você não sabe o que é um problema
mas eu sou um belo de um escândalo
(the best damn thing)
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Claro que não reclamaria, mas Andrei dirigia como um piloto de fuga. O que por um lado a fez ter medo de acabar morrendo naquele carro, mas por outro, garantiu-lhe a proeza de chegar no internato antes das 22:30. Não que isso significasse que não estava encrencada ou coisa assim, mas pelo menos era melhor do que chegar às 23h, né?
Né?
Agradeceu Andrei enquanto pulava para fora do carro e começava a correr para a portaria. Sem nenhuma surpresa, encontrou a coordenadora já esperando por ela.
Durante a corrida, ligou primeiro para a sua irmã, porque esperava que ela fizesse o meio de campo para controlar a mãe, mas sinceramente, a bronca foi igualmente pesada:
— Você é maluca?! Bianca do céu, todo mundo ficou preocupado! Você não tem só um, tem dois celulares, tava com eles enfiados onde? — Aquele havia sido só o começo do que se desenrolou por dez minutos ininterruptos, nos quais Andrei se esforçava demais para não explodir em uma gargalhada ao seu lado. Eventualmente, Natalie baixou o tom e suspirou de alívio: — Que ódio, sua inconsequente. Não apronta mais uma assim porque eu fiquei preocupada! Esse doido que está te levando de volta é irmão do professor mesmo? Tá, me avisa quando chegar. Sim, já pedi pra Esther avisar pra mãe, liga pra ela quando chegar no quarto porque a comida de rabo vai ser longa. Boa sorte, sua idiota. Te amo.
Que merda. A menos que tivessem aviso prévio dos pais, as alunas que saíssem do colégio deveriam estar de volta às 19h, com uma tolerância máxima de poucos minutos. Havia se divertido tanto jogando, com toda a audiência torcendo para que ela conseguisse subir o próximo rank, que acabou gastando oito horas naquele café.
Como foi imediatamente direcionada para a diretoria, provavelmente sua noite estava bem longe de acabar.
Será que se Madalena ainda fosse a diretora, estaria tão encrencada? Natalie dizia que a ex-diretora foi o maior problema que enfrentou no Madre Cordélia, mas quando Bianca a conheceu, sentiu que a mulher havia gostado dela logo de cara.
Esperou em silêncio até o momento em que foi chamada. Madalena Cordélia podia ser rígida, mas era muito gentil lidando com as alunas (era o que as amigas de Natalie diziam, mas sua irmã discordava com força). Já a atual...
— Bianca, que porra foi essa? — A repreensão chegou no momento em que passou pela porta.
Quando ergueu o rosto, tal qual um cachorro envergonhado, deparou-se com o olhar gélido da diretora Ariele Cordélia, que a encarava de braços cruzados.
— Ariele, deixa eu...
— Não, você escuta! — ergueu a voz e Bianca não ousou questionar, mesmo que ela tivesse acabado de perguntar uma coisa. — Tá usando droga? Onze horas da noite, você sem responder celular, sem dar notícia para sua mãe. Nem a sua irmã fez uma proeza dessas! Eu já tava acionando a polícia, Bianca!
O que matava não era quem era a diretora, mas aquela droga de proximidade que o relacionamento da irmã trouxe com toda a família Cordélia.
Quando a antiga diretora Madalena começou a apresentar sinais de uma crise nervosa perto das festas de final de ano, com desmaios e enxaquecas tão fortes que a levaram mais de uma vez para a emergência, a família concordou que ela devia ser afastada do seu cargo para que pudesse tratar o stress crônico. Felizmente, hoje em dia ela estava ótima e aproveitava o semestre de férias junto com a mãe, na Itália.
Naturalmente, quem assumiu o cargo de comandar o Internato que estava na família por gerações foi sua filha, irmã mais velha de Esther, Ariele Cordélia. Aos 32 anos, era advogada de um escritório renomado, mas desde nova deixou clara as intenções de assumir o colégio após a aposentadoria da mãe. Por enquanto ainda era um cargo provisório, mas ela se mostrava extremamente competente.
Bianca abriu a boca para tentar se justificar, mas foi interrompida quando a diretora lhe puxou para um abraço apertado.
— Que alívio, meu Deus. Eu fiquei tão preocupada! — Então a afastou, segurando-a pelos ombros para poder lhe encarar nos olhos. — Você nunca mais volte de carona com homem que não conhece! — Interrompeu-a no momento em que a viu abrir a boca: — Não interessa se é irmão de que professor! Se um dia precisar, pode ligar para mim, pedir um uber e eu pago depois, não me importa, mas não pode ser inconsequente assim! Entendeu?
A menor queria se justificar, mas sinceramente, sabia que estava errada. Depois de alguns segundos, assentiu, deixando um suspiro pesado escapar:
— Sim, Ariele. Desculpa... Você já falou com a minha mãe?
— Ainda não, mas a Esther avisou que a Natalie conversou com ela. Provavelmente tentando diminuir o tamanho da bronca que você merece levar. — Ariele cruzou os braços. Aquela era uma proximidade tão estranha de se ter com uma diretora que poderia ser engraçada em outra situação, mas apesar de um pouco incômodo, Bianca se sentia feliz por ter alguém que admirava tanto como Ariele cuidando dela.
— Eu acho que é melhor eu ligar para ela agora — Bianca olhou para o relógio digital na mesa de Ariele. Da última vez que suas família estiveram juntas, descobriu que apesar de ser uma aluna exemplar na época que estudou no internato, Ariele não era tão chatinha a respeito das regras quanto Esther (a diferença dela para Natalie simplesmente era que nunca foi pega), mesmo assim, não achou de bom tom tirar o seu celular proibido da bolsa agora. — Desculpa pela confusão.
— Não tá esquecendo de nada não? — A voz da diretora lhe congelou no lugar enquanto se dirigia para a porta. Bianca a olhou nos olhos azuis enquanto recebia a sentença: — Era pra você sair daqui com uma suspensão, se fosse com a minha mãe, mas vou te dar uma colher de chá porque sei que você tem amor à vida e não vai fazer uma merda dessas de novo! Não posso ser injusta e fingir que nada aconteceu, mas você vai só ficar com o direito às saídas de final de semana revogado por dois meses.
Pela primeira vez naquela noite, Bianca ficou apavorada.
— Não, Ariele! Por favor, não pode ser!
Foi realmente uma colher de chá: o internato Madre Cordélia era muito severo com quebras de regras (apesar de Ariele particularmente não concordar, tinha todo um conselho para o qual precisava prestar contas) e era fácil receber uma suspensão. A questão era a tolerância de apenas duas, uma terceira resultando em expulsão imediata. Além de que, a maioria das burguesinhas dali que quisessem tentar uma universidade no exterior precisavam cuidar para que o seu histórico escolar fosse impecável.
As alunas comentavam como, sob o comando de Ariele, as punições estavam mais brandas. O problema é que, para Bianca, ser obrigada a ficar no internato era mil vezes pior do que uma expulsão! Meu Deus, principalmente agora que encontrou aquele lugar incrível para passar o dia inteiro jogando, bem longe de garotas horríveis e amigas falsas.
— Não se preocupa, isso não vai para o seu histórico, Bianca. É só questão de-
— Eu prefiro a suspensão! — interrompeu.
A diretora ergueu a sobrancelha e talvez pela primeira vez desconfiou que Bianca esteve mesmo usando drogas.
— Enlouqueceu, Bianca?
— Se eu aceitar a suspensão, eu fico fora das aulas de amanhã e vai pro meu histórico, mas posso continuar saindo de final de semana, né? — perguntou, e a diretora nem soube o que responder, erguendo as palmas para cima como se questionasse se a garota estava louca. — Se for assim, pode ser! Por favor, não revoga o direito de saída, eu imploro!
A maioria das garotas implorava pelo contrário: abdicava de todas as saídas para não manchar o histórico, entrava em desespero à simples menção de uma suspensão. Ariele ainda nem sabia o que fazer. Teria que convencer Bianca a aceitar a melhor punição?
Levou a mão à cabeça, cansada e sem a menor vontade de lidar com adolescentes:
— Você tem certeza? Sua mãe vai ficar furiosa. Digo, mais do que com certeza já está.
— Absoluta!
— Dai-me paciência, senhor... Então você fica suspensa pelo próximo dia letivo. Não preciso te lembrar que não pode passar esse tempo no quarto e precisa ficar na-
Mas a frase se perdeu no ar quando Bianca a abraçou apertado:
— Obrigada, Ariele! Você é a melhor de todas!
Àquela altura, a mulher mais velha simplesmente deixou um riso cansado escapar.
— Não me admira que a mãe pirou... Agora dispara da minha sala. — Bianca a soltou com um sorriso no rosto e desejou um sonoro "boa noite" enquanto praticamente saltitava em direção à porta, como se tivesse acabado de sair ilesa de uma enrascada. — E feliz aniversário, sua pirralha.
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Nota da autora:
Boa tarde, meus amores 💜
Eu sei que praticamente todo mundo já desconfiava, mas finalmente conhecemos a nova diretora!
Não se preocupem, está tudo bem com a Madalena 🙏 (ninguém pode culpar ela por surtar depois de lidar com a Natalie por um ano inteiro...)
Eu amo tanto a Ariele que, quando decidi escrever Camellia, simplesmente PRECISEI colocar ela nesse livro!! E daqui a alguns capítulos ela vai participar da melhor cena da história kkkk eu DUVIDO que não vou deixar vocês 🤯🤯🤯
Aliás, contem para mim: quem aqui NÃO leu Lilium? Eu vejo algumas pessoas nos comentários e fico muito feliz de vocês terem se interessado nessa história 💜 Espero que perdoem o leve fanservice e não desistam da Bianca (ou de mim)!
Inclusive, mudei a forma que eu credito as músicas porque achei assim mais bonito (embaixo da citação). Tudo ótimo, até lembrar que vou ter que arrumar +70 capítulos no Lilium pra ficar igual 🤡 que ódio
ENFIM, pra quem é novo, já se acostumem comigo falando vários nadas nas notas finais. É tipo lei por aqui.
A Bianca implorando pra ser suspensa é meu novo mood 😎
Espero que estejam gostando da história e, por enquanto, esse é o último capítulo mais curtinho. Logo mais vem os calhamaço de mais de 10 páginas 🙏
Até sexta-feira e... Vocês tão sentindo esse frio?
Parece que vai nevar 🥶🥶🥶