Antes do Pôr do Sol • jjk + p...

By thatsadaydream

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Jeon Jungkook sempre gostou de ter controle sobre sua vida, nunca se permitindo sair de sua zona de conforto... More

[01] Alvorecer
[02] Eta Carinae
[03] Garoa
[04] Tempestade
[05] Incandescência
[06] Explosão
[07] Lua cheia
[08] Imersão
[09] Meia noite
[10] Florescer
[11] Tornado
[12] Estrela Cadente
[13] Lua Nova
[14] Relâmpago
[15] Cosmos
[16] Caos
[17] Folha de acanto
[18] Ardor
[19] Verão
[20] Euforia
[21] Poeira Cósmica
[22] Lua Crescente
[23] Rosas amarelas
[24] Busan
[25] Ruptura
[26] Antes do Pôr do Sol
[27] Espinhos
[28] Perspectivas
[29] Castelo de Areia
[30] Controle
[00] Era uma vez...
[00]² Personagens
[32] Silêncio

[31] Amor

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By thatsadaydream

- A ideologia do liberalismo econômico rejeita a intervenção do Estado na tomada de decisões no que diz respeito à economia. A essa altura do curso, claramente vocês sabem quem foi o seu principal representante, certo?

O grande relógio dourado indica que faltam menos de cinco minutos para o final da aula. Eu nunca fui alguém que conta os segundos para o término de uma aula, mas, nas duas últimas semanas, é o que mais venho fazendo.

Alguns alunos se apressam a responder a pergunta que o professor Dong-sun fez (embora eu não lembre qual é). Sinto seus olhos em mim, mas continuo focado nos ponteiros do relógio.

- Bom, vejo vocês na próxima aula. Não esqueçam de revisar o conteúdo.

Suspiro aliviado, guardando o caderno que não usei na minha mochila. Ao meu lado, cutuco um Han que está dormindo desde o início da aula. Ele acorda um tanto confuso, mas logo se coloca em pé para irmos almoçar.

- Jungkook. - é o professor quem me chama. - Posso falar com você um momento?

- Eu te encontro no refeitório. - falo para Han, que apenas assente e sai do auditório.

Aos poucos, me vejo sozinho com o professor Dong-su. Ele é um homem de seus cinquenta anos, os cabelos grisalhos e a barba feita trazendo seriedade e respeito para sua imagem. Eu verdadeiramente gosto dele e de suas aulas, sempre sendo atencioso com minhas dúvidas (que não são poucas).

- Faz umas duas semanas que eu venho notando que está disperso. Você nunca foi assim, sempre participou da aula, respondendo e fazendo perguntas. Está acontecendo alguma coisa?

Então, professor, como posso começar a explicar?

Depois que Jimin saiu do hospital, não o vi mais. Ele não apareceu no campus e os meninos sempre me atualizam de como ele está, mas não há muito a ser dito: Jimin está mais quieto e, aos poucos, melhorando.

Eu só queria vê-lo cara a cara.

Ele passou uns dias na casa de seus pais, mas logo foi para a casa de Seokjin (que agora está ficando na casa dos pais, não mais no alojamento, para ficar com Jimin). Eu imagino que o clima na casa dos pais de Jimin foi ruim o suficiente para que ele tenha optado sair de lá e, honestamente, fico aliviado em saber que ele não está no quarto com Hyo (que, provavelmente, o incentivaria a usar mais drogas).

Não sei se Taeyang o viu, se entregou a grana que pedi e ficar no escuro é horrível.

Então, professor, minhas duas últimas semanas têm sido péssimas.

- Não é nada. - mas é isso que respondo, tentando soar convincente. - Só com algumas coisas na cabeça, mas prometo que vou melhorar meu desempenho.

- Eu sei que você é muito mais capaz do que vem se mostrando nos últimos dias. - professor Dong-su continua, me fitando através dos óculos redondos. - Se precisar de ajuda, pode me dizer.

- Obrigado, professor.

Ele me libera e é como um robô que vou até o refeitório, já cheio de estudantes famintos. É com a mesma apatia que pego minha comida, encontrando Han sentado na mesa que costumamos comer, com outros colegas de nossa turma.

Depois do que houve com Jimin, as dinâmicas de nosso grupo mudaram. Seokjin, Yoongi e Taehyung costumam ir até a casa de Seokjin na hora do almoço, para ficarem com Jimin. Hoseok e Jae estão participando de alguns projetos de Artes, o que os fazem ter horários diferentes dos meus e, por isso, não é sempre que almoçam com a gente.

Namjoon está sempre rodeado de seus amigos (que não são poucos) e Seung fica com os seus colegas de Dança. Resumindo, nas duas últimas semanas os almoços têm sido apenas eu e Han.

Bem, não exatamente só nós dois.

Han cismou que precisamos abrir nosso leque de amizades, a começar pelas pessoas que estudam com a gente. Segundo Han, são pessoas que iremos conviver até o final do curso e, quem sabe, trabalhar juntos, então é bom manter uma boa relação.

Por isso, Han se aproximou de três colegas nossos: a inteligente Haewon (que claramente Han está a fim, mesmo que ele negue); o engraçadão do Chin; e, por fim, a calada e que sem dúvidas me julga com o olhar, Gi.

É uma maneira simplista de descrever meus colegas, mas são características que venho observando. Não tenho sido a melhor companhia, é Han quem puxa assunto, então fico trocando olhares atravessados com Gi que, claramente, tem algum problema comigo.

- O que o professor queria contigo? - Han me pergunta quando sento ao seu lado.

- Nada demais. Só perguntou porque ando distraído.

- Não sei como ele ainda não te colocou pra fora da sala. - Chin, sentado na minha frente, fala para Han. - Você dorme em todas as aulas dele.

- Eu durmo em todas as aulas, a dele não é exceção não.

- Eu gosto tanto da maneira que ele ensina. - Haewon, ao lado de Chin, comenta. Seus cabelos são longos e escuros, em contraste com a pele pálida e rosto simétrico a faz ser ridiculamente bonita. - Não entendo como pode dormir.

- Bom, a partir de agora ficarei acordado nas aulas dele.

Depois Han quer falar que não está a fim de Haewon. Aham, sei.

Enquanto misturo o arroz e frango em cubos que peguei, sinto um olhar demorado sobre mim e me deparo com Gi me fuzilando com os olhos escuros.

Qual o problema dessa garota?

Sustento seu olhar psicopata e só desvio meus olhos quando Chin diz:

- É verdade que está saindo com Park Jimin, Jungkook?

Quase me engasgo com o frango, mas sou mais rápido em beber um longo gole de água para não morrer.

- Para de ser indelicado, Chin! - Haewon rebate, dando um soco fraco em seu braço.

- Eu venho guardando essa dúvida há dias! - Chin fala, os olhos grandes vêm em minha direção. - Tipo, Jimin é nosso veterano, todo mundo conhece ele.

- E daí? - Haewon insiste.

- E daí que o cara é bem popular, todo mundo da Economia conhece e fala sobre como Jimin é descolado. É natural que eu esteja curioso, sempre vejo Jimin e Jungkook juntos... E não sou só eu não, muita gente comenta...

Eu já sabia que Jimin tem sua certa popularidade: pelo seu jeito animado e falante, por sempre estar presente nas festas e por ser um exímio dançarino (mesmo que seu curso seja Economia). E, claro, por ser bonito que dói.

Mas eu não imaginava que as pessoas comentavam sobre nós dois juntos. Claro que o responsável por essa atenção não sou eu (até porque em quesito de popularidade eu estou bem atrás), mas sim Jimin e seu jeito de conquistar todo mundo.

- Nós dividíamos quarto. - falo, percebendo que não é exatamente ruim falar de Jimin. Eu estava pensando que, dado o que houve nas últimas semanas, comentar sobre Jimin para as pessoas fosse ser doloroso, me trazendo lembranças tristes, mas a verdade é que falar de Jimin me faz ficar feliz. Ele me faz feliz. - Agora não mais, mas é por isso que estávamos sempre juntos.

- Quer dizer que não estão juntos juntos?

- Você é bastante inconveniente. - Han pontua e abre um sorriso. - Gostei de você.

- Não estamos juntos. - é que respondo, por fim.

É difícil estar com alguém que nem falar quer falar com você.

- Pronto, teve sua resposta, Chin. - Haewon comenta, sorrindo como quem pede desculpas. - Infelizmente, ele não melhora.

- Eu não sabia que dava pra trocar de quarto antes do final do ano. - Chin fala, dando de ombros. - Se eu soubesse, pediria pra trocar de colega de quarto. O meu é chato demais!

Felizmente, ele começa a falar sobre o seu colega que, aparentemente, é um estudante de Música que sempre mostra suas demos para Chin (e, pelo jeito, não são nada boas).

Noto um grupo se aproximando da nossa mesa e ergo os olhos, percebendo que as coisas sempre podem piorar.

Não que eu já não soubesse disso.

Daeshin para ao lado da nossa mesa e ele está com outros três caras que lembro de já ter visto com ele. O seu sorriso debochado me faz ter a certeza que não veio aqui para ser legal, até porque "Daeshin" e "legal" na mesma frase não faz sentido.

- E aí, Jungkook. - ele cumprimenta, a voz animada demais. - Han, como está?

- Eu tinha esquecido que você ainda existe. - meu amigo comenta, apoiando os cotovelos na mesa e olhando com desprezo para Daeshin. - Preferia continuar não lembrando.

- Sempre agradável, Han. - ele fala, ironicamente. - Mas eu entendo ter esquecido, até porque os últimos dias foram bem intensos para vocês, não?

Quero continuar a comer, ignorando seu comentário, porque sei para qual caminho ele quer ir, mas claro que Daeshin não vai parar. Ele se vira para o Chin, Gi e Haewon e fala:

- Vocês conhecem Park Jimin, não é?

- Dá um tempo, Daeshin. - Han diz, mais sério.

- Qual é, só estou conversando! - Daeshin ri, levantando as mãos. Quando meus colegas não respondem, ele continua: - Então, Park Jimin passou mal há duas semanas atrás, não foi, Jungkook?

- Acho que passar mal é eufemismo, cara. - um dos amigos de Daeshin diz, rindo.

- Nossa, estou surpreso por você saber o significado de eufemismo. - falo, olhando para o rapaz e ele não parece gostar do meu comentário. - Achei que seu cérebro fosse menor do que ele realmente é.

- Vai se foder. - o cara resmunga, irritado.

- Relaxa, Hee, ele só está defendendo o drogado do namorado.

A fala de Daeshin faz o sangue subir para minha cabeça e me levanto, abruptamente. É claro que algumas pessoas ao redor percebem a movimentação, mas estou tão, tão puto com Daeshin que só consigo olhar pra sua cara debochada que um dia pude achar bonita.

- Cala a porra da sua boca.

É o que praguejo, aproximando meu corpo do dele. Ele só sorri ironicamente e é a primeira vez que nos vemos desde a viagem para Busan, desde o momento que decidi cortar qualquer contato com ele.

- Está irritado por eu dizer a verdade? - sinto sua respiração no meu rosto e não tenho certeza se as pessoas ouvem o que diz, já que está sussurrando.

- Verdade? - solto uma risada, balançando a cabeça. - Você quer falar sobre verdade? Você é a porra de uma das pessoas mais mentirosas que já conheci, Daeshin.

- Fica frio, Jungkook. - ouço a voz de Han, mas não dou atenção. A única coisa que vejo é o rosto cínico de Daeshin há centímetros do meu e não vou parar. Não enquanto ele achar que pode falar o que quiser sobre Jimin.

- Mas é verdade, não é? Jimin não é a porra de um drogado que quase teve uma overdose? - então, seu tom fica ainda mais baixo e seus olhos passeiam pelo meu rosto todo, como sempre fazia. Mas, dessa vez, não sei decifrar seu olhar. - Não pode ficar bravo com ele, Jungkook. Ele só está seguindo o exemplo do pai, que, além de drogado, é um caloteiro do caralho.

Não controlo minhas mãos e elas empurram os ombros de Daeshin, fazendo as pessoas ao redor soltarem comentários surpresos.

- Se não sabe lidar com a verdade, por que pediu minha ajuda, hein?

É claro que ele diria isso, é óbvio que me provocaria com o meu erro passado de ter pedido sua ajuda, achando que era o melhor caminho. Ele solta uma risada cínica, como se realmente estivesse se divertindo com a situação e ouço Han discutir com os amigos de Daeshin, todos também com os nervos à flor da pele.

- Você é a porra de um hipócrita, Jungkook. - Daeshin cospe as palavras, agora em um tom de voz alto, para todo mundo escutar. - Não é à toa que as pessoas ao seu redor sempre acabam te deixando, como é o caso do próprio Jimin, não é? Ele também não te deixou?

- Se quer tanto saber, por que não pergunta diretamente pra mim?

Uma voz se sobressai e não preciso me virar para saber a quem pertence: é a voz que mais venho procurando e desejando saber como está.

Eu me viro e ali está Jimin, radiante como sempre esteve. Os cabelos loiros estão retocados, a cor um pouco mais clara do que costuma ser, mais curtos e alinhados. Não há olheiras embaixo dos seus olhos, nem sinal de cansaço. O piercing em seu lábio inferior contrasta com a pele clara e sua boca parece ainda mais vermelha do que sempre foi.

Com uma camisa de botões preta com flores brancas estampadas, a calça preta justa ao corpo e os braços cruzados, Jimin está exatamente como o Jimin que conheci, só que ainda mais bonito. Sua presença reluza no meio de tantos estudantes, se destacando como se fosse natural seu, algo que não pode controlar.

Um pouco mais para trás, estão Seokjin, Yoongi e Tae, os três atentos a cada movimentação de Jimin. Ouço a risada debochada de Daeshin, mas não consigo tirar meus olhos de Jimin.

Ele não me olha, mas sim para meu ex namorado e dá alguns passos para frente, parando ao meu lado.

Depois de mais de uma semana sem vê-lo, sem tocá-lo e sentir sua presença, fico olhando para si um tanto embasbacado. A raiva que Daeshin me despertou sumiu, porque Jimin está ao meu lado e só isso que importa.

- Pensei que ficaria mais tempo fora, se recuperando da overdose. - ouço a voz de Daeshin e Jimin arqueia a sobrancelha, sem desviar os olhos dele.

- Overdose? - ele balança a cabeça, fingindo confusão. - Eu pareço alguém que teve uma overdose?

Daeshin não responde, cruzando os braços. As pessoas ao redor observam a cena atentamente, algumas até com os celulares posicionados para registrar uma briga, caso ela aconteça.

- Você estava falando tanto de mim, Daeshin e agora ficou calado. O que foi, não tem coragem de falar na minha cara?

- Você realmente acha que eu me preocupo com o que pensa de mim? - um passo para próximo de Jimin, os olhares fixos um no outro. - Você é só um drogado de merda que fica com os meus restos, Jimin. Ou esqueceu que tudo que você faz com Jungkook eu já fiz, várias e várias vezes?

Desde que terminamos, Daeshin vem me ofendendo em oportunidades diferentes. Porém, em outras age como se ainda me amasse (palavras dele) e quisesse ao menos minha amizade. Mas é exatamente o que me dei conta quando estava chapado de cogumelos em Busan: esse é Daeshin, não importa as outras versões que existam dentro de si. Se existe essa persona, então já não é alguém para se ter por perto.

Claro que uma pequena parte de mim se ofende e se magoa em ouvir suas palavras, mesmo que eu logo pense "Daeshin não merece que você se sinta mal por algo que ele diz". Não é nada legal ser ofendido.

Eu sei do comportamento irritadiço de Jimin, comportamento esse que já ocasionou que eu presenciasse algumas brigas e momentos de descontrole. Agora, eu noto a mudança sutil em sua respiração, indicando que está irritado, mas ele não transparece isso em sua postura despojada.

- Ainda preso a isso, Daeshin? Quando vai entender que vocês terminaram? - Jimin fala, a voz suave e cortante. - Sabe o que eu acho? Você fala tanto, mas tanto de Jungkook que eu não sei se superou o fato dele ter terminado com você.

- Ah, é? Mas não sou eu que fica correndo atrás dele, não é? Não sou eu quem pede ajuda dele...

Ele vai falar. Ele vai falar que pedi sua ajuda pra investigar Jimin e, não, Jimin não pode descobrir desse jeito, não assim.

A postura de Jimin vacila, já que não entende o que Daeshin está tentando dizer, mas, como um milagre, um dos coordenadores da Hanyang aparece e diz:

- Que circo é esse aqui? Andem, acabou a palhaçada.

Alguns estudantes resmungam de insatisfação, guardando seus celulares e voltando às suas mesas. Antes de sair com seus amigos, Daeshin me lança um sorriso de canto, como se dissesse "não foi dessa vez, mas sabe que eu vou contar para Jimin".

O coordenador nos olha feio, mas também dá as costas e eu me vejo ao lado de Jimin, só nós dois. Han voltou ao seu lugar na mesa e olho rapidamente para os meus colegas, os três também voltando a comer como se nada tivesse acontecido.

Eu viro meu corpo para o de Jimin, aguardando ansiosamente por um olhar seu, para que fale comigo.

Então, ele se vira para mim e ficamos cara a cara, pela primeira vez desde o hospital.

Assim, de perto, ele está ainda mais bonito. Seu rosto é tão, mas tão bem desenhado que me perco por alguns segundos nos seus traços, dos mais belos que eu já vi. Tenho vontade de estender a mão e tocar suas bochechas, mas controlo meu impulso.

Estou pensando o que dizer quando Jimin me surpreende e pergunta:

- Você está bem?

O seu olhar passeia pelo meu rosto, dos meus olhos até meu nariz e, tão rápido que eu poderia pensar que é ilusão da minha cabeça, por minha boca. Logo ele se fixa novamente nos meus olhos e demoro alguns segundos para lembrar que ele me perguntou como estou.

- Eu... - se recomponha, Jungkook. - Eu estou bem. E você? Você está bem?

Acho que Jimin percebe que não me refiro que acabou de acontecer, mas sim como ele está nesses últimos dias. Mas Jimin se faz de desentendido e responde:

- Daeshin é um idiota. Ele consegue me estressar, mas não vale a pena perder tempo brigando com ele.

Foda-se Daeshin, eu só quero saber como ele está. Continuo olhando para seu rosto como um idiota, mas não sei fazer outra expressão nesse momento.

- Você voltou a frequentar as aulas? - é o que pergunto, curioso.

- Ainda não, volto segunda. Vim aqui com os meninos trazer minhas coisas para o quarto.

Ah. Quer dizer que ele vai voltar pro alojamento e dividir quarto com Hyo, o mesmo Hyo que trafica drogas e...

- Bom, eu vou indo.

- Mas já?

Mesmo que Jimin mantenha a impessoalidade na nossa rápida conversa, consigo ver seus olhos fraquejarem quando ouve meu tom triste não intencional.

- Sim, aproveitar o restante do almoço. - com um sorriso fraco, Jimin começa a se distanciar de mim e tenho vontade de puxá-lo para perto novamente. - Se cuida, Jungkook.

Não consigo responder, observando seu corpo se virar e ele caminhar para perto de nossos amigos.

Eu achei que, quando se recuperasse, Jimin viria falar comigo. Nesses últimos dias, o que me manteve em pé foi a certeza de que nós iríamos conversar, mesmo que demorasse um pouco. Quando contei para Han tudo que houve, fui incisivo ao dizer:

- Estou dando esse tempo para ele, porque sei que vamos nos falar em breve.

Mas aqui está Jimin: na minha frente, fisicamente bem, como se o colapso que teve nunca tivesse acontecido. E ele não parece querer se resolver comigo.

Quando ele disse no hospital "É melhor ficar longe de mim, Jungkook", achei que fosse um Jimin ainda abalado mental e fisicamente pelo uso excessivo de drogas. Só que começo a me dar conta que não, que Jimin não quer mesmo falar comigo.

Em um impulso, chamo seu nome e ele se vira, já ao lado de nossos amigos.

Eu corro até eles, parando na frente de Jimin e digo:

- Você ainda não quer falar comigo?

- Jungkook... - ele olha ao redor, não querendo focar nos meus olhos.

- É sério, Jimin. Faz duas semanas que tudo aconteceu e venho esperando, pacientemente, para que a gente possa sentar e conversar.

- Jungkook... - ele repete meu nome, claramente sem saber o que dizer. As mãos vão até os cabelos claros, em um gesto de desconforto.

- Me responde, Jimin.

Os meninos se distanciam de nós e novamente somos apenas eu e Jimin, cara a cara. Quero tocar sua pele, sentir suas mãos em meu corpo, mas preciso que ele fale comigo.

- Jungkook, não temos nada pra conversar.

Solto uma risada desacreditada e questiono:

- Você tá me tirando, não é?

- É sério. Não há nada a ser dito.

- Nada? - certo, agora estou irritado e decepcionado. - Depois de tudo que houve, realmente não há nada para conversarmos?

- Da minha parte pelo menos, não. Eu já falei o que precisava: é melhor ficar longe de mim.

Ele está sério como o vi poucas vezes e balanço a cabeça, surpreso.

- Eu sei que deve estar se sentindo mal por tudo que houve. Culpado. - ele não responde e os olhos não focam em mim, o que me faz dizer: - Olha pra mim, Jimin.

Contrariado, seus olhos encontram os meus e há uma imensidão de coisas não ditas entre nós.

Você se recorda que falou que me ama?

Claro que não pergunto isso, mas o que digo é:

- Eu sei que está sentindo muitas coisas, mas eu também estou. Não foi só você que passou por tudo aquilo, eu estava lá também.

- Não era pra você ter me encontrado, Jungkook. - a maneira que ele diz meu nome a cada fala, de um jeito tão impessoal, dói. - Eu te disse que não queria mais você.

- Você disse, mas você fugiu antes que a gente conseguisse conversar. E agora está fugindo de novo.

- Não há nada...

- Não é só você que está sofrendo. - meus olhos se enchem de lágrimas, mas minha voz é muito mais dura que triste. - Quer saber? Me procura quando parar de ser um covarde e quiser realmente falar comigo.

Não espero sua resposta, viro as costas para Jimin e, em passos apressados, volto para a mesa. Tenho vontade de olhar para ver qual a expressão no seu rosto, mas estou cansado. É difícil correr atrás de alguém que não quer ser alcançado.

- Podemos, por favor, não comentar sobre nada do que houve?

É o que eu falo para as pessoas da minha mesa e Han me dá um sorriso fraco, então diz:

- Haewon estava contando da vez em que um cara começou a namorar com ela porque queria pegar a irmã dela.

A voz dos meus novos amigos enchem meus ouvidos e tento dispersar minha mente do que acabou de acontecer (e do que não aconteceu também).

Han vai estudar com Haewon (claramente apenas querendo passar mais tempo com ela) e, quando me despeço deles, fico sem saber o que fazer. Não tenho aulas pelo restante da tarde desta sexta feira e me vejo com a mente desocupada.

Decido voltar para o quarto, na esperança de encontrar Takashi, mas ele não está ali. Então resolvo editar algumas fotos que tirei nos últimos dias, já que tenho usado minha câmera como terapia.

Eu acabo olhando os arquivos de fotos antigas e meu coração dói quando vejo várias fotos de Jimin. Ele sério, rindo, pensativo e até mesmo irritado com algo. Eu registrei todos esses momentos, mas, para Jimin, eles não importam.

Passo algumas horas na frente do notebook quando Taehyung me manda uma mensagem, pedindo para me ver. Depois de tudo que aconteceu, não tenho tido momentos sozinho com os meninos, já que estão se revezando para ficarem com Jimin.

Nossas conversas são rápidas, focadas em Jimin apenas.

Quando leio seu pedido para me ver, fico pensando que aconteceu com algo com Jimin. Mas tiro esse pensamento da cabeça, porque eu o vi há poucas horas atrás e ele estava bem.

Mas não quero pensar sobre ele agora.

Em passos rápidos vou até o prédio de Música, chegando até a sala que já estive outras vezes. Ao abrir a porta, vejo Yoongi sentado com o violão em mãos, tocando alguns acordes. Perto de si está Taehyung e ele abre um sorriso imenso quando me vê.

- Que saudade de você!

Ele me abraça apertado e sorrio, envolvendo sua cintura. Não verbalizo, mas senti falta do seu cheiro e de seu abraço.

- Faz tempo que não nos falamos, não é? - murmuro, ainda sorrindo quando nos afastamos.

Yoongi não é muito carinhoso, mas ele larga o violão e fica em pé, me olhando com hesitação. Por isso, sou rápido e o puxo para um abraço, sentindo os seus braços me envolverem.

- Também senti sua falta, Yoongi.

- Tá, tá, isso está se tornando meloso demais. - Yoongi se afasta de mim, voltando a pegar seu violão.

- Primeira coisa que está proibida... - Taehyung diz, quando sentamos. - Não vamos falar de nada do que houve nos últimos dias, beleza? E nem de certas pessoas...

Sou grato pela sua fala, porque falar sobre Jimin não é algo que eu esteja no clima. Assinto, concordando com seu pedido e ele continua:

- Eu te chamei aqui porque estava pensando.. Que dia é hoje?

- Dia trinta. - falo, não sabendo onde ele quer chegar.

- Amanhã é dia trinta e um então, não é? E depois dia primeiro de setembro... - seu sorriso se abre quando exclama: - Domingo é seu aniversário, Jungkook! Não está animado?

- Honestamente, não.

Eu não esqueci que meu aniversário está chegando, apenas não me importei. Meus pais, depois de muito tempo calados, me mandaram mensagem pedindo que eu almoce com eles no domingo, mas não respondi. Eu sei que preciso confrontá-los, mas tenho medo. Não sei exatamente do que, mas tenho medo.

Eles vão saber da movimentação que fiz na minha conta e não pensei ainda em uma desculpa. Não posso, em hipótese alguma, falar que usei o dinheiro para pagar dívidas do pai de Jimin.

Não sei o que são capazes de fazer se descobrirem...

- Eu te disse em Busan e repito: fazer vinte anos é épico! Está entrando na casa dos vintes, uma nova fase da sua vida. Vamos comemorar.

- Não sei não, Tae...

- Eu já falei com Hoseok. - ele sorri inocentemente. - Os pais dele não estarão em casa e vamos fazer uma festa!

- Festa? - então me viro para Yoongi - Você está de acordo com isso?

- Eu fui coagido a dizer que sim. Mas, na real, acho que estamos precisando de uma festa e encher a cara.

- Já falei com nossos amigos e eles toparam. - Tae continua, animadamente. - Han me disse que chamou uns colegas de classe de vocês.

- Você falou com ele quando?

- Faz uns dias.

- Ele não me contou nada!

- Eu estou surpreso, porque Han não é muito de guardar segredo. - ele está tão animado que me sinto mal em dizer que não, não quero uma festa. Mas Taehyung percebe minha cara e diz: - Eu sei que não está no clima de festa, mas é importante fazer coisas legais, Jungkook.

- Não sei... Na verdade, não acho que estou no clima pra nada.

- Qual a melhor maneira de comemorar seu aniversário do que estar cercado por seus amigos, comendo comidas gostosas e bebendo bebidas de gostos duvidosos?

É Yoongi quem fala, me surpreendendo. Então, ele continua:

- Se não quiser, é só falar que a gente cancela tudo. Mas... É importante viver, sabe?

Eu entendo que ele não está falando de maneira simplista quando diz "viver". Não está falando de levantar da cama e continuar respirando, mas, de fato, sentir a vida passar pelo corpo e gostar da sensação.

Eu não me sinto realmente vivo. Nos últimos dias, eu só estou acordando e seguindo em frente (o que, às vezes, já é muita coisa). Mas não estou vivendo.

- Bem, vamos viver então.

- Isso! - Taehyung comemora, pegando minhas mãos. - Vamos fazer uma festa amanhã que vai durar até domingo. Quando der meia noite a gente canta parabéns!

- Beleza...

- Amanhã vai ser incrível, Jungkook. Você vai ver.

É o que eu espero. Espero que dê tudo certo.

Esse pensamento retorna quando estou olhando meu reflexo no espelho de corpo inteiro, analisando a roupa que escolhi.

Na verdade, a roupa que Tae me ajudou a escolher.

No sábado de manhã, fui para a casa de Hoseok com ele, Tae e Han. A princípio, pensei que o clima entre Tae e Hobi poderia ser estranho, mas não. Claro que eles não conversam tanto quanto antes, mas parecem confortáveis na presença um do outro.

Compramos muita bebida, que vai de cervejas até destilados como tequila e uísque. Taehyung insistiu até comprarmos balões dourados, além de um balão que é um número dois e outro que é o número zero, em detalhes prateados.

Eu não tinha me tocado que estava sentindo falta de estar com meus amigos até esse momento. Passamos a tarde toda rindo e conversando sobre tudo, sem filtros. Gostaria que os outros também estivessem ali, mas só chegariam mais tarde.

Eu queria perguntar se eles tinham chamado Jimin, mas não tive coragem. Era um tópico que eu estava evitando falar, porque não sabia o que dizer. O que eu precisava falar pra Jimin eu tinha dito: me sentia exausto de estar correndo atrás de uma pessoa que não queria falar comigo.

Eu queria que ele viesse até a mim, me beijasse e que tudo se resolvesse entre nós. Mas havia tanto, tanto, a ser dito que não tinha como não conversar.

Mas queria que Jimin saísse da minha cabeça e, por isso, foquei na minha imagem refletida no espelho.

Depois de muito pedido, ameaças e expressões de choro, eu vesti a meia arrastão e a calça preta com rasgos nos joelhos e nas coxas. Eu nunca antes usei uma meia arrastão e a sensação é estranha, nova. Para compor o restante da minha roupa, Tae também me convenceu a vestir uma camisa preta transparente, de manga comprida.

Eu me sinto extremamente exposto, já que é possível ver todo meu peitoral e, como a meia arrastão está até a minha cintura e há rasgos na minha calça, o aspecto é sensual demais.

Para completar, Hoseok passou em mim lápis de olho e um gloss com gosto de morango, que deixa minha boca bem vermelha.

Ah, sem contar os brincos prateados que estou usando e a maneira que Tae ficou bagunçando meu cabelo, porque, segundo ele, me deixa com um aspecto sexy e selvagem.

- Não acha que estou muito... - aponto para meu peitoral e minhas pernas. - Tipo, exposto?

- Você está lindo, Jungkook. - Hoseok fala, terminando de vestir sua calça vermelha. - Sério, está ridiculamente bonito.

- Você não está se sentindo bonito? - é o que Han me pergunta, já bebendo tequila. Repito: bebendo tequila, como se fosse cerveja.

- Claro que estou. - falo, sinceramente. - É que faz um tempo que não me arrumo assim.

- Você está inseguro porque está testando algo que sai da sua zona de conforto. - Hoseok diz, sorrindo compreensivo. - É natural se sentir assim, mas se quiser trocar de roupa, tá tudo bem também. Tem que se sentir bem.

A campainha toca e dou uma olhada no meu celular, vendo que já são sete horas da noite. Sinto meu coração disparar mais rápido em ansiedade pela noite que mal começou.

- Vocês realmente acham que eu estou bonito?

- Se eu gostasse de homens, já teria pulado em você!

Rio do comentário de Han e Hoseok vem até a mim, pegando meu rosto com suas mãos quentes.

- Você não está bonito, Jungkook, você é lindo.

Um sorriso sincero se abre em meu rosto.

- Espero que não estejam com roupa e estejam se beijando loucamente!

É o que Jae fala, quando abre a porta e entra no quarto.

- Ah, vocês estão vestidos e não estão se pegando. - sua sobrancelha levanta ao olhar para mim e Hobi. - Mas definitivamente estão bem próximos...

- Então seu sonho é ver Hoseok e Jungkook se pegando? - Han pergunta, passando a garrafa de tequila para Jae.

- Toma cuidado com a sua resposta. - Hobi brinca, indo beijar seu quase namorado.

- Vou ficar quieto, se não posso me ferrar. - Jae responde, abraçando Hoseok. - Eu vim aqui a mando de Taehyung: ele disse para descerem, mas, antes, precisam tomar um gole dessa tequila aqui.

Admito que é estranho pensar em Tae e Jae conversando, porque não faz tanto tempo assim que Tae descobriu do envolvimento de Jae e Hobi e que meu amigo decidiu ficar com Jae. Só que Taehyung parece tão tranquilo que apenas admiro sua força.

- Pra mim é fácil. - Han fala, pegando a garrafa das mãos de Jae e dando um longo gole. Ele nem faz cara feia!

- Sério mesmo? - Hobi não parece satisfeito com a ideia. - Tá, vamos lá.

Han vira um pouco de tequila na boca de Hobi, que quase vomita. Quando chega minha vez, estou prestes a sair correndo, mas Han me segura e faz o mesmo comigo. Logo eu sinto o gosto forte da tequila e fecho os olhos, sentindo minha alma sair do corpo e voltar.

- Que troço horrível! - murmuro.

- Agora vamos aproveitar sua festa.

Quando descemos as escadas, fico surpreso ao ver que tem mais gente que imaginava. Consigo ver Namjoon e Seung conversando, além de alguns colegas meus e amigos dos meninos. Sorrio quando vejo Haewon, Chin e Gi juntos, parecendo insistir para que a última tome um gole de uísque.

Alguns amigos de Seung e Jimin que cursam dança e que conheci quando vi a apresentação deles também estão aqui. Admito que fico um pouco intimidado quando percebo alguns olhares nada discretos na minha direção, especialmente no meu peitoral e cintura marcada pela meia arrastão.

- Meu deus, você tá muito lindo. - Tae fala, me abraçando.

- Obrigado. - sorrio e observo como ele está maravilhoso no conjunto roxo que usa. - Você é sempre bonito.

- Você é muito fofo! - ele aperta minhas bochechas.

- Não sabia que tinha chamado tanta gente assim. - tenho que falar um pouco mais alto por conta da música nada baixa.

- Admito que me empolguei um pouco. - Tae sorri culpado e reviro os olhos. - Vem, vamos beber mais.

A casa dos pais de Hoseok é grande e já estive aqui tantas vezes que é como se fosse minha casa. É estranho ver tantas pessoas ao redor dos lugares onde passei os últimos dez anos: o sofá azul escuro que eu e Hobi ficávamos largados depois da escola, fofocando; a cozinha branca e espaçosa onde inventávamos de fazer algumas receitas que nunca davam certo; a sala de jantar que era um dos meus lugares favoritos, já que era onde comíamos com seus pais e o clima entre eles sempre foi tão bom que eu me sentia bem.

- Jungkook! - sinto braços envolvendo meu pescoço e Namjoon está ao meu lado, sorrindo. - Parabéns! Ou só posso dar parabéns quando der meia noite?

- Pode ser agora. - falo, sorrindo. Tae me entrega um copo de vodka saborizada e dou longos goles.

Assim como foi com Han e Seung, Namjoon soube tudo que aconteceu e foi ele quem conversou com os professores (coisa que o reitor disse que faria, mas não se deu trabalho de fazer). Namjoon, como Seokjin, mostrou-se muito prestativo e o que mais me chamou atenção foi o fato dele não ter feito perguntas. Ele questionou como Jimin estava e só isso, não quis saber detalhes nem como tudo aconteceu, apenas foi ajudá-lo.

Quando a campainha toca, Taehyung resmunga:

- Acho que vou deixar a porta destrancada e quem quiser entra...

- Eu vou lá atender por você. - Namjoon diz, afastando-se da cozinha.

- Posso te fazer uma pergunta? - pergunto para Tae quando ficamos sozinhos. Ele assente e vou em frente: - Realmente é tranquilo pra você ver Hoseok e Jae juntos?

Taehyung sorri fraco e fala:

- Tranquilo não é, mas estou me acostumando. De qualquer forma, eu gosto dos dois e fico feliz em ver eles felizes.

- Eu realmente admiro sua maturidade.

- O que eu posso fazer? - diz, dando de ombros. - Eles se amam e tem mais que ser felizes juntos.

- Taehyung, é pra você! - Namjoon aparece na cozinha e aponta para a entrada da casa.

É Jisung quem está lá, olhando para os lados com curiosidade.

- Então você e Jisung estão conversando? - pergunto, arqueando uma sobrancelha.

Jisung é o líder da Chung-An, universidade onde os primos de Han estudam e que competimos os jogos de verão. Jisung claramente se encantou por Taehyung e, quando seus olhos encontram os do meu amigo, ele abre um sorriso largo.

- Nem comente nada. - Tae sorri e sai da cozinha.

Acabo rindo enquanto observo Taehyung e Jisung conversando, ambos sorridentes.

- Jungkook.

Vindo da sala de jantar está Takashi, sorrindo de maneira tímida. Os cabelos escuros estão bem arrumados e a roupa também escura contrasta com sua pele pálida. Ele parece um tanto acanhado e me olha de cima abaixo, lentamente.

Não consigo decifrar seu olhar e sorrio para ele, aproximando-me.

- Eu fico feliz que tenha vindo. - é o que digo e ele olha a sala cheia de pessoas.

- Não sou muito de festas. - ele responde. - Fazia um tempo que não vinha em uma...

- Claro, você fica lá no nosso quarto jogando a noite toda. - digo, brincando.

- É, acho que eu preciso sair mais. - comenta, os olhos escuros brilhando em minha direção.

Takashi é bonito, mas acho que não se dá conta disso. Ele é o que os jovens chamariam de "alternativo" e acho que é uma boa palavra pra descrevê-lo.

- E, pelo o que estou vendo, já está bebendo. - aponto o copo em suas mãos e ele ri.

- Sabe como eu não recuso uma bebida, Jungkook.

Seus olhos novamente descem pelo meu peitoral desnudo, mas logo sobem para meu rosto. Ele parece ainda mais tímido e suas bochechas tornam-se vermelhas, o que me faz querer questionar se ele está passando bem.

- Eu... Eu deixei algo em cima da sua cama. - ele começa, lentamente. - É... É um presente.

- Você comprou um presente para mim? - pergunto, surpreso.

- É, sim... - Takashi parece sem jeito e dá de ombros. - Não é nada demais, mas...

- Obrigado. - digo, sorrindo. - Eu não sei o que é, mas muito obrigado.

Takashi continua olhando em meus olhos e fala:

- Não tem que me agradecer. - ele se aproxima e sua mão toca minha cintura com delicadeza, seus lábios encostam em minha bochecha em um toque suave e inesperado. - Feliz aniversário, Jungkook.

Com isso, ele se afasta e vai para sala, me deixando pensativo sobre o que diabos acabou de acontecer.

É impressão minha ou Takashi parecia estar me secando com o olhar? Não só isso, como parecia estar meio que flertando comigo.

Tá, estranho.

Termino meu copo com vodka e vou em busca de outro, recebendo parabéns e abraços de pessoas que não sou muito próximo (algumas eu nem sei quem são) e, quando os minutos passam e a bebida sobe, percebo que a casa está realmente cheia.

E nenhum sinal de Seokjin, Yoongi e Jimin.

Eu nem sei se o último foi chamado, mas admito que lanço olhares de canto para a porta, na esperança de vê-lo entrar. Depois do meu quarto copo de bebida, meus pensamentos se misturam e me jogo no meio da dança com Han e Tae, sentindo meu corpo queimar de tantas sensações dentro dele.

Sensações que estavam guardadas e, rodeado pelos meus amigos, se manifestam.

A principal delas é felicidade e deixo que cresça com força, enquanto sinto as mãos de Han tocando as minhas e me puxando para pular com ele. Tae abraça meu pescoço e sinto seu hálito de álcool quando fala:

- Eu te amo.

- Eu amo você também. - respondo, estalando um beijo na sua bochecha.

Em algum momento puxamos Seung e ele se junta a nossa dança desajeitada, parecendo morrer de vergonha a cada instante.

- Ei, olha quem acabou de chegar.

Han diz e, quando dou uma olhada para a entrada da casa, meu coração para.

O cosmo deve ter algo contra mim, porque, no momento que meus olhos caem nele, começa a tocar sua música favorita, Imagination, do Foster the People. Eu observo Jimin olhar para a casa, ao lado de Seokjin e Yoongi, todos ridiculamente bonitos em roupas escuras e brilhantes.

Claro que meus olhos se demoram em Jimin, que usa uma camisa preta cheia de brilhos que o faz se destacar, mas, na verdade, Jimin se destaca de qualquer jeito. Os cabelos loiros jogados para trás, o brinco chamativo em sua orelha, a calça colada que marca suas coxas grossas... Como não olhar para Park Jimin?

Mas é quando seus olhos caem em mim que sinto o mundo parar.

Nos livros e filmes que já assisti, sempre tem o momento no qual um dos protagonistas descreve como o mundo parou de rodar quando seus olhos encontraram os de seu interesse romântico. Embora eu seja romântico, sempre me pareceu brega e exagero essas descrições, afinal, são pessoas. O que pode ter de tão atraente e inexplicável em uma outra pessoa?

Mesmo quando me apaixonei por Daeshin, não conseguia entender esse exagero em histórias de amor. Elas criam uma ilusão de que o amor está além desse plano em que vivemos, o que pode ser perigoso demais para quem consome esse conteúdo. Pode existir uma idealização que nunca vai ser concretizada.

Mas, quando os meus olhos encontram os de Jimin, eu entendo o que essas histórias querem dizer.

Obviamente o mundo não para de rodar, nem as pessoas congelam, mas nada, absolutamente nada importa mais que os olhos de Jimin. Eu não presto atenção em Imagination tocando, nem nos corpos dançando ao meu redor ou no álcool que corre por minhas veias.

O que eu vejo é aquele ser humano há alguns metros de distância e, para mim, só existe ele. Jimin pode não ser o cara mais bonito e inteligente que existe, nem o mais engraçado e sorridente, mas eu não me importo. Para mim, ele é o extremo de todas as qualidades que existem, o ápice do que entendemos por maravilhoso. Mesmo com os defeitos que têm, mesmo com todas as suas falhas, eu ainda o enxergo. Eu o vejo além disso e o que eu vejo é tão, mas tão bonito.

E não porque ele tem um rosto que parece ter sido esculpido por anjos. Ou porque seu corpo é de um dançarino de anos, firme e bem estruturado. No fim, mesmo que sua beleza física me atraia e faça meu corpo pegar fogo sempre que meus olhos o analisam, o que me dá tesão de verdade é ele.

Não acredito em almas, pra ser sincero. Não sei descrever o que é exatamente, mas é como se a essência de Jimin me atraísse. Aquilo que faz Jimin ser Jimin.

Meu corpo se irradia por uma intensidade de sensações que parece que vou pegar fogo. É tesão, é paixão, é raiva, é ansiedade e é amor. Eu quero beijar Jimin do mesmo jeito que quero gritar para que ele saiba "Eu te amo, porra".

Porque sim, mesmo que eu tenha evitado pensar nisso nos últimos dias, eu amo Park Jimin pra caralho.

Nosso contato visual é quebrado quando sinto um empurrão no meu corpo e vejo que estou atrapalhando a dança elétrica das pessoas, já que estou parado. Quando volto meu olhar para Jimin, ele já não me olha mais e conversa com algumas pessoas.

Eu preciso de uma bebida.

Com esse pensamento, vou até a cozinha pegar cerveja. Por alguns segundos, deixo minha mente absorver todas as informações que acabou de receber: Jimin está aqui e, sim, sem dúvidas eu o amo.

- Ei, tudo bem?

É Seung quem pergunta e não respondo nada, olhando para seu rosto bonito.

- Precisa de al...

- Eu amo Jimin.

Tá, não imaginei que seria com Seung quem desabafaria meus sentimentos. Eu contei para Hoseok sobre os meus sentimentos por Jimin, mas não conversei com ninguém mais sobre o assunto.

- Não estou surpreso.

É o que Seung fala, depois de alguns segundos de silêncio.

- Tipo... A maneira que você olha pra ele é de alguém muito apaixonado...

- Mas do que adianta? Não estamos juntos, não estamos nos falando mais...

- Hoje é seu dia, Jungkook! - Seung se aproxima, pegando em minhas mãos. - Tá, seu aniversário é amanhã, mas hoje é um dia pra comemorar e ser feliz. Quaisquer problemas vão ser resolvidos, eu te prometo.

- Mas a vida não é um filme ou um livro, Seung. - é doloroso pensar nisso, mas é a verdade. - Como posso ter certeza que tudo vai ser resolvido?

- Porque a única certeza que temos é que a vida passa. E, com o tempo, vêm as respostas.

Mais tarde vou culpar o álcool, mas o que faço é puxá-lo para um abraço e é assim que ficamos. Respiro fundo algumas vezes, sentindo uma necessidade de viver atravessar meu corpo.

- Então vamos lá.

Eu puxo suas mãos e, mais uma vez, estamos com nossos amigos, dançando. Agora, Hoseok e Jae se juntaram a nós, então abraço meu amigo e não paramos de dançar um minuto sequer. Não me importo se estou dançando do jeito "certo", se estou parecendo um idiota ou estou arrasando. Eu simplesmente danço.

Ao redor, percebo algumas pessoas nos olhando. Não tenho ideia do que se passa pela cabeça delas, mas percebo que não me importo. Encostados em um canto, vejo que Namjoon e Takashi se juntaram com Jimin, Yoongi e Seokjin. Lembro que os dois primeiros são colegas de curso e fico feliz de saber que Takashi não está sozinho pela festa. Mas o que mais me chama atenção são as diferentes formas de amor que há nas expressões dos cinco.

Carinho, desejo, amor e admiração. É uma mistura desses sentimentos que vejo em seus rostos enquanto olham para mim e meus amigos dançando, sem parar.

- Eu preciso jogar uma água no rosto! - sussurro no ouvido de Hoseok e ele assente, mas não tenho certeza se ouviu o que eu disse.

Com calma, subo as escadas para o segundo andar e caminho para o quarto de Hobi, que fica no final do corredor.

Fecho a porta com cuidado e em passos rápidos vou até o banheiro, olhando para a minha imagem refletida no espelho.

Meus cabelos estão bagunçados, meus lábios vermelhos e o lápis de olho escorreu um pouco.

Jogo um pouco de água no meu pescoço, ainda analisando minha imagem quando ouço a porta do quarto abrir.

- Jungkook?

É a voz de Jimin.

Saio do banheiro, encontrando-o perto da cama, olhando ao redor curiosamente.

- O quarto de Hoseok é parecido com o que imaginei. - Jimin diz, olhando para os quadros que meu amigo pendurou ao longo dos anos. - É o quarto de um artista...

- O que está fazendo aqui? - pergunto, um tanto abrupto.

Os olhos de Jimin encontram os meus e ele hesita alguns segundos, o que me faz dizer:

- Eu acho melhor você ir...

- Você está bêbado?

Sua pergunta me pega de surpresa.

- Não... Quer dizer, eu bebi, mas não me sinto bêbado.

Jimin fica calado novamente, os olhos não desgrudando de mim. Dessa vez, eu fico quieto, apenas observando. Uns dois metros nos separam, mas nunca me senti tão longe de Jimin.

- Quando eu era pequeno, via os meus pais juntos e os admirava. Eles eram tão sorridentes... E pareciam se amar.

Claramente desconfortável, Jimin senta na cama e levo alguns segundos para fazer o mesmo, sentando próximo do travesseiro.

- Mas, em algum momento que não sei dizer, as coisas mudaram. Meu pai começou a passar as noites fora, voltar bêbado e ser grosseiro com a minha mãe. Então, as coisas evoluíram até ele bater nela pela primeira vez.

Sua voz torna-se embargada, como se fosse difícil deixar as palavras saírem. Tenho vontade de me aproximar e tocar suas mãos, mas não o faço.

- Um estranho bater na sua mãe é uma coisa, você tem total direito de odiar e querer que essa pessoa morra. Agora, quando o seu pai, alguém que você ama machuca sua mãe... Você se sente culpado por odiá-lo e por, mesmo com a agressão, ainda assim amá-lo.

- Ele já bateu em você? - pergunto, baixo.

- Não, nunca. Nós já discutimos feio e já dei alguns empurrões nele... Mas não há nada a ser feito, porque minha mãe não quer denunciar meu pai. Ela diz que ele não bate mais nela, mas sei que é mentira.

- Ela diz o motivo pra não querer denunciar?

- É a cafeteria. Está no nome dele e eu sei que ela vai perdê-la. Embora seja minha mãe quem cuida e administra, meu pai a controla financeiramente, sabe?

Assinto, meu coração doendo de pensar na situação que sua mãe vive.

- Eu cresci com raiva do meu pai. Não sei em qual momento entendi que, além do álcool, ele também usava droga. E, para piorar, começou a dever pra um pessoal da pesada...

Penso nas informações que Daeshin me trouxe e estico a mão para tocar Jimin, só que logo a recuo.

Em nenhum momento da sua confissão ele me olha, mantendo os olhos no chão. Porém, aos poucos ele vira o corpo para o meu e encontro os seus olhos marejados e a expressão triste manchando o rosto bonito.

- Lembra do festival de dança que teve na faculdade? Depois fomos ao parque de diversões...

- Sim, aquele foi o dia que entendi que gostava de você.

Jimin parece afetado pela minha fala, mas continua:

- Meu pai apareceu no final da apresentação, lembra? Ele me pediu grana, é o que mais faz... Para pagar dívida de droga.

Eu penso em contar da vez que encontrei seu pai e senti que ele flertou comigo, mas não vejo necessidade. A imagem que Jimin tem do pai está longe de ser das melhores e não quero deixá-lo ainda mais chateado.

- É isso que meu pai mais faz: vem atrás de mim pedir dinheiro e aí some. E machuca minha mãe, não apenas fisicamente, mas psicologicamente... Por isso, quando te conheci, foi óbvio ver que estava em um relacionamento abusivo, porque cresci com um dentro de casa.

Não aguento as lágrimas saírem dos meus olhos, sentindo dor ao pensar em crescer numa casa assim.

- Como... Como você começou a cheirar?

Jimin hesita em responder, respirando fundo antes de dizer:

- Ano passado, conheci Taeyang. Ele sempre foi do jeito que você conhece: intenso e festeiro. Um dia, eu estava mal, muito mal por conta desses problemas com meus pais e Taeyang tinha cheirado. Eu o via cheirar de vez em quando, mas nunca quis experimentar. Nesse dia, eu quis e cheirei. Imediatamente, eu me senti melhor. Não pensei mais nos meus pais, nas dívidas e em nada disso. Então, eu passei a usar, não em todas, mas na maioria das festas que íamos.

É doloroso ouvir sua confissão, mas sei que é ainda mais difícil para Jimin contar e ele continua, firme:

- Jungkook, eu só queria esquecer essas sensações ruins que existem dentro de mim. Com a cocaína, eu não apenas esquecia como elas se transformavam em sensações tão, mas tão boas... Mas tudo tem um preço e, aos poucos, meu corpo começou a sentir os efeitos.

- Por isso às vezes seu nariz sangra...

- Sim, meu corpo começa a sentir falta da cocaína. Ainda mais que passei um longo período sem usar. Por isso não durmo bem nem como muito...

- Yoongi disse que já sabia.

- Sim, eu pedi que não contasse para ninguém. No começo, era só mais uma droga que experimentei, mas ela começou a ser importante para que eu me sentisse realmente bem.

- Esse pessoal... Hyo, Eun, Doyun...

- Taeyang me apresentou todos eles. Hyo trafica e, bem, já devi para ele algumas vezes... - Jimin ri sem graça e completa: - Eu me tornei o que mais odiava: meu pai.

- Você não é como ele.

- Não? Eu sei que tenho meus problemas com raiva, você já me viu estressado... Eu cheiro e devo pra traficante. Não vejo muita diferença entre nós dois.

- Mas você quer mudar, não quer? Você não quer ficar bem?

- Às vezes não basta querer, Jungkook. Tem que agir, tem que fazer algo. E o que eu fiz? Eu usei tanta, mas tanta droga que quase tive uma overdose e fui parar no hospital.

- Jimin...

- É por isso que eu sempre te afastava quando você se aproximava deles. Eu tinha medo de algum deles acabar contando que eu cheirava e, assim, eu iria te perder pra sempre. Mas não foi preciso que eles contassem nada, eu te perdi sozinho.

As lágrimas já escorrem pelos meus olhos e não tenho como controlá-las. Quero abraçar Jimin, sentir seu corpo junto ao meu e prometer que vai ficar tudo bem. Mas não posso fazer isso, o que posso fazer agora é ouvir seu desabafo para que, talvez, ele se sinta menos culpado.

- Jungkook, quando eu te conheci e vi o quão bonito era, não imaginava que iria me apaixonar por você. Achei que fosse só uma atração física, mas não era. Eu me culpei por isso, porque você merece tanto, mas tanto e eu sei que não sou nem um terço disso...

- Claro que é.

- Não, não sou. - ele sorri tristemente. - Eu queria te conhecer cada vez mais, só que tinha medo que isso significasse que você também iria me conhecer mais. E não há nada bonito em me conhecer...

- Jimin, você é mais do que isso. - interrompo sua fala, querendo que ele se veja como eu o vejo. - Você é maravilhoso. Isso não quer dizer que seja perfeito, nunca pensei isso. Você é maravilhoso justamente porque é imperfeito e real. Com todas suas falhas, medos, erros, você é você.

- Seus pais. - ele não controla suas lágrimas e não paramos de chorar. - Eles foram falar comigo quando voltamos de Busan e por isso terminei com você.

- Eu sabia! - exclamo, em alívio e irritação. - Porra, eles te mudaram de quarto...

- Eles sabiam sobre meus pais. Sabiam sobre as dívidas, sobre as agressões da minha mãe... Eles ameaçaram acabar com a cafeteria e por isso disse que não te queria mais...

Eu sempre soube que meus pais tinham uma índole duvidosa. Eles nunca a esconderam de mim, até porque sempre deixaram claro como era importante "saber jogar o jogo", mesmo que eu nunca tenha aceitado fazer parte de nenhum jogo.

Agora, mudar Jimin de quarto e ainda por cima ameaçá-lo?

Aí é demais.

- Eu fiquei acabado depois de terminar com você e só queria esquecer. Nesses momentos, quem sempre esteve ali foi Taeyang e por isso fui pra casa de Eun e Doyun... E usamos muita, muita droga e... - Jimin me olha com dor, então continua: - Eu sei que não vai acreditar em mim, mas eu estava pensando em você. Lembrando de cada detalhe do seu rosto, do seu jeito, cada coisa que me faz te amar mais e mais a cada dia e Taeyang me beijou, mas pensei que era você e aí...

Jimin para de falar, talvez se dando conta da mesma coisa que eu.

Fico calado, os olhos arregalados e o coração acelerado ao perceber o que ele disse.

Ao fundo, é possível ouvir as batidas da música e as vozes no andar debaixo, mas é como se eu e Jimin estivéssemos protegidos em nossa bolha. Aqui, só existe nós dois e essa intensidade de sentimentos que nos conectam.

- Me... amar?

Eu repito as palavras, sentindo como elas se formam na minha boca. Quando Jimin disse que me amava, estava drogado. Tentei não pensar sobre isso, porque, enquanto eu não tinha certeza dos seus sentimentos, eu tinha completa certeza dos meus.

Porque, sim, eu amo Jimin.

- Jungkook... - ele para de falar, aproximando seu corpo do meu. Então ficamos sentados frente a frente e prendo a respiração em ansiedade.

Também não digo nada, sentindo suas mãos tocando as minhas. O toque que tanto me fez falta está aqui e entrelaço nossos dedos, observando como eles ficam bem juntos.

- Acho que é uma junção de cada coisa. - Jimin sobe seu toque para meu rosto, sua mão acariciando minha bochecha. - Sua pintinha embaixo da boca, seus olhos redondos e grandes, seu corpo perfeito... É também o seu jeito responsável, a forma que se preocupa com as pessoas e como tenta melhorar quando erra. É tudo isso e, quando digo essas coisas em voz alta, parece tão, mas tão poucas, porque é muito mais.

- Jimin...

- Você é o meu amor. Sempre foi você, Jungkook, porque eu te amo.

Depois que eu terminei, não imaginei que ouviria essas palavras de algum outro cara. Não me sentia o suficiente para alguém se apaixonar, não depois de tudo. Agora, eu ouço essas palavras do cara mais maravilhoso do mundo e a única coisa que consigo fazer é chorar.

Mas tudo bem, porque Jimin também chora e eu levo alguns segundos para confessar:

- Eu também te amo, Jimin.

Ele puxa meu corpo e nossos lábios se tocam, molhados pelas lágrimas que ainda escorrem dos nossos olhos. Acabo gemendo baixo quando sinto sua língua, tocando seus cabelos com desespero para sentir mais dele.

O tempo que passamos afastados parece insignificante demais. Tudo que ainda precisa ser dito não parece importante. Eu quero dizer que o perdoo por tudo e não o desculpo pelas coisas que não precisam de perdão, porque Jimin precisa é se perdoar. Quero explicar pra ele que falei com Daeshin em um momento de desespero, que eu preciso que ele me perdoe por isso. Eu quero falar e quero ouvir, mas, agora, o que eu quero é beijar Park Jimin.

Sua outra mão vai para minha cintura e o toque firme e tão conhecido por mim faz meu corpo reagir imediatamente; um gemido baixo ecoa da minha boca contra a sua, o que parece atiçá-lo ainda mais e puxa meu corpo até que eu deito na cama, com Jimin encaixado entre as minhas pernas.

Continuo puxando seus cabelos, sentindo uma mão ao lado da minha cabeça sustentando seu corpo e a outra ainda em um toque possessivo em minha cintura. Jimin está agitado, assim como eu, o tesão acumulado e o amor espalhado por cada poro do nosso corpo.

Quando a falta de ar se faz presente, afastamos nossos lábios minimamente e abro os olhos, fitando seu rosto tão próximo do meu.

- Eu senti tanta saudade de te tocar inteiro... Porra, Jungkook, você me dá muito tesão.

A voz rouca de desejo me arrepia e mordo meu lábio, não querendo conter o meu próprio desejo por Jimin.

- Por favor, Jimin...

Rebolo meu quadril, sentindo seu pau duro em contato com o meu e nós dois gememos. Ele aperta ainda mais minha cintura e tenho certeza que vai deixar marcas. Seus olhos descem para meu corpo e Jimin diz:

- Você está tão bonito com essa meia arrastão...

- Eu quero você... - ofegante, puxo seus cabelos. Quero que ele entenda o que estou tentando dizer, sentindo meu pau pulsar na calça justa que visto.

- Jungkook...

- Vamos transar, Jimin.

📷


E aí, meus amores, tudo bem? 

Espero que tenham gostado desse capítulo, ele foi um pouco trabalhoso de escrever! Jimin e Jungkook conversaram, embora ainda há muito a ser dito, já é um avanço... Para o que estão mais ansiososr, hein?

E vamos ver se a primeira vez dos Jikook vai finalmente acontecer rs

Obrigada pelo carinho e amor, sempre. Votem e comentem, viu? Até a próxima :)

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