Uma CEO inalcançável.

By Mila_Sn

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Julieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana po... More

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By Mila_Sn

Nota da autora: A música na descrição foi a inspiração desse capítulo. Se possível recomendo que leiam ouvindo ela.

Julieta

- Bom, já está decidido! - Digo depois que Martín sai apressado da sala. - Reunião encerrada! - Sentencio notando o olhar ácido de Cynthia.

- M-as...- Ela tenta insistir,mas Gabrielle é rápido e tira a amiga de cena.

A sala esvazia e respiro fundo massageando as têmporas.

O que foi isso? Minha mente martela, deixando meu coração angustiado.

Me levanto, olho as horas em meu relógio quase dezoito horas. Hora de ir para casa e depois o ensaio! Suspiro um tanto cansada desse mau negócio.

Junto minhas poucas coisas, tablet, canetas e alguns papéis,e caminho para a minha sala. Me sinto subitamente desanimada. Arrumo minhas coisas e entro no elevador ignorando tudo e todas.

Um tanto grosseiro? Sim! Mas me sinto tão cansada.

Dou partida no carro, com o pensamento longe e, em uma reflexão profunda e interna. O que aconteceu? Porque estou assim? Repenso batucando os dedos no volante.

Os olhos dela! O jeito, ela me tratou com um pouco de inferioridade! Foi isso, sim. Mas por que ela agiu assim?

Suspiro pensativa, buscando ter foco na estrada.

- Mas o que? - Olho ao redor percebendo que peguei a rodovia saindo do centro, seguindo o caminho da nossa casa de veraneio. - Tudo bem, acho que preciso, eu não quero ir ao ensaio e também não quero ir para casa, não vou conseguir esconder essa tristeza das meninas. - Sussurro a mim mesma enquanto guiava o carro tranquilo pela rodovia.

Abro as janelas, deixando a brisa noturna invadir o ambiente e tocar suavemente meu rosto, balançando as pequenas mechas soltas do meu cabelo.

Passo por uma loja de conveniência e estaciono indo em busca de um bom vinho que seja doce e suave, não gosto, mas acho que é um bom momento, compro chocolates e olho as horas. Sete e dez.

Pego meu celular e envio uma mensagem às gêmeas avisando que irei à casa de veraneio, buscar algumas coisas.

Antes de voltar ao carro, meu telefone começa a tocar e noto o nome de Andrea no visor, recuso a chamada e sigo em direção ao carro.

Volto ao carro e sinto novamente a brisa leve a me guiar. Sorrio ao ver a pequena estradinha, a direita e entro com cuidado. Ao fim dela é possível ver nossa casa, com uma pequena lâmpada ligada ao fundo.

Um casal gentil de amigos, cuidam dela, deixando-a sempre pronta para essas escapadas.

Ao me aproximar da casa, procuro no porta-luvas o controle do portão e, com um pouco de esforço, o encontro e adentro na propriedade.

Estaciono próximo a porta principal e observo ao redor. Tão linda! Como sempre!

Sorrio enquanto recolho minha bolsa e as compras da loja de conveniência. Subo os poucos degraus que levam à varanda e procuro no meu enorme molho de chaves, a desta casa.

Abro a porta e uma lufada de ar morno, com o cheiro dos meus pais. Meu coração aperta.

- Ah que saudade de vocês! - Meus olhos lacrimejam, formando pequenas lágrimas no canto dos olhos

Tiro os saltos, deixando no cantinho ao lado da porta, tranco a porta e acendo as luzes.

- Eu amo esse lugar! - Giro nos calcanhares enquanto observo os velhos e lindos sofás floridos, em tom vinho, o enorme tapete fofinho, sobre o delicioso assoalho avermelhado e quentinho.

Meu celular volta a tocar, Andrea é persistente! Mas eu também. Recuso novamente a chamada
E volto a olhar ao redor, passo os dedos pelas estantes com alguns livros de romances que mamãe amava, a televisão moderna, mas com um jeitão antigo.

Deixo minha bolsa sobre o sofá e caminho para a outra sala, sala de jantar e escritório do papai, sinto vontade de entrar, mas meu coração reclama de saudade e evito, caminhando para a cozinha. Abro armários e geladeiras notando que estão tudo abastecidos.

Volto à sala central e subo as escadas que dão para os quartos, abro a porta do quarto dos meus pais, sentindo seu cheiro. Meu coração salta em aflição e saudade.

- Como eu queria vocês aqui! - Sussurro fechando as portas e indo para o banheiro no corredor.

Essa casa foi pensada para trazer proximidade, não existem suítes, nem muitos ambientes para nos isolarmos, apenas quatro quartos, um dos meus pais, um do vovô, um para hóspedes e um meu e das meninas.

No banheiro, abro o pequeno armário e tiro uma longa toalha felpuda e branquinha, estendo sobre o aparador e abro o chuveiro, em uma água morna que me acalma a alma.

Lavo os cabelos e deixo a água relaxar-me, respiro fundo e depois de fechar o registro, me enrolo na longa toalha fofinha.

Tiro o excesso de água dos cabelos e rumo ao quarto ao lado, meu e das meninas. Acendo as luzes e noto que tudo está como sempre foi.

Um grande guarda roupa na parede à esquerda, uma beliche à direita, uma grande sacada em minha frente e próximo a porta outra beliche.

Caminho até o guarda roupa e procuro algumas peças íntimas e um pijama em flanela. Sinto cheiro de amaciante, da senhora Luiza, que ajudamos a lavar no mês passado quando estávamos aqui.

Me visto e calço pantufas, penteio os cabelos e os deixo úmidos, descendo para a cozinha.

Na cozinha, procuro tudo para uma macarronada, cheia de molho e manjericão. Vovó sempre dizia, se o coração está triste coma macarrão, a massa há de alegrar o estômago! Sempre dávamos risada da frase sem sentido, mas que agora me enche de acalento.

Preparo com carinho, para mim mesmo. Sempre merecemos o melhor e às vezes eu me esqueço disso.

Encho uma taça de vinho e sigo em direção a sala, ligando a televisão e quase ouvindo a voz da vovó dizendo: macarrão não se come no sofá, volte já pra cá!

Meu celular vibra novamente e olho no visor outra chamada do Andrea.

- Chega! - Afirmo e desligo o celular, sabendo que ele vai ligar outras mil vezes. Um castigo por sua sem vergonhice, há de lhe fazer bem!

Deixo a televisão em um canal de receitas e saboreio meu macarrão, buscando não pensar em nada.

Tomo longos goles do vinho, que me acalma, me deixando mais leve e livre para pensar.

- Julieta! Olha o que está fazendo! - Digo para mim em voz alta. - Ela te afetou! Voltou a se isolar, não precisa disso, és forte! Me recrimino e me elogio ao mesmo tempo.

Esse é um dos muitos exercícios que aprendi para lidar com a timidez e com o olhar das pessoas. Sempre dizer o ponto errado e elevar sua autoestima.

- Semana que vem ela vai se ver comigo! Se ela pensa que é esperta, eu posso ser muito mais! Não estou lá à toa, vovô sempre diz isso.

Termino meu macarrão e a taça de vinho, encho-a novamente e sigo na direção da cozinha, lavando meu prato e guardando.

Abro o freezer e puxo um pote pequeno com o gelato de dona Luiza, que sempre aparece por aqui.

- Hmm...fior di latte¹ - Saboreio depois de enfiar minha colher no creme.

Volto para a sala, me afundando no sofá, procurando um bom filme. Beberico o vinho enquanto tomo o sorvete e acho uma combinação genial.

- Delicioso! -Digo não muito sóbria

E assim, decido passar a noite, puxo uma mantinha, apago a luz enquanto assisto uma senhora com jeito de avó fazer um lindo bolo de carne.

O sono, chega de um jeito calmo, morno e sutil, acalmando meus nervos, enquanto finalmente ressono tranquila.

A sala amanhece ensolarada e com a televisão de fundo, eu desperto me espreguiçando lentamente.

Olho ao redor, de um jeito que tudo volta a se iluminar em minha mente.

A verdade é que sempre que alguma coisa me incomoda, ou me faz sentir-me pequena, eu me isolo, desde pequena, sempre me escondia debaixo das camas das minhas irmãs. Ninguém nunca olhava nas delas e era o lugar perfeito para não pensar em nada.

Respiro fundo e me sento no sofá, desligo a televisão e sinto uma carga de adrenalina surgir.

- Chega de enrolar! - Levanto em um pulo e ajeito o sofá.

Levo a taça, a garrafa e o pote de gelato para a cozinha.

Subo ao andar de cima, correndo pelas escadas laterais na cozinha em uma súbita competição comigo mesma.

Tomo um banho rápido e visto uma bermuda jeans e uma camiseta de personagem, calço chinelos e desço para a cozinha cheia de animação.

Lavo a pequena louça da noite anterior e abro a porta que dá para o jardim. Dando de cara com uma dona Luiza surpresa.

- Mas...o que faz aqui Piccola? - Dona Luiza abre um pequeno sorriso.

- Precisava respirar um pouco de saudade...- Respondo sorrindo.

- Ah! Va bene! Tudo bem? - Seus olhos fixam nos meus, de modo que não quer que escape mentiras.

- Agora sim! - Sou honesta.

- Lembra-se da vez que escondeu-se debaixo da minha cama? - Ela sorri com carinho. - Te conheço bem, piccola.

- Me conhece sim. - Sorrio pensando nesta lembrança. - Mas estou bem agora, quero ir ao pomar, fazer um bom café e um delicioso almoço para levar para as minhas irmãs.

- Pois pode ir! Eu vim trocar as cortinas da casa, me ignore. - Dona Luiza ri enquanto entra na casa e eu saio.

Sigo em direção ao pomar, sentindo a brisa fresca da manhã. Procuro alguns tomates, espinafres para a massa e o molho.
Busco mais alguns temperos e volto para a cozinha, decidida a fazer uma clássica lasagna italiana.

Depois de um café rápido, decido passar toda a manhã empenhada na lasanha, fazer a massa de espinafre é quase uma terapia, a espera do molho de panceta para apurar é um exercício de paciência, e, por fim, montá-la é uma realização.

Dona Luiza que disse que ia apenas trocar cortinas, mexeu na casa inteira, apenas para me fazer companhia.

- Trouxe sua sobremesa favorita! - Dona Luiza aparece no meio da tarde, com uma travessa, enquanto embrulho a lasanha, pronta para voltar ao carro.

- Tiramisú! - Sorrio indo de encontro a ela.

- Você é forte, minha querida, não se esqueça disso. - Ela me abraça forte.

- Obrigada! - Digo um tanto emocionada.

Retorno para casa com o coração mais feliz e calmo. Sou forte e sou a dona da empresa, ela não pode me vencer.

Sorrio dando partida no carro, ligo o som em uma rádio que toca animadamente e sigo para casa.

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¹ fior di latte = Doce de leite

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