Uma suposta facção de balé •...

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... More

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
15 | Brisé
16 | Emboité
17 | Chainés
18 | Penchée
19 | Balancé
20 | Pas de Deux
21 | Battement
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
32 | Pirouette
33 | Écarté
34 | Passé
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

22 | Entrechat

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By callmeikus

Oiiiiiiiiiii faccionáries! Que saudadeessss, misericórdia! Vocês estão bem!!! É tão bom voltar a postar a bebê 😭 (apesar de isso significar que outra bebê terminou)

Uai, ikus, não era às 19:00 a postagem??? Sim! Mas tive que marcar uma prova urgente por cima, então resolvi adiantar em vez de atrasar por cima (e devo estar postando direto de um busão, inclusive). Também falei com vocês pelo insta e ficou decidido que agora as postagens de USFDB vão ser sábado, às 19:00 pra não ficar corrido pra mim!

Capitulozinho cheio de mel, do jeitinho boiola que a gente gosta!! Espero que gostem!

Boa leitura e, se possível, comentem, por favorzinho! Me deixa muito muito feliz saber o que vocês estão achando da história! (principalmente agora que não tô conseguindo acompanhar minhas redes sociais direito :') )

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

 Jimin não se orgulhava da pressa que o apossou. Mas não poderia mentir: no fundo, gostava.

Era tão diferente de tudo que sentira até então. Nem saberia explicar. Ou talvez soubesse. Sentia-se tão... adolescente. Normal.

Até então, não considerava a adolescência tão chocante quanto comentavam. Achava até bom assistir coisas com classificação etária maior; sempre gostou de consumir todo tipo de conteúdo, ainda mais nos clássicos. De resto, seu corpo e apetite sexual cresceram, mas de forma moderada. E só.

Mas Jungkook... Parecia que Jungkook despertava todos os hormônios, sempre tão quietos, de uma vez só, em uma festa. Fazia sua pele queimar, o coração acelerar e a cabeça, sempre cheia de coisas, só pensar em uma coisa: nele. E por mais que um pedaço de Jimin resmungasse, alertando-o de que não estava sendo racional nem ponderado, de que poderia se machucar com tanta intensidade, fugaz; Jimin não ligava. Sabia de todas as possibilidades de dar errado, mas não ligava.

Seu coração poderia ser partido. Poderia sofrer a maior decepção de sua vida. Poderia não ser correspondido com a mesma intensidade. Poderia, até mesmo, sufocar Jungkook.

Mas poderia ser atropelado na rua. Escorregar no banheiro e bater a cabeça. Engasgar com pipoca.

E, droga, como queria Jungkook. Esperou o dia inteiro, ansioso para poder tê-lo e enfim aproveitaria. Poderia viver aquela maluquice adolescente que achara ser invenção de séries clichês. Não deixaria a chance passar. Era um sentimento tão único.

Pulou da cama e foi até o corredor. Observou, satisfeito, a porta dos pais fechada. Encostou a sua, ligou o abajur e, meio temeroso, desligou as luzes principais do quarto, a fim de chamar menos atenção. Sentia o olhar de Jungkook queimar em sua nuca. E o adorava.

Voltou à cama apenas para empurrar Jungkook em direção à parede. Este perdeu o ar e sorriu, apreciando a intensidade. Suspirou de satisfação ao sentir Jimin acomodar-se em seu colo e afundar as mãos em seus cabelos. Um beijo foi inevitável. Arfaram de prazer, mesmo com a singeleza do toque. Talvez fosse um alívio, finalmente se tocarem assim.

As mãos de Jungkook, que acariciavam a cintura de Jimin, ameaçaram subir pelas costas a fim de segurar o rosto alheio. Tinha visto as bochechas vermelhas, mas queria senti-las com seu próprio toque. Contudo, aguardou.

— Os furos tão doendo? — perguntou, utilizando o tempo de resposta de Jimin para beijar sua bochecha. Estava quente mesmo. Era deliciosa. Amava, tudo. Amava acariciar a cintura de Jimin com os polegares e sentir, de volta, ele passear os dedos entre seus fios.

— Não. Tinha até esquecido deles...

Jungkook deixou suas mãos escalarem pelas costas fortes, mas franzinas, até acolherem o rosto de Jimin com cuidado. Deixou um beijo na ponta do nariz pequeno, com o coração apertado de tanto amor. Gostava tanto, de tantos detalhes dele, que parecia irreal.

— Se eu segurar seu rosto assim, te machuca?

— Hm... — Jimin desviou o olhar, corado. — Muito. E aí, para sarar, eu quero mais beijos.

— Mas você pode ter quantos beijos quiser sem sentir dor também. — Jungkook riu e, mesmo entendendo a brincadeira, preferiu apoiar suas mão na nuca, roçando de leve os polegares na mandíbula de Jimin, que suspirou mais profundamente e saiu de seu colo. Era tentador demais.

Jimin acomodou-se no colchão ao lado e puxou Jungkook para mais um beijo. Fechar os olhos e se concentrar na textura das bocas e das línguas tinha virado sua atividade favorita. Ainda mais acompanhado das carícias de Jungkook.

— Ah, lembrei... — Jimin suspirou entre beijos. Era tão gostoso... sua cabeça não conseguia se concentrar.

— O quê? — Jungkook perguntou no mesmo tom, deixando um selinho na boca tentadoramente farta. Respirou fundo antes de se afastar e abrir os olhos.

— Eu te chateei hoje?

— Hoje? — Jungkook franziu o nariz. Jimin não se aguentou de vontade e o beijou. Não sabia se gostava de estar sem maquiagem e evitar encher Jungkook de gloss ou se sentia falta de ver a pele dele cintilar mais a cada toque seu.

— É... que eu fugi do abraço que você deu. Desculpa... É que sua mão foi na minha barriga, e aí fiquei muito nervoso e aí comecei a fugir de você porque, nossa... Fiquei com impressão de que se eu te olhasse nos olhos, não me aguentaria de vontade de te beijar. Você me deixou doido! — disparou as palavras com certo desespero. Jungkook, por outro lado, só conseguiu abrir um sorriso ainda maior.

— Ainda bem... — Jungkook ajoelhou-se em cima do colchão para se inclinar melhor na direção de Jimin, que replicou o movimento. Jungkook deu um beijo naquela bochecha tão macia, tão adorada por si. Na verdade, tinha vontade de beijar Jimin inteiro. Repousou as mãos na cintura dele. — Também tô super... doido por você. E também fiquei nervoso. Não me chateei porque acho que, se eu te olhasse, também não me aguentaria e te beijaria na frente de todo mundo...

— Aliás... Eu fiquei me perguntando... — Jimin murmurou e afastou o olhar, nervoso. — Na verdade... eu queria saber. Ai. Seus motivos para escondermos que... hm... a gente se beija. Sabe?

— Meus motivos? — Jungkook arregalou os olhos, surpreso. — Não tenho nenhum. Na verdade, só tô me segurando porque pensei que você não queria que... Sabe? Os outros soubessem. Por mim, eu contava até pra tia do hortifrúti!

— Jungkook! — Jimin gargalhou, dando um leve tapinha no peito dele para indicar sua falsa revolta. Por dentro, borbulhava. Eram aquelas as borboletas no estômago das quais tanto falavam? Estava deliciosamente nervoso. — Meu motivo também era que você não gostaria de contar aos outros...

— Nossa, nunca!

— Ei! Não use esse tom ofendido! Ou eu devo me ofender porque você imaginou que eu não gostaria que os outros soubessem?

— Ah, mas para você é um pouco complicado, né...? — Acariciou os fios cor-de-rosa, afável. Queria protegê-lo. Nossa, amava-o tanto. — Porque eu sei que você esconde algumas coisas pra se proteger, e eu não queria te atrapalhar nisso...

— Mas você esconde coisas também! Ou o balé é conhecimento público? — Jimin riu.

— Ah! É verdade! Mas então calma... A conclusão é esconder pro povo que a gente já esconde as coisas e mostrar pra quem já sabe das coisas?

— Hm... Estou de acordo. E você? Não precisa achar o mesmo que eu, você sabe que... — As justificativas nervosas de Jimin foram interrompidas por um beijo sedento. Ao sentir a língua de Jungkook pedir passagem, arrepiou dos pés à cabeça e buscou, com certo desespero, os fios negros; seu porto seguro.

Beijaram-se por longos minutos. A ponto do ar faltar e a cabeça ficar zonza de tanto prazer. Jimin não se lembrava mais do que falava. A única coisa capaz de notar era o rastro crepitante deixado em seu corpo por cada toque de Jungkook, como se permanecesse ali, queimando e queimando. Seus lábios pareciam incendiar de desejo, e a única coisa capaz de apagar tais chamas era a boca de Jungkook, que criaria mais. Não se importava de ficar preso nesse ciclo.

— Ah... Desculpa, desviei a conversa — Jungkook arfou, mas não parecia nem um pouco arrependido.

Jimin revirou os olhos, rindo, mas estava longe do direito de reclamar. Apenas empurrou Jungkook até que ele se deitasse na cama e o cobriu, enfiando-se debaixo dos lençóis logo depois. De frente um para o outro, embolaram as pernas e as mãos ficaram perdidas; havia tantos lugares em que gostariam de tocar. A infinidade de opções era uma tortura. No fim, buscaram os lugares cativos: cabelo e cintura. Jimin e Jungkook riram com a própria obviedade.

— Desvia mais... — Jimin pediu, fechando os olhos, à espera. Conseguiu sentir os lábios de Jungkook tocarem os seus com um sorriso esboçado. Sorriu também. Amava-o tanto...

Jungkook sentia-se o protagonista do melhor clichê já existente ao ter Jimin em seus braços. Logo ele, sempre tão coadjuvante, até de não-ficção, sendo protagonista de um romance. Adorava cada mísero detalhe. Tinha muito a falar com Jimin, mas sabia que não daria certo, porque tinha muito a provar da boca dele, do rosto corado. Sempre desviaria a conversa. Que coisa.

No fim, nenhuma conversa a mais foi desviada, nem iniciada. Apenas beijos findados, pois Jimin e Jungkook foram acolhidos pelo sono.

Desejavam tanto, tudo, que carregavam um misto bagunçado de vontades e emoções, sem saber escolher qual viver primeiro. Talvez, o único ato que se sobressaía ante a tudo, desde a confusão até o sono, fosse o abraço; a primeira cláusula daquele contrato primordial de cumplicidade e amor.

Ressonaram acolhidos no corpo um do outro.

-💋-

Como esperado, Jimin acordou primeiro na manhã seguinte. Nem conseguia achar ruim. Não sobrara um rastro sequer de vergonha ao encarar o rosto tão próximo do seu, compartilhando o travesseiro. Na verdade, encararia-o para sempre, se pudesse. Levou as mãos até as bochechas macias, acariciando-as, já ciente de que não despertaria Jungkook com aqueles toques.

Só não achava sua expressão sonolenta a mais linda e adorável de todas porque Jungkook era dono dos olhos mais expressivos do mundo. Brilhavam, tão cheios de vivacidade, que o mundo inteiro parecia se iluminar. Então, naquele embate, Jungkook adormecido perdia, apesar de ser um grande concorrente. Jimin amava o jeito do Jungkook de olhar.

Passou um tempo escutando a respiração tranquila e gostosa dele ao ressonar, sentindo o calor dos braços enlaçando seu corpo. Ainda bem que o clima estava um inferno de tão quente, porque se estivesse frio, Jimin nunca teria coragem de sair do abraço e dos lençóis.

Desvencilhou-se. Como previsto, Jungkook nem mexeu. Jimin aproveitou para trocar de roupa rápido porque, com toda aquela nova tensão entre eles, não era tão natural quanto antes.

Escovou os dentes e desceu as escadas, esperando encontrar os pais para contar que ele e Jungkook... se beijaram? Precisava dar um nome para o que tinham? Será que eram ficantes? Era assim que o pessoal da escola falava, certo? Ou namorados? Se bem que, para serem namorados, alguém deveria pedir...

Será que deveria pedir?

Nossa, como deveria pedir? Com um jantar especial? Talvez fazer algum presente? Jimin tropeçou no último degrau das escadas, aquelas que passou a vida inteira descendo, e notou estar fazendo perguntas difíceis demais para si; mal havia acordado. Que difícil!

Porém, para sua surpresa, a cozinha estava vazia. Sentiu uma espécie de alívio. Mas esse alívio ressoou tão estranho em seu peito; não entendia. Desde quando ficava aliviado de não precisar falar algo para os pais? Eles sempre sabiam de tudo, porque Jimin gostava de contar tudo.

Será que estava nervoso com a reação deles? Não seria criticado por gostar de um garoto. Também não achava um problema o garoto ser Jungkook. Seus pais adoravam Jungkook. Quem não adoraria? Por que estava envergonhado? E tão nervoso?

É, Jimin realmente precisava parar de acordar se fazendo tantas perguntas difíceis. Poxa! Nem era para o cérebro funcionar direito àquela hora do dia. Colocou ovos para cozinhar enquanto subia para pegar o celular e ver se seus pais mandaram alguma mensagem.

Eram 10:37, Jimin espantou-se. Não costumava dormir tanto assim. Piscou os olhos, perdido, pois para alguém que acordava às 05:00, era mesmo muito tarde. Havia uma mensagem de seus pais avisando que combinaram de almoçar na casa de amigos e que saíram com antecedência para passar no supermercado. Também recapitulavam a comida disponível na geladeira e deixavam uma indireta no ar que deu a Jimin a certeza de que... já sabiam de tudo. Sabiam do relacionamento entre ele e Jungkook muito antes deles mesmos.

Mais um motivo para não ficar nervoso de contar aos pais. Contudo, a incerteza do que eles eram, permanecia. Não deveria ficar tão nervoso em conseguir colocar nomes daquela forma; tudo era tão recente. Fazia exatos sete dias desde o primeiro beijo, estava pensando demais.

Respondeu aos pais, lavou o rosto e desceu para terminar de preparar o café. Achou que teria de abraçar aquela grande missão de fazer Jungkook acordar e suas bochechas coravam com a ideia de beliscar os mamilos dele, mas, para sua sanidade, Jungkook acordou sozinho.

Ele desceu com roupas abarrotadas, cabelo emaranhado e olhos remelentos. Jimin atestou a própria paixão mais uma vez ao achá-lo tão lindo daquele jeito. Aproximou-se para oferecer um cafuné e um beijo. Jungkook desviou, porque não havia escovado os dentes.

— Gracinha! Por que desceu todo podre assim? — resmungou, pouco convincente ao enlaçar os braços pela cintura e colar as costas dele contra seu peito.

— Queria te dar bom dia antes... — A voz ainda rouca de sono em resposta quase desmaiou Jimin.

— Droga...

— Quê? — Jungkook se despertou um pouco com a preocupação. Qual seria o problema do bom dia?

— Te amo demais. Você é fofo para caralho... — Jimin respondeu de uma forma difícil de interpretar: doce, mas banhada de falso contragosto.

Jungkook afrouxou o abraço de Jimin apenas para virar-se de frente. Ajustou os braços de volta em sua cintura enquanto sorria. Então, acomodou o rosto de Jimin nas mãos. Não saberia explicar como não desmaiou ao assistir, da primeira fileira, Jimin ceder a expressão implicante para afundar o queixo em seu toque. Doce, entregue. Os olhos de pálpebras gordinhas e cílios curtos fecharam-se. Um sorriso esboçou-se nos lábios cheios, livres de gloss. A falta da maquiagem também deixava à vista o tímido rastro de pelos que sobrava mesmo ao se barbear. Era impressionante como, quando se tratava de Park Jimin, tudo era exatamente como deveria, de todas as formas.

— Droga... Tô arrependido de ter descido podre, queria muito te beijar agora — Jungkook suspirou, nervoso, mas afagou as bochechas macias, e o coração acelerou mais ainda ao ver a expressão de Jimin relaxar. Era a mais linda. Antes que pudesse se conter, começou a massagear seu rosto, queria mapear mais expressões de Jimin com seus toques. — Te amo. Muito.

— A gente é bobo, né...

— Por quê?

— Não sei dizer... Mas me sinto bobo... — Jimin ainda não fazia questão de abrir os olhos, aproveitando. Deixou suas mãos se firmarem na cintura de Jungkook para manter o equilíbrio. — É bom. Será que vai ser assim para sempre ou é só porque é a primeira semana?

— Você tá pensando muito na frente de novo... E acho que dessa vez nem tem muito como planejar ou fazer lista, né?

— É... — Jimin suspirou e abriu os olhos de repente, Jungkook teve dificuldade de conter o sorriso. E, portanto, "o bafo de dragão". Com muita dificuldade, Jimin empurrou Jungkook. — Vai escovar os dentes logo, gracinha! Você está testando demais minha paciência!

— Paciência? — Jungkook riu.

— Uhum. Paciência para me conter de te beijar inteiro. Vai logo ou eu avanço com bafo mesmo, e vai ser triste para nós dois! E rápido! Ou não vai dar tempo da gente se beijar um pouco antes do café esfriar.

— Sim, senhor! — Jungkook gargalhou mais ainda e correu escadas acima, porque fazia sentido, porque queria beijá-lo. E porque queria ouvir mais...

Ouvir mais daquele jeito gostoso que Jimin arrumava de ser marrento mesmo falando de beijo.

-💋-

Aquela manhã de domingo foi comum. Exceto o incremento de paixão correspondida, claro. Jungkook escovou os dentes. Eles se beijaram. Tomaram o café da manhã. E beijaram. Arrumaram a cozinha. E beijaram. Alongaram-se. E beijaram. Estudaram geografia e história da arte. Cada resposta certa valia um beijo; o único jeito de motivarem-se, ou passariam a manhã inteira... beijando. Treinaram um pouco mais do salto do balé. Jungkook tinha pegado o jeito treinando com a Momo durante a semana, mas com Jimin... a cada pausa, beijavam-se. Céus... até regaram as plantas se beijando.

Volta e meia perguntavam um ao outro se não tinham se cansado. Ficavam com tanta vontade de beijar que temiam ser demais e sufocar o outro. Mas a discussão que começava temerosa terminava em mais beijos. Seria fácil se tudo na vida fosse assim: concluísse em beijos.

Estavam tão mergulhados um no outro que Jungkook só percebeu a falta de Bongcha e Jina na hora do almoço — tardio, porque acordaram atrasados —, quando foi planejar a quantidade de porções para cozinhar. Jimin explicou da visita deles aos amigos. E começou a ficar nervoso. Porque todas as perguntas que rodeavam insistentemente sua cabeça — e das quais livrou-se por um momento ao estar tão compenetrado na boca de Jungkook —, voltaram.

Não sabia se deveria fazê-las. Então mordeu os lábios, preocupado. Jungkook, que preparava uma salada ao lado, não notou sua preocupação. Mas notou os lábios, então uniu os seus, oferecendo uma distração sob medida, a mais deliciosa.

Com isso, Jimin passou um tempo afastado da realidade, cortando, mergulhando em vinagre e lavando quiabo. Pensando em quê? Beijo, claro. Não sabia pensar em outra coisa.

E, enquanto se estressava consigo por estar pensando em beijo de novo, o fio da meada o levou para a preocupação antiga. Droga.

Preferia ter continuado pensando em beijo.

Será que deveria falar? Jungkook adorava falar sobre tudo, mas nossa... Fazia só uma semana. E se estragasse tudo?

Respirou fundo.

Jungkook merecia saber o que sua cabeça bagunçada insistia em voltar a pensar, ele sempre se mostrou merecedor de sua sinceridade. Se fosse para filtrar alguns assuntos, faria-o depois de alguma conversa ter sido negativa pela primeira vez.

Era o que pensava Jimin, claro, tentando ser racional. A verdade era que estava tão apaixonado por Jungkook que temia, sim, conflitos. Temia decepcioná-lo e temia perdê-lo.

Amizades poderiam ser complicadas? Sim. Apesar de ter passado alguns anos sozinho, Jimin sabia como funcionavam amizades. Pelo menos a ideia geral, sem entrar no detalhe de quem era o amigo em questão, o que poderia mudar muita coisa.

Mas era sua primeira vez em um relacionamento romântico. Tinha medo de cometer uma gafe. Queria um manual de instruções.

Respirou fundo.

— Jungkook... — Jimin chamou, com a voz hesitante, encarando o quiabo com concentração exagerada.

Mais do que acostumado àquele tom de voz e seus significados, Jungkook aproximou-se de Jimin, apoiando o queixo em seu ombro e enlaçando sua cintura, de costas. Deixou um beijo breve no pescoço e riu fraquinho ao senti-lo arrepiar mesmo com um toque tão leve.

— Tô aqui.

— Até demais... — resmungou e, ao ouvir Jungkook rir de novo, sentiu o rosto queimar.

— Quer que eu me afaste?

— Você sabe que não.

— Sempre bom ter certeza. Então, o que aconteceu?

— Eu só... queria saber...

— O quê?

— Ai! Você nem me deixa respirar direito, calma! — Mais uma vez um tom mandão dominou sua voz, sempre para esconder a timidez. Jungkook estava calmo. Jimin era quem não estava, e sabia disso. Respirou fundo e sentiu o... amigo? Bem, não gostava mais de usar apenas aquela palavra, mas o amigo deixou um novo beijo em seu ombro, indicando estar ouvindo. — Eu... só... Ai. Só queria saber... o que a gente é, sabe?

Houve um silêncio, mas Jimin jurava ser capaz de ouvir as engrenagens do cérebro de Jungkook trabalhando. Depois de muito pensar, mas pouco concluir, Jungkook perguntou:

— Hm... Isso é uma pergunta filosófica ou tem algum tipo de resposta certa?

— Acho que tem um tipo de resposta certa... Mas dentro desse tipo, tem várias opções de resposta.

— Tô ficando mais confuso.

— Você está sendo sonso? — sibilou Jimin. O coração estava tão acelerado, sentia-se prestes a explodir. Explodir. Derreter. Quanto nervosismo. Piorou quando Jungkook fez com que se virasse de frente para ele. Encarar aqueles olhos redondinhos... era uma grande luta.

— Juro que não! O que a gente é? Você é um futuro professor e eu um futuro bailarino...? Não é essa a resposta?

— Não... Estou tentando falar mais para o lado... romântico.

— Ah, tá! — O rosto dele se iluminou ao enfim entender a questão. Jungkook, inundado de alegria e alívio ao compreender, sem pensar, respondeu: — Somos melhores amigos que se beijam e que se amam muito, romanticamente também. Basicamente um namoro, só que não oficial. Essa é a minha visão, e a sua?

— Então... — Jimin sentia as pernas amolecerem. Bambas. Basicamente um namoro. O mero pensamento de suas próximas palavras o deixava ainda mais trêmulo, mas as pronunciou com a voz vacilante: — Por que não oficial?

— Você tá sugerindo que quer me namorar? — O coração de Jungkook foi parar na garganta. Esperava que Jimin não percebesse o quanto tremia naquele exato momento.

— Falando desse jeito fica tão... Esquece. Mas nós já namoramos, basicamente, não é? Só falta o pedido.

— Entendi — completou Jungkook, afoito. Depois, pigarreou. E respirou. E, aproveitando a carona da própria expiração, continuou: — Namora comigo?

— Só isso?

— Desculpa! É que na minha cabeça, a gente já namora. Você tá querendo algo específico? Me conta, eu faço! Desculpa! Ai, nossa, pensando agora, foi um pedido meio bosta mesmo! Nem ajoelhei nem nada, né? Nos filmes pelo menos ajoelham. E levam pra jantar. E fazem algo bonitinho. Ai, meu deus... Desculpa!

— Não, não precisa pedir desculpas! Eu que tenho que pedir. — Jimin respirou fundo e segurou com firmeza os ombros alheios para impedir Jungkook de se ajoelhar, mas também incerto de sua capacidade de se manter em pé sozinho. Estava tão nervoso. Mas precisava continuar. Quanto mais pensava em como suas palavras soaram para Jungkook, mais queria se jogar da janela. Como a janela não era uma opção viável, precisava se esclarecer. — Não estava tentando falar no sentido de que o pedido foi insuficiente, só que... fiquei nervoso, e não sabia como te pedir. Calma. Continua confuso. Vou começar do começo... É que hoje de manhã, acordei pensando em contar aos meus pais, que nem a gente combinou ontem, sabe? Mas aí me perguntei como contar isso... Se somos ficantes, se somos namorados, se eu só beijei você... E eu gostei de namorados. Mas aí fiquei pensando como seria pedir você em namoro. Fiquei pensando por muito, muito tempo, aí na minha cabeça virou algo grande, um bicho de sete cabeças, que nem eu sempre faço... E aí você fez ser tão simples que não acreditei. Mas namoro, Jungkook! Namoro você, sim! Desculpa. Por favor, namora comigo!

— Namoro! — concordou Jungkook, tão feliz, ansioso e nervoso que sua voz esganiçou.

Ambos caíram na gargalhada e enfim relaxaram um pouco entre os braços antes tensos um do outro. Uniram os lábios em um beijo meio trêmulo. Um beijo cheio de respiração, nervosa, nascida dos peitos que ainda martelavam com força um contra o outro. Sentiam, no corpo alheio, todo o nervosismo, mas também toda aquela paixão eufórica.

Jungkook, satisfeito, suspirou entre os lábios de Jimin. Afastou-os apenas para murmurar:

— Vou ter que fazer uma confissão... Acho que fui preguiçoso. Em geral, eu faço as coisas devagar pra não te apressar, né? Porque eu sei que sou meio desesperado, e você meio medroso. Então, quando eu pensava nessas coisas que nem você, deixava pra lá, esperando você ficar pronto, mas... eu costumo ser mais insistente, né? Acho que fiquei preguiçoso porque meio que já me sinto em um namoro com você, aí não fiquei com aquela pressa de sempre; porque eu fico com muita, muita vontade que aí eu me apresso. Agora, quando eu ficava com muita, muita vontade, eu só te enchia de beijo.

— Bobo — Jimin resmungou, afastando o olhar. Feliz demais.

— Por você.

— Também. — Abaixou a cabeça, tomando coragem. — Por você. Namorado.

— Socorro! — Jungkook fingiu cambalear para trás, levando Jimin junto. — Meu namorado disse que é bobo por mim. Acho que vou desmaiar!

— Bobo!

— Já disse que sim, por você. — Jungkook sorriu. Jimin também. Beijo. Vários. Longos.

Interromperam-se para cuidar da comida que demandava atenção. E perceberam, em meio a risos, serem muito desesperados mesmo. Enfiaram um pedido de namoro no meio do preparo do almoço. Nem aguentaram esperar. Ao menos, sabiam que eram bobos.

— Gosta de ser meu namorado? — Jimin perguntou baixinho, envergonhado. Jungkook, com sua audição aguçada para palavras de carinho, saltitou até Jimin no fogão, abraçando-o de novo. Esperava que ele não se cansasse de seu grude, porque encarando o ombro exposto pelo vestido de alcinha, não aguentou a vontade de beijá-lo. Depois, não aguentou a vontade de subir os beijos até a bochecha, passando pelo pescoço.

— É uma honra. — Quase esqueceu de responder, de tão entretido com a textura da pele de Jimin contra a boca, com os arrepios que causava nele. — E você? Gosta de ser o meu?

— Nem acredito que namoro a pessoa com o sorriso mais lindo do mundo — comentou, mais baixo ainda. As bochechas queimavam de vergonha, mas o coração, de orgulho e de amor.

— Poxa, mas essa é você — Jungkook resmungou, manhoso. — E seu pai, né? Porque você tem o sorriso dele.

— Sogro issues? — Jimin provocou.

— Ai... Não chama ele de sogro! Agora eu tô nervoso! Será que eu deveria ter pedido pros seus pais antes de te pedir em namoro?

— Não mesmo. Eles iriam rir da sua cara. — Jimin desligou o fogão. Jungkook, de pronto, foi buscar os pratos para se servirem. Logo, encontravam-se sentados à mesa, prontos para comer, encostando os pés por baixo da mesa.

— Por quê?

— Porque quem vai namorar você sou eu, não eles. O que você vai pedir a eles? Modos muito antiquados e patriarcais. Não tenho nenhuma intenção de pedir aos seus.

— Ah, mas os meus a gente tem que esconder tudo, né...? Os seus são diferentes.

— Exato. São diferentes. E já até te conhecem, então nem têm a preocupação de ter uma pessoa desconhecida namorando o filho. Menos motivos ainda para eles precisarem dar uma suposta permissão. Acho isso abominável. Pais estão aí para dar conselhos, chutar a bunda de pedófilos e consolar quando fazemos escolhas erradas.

— Eu sou uma escolha errada?

— Nunca.

— Como você tem tanta certeza disso? — Jungkook deu uma risadinha, adorando experimentar o sabor de ser provocativo. — Você não sabe o futuro.

— Jungkook... — Jimin chamou o nome de uma maneira que fez o... namorado arrepiar da cabeça aos pés. — O jeito que você me faz sentir, agora, no presente, é tão bom que já valeu toda a experiência. É incrível. Muito bom mesmo. E eu nem consigo ter medo do meu futuro com você. Só consigo sentir expectativa. Isso é o quanto eu te amo.

— Nossa... — Jungkook engasgou-se nas próprias palavras, o rosto completamente vermelho. Não esperava ouvir algo do tipo. Estava tão feliz. — Isso é... Obrigado.

— Não me agradeça, mérito seu. Você sabe que não sou de me abrir.

— Sei... Por isso que sua sinceridade toda tá me assustando um pouco.

— Desculpa...

— É de um jeito bom! — Jungkook, de tão nervoso, deixou seu talher escorregar. O tinido contra o prato serviu de orquestra desastrada para todo o amor que sentia. Jimin, do outro lado da mesa, parecia muito longe. Estendeu sua mão. — Muito bom. Eu, nossa... Te amo muito, de verdade. Droga, parece que "eu te amo" não é o suficiente!

— Entendo bem... — Jimin sorriu e deixou sua mão escorregar pela mesa também. Suspirou ao ter os dedos enlaçados com tanto cuidado. — Mas por falta de palavras melhores: eu te amo, gracinha.

— Te amo tanto, tanto!

— Eu sei. Agora coma, antes que esfrie.

— Droga, mas meu estômago tá todo revirado de amor agora! Quero te beijar logo. E quero achar uma palavra boa logo.

— Entendo também... Mas a gente não precisa ter pressa, lembra?

— Não?

— Claro que não. A gente é namorado agora. Oficialmente. Temos todo o tempo do mundo.

— É verdade! Namorado...

— Namorado...

Namorado.

— Agora pare e coma direito!

— Tá bom, namorado — Jungkook provocou uma última vez.

Jimin ergueu o olhar do seu próprio prato, levantando a sobrancelha em um sinal de alerta que logo se desmanchou em um sorriso apaixonado. E Jungkook reconhecia estar sorrindo da mesma forma, era contagiante. Apesar do coração acelerado e do estômago vacilante, voltou a comer. Natural, como tudo era com Jimin. Desde conversas bobas, sessões de estudo, aquecimento global, beijos despretensiosos e até mesmo...

Pedidos de namoro desajeitados.

»»🩰««

OS NAMORADINHOS MEU DEUS DO CÉU QUE TRISTEZA EU NÃO AGUENTO MAIS MEUS BOIOLINHAS SÃO TÃO BOIOLASSSS 😭😭😭😭😭😭😭😭😭

Ah, não se esquece de deixar seu votinho! 💜

Qual foi sua cena favorita? A minha é a do pedido de namoro porque eu amo o contraste do Jimin super hiperracionalizando as coisas e o Jungkook só metendo a boca no trombone, sério, a dinâmica deles me pega demais!!

Como sempre, muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e surta comigo lá na #EstrelandoOCoadjuvante! Detesto estar meio ausente do twitter e sinto mta falta de vcs :( pelo menos no meu insta (callmeikus também) eu sempre posto stories escrevendo, caso vocês queiram me encontrar por lá! Espero voltar a fazer as postagens no feed em breve tbm! Saudades!

Beijinhos de luz e até 18/06 às 19:00! Amo vocês!

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