ele vai ver que você não está lá e vai voltar para casa. Agora coloque o telefone para carregar e volte aqui, que pretendo sequestra-la, irei te levar para uma sorveteria e farei com que coma sorvete de chocolate até ficar bem gorda. -O loiro falou dando um "colchão de molas" ficando de pé e pegando sua mochila da calçada com a mão direita e estendendo a mão esquerda para mim.
Esqueci como respirar durante alguns segundos.
-Prefiro de flocos, passas ao rum e cappuccino . - Falei guardando meu celular no bolso de trás da calça e segurando em sua mão.
-Seu gosto é muito estranho. - Jean falou enquanto íamos em direção a sorveteria.
-Não são estranhos, também são os preferidos do Rapha.- Expliquei.
-É claro que são. Esquisito igual ao Potter . -O Loiro falou sorrindo.
-O Rafa não fica chateado quando o chama de Potter por termos assistido o filme um bilhão de vezes, ele encara como elogio, ah ! e tenho que está em casa as 22:00 horas Jean.
-Pode me chamar de J a final somos amigos.
...
No dia seguinte logo no início da manhã Rafa me ligou dizendo que só viajou porque achou que eu estava em um dos três ônibus e que se eu quisesse ele pegaria um ônibus e voltaria naquele instante; porém eu disse para ele se divertir afinal era o primeiro final de semana que passamos longe um do outro em mais de 10 anos.
Logo após desligar a ligação J foi me buscar em casa de quadriciclo para começarmos com as aulas de geografia pois segundo ele tinha que tirar uma nota acima de 8 na próxima prova ou não poderia fazer a peneira para um grande time carioca.
Assim que cheguei fui recepcionada por dona Carmem que parecia muito feliz.
-Fico muito feliz de poder ter vindo para ajudar o meu filho com as coisas da escola e vê se coloca um pouco de juízo na cabeça dele. -A linda senhora morena dos olhos verdes falou ao meu ouvido mas sabendo que o filho estava escutando.-O que pretende fazer quando terminar a escola minha querida. - Dessa vez falou em tom normal.
-Irei realizar um sonho de criança, vou fazer o curso de comissária de vôo .
-Linda profissão, mas achei que fosse ajudar de ministrar a universidade dos Loureiros; vou fazer um suco para vocês enquanto estudam.- Carmem Polesy falou enquanto se dirigia a cozinha.
Estudamos toda amanhã, e um pouco depois do almoço por volta das 3 da tarde como combinado pegamos para assistir Harry Potter. Filme escolhido por mim é claro para implicar com Jean , me segurei todo o tempo para não repetir as palavras dos feitiços sabendo que Jean só estava esperando que isso acontecesse para cair na risada. Logo depois do filme J me levou para casa.
No dia seguinte fui acordada com o telefonema do Rafa dizendo que precisou ir a cidade para conseguir ligar para mim , meu amigo me informou que sairiam de matildes por volta das 18:00 horas e que estava todo picado de borrachudo, pois estava esperando que eu levasse o repelente. Eu me desculpei pelo acontecido e prometi que iria estar na escola o esperando assim que ele chegasse e que iríamos tomar sorvete enquanto ele me contava tudo que aconteceu.
Meu amigo se desculpou dizendo que teria que desligar porque a carona para voltar para cachoeira já estava saindo e assim que desliguei fui me arrumar pois hoje o J que viria para minha casa já que sua mãe foi aproveitar o sol em Guarapari e meus pais não queriam que eu ficasse sozinha com ele.
Jean chegou por volta das 9 horas estudamos até meio-dia almoçamos e estudamos mais um pouco depois do almoço .
Segundo combinado hoje era o dia dele escolher o filme e para meu alívio J escolheu velozes e furiosos , confesso que estava esperando alguma coisa como jogos mortais ou premonição.
Começamos assistir o filme por volta das 3 horas da tarde . Minha mãe estranhamente chamou meu pai para bater clara em neve pois iria fazer um bolo; digo estranhamente porque temos batedeira.
Meu pai contrariado saiu falando que preferia o Rafael que pelo menos ajudava a lavar a louça do almoço, mas minha mãe disse que quem tinha que gostar era eu. Foi um momento de vergonha alheia pois eu sabia que o Jean também havia ouvido aquela conversa mas fixei meus olhos na televisão fingindo que nada aconteceu.
Após meus pais terem ido para cozinha Jean começou:
-Seus óculos são realmente necessários?- O rapaz falou tirando meus óculos do meu rosto e me olhando com mais atenção.- você fica bem mais bonita sem ele.
-Tenho astigmatismo. -Falei enquanto meu coração dava cambalhotas e eu tentava novamente prestar atenção no filme para não mostrar o quanto eu estava afetada.
-Você está sempre de calça jeans e blusa de manga com botões fechados até quase no pescoço, tenho certeza que ficaria muito mais bonita de short ou mini saia como qualquer garota da escola e sobre a camisa não ia ficar vulgar se desabotoasse um ou dois botões. - O olhar do Loiro foi até os meus seios o que me deixou constrangida.
Fui salva pela minha mãe perguntando:
- Duda olha as horas para eu calcular o tempo que o bolo vai ficar assando.
-Olhei para o grande relógio de ponteiro que ficava na sala e gritei 3:33 e foi a última coisa que me lembro.
Acordei três dias depois com o Rafa deitado na minha maca trocando o canal da tv e eu bastante tonta com aparelhos no meu nariz e soro na minha veia não entendia nada do que estava acontecendo.
Resmunguei ao sentir o aparelho no nariz e Rapha vendo que eu estava acordada pulou da maca e começou:
- Ai meu Deus você acordou. Graças a Deus você acordou.- meu amigo falava enquanto me dava vários beijos no rosto.
-O que está acontecendo?- Perguntei curiosa mas minha voz saiu muito mais baixo do que eu esperava.
-Você ficou 3 dias em coma. -Rafa falou tentando ajeitar meu cabelo enquanto eu sentava na cama.
Arranquei o aparelho do meu nariz e e a agulha do meu braço mesmo meu amigo tentando me impedir e acabei sangrando.
-O que aconteceu? -Perguntei novamente .
-Seus pais falaram que estavam fazendo bolo para o café da tarde quando ouviram Jean gritar, quando chegaram na sala ele estava fazendo massagem cardíaca em você pois seu coração tinha parado de bater. Jean contou que antes de você cair morta parecia estar sufocando com alguma coisa. Ele fez massagem cardíaca até os médicos chegarem. Os médicos conseguiram fazer seu coração voltar a bater mas você ficou três dias em coma. O que Jean estava fazendo em sua casa? Aposto que ele tem alguma coisa a ver com tudo isso- Meu amigo explicou.
-O que os médicos falaram Rafa? -Perguntei cansada.
-Os médicos não entenderam nada acharam água no seu pulmão. Eu quase tive um treco; quando não te achei na escola , te liguei e quando ninguém atendeu eu fui até sua casa, a mãe do Pança que é sua vizinha me ouviu gritar seu nome e disse que não tinha ninguém em casa, que você havia passado mal e a ambulância havia te levado. Passei 20 minutos ligando para seus pais até que seu pai me atendeu e passou o endereço do hospital onde você está. Quando soube que você estava em coma eu achei que fosse te perder.-Rafael me apertava contra o seu peito enquanto falava.
-Rapha.
-Fala Duda - Meu amigo falou ainda me abraçando.
-Você está me sufocando.-Falei com a voz fraca.
- Ah foi mal. - Meu amigo falou se distanciando mas ainda sentado em cima da maca.
Nesse exato momento meus pais entraram no quarto e começou a gritaria então minha mãe gritava acordou ,acordou e apertava a campainha que chamava o médico e meu pai saiu do quarto, possívelmente foi buscar o médico pelos cabelos.
Duda
Rafa
Senhor e Senhora Loureiro