Aplin² • Outer Banks

By Mello_wys

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_____ Os Pogues em luto por John B e Sarah, Ward Cameron e Rafe Cameron soltos mesmo após cometerem um assass... More

Aplin² • Outer Banks
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Epílogo
Obrigada
Aplin³ • Outer Banks

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By Mello_wys

[Comentem]

Pov's Narradora

  Einfühlung.

Ou como mais conhecemos, Empatia.

Esse é o ato de se colocar no lugar do outro.

É se colocar no lugar do outro, para que assim consigamos entender os motivos de certas atitudes, por mais perversas que elas pareçam e/ou sejam.

É sentir compaixão pelo próximo. É querer ajudar uma pessoa mediante aos seus problemas.

Einfühlung ou empatia, não importa a sua nomeclatura, pois ambas significam ser humano.

Elle Aplin tinha noção que era humana no momento em que presenciou o suicídio de Ward Cameron acontecendo em sua frente e se sentiu mal com isso.

O homem que matou o seu pai, que assassinou um homem para encobrir a verdade, que encobriu o fato de seu filho ser um assassino, que incriminou John B dizendo que ele era culpado e depois tentou assassina-lo, que manipulou a própria filha e por fim decidiu se matar na frente de todos que sofreram em suas mãos.

Apesar de tudo isso, Elle sentia pena. Sentia que nada do que fizeram havia realmente válido a pena.

Se vocês não entendem, pensem um pouco.

Pensem que depois de tudo que lutaram para conseguir provas da inocência de um amigo e a culpa de outra pessoa, toda essa luta resulta no suicídio de alguém.

Essa pessoa não foi punida pelos seus erros, ela apenas perdeu uma possível vida de redenção que poderia ter no futuro.

E, querendo ou não, essa empatia fazia com que Elle sentisse novamente algo que ela não queria sentir.

Culpa. 

Culpa ao pensar que suas ações foram uma das causa que levou o Rei de Outer Banks se explodir no próprio barco em frente a própria família. Em frente a própria filha.

— Ele mereceu isso, né? — JJ fala, quebrando os pensamentos da ruiva.

O loiro estava em pé no cais enquanto tentava pescar algo para comerem, Kiara estava sentada ao lado dele, Pope estava um pouco mais afastado e Matt ao lado dele com os pés na água, John B estava deitado no barco com uma expressão cabisbaixa e Elle... bom, ela estava sentada mais longe, porém o possível para que conseguisse ouvir a conversa.

A Aplin não havia falado nada depois do que viu mais cedo, ela apenas deixou que JJ a levasse de volta para a Kombi e eles voltassem ao Castelo.

— 'Tá de sacanagem? — A morena pergunta ironicamente. — É claro que ele mereceu.

— Eu nunca havia visto alguém se explodir daquele jeito. — Pope suspira.

— Então já pode tirar isso da sua lista. — O loiro fala.

— JJ... — Kiara repreende o garoto enquanto se levantava.

O loiro se cala e volta a se preocupar com a sua tarefa na pesca, apenas murmurando:
— Que droga para a Sarah.

A Carrera vai andando até o barco e se senta ao lado de John B, passando as mãos nas costas dele.

— Você está bem? — Ela questiona o garoto.

O Routledge passa um tempo em silêncio, pensando em sua resposta, mas após alguns segundos, fala:
— Não estou preocupado comigo. 

Elle suspira, desistindo de querer passar mais tempo no cais. A ruiva se levanta, fazendo um esforço para se manter de pé.

JJ, que além de prestar atenção na pesca, também prestava atenção na garota, acompanha ela se levantando e limpando a parte de trás de sua bermuda.

O loiro repousa a vara de pesca na madeira e anda até a ruiva que começava a se virar para ir embora do local.

Ele apressa o passo até conseguir colocar a mão no ombro da amiga e fazer com que ela parasse de andar e se virasse para encara-lo.

— Está indo aonde? — O Maybank pergunta curiosamente.

A Aplin sorri para ele antes de responde-lo:
Acabou. — Ela fala simples. — Acho que merecemos uma comemoração. Que tal cerveja?

O loiro fica um tempo lhe encarando, tentando ler sua expressão, mas estava difícil.

Elle cansa de esperar a resposta dele e volta a se virar, seguindo novamente o seu caminho.

— Você não vem?! — Ele escuta a ruiva questionando.

— Espere por mim! — Decide responder e corre até conseguir acompanhar ela.

Os dois caminham juntos e conversavam normalmente.

Elle simplesmente resolveu fingir que nada daquilo havia ocorrido de manhã cedo. Por que se sentiria mal por Ward depois de tudo o que ele havia feito?

"Ele havia tido o que mereceu." Se convencia.

"Mas ninguém merece tirar a própria vida." O outro lado falava mais alto.

Você quer conversar comigo? — JJ novamente desperta a garota que parecia viajar no mundo da Lua.

— Eu já estou conversando com você. — Ela responde o encarando enquanto caminhavam devagar.

— Não sobre isso. — O loiro fala. — Sobre o que você viu mais cedo. — Ele tenta puxa o assunto de uma forma leve.

Elle fica em silêncio.

Ela queria sim conversar sobre isso. Mas como contaria que havia se sentido mal depois de uma cara que só lhe causou problemas finalmente foi embora?

— Você está mal com isso, não está? — Ele questiona e Elle o encara rapidamente.

Era óbvio que ele conseguia lê-la sem qualquer dificuldade, afinal, dessa vez estava até bem explícito para todos que tentassem minimamente entendê-la.

— Eu me torno uma pessoa ruim se eu disser que sim? — A ruiva questiona.

— Claro que não. — JJ a responde rapidamente. — Significa que você é melhor que ele.

— Eu queria poder sentir raiva ou felicidade depois do que eu vi. — Elle suspira. — Mas quando repasso a cena na minha cabeça de todo o barco em chamas... eu só consigo sentir pena e vontade de voltar no tempo pra fazer com que isso não tivesse acontecido.

— E também tem a Sarah. — O Maybank completa. — Você pode estar assim por se colocar no lugar dela. — Continua. — Sabe, se eu tivesse um pouco mais de vontade de me colocar no lugar dela, eu conseguiria também sentir essa pena. Na verdade eu não precisaria me esforçar muito, pois eu também já vi alguém tentando fazer a mesma coisa na minha frente.

Elle o encara, concordando com a cabeça e com o ponto dele. Mas logo ela contrapõe:
— A diferença é que eu não cometi nenhum crime. — Ela tenta aliviar o clima.

— Roubo não se classifica mais como um crime? — O Maybank questiona erguendo uma sobrancelha.

— Um crime realmente relevante. — Elle se defende.

Os dois soltam uma risada e chegam na loja de conveniência onde entram para comprar bebidas.

Após entrar e já se aproximar do caixa para pagar pelo que iriam consumir, a ruiva percebe que aquela era a mesma loja em que ela comprou cerveja na última vez e acabou tendo uma pequena crise de pânico por não conseguir achar o dinheiro.

Ela torce para que a balconista não à reconheça, sentindo-se envergonhada com a cena que ela fez na última vez.

— Boa tarde. — A mulher fala cumprimentando os dois adolescentes. — Hey, você. — Claro que ela iría reconhece-la. — Está melhor?

— Ah, sim... estou. — Elle responde, dando o dinheiro na mão da mulher.

— Fico feliz em saber. — Ela sorri e dá o troco nas mãos dela. — Voltem sempre!

Eles compram quatro fardos de cerveja, e saem da loja cada um carregando dois em suas mãos.

O loiro saía confuso com a interação, então resolve saciar a sua curiosidade:
— Vocês se conhecem? — Questiona.

— Bom, não exatamente. — Elle fala deixando o garoto com mais dúvida. — Lembra que eu fui em casa esses dias? — Ela vê o loiro afirmando com a cabeça. — Depois eu fui comprar as cervejas e vim aqui. Foi ela quem me atendeu.

— E por que ela perguntou se você estava melhor? — Ele questiona.

— Talvez porque ela apenas queria ser simpática? — Ela fala cínica e vê o garoto levantando as duas sobrancelhas com cara de tédio, sabendo que não era isso. — Talvez eu tenha tido um pequeno e insignificante ataque de pânico por não ter conseguido achar uns trocados.

— Por que não me falou isso? — O loiro pergunta preocupado.

— Porque foi tão insignificante que eu nem sequer lembrei de te contar depois? — Ela fala sarcástica. — Eu também não preciso contar para você cada pequeno passo que eu dou. — Se defende.

— Claro que não precisa. — O Maybank fala rápido, com medo de parecer querer controlar a vida dela. — Eu só quero deixar claro que você pode me contar se tiver algum problema acontecendo, tudo bem?

— Tudo bem. — Ela sorri para ele, para o deixar despreocupado.

Ele suspira, pensar que poderia acontecer outra coisa ruim com Elle e ele não soubesse fazia sua espinha gelar.

— Por um momento eu achei que você já tinha tido um rolo com ela. — O loiro brinca.

— Se eu tivesse tido, ficaria com ciúmes? — Ela questiona com um sorriso.

— Eu não tenho ciúmes. — O garoto se defende.

— Devo te lembrar do beijo que o Pope me deu e você ficou estranho por um dia todo? — Elle fala.

— Olha, isso foi diferente. — O loiro contrapõe.

— Nós nem tínhamos nos beijado ainda, Maybank! — A ruiva relembra, soltando uma gargalhada.

O Maybank sorria escutando aquele som que era música para seus ouvidos. Ele poderia passar horas e mais horas apenas a ouvindo rir verdadeiramente.

Eles voltavam rindo para o Castelo, com esse pequeno momento de descontração fazendo Elle esquecer seus sentimentos mais profundos e confusos por alguns minutos.

  Kiara havia saído do cais alguns minutos depois que viu Elle e JJ saírem. Ela decidiu voltar para o Castelo e deixar John um tempo consigo mesmo.

Matt havia ido atrás da garota ao ver ela entrando na cabana de pesca sozinha, não querendo deixá-la desacompanhada diante de todo o caos que estava acontecendo.

Ele adentra a cabana vendo Kiara jogada no sofá-cama da sala enquanto mexia em sua mochila que estava apoiada em suas pernas.

— Eai. — O garoto cumprimenta, fazendo a Carrera encara-lo. — O que você está fazendo? — Matt tentava puxar assunto.

— Estou arrumando a minha bolsa. — Kiara fala simpática. — Gosto de estar organizada.

O garoto acena com a cabeça, enquanto segurava a mão atrás de suas costas e balançava seu corpo para frente e para trás.

Ele transparecia estar um pouco envergonhado por estar, pela primeira vez, sozinho com Kiara.

A Carrera ri com a situação e nega com a cabeça:
— Não vai se sentar? — Ela pergunta, apontando para o sofá.

— Ah, vou sim. — Ele se senta e mexia nas mãos, tentando controlar o nervosismo.

Se Elle estivesse vendo essa cena, com certeza estaria se controlando para não rir e zoaria depois com a cara dele.

— Então... — Ele fala olhando para baixo. — Como está a sua situação com os seus pais.

— Bom, ainda estou sendo deserdada. — Kiara responde dando de ombros. — Fazer o que? Esse é o preço que pago por não ser quem meus pais querem que eu seja.

Matt escuta o tom de lamento na voz dela, então a encara e fica a observando dobrar suas roupas por um tempo.

— E se vocês só sentarem pra conversar? — O Rodrigues questiona.

A morena o encara com as sobrancelhas erguidas:
— Acha mesmo que eles me escutariam? Sério? — Pergunta ironicamente.

— Bom, eu não sei como seus pais são, mas, ao menos em relação aos meus problemas com o meu pai, a gente sempre senta e conversa, botando todas as cartas na mesa. — Matt fala sua experiência pessoal?

— E sempre funciona? — Kiara pergunta interessada, apoiando a cabeça em suas mãos.

— Na maioria das vezes, sim. — Ele afirma.

— E nas vezes que não dá certo? — A Carrera questiona.

— Aí a gente tenta entrar em um consenso do que é melhor para os dois. — Ele dá de ombros. — E se não der, um dos dois tem que ceder. Acho que isso funciona para qualquer tipo de relação.

Matt já estava sentado relaxadamente, não se sentindo mais tão nervoso como estava no início.

— Sua relação com seu pai deve ser incrível. — Kiara fala. — Sabe, pelo pouco que eu vi naquele dia da delegacia, ele parece ser uma pessoa muito boa.

— É verdade, eu e ele somos bem próximos. Acho que ele é uma das pessoas mais incríveis do mundo. — Matt sorri falando dele.

A Carrera sorri com o jeito que ele falava de seu pai:
— Se com seu pai é assim, imagino como deve ser com sua mãe. — A morena solta.

Matt abaixa a cabeça e mexe nos dedos, ficando calado por alguns segundos e sorrindo de lado, depois voltando a olhar para a garota.

— É, acho que com a minha mãe era do mesmo jeito. — Ele fala e vê Kiara ficando um pouco confusa com o modo que ele usou o verbo. — Ela morreu quando eu tinha quatro anos. Não tenho tantas memórias.

A Carrera arregala os olhos, surpresa ao receber a informação e se marterizando por ter perguntado isso:
— E-eu não queria... céus... eu sinto muito. — Ela tenta se corrigir, mas escuta uma risada do garoto.

— Não tem problema. As poucas memórias que eu tenho dela, são todas boas. — Ele a tranquiliza — Além de que eu acho que isso também fez eu me aproximar mais do meu pai. — Ele à tranquiliza. — Eu não me incomodo em falar dela.

Matt percebe que agora era Kiara quem havia ficado envergonhada após ela ter cometido essa pequena falha.

— Então você toca ukulele, não é? — Ele muda o assunto.

— Estou aprendendo. — Ela fala, dessa vez empolgada. — Quer ouvir?

— Claro!

Os minutos seguintes passam com Kiara afinando o instrumento e depois tocando alguns acordes que sabia para o garoto, que batia palmas como se fosse o melhor show que estivesse vendo.

Matt e Kiara tinham um sorriso grande um para o outro quando se encaravam de vez em quando.

Eles conversavam, agora sem nenhum dos dois estarem sentindo qualquer tipo de vergonha, criando laços e iniciando uma nova amizade.

Mas essa conversa é interrompida por gritos altos que vinham de trás deles, fazendo eles pularem em um enorme susto.

Gargalhadas podem ser escutadas vindo de fora da casa, e ao olharem para trás, eles veem JJ e Elle com as mãos na barriga e se apoiando um no outro passando mal de rir.

— Como vocês são infantis. — Kiara rola os olhos se recuperando do susto e abrindo a janela.

— Acho que tive um infarto. — Matt murmurava com a mão no peito.

— Isso foi incrível! — Elle passava pela janela por preguiça de dar a volta para chegar na porta. — Deviam ter visto a cara de vocês.

— Parecia que tinham visto fantasmas. — JJ zomba. — Buuu.

— Que engraçadinhos vocês, ein... — A Carrera reclama. — Onde estavam?

— Comprando presentes. — O Maybank fala sorrindo.

— Cerveja! — Elle grita levantando os dois fardos em suas mãos.

— Agora falaram a minha língua. — Kiara se anima, logo pegando uma.

Elle agora olha em volta, percebendo que nenhum dos outros amigos estavam aqui, logo desviando o seu olhar para Matt.

O garoto sente que estava sendo encarado e ao procurar encontra os olhos da ruiva sobre si, percebendo seu olhar malicioso e seu sorriso sugestivo.

O garoto nega com a cabeça, pedindo que ela não falasse nada de inapropriado no momento, mas obviamente o pedido não seria aceito.

— Sozinhos aqui na cabana, ein. — Elle fala alto.

JJ parece só notar agora, então continua a provocando da garota:
— Espero que não tenham usado esse sofá.

Matt se encolhia e Elle ri vendo que ele estava envergonhado.

— Que eu saiba, vocês sumiram primeiro. — Kiara contrapõe.

Elle se vira para ela, colocando a mão no peito:
— E voltei com cerveja, então temos um álibe. — A ruiva se defende.

— Voltou com cerveja e animada demais. — A Carrera fala insinuando algo.

JJ deixa soltar uma gargalhada com a discussão, mas a prende ao sentir o olhar de Elle lhe fuzilar.

— Que tal pararmos de supor coisas e só irmos beber? — Matt propõe tentando fugir daquele constrangimento.

As duas amigas se encaram e estendem a mão uma para a outra, selando aquele pequeno acordo para o fim da discussão.

  John B ainda permanecia no barco após JJ e Elle sairem juntos, depois de alguns minutos Kiara sai e Matt vai logo atrás e após alguns minutos em silêncio, Pope também sai para caminhar por aí.

Pensando em tudo que havia acontecido e presenciado, John fica distraído por muito tempo, sem notar que uma figura loira se aproximava vagarosamente dele.

— Oi. — A loira fala baixo, enquanto mexia suas mãos.

John encara sua esposa, surpreso por ela estar ali:
— Oi. — É a única coisa que ele consegue falar.

Sarah começa a se afastar e o Routledge logo entende que era para ele segui-la.

O garoto sai do barco e segue a loira até o cais de madeira próximo à eles.

Ambos ficam em silêncio e John B à encarava, esperando que ela falasse algo, mas ao perceber que isso não aconteceria ele tenta colocar sua mão nas costas dela, mas a Cameron se afasta.

— Desculpa. — Ela pede ao desviar da mão do garoto.

Sarah se abaixa devagar para se sentar no chão de madeira do local, abraçando as suas pernas e suspirando.

— Eu sinto muito por você ter visto aquilo. — John B fala.

O garoto repete a ação da loira e se senta ao lado dela, também abraçado suas próprias pernas.

A Cameron abre a boca algumas vezes, pensando no que iria falar, mas desistindo após gaguejar.

Mais segundos passam e a loura tenta novamente:
— A sua cara... — Ela pausa por alguns segundo. — Você parecia feliz. — Dizia com pesar.

— Eu... — John tenta falar, mas nada sai de sua boca.

— Eu vi você. — A Kook continua firme.

— Sarah, ele matou o meu pai. — John B fala a encarando.

A garota de encolhe mais e funga, colocando a mão em frente a boca:
— Eu acho que aconteceu tanta coisa... — Ela novamente para.

John fica esperando que ela continuasse, mas percebe que ela não continuaria a falar.

— O que você quer dizer? — Ele questiona.

Sarah fica calada, passando as mãos no rosto. Ela suspira e nega com a cabeça.

— Eu só achei que... você iria entender... — Ela começa e sua voz começa a embargar. — Como é perder um pai. E você não estava lá. — Ela coloca a cabeça entre as pernas. — Mas acho que tudo é muito complicado.

— Não é complicado. — John B contrapõe, negando.

— Mas pra mim é! — Ela coloca novamente as mãos no rosto. — Esquece. Eu preciso ir. — A loira fala se levantando, cansada. — Me desculpa, eu não deveria ter vindo.

A garota começa a se afastar do cais e John B fica paralisado alguns segundos, tentando processar o que estava acontecendo.

Ele se levanta, acelerando os passos na direção da garota:
— Ei! — Ele à chama, mas a garota negada com a cabeça, fungando. — Sarah, ei! — Ele coloca a mão no ombro dela e à puxando para um abraço. — Está tudo bem, tudo bem. — Ele beija a cabeça da garota.

A loira se desfaz devagar do abraço e se vira novamente, escutando o Routledge continuar repetindo "Esta tudo bem".

— Olha pra mim. — O garoto pedia e Sarah o olhava. — Fala comigo, por favor.

— Me desculpa. — Ela murmura com o último pingo de voz.

A Cameron levava as mãos trêmulas até o pescoço, e começa a desamarrar o pequeno e fino pedaço de bandana que havia lá.

— Não, por favor... — John B pedia.

— Me desculpa... — Ela repete mais uma vez e estende o pedaço de bandana para ele.

— Não me devolve isso. — John pede, se negando a segurar.

A Kook segura a mão do garoto e coloca o pequeno pedaço na mão do Routledge e à leva até o seu rosto, a beijando e alisando:
Às vezes só não é pra ser... — Fala baixo.

A garota aperta mais uma vez a mão do Booker e deposita um último beijo antes de virar de costas e sair caminhando para fora do cais.

O Routledge respirava fundo na tentativa de segurar suas lágrimas. Ele apertava o símbolo de seu compromisso com Sarah e se inclinava contra a cerca de madeira que cercava o cais, pensando.

  Havia anoitecido e John continuava no cais, deitado no barco que flutuava na água calma.

Pope chegara alguns minutos depois e se deitou ao lado dele, permanecendo em silêncio, apenas lhe fazendo companhia.

Oberservavam juntos o céu estrelado e escutavam apenas os sons das cigarras ecoando em seus ouvidos.

— Eu não entendo. — John B se pronuncia depois de um tempo em silêncio. — É sério.

— É assim que é o amor. Cinco minutos de prazer e mais cinco anos de dor. — Pope falava em tom melancólico.

O Routledge passa segundos em silêncio, processando o que o Heyward havia lhe dito.

— Tudo bem... — Ele murmura e vira a cabeça para encara-lo. — Você e a Kiara... o que está rolando? Me conta.

— Ahh... — O garoto murmura enquanto apoiava o corpo em seus cotovelos e suspirava. — Ela disse que quer voltar a ser apenas a minha amiga.

— Aí, isso é golpe baixo. — John o defende. — Que chato, cara. — Deixa um tapa no ombro do amigo.

— Eu... eu apenas fui pego de surpresa. — O Heyward adiciona, parecendo inconformado.

Antes que a conversa pudesse prosseguir, Elle, JJ, Matt e Kiara aparecem gritando enquanto seguravam latinhas de cerveja em suas mãos.

Batata quente! Batata quente! — O Maybank brincava, jogando os objetos na direção dos dois Pogues deitados.

— Joga mais uma! — John B pedia enquanto ficava em pé no barco e segurava as latinhas que iam sendo arremessadas.

— Aí pra vocês! — Matt arremessa outra que o Routledge consegue segurar.

Elle coloca as latas no chão para não ter que ficar segurando e abria uma para ela, bebendo o líquido.

— O quê vocês estão fazendo aqui? — JJ questiona apoiando os braços na Madeira do cais.

Ela olha para os dois garotos do barco, sorrindo:
— Estão chorando. — Ela zomba.

— O quê? Não, eu não estou chorando. — John B nega, passando a mão em seus cabelos.

— Aí, não é culpa sua. — Kiara fala apoiando o amigo.

— Acha que ela vai mudar de ideia? — O Booker questiona.

— Claro que vai, ela é uma de nós agora. — Kiara o tranquiliza.

O garoto fica calado por alguns segundos coçando sua cabeça, mas para e sorri bobamente:
— É ela uma de nós, vai dar tudo certo. — Ele murmura. — Ela vai voltar pra mim. É só eu pensar nisso.

— Sua auto-confiança me surpreende. — A Aplin brinca, recebendo um dedo do meio em resposta.

— Aí gente, eu vou dar um mortal. — John B anuncia de repente.

— Ele está mentindo! — Kiara grita, apontando.

— Sério? Vai em frente. — Pope falava.

— Seu eu tivesse grana eu apostaria contra! — A Carrera falava mais alto.

— Agora eu quero ver. — JJ batia Palmas animado.

— Vai lá! — Matt incentivava.

— Só não quebre o pescoço, Jhonny! — Elle pedia.

O garoto Routledge se prepara, flexiona seus joelhos e da um impulso para trás, dando um mortal e caindo direto na água, espirrando nos adolescentes.

Eles gritam animados e comemoram batendo palmas:
— John B!

A noite havia sido repleta de comemoração e muita cerveja.

  O Castelo dos Pogues estava uma bagunça. Latas de bebidas para todos os lados, sapatos e meias sem pares espalhados por toda a casa e seis adolescentes dormindo em cantos aleatórios do local.

John estava deitado na mesa da cozinha, Pope caído no chão perto dele, Kiara no quarto de John B, Matt no quarto que Elle e JJ costumam dormir, e esses dois últimos na sala, com o loiro dormindo em um canto do sofá e Elle quase caindo na outra ponta.

Matt acorda primeiro e observa aquele caos que estava, ele vai na cozinha e pega um saco de lixo, começando a juntar as latinhas espalhadas.

Pope é o próximo e se ajeita primeiro, para depois ir na sala e ajudar Matt a recolher os objetos.

Kiara acorda depois e os cumprimenta com um bom dia, seguindo para a cozinha para ver se havia alguma sobra de comida.

— Vamos acordar eles? — Matt questiona.

Pope pega a espada que haviam feito com as latinhas de cerveja e começa a cutucar o rosto do Routledge com ela:
— Ei, acorda.

O garota abre os olhos e levanta a cabeça, confuso com as coisas em sua volta.

Pope vai na direção de JJ e começa a dar tapas no rosto dele, mas o garoto nem sequer se move:
— Ele 'tá vivo? — Questiona aos amigos.

— Ele eu não sei, mas a Elle é difícil de responder. — Matt fala, vendo ela toda jogada no sofá. — Elle...

Quando o garoto cutuca o braço dela com o dedo, a ruiva acorda em um susto e se movimenta no sofá, acabando por cair direto no chão.

— Aihh. — Ela murmura, passando a mão na cabeça.

— Você não pode bater a cabeça, maluca. — Matt repreende e à ajuda a levantar, enquanto ela murmurava coisas que ele não entendia, provavelmente o xingando.

Após alguns minutos, eles conseguem fazer com que todos levantem e se "arrumam".

Elle escova os dentes, troca de roupa e passa as mãos em seus cabelos, tentando deixa-los menos rebeldes.

— Aqui seu sapato, JJ. — Pope entregava para o garoto.

— Mochilas. — John murmurava e Elle pegava a sua que estava jogada no chão.

Pope segurava John B e JJ, os arrastando com ele enquanto Matt segurava Elle pelo braço e batia em sua mão quando ela tenta pegar uma cerveja.

— Eu preciso de pizza... — JJ murmurava tentando se soltar de Pope, mas o garoto o puxa.

— Nada disso, já perdeu o café da manhã. — Ele o repreende e o empurra para fora de casa.

Kiara olhava para os cinco com uma careta e apenas fala para eles:
— Eu encontro vocês depois.

Os cinco Pogues entram na Kombi — três deles sendo apenas jogados lá dentro — e Pope começa a dirigir até o colégio com Matt sentado ao seu lado no banco do passageiro.

Elle estava sentada com as pernas esticadas e observava John B checando o celular de um em um minuto, provavelmente esperando uma ligação de Sarah.

Pope se aproxima da escola e freia a Kombi, fazendo JJ voar para frente e dar de cara com o banco do passageiro.

— Acho que agora ele morreu. — Elle murmura.

Os dois que sentavam na frente saem do automóvel e abrem a porta de trás, batendo nela e pedindo para que os garotos saíssem.

— Eu odeio escola. — Elle murmurava escutando o sinal de início as aulas tocar.

  Elle estava com os óculos escuros que havia roubado. Ela os usava na sala de aula como uma tentativa de disfarça seu olhar morto da ressaca e se deitava por cima da mesa em sua frente.

— Tire os óculos senhorita Aplin. — A professora em frente a garota pedia.

A ruiva levanta a cabeça e obedece a mulher, tirando o óculos e colocando ele preso em sua blusa, transparecendo suas olheiras e cara de tédio.

A mulher coloca um papel em cima da mesa da menina, que rapidamente muda sua expressão de tédio para de derrota:
— Boa sorte. — A mulher deseja, com o que Elle julga ter um pingo de ironia, e se afasta indo passar a folha para o resto da turma.

Prova de cálculo.

— Porra... — Ela murmura esfregando os olhos.

As próximas horas foram como uma tortura para Elle, que fritava o que dizia ser seus últimos dois neurônios, tentando resolver aquela prova e conseguisse tirar uma nota minimamente razoável.

Vez ou outra ela inclinava o corpo para ver a prova de Pope, que sentava em sua frente, mas se esforçar para ver as respostas fazia sua cabeça doer.

No fim, ela só chutou várias questões e torceu para que alguma delas estivesse certa.

  Eles saiam da sala com as mochilas nas costas e Elle brigava com Pope por ele não ter lhe ajudado passando as respostas da prova, já o Heyward fingia não escutar toda a série de xingamentos transferidos a ele.

Ao cessar da briga John mostrava o bilhete que uma garota havia lhe passado durante a prova, onde o convidava para a Festa da Fogueira.

— Não vai dar bola para ela, não é? — Elle questiona em um pequeno tom de ameaça, com seus óculos escuros novamente em seu rosto.

O garoto não responde e Elle interpreta isso como um sim, dando um tapa forte atrás da cabeça dele:
— Fica esperto, John.

— Aih. — Resmunga passando a mão atrás da cabeça.

— Olha, eu acho que ela queria passar isso pra mim. — JJ provoca. — Você quem leu de intrometido.

Elle rola os olhos com a fala dele, e o loiro percebe, passando o braço ao redor do pescoço dela, a trazendo para perto:
— É piada, Ruivinha. — Ele diz. — Se fosse pra mim, eu com certeza negaria.

— Vocês se tratam como namorados... — John murmura. — Por acaso...

A conversa é interrompida por professor Sunn aparecendo na frente deles com um sorriso.

Elle tenta se virar para dar meia volta, mas o homem começa a puxar um de cada vez pelo ombro:
— Senhor Routledge, senhor Heyward, senhor Maybank, senhorita Aplin e o novo membro senhor Rodrigues. — Ele cita o nome de cada um, os indicando que entrassem em sua sala. — Os homens e a mulher que eu tanto queria ver.

— Queria poder dizer o mesmo. — JJ brinca dando dois tapinhas no ombro do mais velho.

— Bom, eu tenho uma pergunta de natureza histórica para vocês cinco. — Ele falava animado.

— Qual é professor, é nosso horário de almoço, chega de aula. — A ruiva resmunga.

— Sempre é hora para o conhecimento. — O homem a responde.

— Menos no meu horário de almoço. — Elle contrapõe.

— Bom, eu estava enviando alguns documentos para o Museu Marítimo e em troca me deram acesso aos arquivos. — Ele andava até o outro lado da sala e abria seu armário. — E eu encontrei isso aqui.

Ele tira um objeto de dentro e o leva até os adolescentes.

— É uma caixa. — Pope afirma.

— Não é só uma caixa. Ela serve apenas para conservar o que tem dentro. — Ele abre a caixa e aponta. — Vamos lá, senhor Heyward.

Pope coloca as mãos dentro e retira um pequeno caderno de couro, o analisando passando os dedos por sua capa.

— É um diário. O seu autor é desconhecido. — O homem se afasta indo pegar outra coisa no armário.

Pope abre o diário com cuidado e logo na primeira página estava o símbolo do trigo:
— Uau.

Senhor Sunn volta com um papel em suas mãos:

— E essa é uma carta de Demark Tenny. — Ele coloca sobre a mesa. — Comparem a letra das duas.

Eles colocam em uma folha aleatória do diário e colocam a folha ao lado, comparando. Quase não havia diferença entre ambas as caligrafias.

— Puta merda. — John murmura surpreso.

— São praticamente iguais. — O professor afirma.

— Então esse é o diário de Demark Tenny. — Pope conclui.

— Achei que já estivesse óbvio no momento em que o professor começou a falar. — Elle fala pegando alguns outros documentos e os lendo.

— O nome do capitão era Limbrey. — Pope fala vendo no diário. — 6 de agosto de 1829. — Ele murmura.

— Foi o ano em que o Royal Merchant afundou. — John B relembra.

— Suspeitei que achariam isso interessante. — O homem mais velho falava.

— Muito obrigado por isso, professor. — Pope agradecia encarando o homem.

— É importante reconhecer a própria história. — Senhor Sunn dizia para Pope e depois se afasta deles.

Eles passam mais alguns minutos lendo e Elle fica entediada por não encontrar nada nos documentos que lhe chame a atenção.

Mas Pope parece encontrar algo no diário.

— Aí meu Deus. — Ele falava abrindo em uma das páginas. — Está é a Cruz de Santo Domigo.

Os amigos se aproximam dele, vendo a imagem que mostrava na página:
— Pura merda. — É a vez de JJ exclama.

— Ela estava no Royal Merchant. — Matt fala surpreso.

  Haviam voltado para o Castelo e Kiara estava lá esperando por eles. Professor Sunn havia entregado para os adolescentes folhas com cópias do diário de Demark Tenny.

— Pessoal, tem uma coisa interessante. — Pope observava o papel em suas mãos. — "15 de agosto;
Zarpamos de Porto Príncipe em águas claras, encontramos um navio espanhol e ele estava pegando fogo. O deque inteiro estava em chamas e era possível ouvirmos os gritos de desespero das pessoas que estavam presas em baixo. Mas o capitão espanhol se importava com uma coisa. Com a carga valiosa. A Cruz de Santo Domigo e infinitas barras de ouro.
Quando a Cruz veio abordo nós quisemos ajudar os homens, mas o capitão Limbrey nos ordenou erguer as banhanetas e não deixar nenhum espanhol embarcar.
Eles os roubou e os deixou morrer.

Pope finaliza a leitura que todos escutavam com atenção, fazendo todos ficarem em silêncio e pensativos durante alguns instantes.

— Então a Cruz não afundou em Bermudas. — JJ questiona abrindo e fechando seu isqueiro enquanto ficava deitado no sofá.

O Heyward confirma enquanto se sentava ao lado de John e Kiara.

— Foi um Limbrey roubando, outra vez. — A Carrera fala com rancor.

— O diário prova que tanto o ouro quanto a Cruz de Santo Domigo estavam no Royal Merchant. — Pope fala.

— Então por que ela não estava no poço? — JJ questiona, se sentando no sofá. — Se o Demark conseguiu tirar a cruz brilhante do Merchat e trazer pra terra... por que ele não escondeu junto do ouro?

— Porque ela era grande demais. — Matt conclui, dando de ombros.

— Tem razão. — Pope concorda. — Ele teve que esconder em outro lugar.

— Mas onde se esconderia uma cruz enorme? — Elle questiona.

— Logo antes de ser enforcado, Demark disse que escondeu o ouro nos pés do anjo. — Pope lembra do que havia lido.

— Mas essa não era a chave? — JJ questiona confuso.

— Qual é a conexão. — A Carrera pergunta.

— O caminho para o túmulo começa na sala da ilha. — Pope continua.

— Mas o que diabos é a sala da ilha? — Kiara pergunta mais uma vez jogando a cabeça para trás, impaciente.

— Bom, sabem o que me ajuda a descobrir as coisas? — O Maybank questiona se levantando do sofá.

— Aí meu Deus, lá vem. — John murmura.

Fumar cerveja e beber maconha. — O loiro fala. Kiara faz uma careta com a troca de palavras. — Isso faz as ideias fluirem de mim. Se a gente apenas sentar aqui e tentar resolver isso, não chegaremos a lugar nenhum. — Ele pausa esperando algum protesto, que não vem. — Mas se formos criativos, e irmos a Fogueira hoje a noite... conseguiremos pensar.

— Eu acabei de ser deserdada pelos meus pais, então virei um membro oficial do Clube dos que não tem nada a perder. — A Carrera fala se animando.

— Matt? — O loiro olha para o garoto.

— Já estou avisando o meu pai. — Ele fala digitando algo no celular.

— Pope? — O garoto olha para o outro amigo.

— Estamos tão perto... — O Heyward tenta falar, mas é interrompido.

— Pope, olha, pense notando que você vai render se der um pequeno e merecido descanso para a sua cabeça. — O Maybank fala ficando frente a frente com o garoto.

Todos olham para Pope com expectativa a sua resposta.

— Tudo bem, eu vou. — Decide.

— Beleza!

Os adolescentes se levaram animados, com a festa que teriam para aliviar a cabeça.

— Temos que beber antes de ir!

  A fogueira.

Essa é uma tradição de Outer Banks.

Ela sempre acontece no mesmo fim de semana todos os anos. Todo mundo ía. E quando digo "todo mundo", é todo mundo mesmo.

Depois de encontrar uma fortuna, perder ela, e serem vistos como fugitivos, era bom reaparecer em uma festa dessas.

Os adolescentes desciam da Kombi que John havia estacionado.

Eles começam a se separar, Pope andando junto de Kiara na frente e deixando os outros quatro para trás.

JJ andava com o braço ao redor do pescoço de John, que aceitava uma bebida que uma garota lhe entregava e Elle andava lado a lado com Matt ouvindo a conversa deles.

— Olha John, o pai dela explodiu na frente dela. Dá um tempo, cara. — O Maybank falava ao amigo. — Enquanto isso, vamos beber.

A conversa é interrompida ao sentirem uma lata vazia de cerveja ser arremessada contra eles:
Ei delinquentes! — Uma voz feminina os chama e eles olha para uma garota sentada.

— Garota idiota... — Elle murmura, incomodada por ela ter jogado o objeto neles.

— Opa, olha ela aí! — JJ exclama surpreso e se solta de John, batendo em seu peito. — Essa é pra você, vamos nos mandar.

John se afasta batendo no meio das pernas do Maybank fazendo ele se curvar com dor e resmungar.

— Eu faço isso em você caso seja um babaca, John. — Elle grita para o garoto.

Os trio se afasta enquanto seguravam copos de bebidas em suas mãos. Eles já estavam minimamente alterados, por ainda estarem de ressaca do dia anterior e por terem bebido antes de irem a festa.

Em algum momento, Matt acaba se separando de Elle e JJ e começou a andar sozinho, parando para dançar com algumas pessoas aleatórias que cruzavam seu caminho.

Ele estava dançando com um garoto e uma garota que nem sequer sabia os nomes, mas sabia que se divertia e era isso que importava, até sentir alguém segurando seu ombro e o virando.

— Há quanto tempo não vai em uma festa? — Kiara questiona o garoto, falando um pouco alto.

— Na verdade eu não me lembro de já ter ido em uma. — Ele fala se inclinando um pouco para perto da garota para que ela conseguisse ouvir.

— Então essa tem que ser incrível. — A Carrera sorri para ele.

Os dois começam a dançar juntos e conversarem enquanto bebiam o líquido de seus copos. Eles gargalhavam e falavam embolado um com o outro por causa da bebida.

Elle tinha um sorriso no rosto vendo de longe a cena acontecendo enquanto segurava seu copo vermelho em mãos.

Ela sente alguém se aproximar e olha de canto de olho, vendo que era o loiro ali.

— Parece que ele está se divertindo. — JJ fala no ouvido dela.

— Eles ficam fofos juntos. — A ruiva sorri e leva o copo até a boca, dando um gole.

— O que está bebendo? — O Maybank questiona vendo o copo dela ainda cheio.

— Eu não sei, alguma coisa duvidosa e que provavelmente vai fazer mal pra mim. — Elle o responde se virando e rindo.

O loiro encarava ela e toma a iniciativa de passar as mãos ao redor de sua cintura:
— Vamos dançar?

— Claro! — Diz empolgada sem sequer pensar.

O riso frouxo e sua dança incrivelmente desengonçada denunciava o quão bêbada a Aplin se encontrava no momento.

Os passos de dança dela e de JJ nem um pouco sincronizados e ela pisando em seus pés — o quê provavelmente causaria vários calos no dia seguinte — a fez esquecer durante alguns minutos tudo o que aconteceu.

Só que infelizmente os pensamentos voltavam nas horas mais inoportunas.

Mas ela apenas continua ignorando, fingindo não sentir uma sensação de pânico se formar em seu peito.

"Por que a bebida não está fazendo efeito?" Ela se questionava.

Olhando para o seu copo, percebe que já estava vazio — e não recordava do momento que havia bebido — então ela pega o copo do garoto que dançava com ela e o leva até sua boca, bebendo todo o líquido de uma vez.

— Ei, roubando minha bebida. — O Maybank reclama sentindo o objeto sendo tirado de suas mãos e fazendo um biquinho, mas vê ela virando o copo. — Está tudo bem?

— O quê? Claro que está! — Mente.

Eles voltam a se concentrarem em sua própria bolha e a dançar seus passos complexos demais que só poderiam ser reproduzidos novamente por alguém que estivesse chapado.

Mas tudo voltava.

Mas quando mais ignorava, sempre voltava mais forte.

Até que uma ideia — que a Elle Sóbria julgaria como uma das mais idiota da sua vida — se passa na mente insana da ruiva.

— Jay. — Ela o chama, fazendo o garoto encara-la. — Você quer ir até a Kombi comigo?

Pensando que talvez a ruiva estivesse passando mal naquele momento, o loiro nem sequer pensa antes de abraçar a cintura dela e guia-la no meio daquela multidão.

O Maybank levava Elle até onde ela queria, a garota tropeçava nos próprios pés e falava coisas engraçadas. E nesse momento, apesar de bêbado, JJ ainda conseguia estar mais consciente do que Elle.

Ele a ajudava a entrar no carro, colocando a mão na parte de cima da porta, temendo que ela tacasse a cabeça lá ao entrar.

Ao entrar, Elle se joga no fim da Kombi e espera o loiro entrar e fecha a porta também.

Pelo lugar estar abafado, o garoto tira a camisa de botão xadrez escura que usava por cima de sua camiseta preta e a deixa perto

Vendo isso, Elle não tinha mais um pingo de senso em sua cabeça, e não queria ter por algum tempo.

Tudo sempre a atingia com força e uma hora ela teria que explodir, mas não era hora pra isso, não agora.

"Não pensa, não pensa, não pensa...":
— JJ...

O loiro escuta a voz baixa de Elle ao lado dele e assim que se vira, ele percebe a garota se aproximando rapidamente dele e agarrando a gola de sua camisa, o beijando com intensidade e sem qualquer ritmo presente.

O garoto arregala os olhos, surpreso com aquela ação inesperada, mas coloca suas duas mãos na cintura de Elle e se deixa ser guiado pelo controle dela.

"Apenas desligue, você precisa parar de pensar."

A garota aperta a gola da camisa dele e o puxa mais para si. Sua respiração estava desregulada e seu coração parecia implorar para sair pela sua boca.

Mas ela ignorava tudo isso.

JJ sente ela o empurrando e o guiando até a parede da Kombi, ela o empurra fazendo o loiro ficar sentado e rapidamente Elle se senta no colo do garoto e continua a beija-lo ferozmente.

O Maybank estava surpreso com tudo isso, a garota nunca havia agido assim e apesar de estar gostando e querer continuar, sentia que algo estava errado.

Mas Elle continuava o que estava fazendo. Ela sentia as mãos de JJ firmes em sua cintura e o garoto não pretendia fazer mais que isso.

A ruiva então decide levar suas duas mãos até a barra da camiseta preta que JJ usava, ignorando a sensação estranha que sentia em suas próprias mãos.

"Você precisa disso para desligar, pare de pensar!" Sua cabeça conflitava.

— Elle, o que você 'tá fazendo? — O loiro pergunta afastando alguns centímetro seus lábios do dela após sentir ela começar a levantar sua blusa, mas em resposta recebe apenas um "Tá tudo bem".

O Maybank, apesar de confuso, levanta os braços e deixa que sua blusa deslize para fora de seu corpo. Elle volta a beija-lo e se movimentar no colo do garoto. Seu coração batia mais rápido do que pensava ser humanamente possível.

Novamente Elle se separa e dessa vez, leva suas mãos até a barra de sua própria camiseta, ignorando mais uma vez a sensação de formigamento em suas mãos.

— Elle... — JJ fala mais uma vez, porém a garota já havia tirado e jogado para o lado a blusa que usava, mostrando o sutiã escuro que usava.

Antes que JJ pudesse falar mais algo, Elle o beija mais uma vez e coloca suas duas mãos ao redor do pescoço do Maybank, aprofundando mais o beijo e o arranhando fracamente com suas unhas. 

JJ queria estar aproveitando tudo aquilo, ele queria fazer isso já a um tempo com Elle, com a garota que ele sabia que amava.

E lá estava ela em cima dele vestindo apenas uma calça folgada que abraçava a sua cintura e um sutiã fino, mas novamente sentia que algo estava errado. Ele apenas segurava fracamente a cintura da ruiva, sem sequer pensar em subir ou descer mais as mãos.

"Pare de pensar!" Elle se martirizava.

Ela começa a retirar as mãos do pescoço do Maybank e leva-las até a parte de trás do sutiã que usava.

A garota sente um nó se formando em sua garganta, mas apenas o beija mais fervorosamente e continua o que estava fazendo. Ela coloca as mãos no feicho da roupa íntima e se prepara para abri-lo.

O Maybank sente as mãos dela saírem de seu pescoço e abre devagar um olho, vendo o que ela estava prestes a fazer.

Seu lado sóbrio aparece.

Finalmente um estalo acontece na cabeça do garoto e ele entende.

JJ rapidamente leva suas mãos até as de Elle e as segura, impedindo que ela continuasse o que estava fazendo e afasta seus lábios do dela.

— Eleonora para, não. — Ele fala e vê os olhos da garota se abrirem, transparecendo desespero.

— Você não quer isso? — Ela questiona confusa. — Fiz algo de errado?

— Pode ter certeza que eu quero, quero muito e há muito tempo. — Ele fala e afasta as mãos da garota do fecho do sutiã e as coloca entre eles dois. — Mas você 'tá bêbada.

A Aplin olha para as suas mãos juntas e percebe o que tanto havia ignorado nesse últimos minutos. Suas mãos tremiam como nunca e só agora ela começa a sentir o quão sua respiração estava pesada e o desespero que aumentava dentro de si.

"Que merda que você 'tá fazendo?!" Seu lado sóbrio falava.

— Olha, eu tive uma semana de merda, e essa é a única coisa que eu quero fazer. — Fala ignorando o pingo de consciência que tentava se fazer presente.

— Elle, eu não vou... — JJ tenta falar, mas a ruiva o interrompe.

— O meu amigo foi preso e poderia ter pena de morte, minha mãe disse que me amava, eu acreditei e logo depois vi ela com a bolsa do Ward Cameron que, por sinal, se explodiu um dia depois. — Ela falava rápido, soltando tudo de uma só vez. — E agora eu não tenho o mínimo controle com nada na merda da minha vida! Nem com quem eu quero transar!

Ele estava surpresos com as informações que recebia, mas sabia que ela estava bêbada de mais para conseguir explicar sobre elas:
— Eu sinto muito. — É a única coisa que ele consegue falar.

Ela continua calada, sentia a vergonha dentro dela.

— Sei que você só quer parar de pensar nas últimas coisas que aconteceram, nos seus problemas. — Ele continua, alisando as costas das mãos da garota, que ainda tremiam fortemente. — Mas eu não quero que as coisas aconteçam desse jeito. Com a gente na Kombi do John B e você bêbada.

— Se fosse outra garota você já estaria sem roupa. — Elle contrapõe.

"Por quê bêbados não conseguiam segurar suas palavras?"

— Com certeza. — O Maybank confirma. — Mas você é diferente. — Ele fala e leva sua mão até a bochecha dela, alisando. — Eu quero fazer isso certo, Elle. Em um quarto, sem essa música alta, sem esse tanto de gente por perto e, de muita preferência, com você sóbria.

Elle tira a mão do garoto de seu rosto, sai de cima de JJ e vai para o outro lado da Kombi, o fazendo apenas lhe encarar.

— Vai se fuder. — Elle murmura com a voz embolada, ignorando todas as palavras bonitas que ele falou.

Ele solta uma risada e procura suas blusas pelo local, as achando e vestindo. Elle permanecia em seu canto.

— Aqui sua camisa. — Ele coloca a roupa da garota ao lado dela, mas ela não responde.— Eu vou pegar água para você, certo?

— Eu não quero. — Diz emburrarda e de braços cruzados.

Ele tenta segurar um riso com as ações
dela. JJ abre a porta da Kombi e sai, deixando a ruiva lá dentro.

O garoto volta para a festa na tentativa de achar água, ignorando o protesto da ruiva. Apos alguns minutos procurando, o loiro consegue uma garrafa de água lacrada, mas gritos lhe chamam a atenção.

Uma briga, ótimo.

Ele solta a água e corre na direção que ouvia os gritos, e escutando Pope chamando o seu nome.

Quase todos brigavam um com os outros. Kiara discutia com uma garota que havia empurra Sarah, Pope batia em Kelce que se intrometer na briga e Topper batia em John B. Matt apenas tentava apaziguar as coisas entre Kiara e a outra garota, puxando a Carrera.

— Solta ele! — JJ tirava Topper de cima de John, que apanhava, como sempre.

— Temos que sair daqui! — Kiara grita para os amigos e se solta de Matt.

John queria voltar para bater mais em Topper, mas JJ o segura obrigando ele a parar com aquela discussão.

— Vamos embora! — Pope grita.

— Cadê a Elle? — John olha em volta sem ter sinal da ruiva.

— Já está bem longe da briga. — JJ os tranquiliza.

Antes de correr para a Kombi, ele volta para o lugar onde havia deixando a água e a pega, voltando a correr na direção dos amigos.

Eles chegam na Kombi e abrem a porta de trás, entrando juntos e encontrando a Aplin sentada no canto enquanto tinha as pernas esticadas e mexia seus pés em um ritmo sem sincronia.

— Elle? — Kiara fala surpresa por ela já estar na Kombi.

JJ se aproxima e apoia uma de suas mãos na janela, encarando os que estavam lá dentro:
— É, isso foi intenso. — Fala rindo.

— Você acha? — Kiara questiona irônica.

O Maybank dá a volta e entra na Kombi, abrindo a garrafa de água e a estendendo para a ruiva que já estava novamente com sua blusa.

— Aqui, bebe. — Ele pede. — Vai ficar menos bêbada.

Elle segura a garrafa e a leva até a boca, dando alguns goles.

Os Pogues estavam ainda com a adrenalina em seus corpos por causa da briga e não perceberam essa interação entre os dois.

— Parece que nada do que aconteceu entre a gente importa. — John B murmura colocando uma lata de cerveja em sua testa, onde havia levado um soco.

Todos ficam em silêncio, processando as suas palavras, mas Elle faz uma careta confusa os encarando:
— O que aconteceu? — Questiona.

____________________________________________

● 8126 palavras;

Mais um capítulo enorme para vocês, tivemos as interações da Kiara com o Matt ( e ele sendo a coisa mais fofa possível ) e um pouquinho mais da vida dele, o John e Sarah terminando o casamento de uma semana e o Pope ainda sofrendo pela Kie;

Também temos os pensamentos de Elle em relação ao "suicídio" do Ward, ela percebendo que a bebida não está mais fazendo tanto efeito, as interações dela e do JJ e ela bêbada contando sobre a mãe e com raiva dele;

● Me digam o que estão achando desses últimos capítulos e o que talvez precise melhorar mais, como texto ou desenvolvimento de personagens;

● Obrigada pela leitura e por todos os comentários e as estrelinhas;

Se cuidem e cuidem dos seus, se hidratem;

● Beijos e até o próximo capítulo;

:)

~Mello

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