IVAN (capa provisória)

By CinthiaFreire7

4.7K 906 1.7K

Cabelos perfeitos, roupas de grife, festas, música, dinheiro, poder... É fácil esconder quem você é de verda... More

E lá vamos nós!!!
PRÓLOGO
CAPITULO 1
CAPITULO 2
CAPITULO 3
CAPÍTULO 4
CAPITULO 5
CAPÍTULO 6
CAPITULO 7
CAPITULO 8
CAPITULO 9
CAPITULO 10
CAPITULO 11
CAPÍTULO 12
CAPITULO 13
CAPITULO 15

CAPÍTULO 14

185 40 57
By CinthiaFreire7

*** capítulo sem correção ortográfica ***

Cindy

Estou tremendo, minhas mãos não conseguem parar, minhas pernas balançam descontroladamente e minha garganta parece prestes a se fechar.
Acho que estou tendo uma crise de pânico.
Encaro a porta esperando que ela se abra, faz só alguns segundos desde que ela disse que estava descendo, mas sinto como se fosse muito mais.
A porta finalmente se abre e Maddie aparece na minha frente.
— Desculpa te atrapalhar. — digo, sentindo meu lábio inferior tremer. — Se quiser eu posso ir embora. — continuo, implorando para que ela não faça isso.
— Cala a boca e entra logo. — ela diz,  o rosto sereno e tranquilo enquanto segura minha mão e me puxa para dentro.
— Eu não sabia para onde ir e...
— Tudo bem, não precisa dizer nada, vem comigo.
Maddie me leva pela mão atravessando a ampla sala de estar e subindo as escadas, passamos por três portas fechadas antes de chegar a que imagino que seja o seu quarto, não consigo prestar atenção em nada além do cheiro dela que está impregnado no ar e na foto bonita que está ao lado da sua cama.
— Você está com fome? Quer beber alguma coisa? Um chá?
Nego com a cabeça me sentando em uma poltrona confortável, Maddie retira a pilha de livros do chão e se senta a minha frente ainda segurando minhas mãos.
— Quer conversar?
Nego mais uma vez, porque não sei o que eu poderia falar sem começar a chorar.
— Tudo bem, tudo bem, pode ficar aqui o tempo que precisar. — ela aperta suavemente minhas mãos e balanço a cabeça, sentindo as lágrimas pinicarem meus olhos. — Vou buscar agua, você pode ficar um pouco sozinha?
— Sim. — sussurro e ela se levanta saindo do quarto.
Levanto e caminho por ele, os braços em volta da cintura, o coração pesando uma tonelada, uma vontade louca de ligar para o Nuno e falar “eu tentei, eu tentei falar com ele, não deu certo”.
Engulo o nó em minha garganta e paro na frente de um mural de fotos, olho algumas reconhecendo a família de Maddie, seu cachorro, Levi, há até uma comigo e Stella em uma noite de meninas a algum tempo atrás, e então eu o encontro.
Os braços em volta dos ombros de Nuno e Maddie, os cabelos bagunçados naquela desordem que é tão dele, os olhos apertadinhos em um sorriso que deixa suas covinhas em evidencia. Ele parece tão feliz, leve, bonito.
Eu não estou na foto.
Talvez seja por isso.
Estico meus dedos trêmulos até tocar uma mecha rebelde de cabelos, se eu fechar os olhos ainda posso sentir a textura, ainda posso lembrar do hematoma se formando, inchando seu rosto perfeito, ainda posso sentir o gosto amargo do medo em minha garganta.
Eu não fecho os olhos.
Não ouço a porta se abrir, mas sinto quando Maddie se aproxima e para ao meu lado.
— Ei, está tudo bem, você não acha melhor se sentar? — ela me abraça e caminha comigo até que estejamos na sua cama onde me deixo sentar.
Meus olhos estão nublados, minha cabeça dói e não consigo respirar. Abaixo minha cabeça entre as pernas e tento respirar, foi uma péssima ideia ter vindo até aqui, mas era isso ou correr atrás de um pobre garoto e usa-lo como a escrota sem coração que ele me acusou de ser.
Ou pior... me deixar ser usada da pior forma possível, como venho fazendo.
Flashes das suas mãos sobre mim, da sua voz em meu ouvido, do seu corpo pesado sobre o meu me fazem sufocar. Fecho os olhos com força, desejando poder voltar no tempo e dizer não,  poder mudar quem sou, apagar minhas lembranças, todas elas.
Coloco as mãos em meus ouvidos, apertando com força, quando um gemido escapa dos meus lábios.
— Respira. — Maddie diz, suas mãos delicadas e firmes estão segurando meus braços, como se temesse me deixar cair, sem saber o quanto eu desejo cair.
— Eu não consigo. — digo, a voz abafada pelo pavor.
— Só respira. — ela pede e tento puxar o ar.
— Não dá... — engasgo com as lágrimas que agora desabam no chão sem cerimônia.
— Shhh, vamos respirar juntas. — ela diz, mas o ar não vem e sinto seu corpo se aproximando, me envolvendo em um abraço desengonçado, mas que de alguma forma, tem um efeito tranquilizador enquanto ela respira comigo.
Ficamos um tempo assim, deitadas na cama, abraçadas, respirando em sincronia, seus braços em volta do meu corpo, suas mãos entrelaçadas nas minhas, uma camisa de força humana, capaz de me manter lucida enquanto a pior crise da minha vida vai embora, levando com ela o tremor, a dor, a culpa, deixando comigo o vazio que sempre fica quando tudo acaba.
— Você é boa nisso. — digo me afastando um pouco e me virando para ficar de frente para ela.
— Minha mãe as vezes obriga a casa inteira a fazer meditação, aprendi a respirar direito.
— Sua mãe é legal.
— Ela é, mas não conte para ela, gosto de fingir que é difícil ser sua filha as vezes.
Sorrio mais por educação, eu adoraria fazer qualquer coisa com minha mãe, não me importaria se fosse meditar. Droga, eu não me importaria nem mesmo se fosse para  escalar o monte Everest, desde que ela estivesse ao meu lado, que ela me enxergasse que compreendesse que eu a quero ao meu lado.
Maddie não sabe a sorte que tem, mas não serei eu a dizer isso para ela.
— Eu sei que você não quer conversar, mas se precisar falar, eu estou aqui, prometo ficar quietinha e só ouvir.
— Sua mãe te ensinou isso também?
— Um pouco, mas na verdade toda apaixonada por livros é um pouco ouvinte, já ouvi histórias suficientes para saber que as vezes as pessoas só precisam de alguém que as escute.
— Eu não sei porque liguei para você.
—Talvez você não tivesse muitas escolhas em uma sexta a noite. — ela sorri, um pouco tímida.
— Você sabe que não é verdade, eu tinha muitas opções.
— Então talvez você saiba porque ligou para mim.
— Acho que eu precisava de uma amiga de verdade.
— Então talvez você tenha ligado para a pessoa certa. — seu sorriso se espalha e sinto meu coração ficar um pouquinho mais leve.
Respiro fundo sentindo meu peito se encher esvaziar em um suspiro dramático, fecho os olhos e por um segundo acho que isso tudo é uma grande bobagem, mas então Maddie volta a segurar minha mão.
— Eu sou uma boa ouvinte Cindy. — ela sussurra e então começo.
— Eu vi o Ivan morrer, bem na minha frente. — digo ainda de olhos fechados, relembrando tudo pela enésima vez. — Vi seus lábios escuros, sua pele clara quase transparente, vi seus cabelos espalhados pelo chão frio, vi minha vida inteira passar por mim e ser levada com ele para um lugar onde eu não o alcançava. Foi horrivel.
— Eu sei. — ela sussurra, mas é mentira, ela não sabe, e nunca vai saber, porque seu adorável Levi está bem, ele nunca vai se colocar em perigo dessa forma, porque ela nunca vai machuca-lo.
— Eu faço mal para o Ivan. — admito em voz alta.
— Não é verdade, você o adora.
— Eu disse que faço mal, não que não gosto dele. Uma coisa é diferente da outra.
Maddie parece refletir por um momento, como se tentasse entender o que estou dizendo.
— Ele te disse isso?
— Ele me disse coisas horríveis, mas todas eram verdadeiras.
— Ele tá magoado.
— Eu sei. — olho para o desenho da colcha enquanto assimilo suas palavras.
— Talvez tudo isso sirva de lição, uma segunda chance.
— Nós não temos mais chances, eu acabei com todas.
— Você teve medo dele morrer sem saber o que sente por ele?
— Não, eu tive medo de viver em um mundo onde ele não sorri mais para mim.

***

A campanhia nem chega a tocar, no instante em que ouvimos o carro velho e barulhento de Stella estacionando na frente da casa da Maddie descemos as escadas correndo e abrimos a porta como se fossemos crianças a espera do papai Noel.
— Trouxe cafés especiais para nós  — Stella ergue a bandeja descartável com os 3 copos grandes de café e meu estomago se agita.
Estou faminta.
Não me recordo a última vez em que comi algo decente e o cheiro do café gelado com chantilly que inunda minhas narinas me deixa tonta.
— Eu já disse que te amo? — Maddie retira a bandeja das mãos de Stella que entra na casa com um sorriso que deveria ser imoral de tão bonito.
Na verdade ela é linda, não só seu sorriso ou seus longos cabelos escuros e brilhantes, nem seus olhos que sorriem junto com seus lábios ou seu corpo de curvas elegantes.
Stella é linda porque ela é uma mulher cheia de amor, um amor que preenche tudo a sua volta, e que a faz sorrir mesmo dirigindo um carro velho e barulhento porque tudo que ganha dando aula para adolescentes podres de rico é para ajudar a sua irmã doente
— Já mas eu não me importo se disser mais uma. — ela coloca sua bolsa e as chaves em cima da mesa e seguimos Maddie até a cozinha onde ela coloca a bandeja e se vira para pegar uma caixa de biscoitinhos amanteigados que fazem minha boca salivar.
— Essa é a maior prova de amor que eu poderia te dar. — ela chacoalha a caixa no ar, o cheiro doce fazendo meu estômago doer e minhas mãos suarem como se eu estivesse prestes a ser torturada. E estou.
— O que é isso?  — Stella faz um coque enquanto se senta e puxa um copo para si.
— Os biscoitinhos mágicos da Madalena. — respondo.
— Então quer dizer que sopas não são suas únicas especialidades?
— Na verdade, essa é uma receita de família, minha avó dizia que sua tataravó trouxe de Portugal em um navio negreiro. — Maddie dá um sorriso triste, mas cheio de orgulho enquanto conta como uma garota assustada, decorou a receita de sua mãe e ficou repetindo-a incansavelmente para fugir dos horrores que a escravidão lhe proporcionou.
Elas engatam um papo emocionante sobre tradições familiares e eu me pego encarando o copo a minha frente, me desligando do assunto, sentindo o peso das calorias queimarem as pontas dos meus dedos enquanto meu estomago súplica por algo. A guerra entre a razão e a emoção,  entre minha mente e meu corpo.
Levo o canudo a boca, sentindo os dedos tremerem em contato com o material gelado, gemo quando a explosão de sabores preenche minha boca inundando cada sentido do meu corpo.
É mágico,  intenso, delicioso.
Devo ter choramingado porque de repente o assunto acaba e tem dois pares de olhos me encarando como se eu tivesse acabado de fazer algo impróprio.
— O que foi? — pergunto sem graça, sentindo o café revirando em meu estomago vazio.
— Você estava gemendo. — Stella diz, com seu sorriso irritantemente bonito.
— Não estava não.  — defendo-me afastando o copo como se fosse radioativo.
— Estava sim. — Maddie concorda e reviro os olhos irritada por ter sido pega fazendo algo tão... estranhamente bom.
— Enfim, tanto faz. — ergo os ombros e esmigalho um biscoitinho, torturando-me de vontade de comê-lo.
— Mas e aí? Porque vocês me chamaram? —Stella muda de assunto como se pudesse sentir minha tensão.
— A Cindy que deu a ideia. — minha amiga linguaruda diz.
E então me dou conta da realidade, Maddie é mesmo minha amiga, ao longo desse ultimo ano nos aproximamos e pouco a pouco a linda garota negra de olhos suaves e gentis se tornou alguém importante para mim. Alguém para quem eu corro quando estou me afogando.
Uma amiga de verdade, não uma companheira de balada.
— A Cindy? É mesmo? — Stella pergunta surpresa.
— Não foi bem isso, a gente só achou que você poderia querer... — olho em volta sem saber o que dizer.
— Ver um filme? — Maddie completa.
— Isso, ver um filme com a gente.
Stella olha para Maddie e em seguida para mim e tenho certeza que ela não acreditou em merda nenhuma do que estou dizendo.
Droga, eu nem sei o que estou fazendo, desde quando me tornei uma menininha insegura e melosa que se entope de açúcar e fica rindo de bobagens ao lado de garotas que suspiram por palavras de amor escritas em um papel? Desde quando deixei que essas duas pessoas se tornassem assim tão importantes para mim?
Eu não posso deixar que elas entrem tão fundo assim no meu coração, porque toda vez que alguém se aproxima de mim eu a machuco, e não quero machucar Maddie e Stella. Elas são especiais demais.
Não vou suportar ver mais uma pessoa que amo sofrer por minha causa. É o que digo para mim todos os dias, é o motivo pelo qual venho aguentando tudo,  para que nada de ruim aconteça a elas, assim como foi com ele, assim como faço a minha vida inteira, sou a represa que protege a vila, o escudo que recebe a flecha. Eu sofro para que ninguém que eu amo sofra, é por isso que sou a vadia de Monte Mancante, porque assim mantenho a dor longe das pessoas que importam de verdade.
É assim que tem que ser.
Afasto a cadeira e me levanto quando sinto um aperto em meu coração com a simples ideia de que algo ruim possa acontecer com elas, o barulho chamando a atenção das duas.
— Acho que preciso ir.
Dou as costas para elas e caminho em direção a porta, ignorando os chamados, sem sequer me dar conta do que estou fazendo.
— Cindy. — Maddie me chama, mas não me viro, continuo andando pelo longo corredor de mármore os olhos fixos na porta que me livrará dessa situação terrível em que me meti.
Quando finalmente estou do lado de fora caminho por mais alguns metros e sento-me na grama recém aparada, respiro fundo, enchendo meu pulmão de ar fresco do fim de tarde. Fecho os olhos e me deito sentindo o calor aquecer minha pele fria e exausta, ouço os passos e não me importo em ser vista desse jeito, sinceramente, metade da população dessa cidade já me viu em situações muito piores.
— Eu tava pensando em Amor e Outras Drogas. — Stella diz, provavelmente deitada do meu lado direito.
— Eu prefiro Meu Primeiro amor. — Maddie diz do lado esquerdo.
—Vai a merda Maddie. — abro os olhos e encaro seus cachos extravagantes espalhados pela grama, estendo a mão e estapeio seu braço. Ela ri.
— Podemos assistir Romeu e Julieta, você sabe eu nunca me canso deles.
— Stella. — viro-me para encara-la. — Eu vou te mandar a merda, e não estou nem aí se você é minha professora.
— Aqui eu sou apenas uma garota, pronta para apoiar uma amiga que está precisando de... como foi que me disseram outro dia? — Stella bate o indicador no queixo. — Lembrei! Sororidade — ela pisca para mim. Meus olhos pinicam, desvio o olhar e encaro o céu sem nuvens acima de nós porquê de repente ficou quase insuportável olhar para elas.
Sinto suas mãos segurarem as minhas no momento em que as lágrimas atrevidas escapam dos meus olhos.
Ninguém diz nada
As vezes o silêncio é a coisa mais bonita que alguém pode te oferecer.

************************************

Olá pessoal!!!

Antes de mais nada gostaria de agradecer a todos que foram lá no meu insta conferir a capa oficial do nosso loirão,  estou muito feliz com a recepção que ele teve.

Hoje trago para vocês o que na minha humilde opinião,  é o capítulo mais bonito de todos!!!

Eu amo essas meninas, amo o que elas representam uma para a outra.

E por último,  quero avisar que amanhã sairá o último capítulo da degustação de Ivan aqui no wattpad, em breve vocês poderão ler tudinho lá na Amazon e já estou ansiosa para saber a opinião de vocês

Beijos e até amanhã!!!!

Continue Reading

You'll Also Like

337K 27.7K 48
Jenny Miller uma garota reservada e tímida devido às frequentes mudanças que enfrenta com seu querido pai. Mas ao ingressar para uma nova universidad...
1.4M 121K 93
Os irmãos Lambertt estão a procura de uma mulher que possa suprir o fetiche em comum entre eles. Anna esta no lugar errado na hora errada, e assim qu...
397K 26.7K 123
Alex Fox é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele, Ele acha que eles tem que apanhar se acaso algo estiver errado...
29K 6.5K 20
Puerto Vallarta, México, era o seu lar desde criança. Elena Flores tinha uma vida simples, morando com seus pais, indo a escola e fazendo parte do ti...