Quase Doce

Av NaiaraAimee

72.6K 6.7K 11.4K

NÃO É HOT - NÃO CONTÉM CENAS HOT - SEM HOT Clarice é uma garota doce e simples, que ama literatura, e tem um... Mer

Nota | IMPORTANTE
GUIA DE QD
Epígrafe | Quase Doce
Prólogo | Quase Doce
1 | Quase Doce
2 | Quase Doce
3 | Quase Doce
4 | Quase Doce
5 | Quase Doce
6 | Quase Doce
7 | Quase Doce
8 | Quase Doce
9 | Quase Doce
10 | Quase Doce
11 | Quase Doce
12 | Quase Doce
13 | Quase Doce
14 | Quase Doce
15 | Quase Doce
16 | Quase Doce
17 | Quase Doce
18 | Quase Doce
19 | Quase Doce
20 | Quase Doce
21 | Quase Doce
22 | Quase Doce
23 | Quase Doce
24 | Quase Doce
25 | Quase Doce
26 | Quase Doce
27 | Quase Doce
28 | Quase Doce
30 | Quase Doce
31 | Quase Doce
32 | Quase Doce
EPÍLOGO | Quase Doce
Vamos Conversar?
Atenção
Explicações

29 | Quase Doce

135 21 30
Av NaiaraAimee

CLARICE


Desligo o secador de cabelo e o coloco sobre a pia do banheiro. Eu me sinto menos exausta depois do banho. Hoje o dia foi uma mistura de correria e tédio. Tive que acordar bem cedo para cuidar da loja com Genevieve, pois minha avó não tem estado muito bem e na sexta à noite, mamãe viajou para ficar com ela, por isso a responsabilidade ficou para nós.

Pego a toalha que deixei no gancho da parede, levo-a para a lavanderia e a penduro no varal. Quando volto para o quarto, Genevieve está com a cara enfiada dentro da minha mochila. Vou até lá e paro na frente dela com as mãos na cintura:

- Você pode me explicar isso, Batom? - Ela franze a testa, parecendo inocente e confusa. - Eu sei que me entendeu.

Genevieve abre um sorriso.

- Onde estão seus modos? Sinalize.

- Explique - gesticulo com a mão.

- Estava tentando achar algo interessante e saber o que vocês aprendem nessa escola de fresco.

- Você nunca olhou o caderno do seu primo? Estamos no mesmo ano.

Ela faz que não bem forte com a cabeça.

- Sei lá o qual o segredo daquele garoto, mas nunca me deixa olhar suas coisas. Talvez ele tenha uma playboy escondida - ela pondera, colocando a mão no queixo.

Genevieve faz referências como se tivesse nascido nos anos 90, mas só é dois anos mais velha do que eu.

- Acho que essa revista nem existe mais - observo. - Mas continue, você não vai achar nada de interessante aí também.

Abano a mão e vou até o guarda-roupa escolher algo para o jantar com meu namorado aqui em casa mais tarde.

Faz dois meses que Victor arrumou um emprego numa loja muito descolada de roupas. Todos os dias ele vai da escola direto para a loja, saindo tarde de lá. Como também trabalha aos finais de semana, temos nos visto um pouco menos. Hoje eu decidi fazer um jantar especial para nós para comemorar. Ele está muito animado por estar conquistando algo com o próprio esforço. Sinto em seu olhar e no seu jeito que as coisas estão melhorando. Acho que até os pesadelos não estão mais o atormentando com tanta frequência. O meu garoto está se tornando um homem e eu me sinto orgulhosa dele.

- Clarice! - Genevieve fala tão alto que eu acabo me encolhendo. - É perfeito! - Eu me viro para ela, que está com meu caderno aberto sobre o seu colo. - Você têm que lê-lo para o projeto!

Não sei sobre o que ela está falando, então chego mais perto e me sento ao seu lado na beirada da cama.

- Ele é tão profundo e real.

Me inclino sobre ela e vejo anotado em uma folha aleatória o poema que escrevi no dia em que trouxe Victor bêbado para casa.

- Amo como você descreveu o sentimento conflituoso de amar e sofrer. Você têm de ler o poema - enfatiza, insistente.

- Você acha mesmo? Não sei, não...

- Veja da seguinte forma - ela ameaça -: se você não ler ele, vamos ter que resolver isso no Casos de Família ou no Programa do Ratinho e não vai ser nada bonito.

Dou risada.

- Deus me livre de passar vergonha em rede nacional, mas não tenho certeza. Parece um pouco deprimente.

- Mas, Cachos, é exatamente assim como você que a gente se sente quando está em um relacionamento ruim.

Pisco um tanto aturdida e meu sorriso vacila.

- Como eu? Eu não estou em um relacionamento ruim. Quer dizer, eu e Victor temos problemas como qualquer casal, mas se eu não estivesse com ele quando Victor me mostra seu lado mais difícil, então não seria amor. O amor não foge dos defeitos. Ele aprende a lidar com eles e são nesses momentos que descobrimos se nossos sentimentos pela pessoa são de verdade ou não.

- Não estou dizendo que seja seu caso. - Genevieve balança a cabeça de maneira efusiva, parecendo chateada por pensar que me ofendeu. - Me desculpe se soou como se eu estivesse falando sobre você. Eu me expressei mal. Quis dizer que muitas pessoas se sentem como você descreveu. Mas eu concordo em partes com o que você disse.

- Em partes? - questiono.

- É que se uma pessoa te magoa mais com os defeitos dela do que te faz feliz com suas qualidades, então não acredito que ela deveria lidar com isso. Não vale a pena. - Genevieve balança a cabeça descartando o assunto. - Enfim, me diz, você já tem alguma outra ideia para o projeto?

Eu nego. A apresentação está se aproximando e até agora não tive nenhuma ideia que tenha me agradado.

- Então pronto! Vamos ter música, teatro e seria incrível se você recitasse o poema. Fecharia com perfeição o ciclo da arte.

- Ciclo da arte?

- É assim que eu chamo. Diga logo que sim.

Sua determinação animada me contamina. Genevieve me encara com uma expressão que não me deixa muita escolha a não ser concordar.

- Você ganhou, eu vou ler.

Ela chacoalha as mãos e eu entro no embalo.

- Vou te ajudar a acertar todos os sinais.

Genevieve guarda o meu caderno de volta e depois se despede. A casa não está bagunçada, então não preciso fazer muito nesse aspecto a não ser arrumar a mesa lá de fora com uma toalha branca de renda. Coloco pratos, talheres e duas taças em cima dela. Acho que eu deveria pôr algo para decorar no centro, mas, pensando bem, um vaso de flores só irá atrapalhar quando eu for colocar as travessas ali.

Coloco um avental, meus fones de ouvido e minha playlist para tocar. Preparo um suco natural com as amoras frescas que comprei no mercado e deixo a jarra na geladeira.

Também comprei carne moída e queijo para fazer uma lasanha. Começo a preparação, cozinhando a massa e o molho, depois coloco as camadas em um refratário e deixo descansar um pouco antes de levar ao forno, pois ainda falta pelo menos uma hora até Victor chegar e quero que a comida esteja fresca para ele e o queijo derretendo.

Pego quatro maçãs pequenas na fruteira, um pote no armário e alguns ingredientes para preparar um bolo de maçã. Tiro as cascas e corto a maçã em cubinhos. Bato os ingressos no liquidificador para a massa e depois junto todos eles numa forma e a levo ao forno.

Uma canção agitada explode em meus ouvidos quando minha lista acaba e passam a rodar as sugestões do aplicativo. Eu começo a mover os quadris para lá e para cá, cantando junto enquanto lavo a louça. Estou ensaboando um copo quando sinto duas mãos em minha cintura me puxando para trás e fazendo meu corpo se chocar contra uma estrutura dura. Algo faz cócegas em meu pescoço e giro, dando um gritinho e um pulo, fazendo o copo cair das minhas mãos e se estilhaçar todo no chão.

- Caramba, Victor! - Soco o seu peito e um pouco de espuma mancha sua camisa cinza. - Não faz mais isso!

- Então não dança mais assim porque você me deixa louco - ele diz com uma voz sensual e um sorrisinho de canto.

Rolo os olhos.

- Nunca mais te empresto minhas chaves.

- Desculpa, linda, não foi minha intenção te assustar. Você estava dançando tão maravilhosa e animada, que eu não resisti. - Victor aponta para o chão. - Me deixa te ajudar com essa bagunça.

Indico para ele onde pegar uma vassoura e pá. Coloco a lasanha no forno, tiro o bolo, deixando-o esfriar em cima do fogão e termino o restante da louça, enquanto Victor varre toda a cozinha, tomando cuidado para não deixar nenhum estilhaço no chão.

- Leva pra mesa lá fora - peço lhe dando uma luva e a travessa já com a lasanha no ponto.

- Sim, senhora!

Pego a jarra de suco da geladeira e sigo lá pra fora também.

- Parece tudo tão bom. - Victor fecha os olhos se deixando envolver pelo aroma da refeição, acho que até ouço sua barriga roncar e ele também porque ri e esfrega a área do estômago. - Tive que almoçar correndo hoje. Estou faminto e acabado.

- Tá arrependido? Quer sair da loja? - pergunto, pegando uma espátula para cortar a massa.

- Deixa que eu faço isso. - Victor puxa a cadeira para que eu me sente e ele mesmo serve a nós dois. - Eu gosto do trabalho apesar de ser cansativo. Levei um tempo pra pegar o jeito, mas agora eu sou bom no que faço e ter meu próprio dinheiro tem sido ótimo. - Ele ri, sentando-se do outro lado. - Não dá pra fazer muito com o meu salário, mas está bom, pelo menos não preciso usar o cartão do Clóvis.

- Não tem deixado ele pagar nada? - Pego a taça e tomo um gole doce do suco.

Sem esconder o desgosto, Victor solta um som derrotado.

- Ele paga as contas da casa e continua pagando o colégio, mas tô tentando encarar isso como uma indenização até eu ficar maior e poder me mudar - diz, levando um pedaço da lasanha à boca.

- Indenização?

- Ele me expulsou de casa e me deixou um pouco mais louco, então eu diria que sim, por danos psicólogos e essa coisa toda.

- Que indenização cara.

- Danos psicológicos, Clarice!

Nós dois rimos. Gosto que ele já esteja melhor a ponto de conseguir brincar com essa situação.

- Eu já disse que você é muito bobo?

Ele curva os lábios para cima.

- Sempre.

O restante do jantar passamos em silêncio. Peço para ele deixar espaço para a sobremesa, mas Victor ataca metade da travessa e me elogia, dizendo que a culpa é minha e que seu novo prato favorito é a lasanha da Clarice.

Recolho nossa louça e a deixo na pia. Corto algumas fatias de bolo e antes de voltar, ao passar pela sala, reparo que há uma sacola sobre o sofá.

- A sacola é para você. - Victor aponta, surgindo ali e vindo at mim.

Ele segura seu pratinho e eu coloco o meu sobre a mesinha de centro. Pego a sacola e a abro. À primeira vista, quando tiro o presente lá de dentro, me parece um exemplar muito bonito e de capa dura de Emily Dickinson, mas ao analisar melhor, eu percebo que na realidade o livro é uma caixa. Eu a abro e encontro folhas amareladas como se tivessem sido feitas no século XIX, envelopes desenhados, vários cartões com frases marcantes de seus poemas escritas em letra cursiva e enfeitadas. Também há adesivos decorativos, além de uma caderneta com fitinha para fazer anotações.

- É lindo! E muito! - Eu corro até Victor e jogo os braços em seu pescoço com tanta energia que quase o derrubo.

Victor termina de mastigar o bolo e sorri.

- Que bom que você gostou.

- Eu amei! Mas deve ser muito caro, você não devia ter gastado comigo. Tem que guardar seu dinheiro.

- Comprei na Amazon, não foi caro. - Victor dá de ombros. - Não vou morrer só porque decidi mimar um pouco minha namorada.

Ainda que eu nem precise de presentes, amo que ele tenha pensado em mim e não tenha se importado em gastar o próprio dinheiro comigo.

- Vou colocar em um lugar bem visível! - Pego as folhas e fico olhando para elas. - Acho que nunca vou conseguir usar, são muito lindas.

- Use com alguém especial.

Deixo a caixa de pé como se fosse um livro de verdade sobre uma das prateleiras e Victor e eu voltamos lá pra fora. Ele se senta e me puxa para sentar em seus joelhos, esticando minhas pernas sobre as suas.

Balanço os pés e escondo meu rosto em seu pescoço.

- Te falei que já temos uma data para a apresentação?

Victor me diz que não e eu conto para ele quando e onde será.

- É uma pena que provavelmente você vai estar na loja.

- Sim, infelizmente - concorda.

- Nem mamãe, nem você - digo, beliscando sua camiseta.

- A Babi não vai estar lá? Vocês realmente pararam de se falar?

- Sim, você não viu que ela até trocou de lugar?

Bárbara passou a se sentar perto da Luana e ambas passaram a ficar muito próximas. Não fiquei com muita raiva da Luana quando ela e Victor protagonizaram aquela cena idiota, porque entendi que quem estava errado ali era ele, mas vê-la com Bárbara me deixava com uma vontade enorme de andar até ela e puxar seus cabelos. Acho que nunca detestei ninguém tanto assim.

- A Genevieve vai? - Acordo dos meus pensamentos e assinto para ele. - E o Samuel?

- O Samuel? - Tento manter um tom casual e indiferente. - Que eu saiba, não, mas não sei direito, não tenho visto ele. - Sinto aquela conhecida pontada no estômago, porque sei que com certeza ele estará lá, mas hoje a noite está sendo incrível e não quero estragá-la falando de Samuel.

- Hum... - Victor avalia meu olhar, então puxo a nuca dele e o beijo para que ele esqueça o assunto. A estratégia funciona, porque ele se rende e não pergunta mais nada.

Nos beijamos mais, conversamos trivialidades, rimos, ficamos em silêncio apenas apreciando o céu, as estrelas, o vento fresco, os sons das cigarras e besouros, mas, sobretudo, a presença um do outro.

Ao decorrer da noite, minhas pálpebras começam a pesar.

- Victor - chamo sonolenta. Ele segura meu queixo e expressa curiosidade. - Você tem dinheiro pra pedir um Uber?

- Tá me expulsando, é?

- Tô - confirmo com um bocejo. - Eu tô caindo de sono e você nem se toca - brinco.

Rindo, Victor belisca meu nariz carinhosamente e me dá um selinho.

- Você é uma figura, garota.

- Você me carrega até o sofá? - soo quase infantil e faço um biquinho pidão.

- Claro - ele concorda com a voz meio rouca.

Saio do seu colo e ele passa os braços por baixo dos meus joelhos, me erguendo. Ele me leva até a sala e me deita delicadamente no sofá, ajeita a almofada sobre minha cabeça e um suspiro escapa dos meus lábios ao me sentir embriagada sob o efeito dos seus cuidados.

- Tá confortável assim? - Agachando-se, seus dedos massageiam o topo da minha cabeça.

- Sim.

- Tá bom - ele agora está falando mais baixinho como se temesse me despertar. - Eu gostei muito da nossa noite. Obrigado pelo jantar.

- Obrigada pelo presente. Foi uma das coisas mais lindas que eu já ganhei - retribuo com sinceridade.

Os lábios dele se aproximam e se encostam de leve nos meus.

- Boa noite - sussurra sem se afastar.

- Boa noite - sussurro de volta sem querer que ele se afaste.

Nenhum de nós quer se despedir. Não quero que essa noite acabe. Não fizemos nada aventureiro, não fomos almoçar no restaurante mais chique, mas para mim foi tudo extraordinário e nunca me senti tão bem e aconchegada, como se tivesse terminado um capítulo de um romance de aquecer o coração.

A boca dele se move bem devagar e a minha a acompanha. O que estamos fazendo é muito lento para ser um beijo, mas profundo demais para não ser nada.

- Fica - me ouço dizendo.

Victor abre os olhos.

- Tem certeza?

- Uhum.

Eu me espremo um pouco mais para trás e Victor se deita ao meu lado. Acabo ficando parcialmente sobre ele, para que ele caiba inteiro no sofá. Victor passa um braço pelos meus ombros e eu coloco a cabeça em seu peito. Ele não tenta nada comigo e só me mantém junto a ele, a ponta de seus dedos subindo e descendo pelo meu braço. Eu rapidamente adormeço embalada pela sua carícia e sonho com uma vida inteira dormindo assim, abraçadinha a ele.

---------------

Hoje tivemos um cap romântico, mas será que as coisas vão continuar assim na paz?

Me digam o que estão achando do livro até aqui. Cansativo? Chato? Maneririnho.

Me deem um sinal <3

Fortsätt läs

Du kommer också att gilla

55.5K 7.6K 52
Vol. 2 da trilogia "Ascensão dos Reinos." Eles não conhecem o perigo que os rondam. Sendo fácil ser influenciado. Sendo fácil colocar a culpa em...
4.9K 379 34
Vejam os corvos que voam. São psicoses que escapam da minha mente. Eles são bombas radioativas, prontas para cair no terreno vizinho. Não gosto de de...
41K 4.8K 45
Livro 1 : Entre Pistas "O passado nunca morreu!" Após o assassinato da mãe, Megsson Courtney e sua filha de apenas quatro anos de idade, torna...
16.1M 596K 32
(CONCLUÍDA) Livro Um "Não é que seja proibido... é porque é real" Até onde você iria pelas coisas que sente em seu coração? Teria coragem de arriscar...