Camellia

By Hunterina

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🏆 VENCEDOR DO WATTYS 2023! 🏆 O Madre Cordélia era o internato dos sonhos, mas havia se transformado em um p... More

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By Hunterina

me sinto calma, é aqui que pertenço, eu sou tão feliz aqui

é tão forte que agora eu consigo me permitir ser sincera

(innocence)




— Não se preocupa, Nini. Tá tudo bem aqui no internato, só estou com saudades de casa. — Bianca sorriu sozinha. — E como está sendo dividir o apartamento com a Esther?

— Ah, Bibi — Natalie sabia que a irmã odiava aquele apelido ridículo que inventara aos 11 anos. — Não vou dizer que é perfeito, mas estamos nos acostumando. Agora eu já nem quero matar minha namorada a maior parte do tempo, olha que avanço! — As irmãs riram juntas pelo telefone. — Não, mas sério, estamos ótimas. Outro dia te conto com detalhes, não quero ficar te alugando no dia do seu aniversário, só liguei pra te desejar os parabéns. A Esther também tá te mandando um beijo e desejando tudo de bom, saiba que te amamos muito, ok?! Vamos combinar logo pra você vir nos visitar. Depois me conta como foi com a Elisa!

Então, pela primeira vez em quinze minutos de ligação, Bianca mordeu o lábio inferior. Havia apagado a sua mensagem de desabafo para Natalie há alguns dias, por isso a irmã não tinha qualquer conhecimento sobre o quanto estava sofrendo no internato e, da mesma forma, escolheu não contar sobre a briga com Elisa. Definitivamente tudo o que não precisava era de mais drama quando finalmente estava conseguindo aproveitar um pouquinho.

— Conto tudo quando eu chegar no internato, ok? Te amo, Nini.

— Também te amo, Bi. Fico feliz que a mãe aceitou quando aquela senhora te ofereceu em troca de um repolho! — Natalie cantarolou do outro lado da linha e Bianca trancou o riso. Todo o ano era uma diferente. — Beijo, pequena. Aproveita!

Bianca respirou com gosto o ar da tarde ensolarada, enquanto desligava o telefone com um sorriso no rosto. Pela primeira vez em semanas, conseguiu ter uma conversa de verdade com a irmã e, mesmo que tenha escolhido ocultar todos os seus problemas, sentia-se alguns quilos mais leve.

Abriu o seu whatsapp, que estava estourando em notificações. Respondeu aos desejos de felicidade que recebeu nos grupos de LOL, de fanfics, de fandoms de animes e de k-pop, além do seu grupo de amigos virtuais. Seus pais lhe ligaram pouco depois que chegou no centro da cidade e ficou quase trinta minutos sendo bombardeada de carinho, então àquela altura quase podia se sentir feliz pelo seu dia.

Passou mais alguns minutos checando suas redes sociais, repostando stories em que seus amigos lhe desejavam feliz aniversário com fotos vergonhosas (a maioria se tratava de prints de call por vídeo no Discord). Até se pegou chorando no meio do centro quando viu o presente que uma de suas amigas lhe preparou: um compilado com algumas das melhores jogadas de Bianca em suas partidas de League of Legends, intercaladas com áudios onde ela gritava sobre o quanto jogava bem e oferecia aulas para os adversários. Bianca riu tanto, ignorando a atenção que atraía das pessoas próximas, que decidiu repostar em seu próprio Twitter.

Chegou ao centro depois da briga horrível com Elisa e de passar a viagem de ônibus inteira chorando. Felizmente, assim que desceu, recebeu a ligação carinhosa de seus pais e começou a responder as felicitações, então por volta das dez horas da manhã já se sentia melhor, passeando pelo centro com seus fones de ouvido estourando All Time Low. Usou uma parte do dinheiro que seus pais lhe enviaram de presente para comprar uma bolsa da Sailor Moon e gastou o vale-presente de Natalie com 3 livros novos (nem ferrando que ela tinha todo esse dinheiro, com certeza tinha dedo da Esther aí!). Depois almoçou seu lanche favorito no McDonald's e tomou um milkshake de morango.

Não era o aniversário perfeito, mas pelo menos seu coração estava mais leve. Quase podia fingir que não teria que voltar para o internato ao final do dia — e faria questão de enrolar pelo resto da tarde para evitar ao máximo esse momento.

Caminhou a esmo pelo centro por mais meia hora até sentir os pés começarem a doer e o calor se tornar insuportável. Checou o horário no celular: 14h. Só precisaria estar de volta às 19h, mas já começava a ficar exausta.

Dez minutos depois, quando começou a ter certeza que não aguentaria mais 6 horas fazendo vários nadas, encontrou o que lhe pareceu um oásis em meio ao deserto. Trocou com prazer a rua quente pelo ar-condicionado daquela loja, cuja fachada anunciava Cyber Fever em neon.

Seus olhos brilharam ao ver com os leds roxos iluminando as várias mesas de computadores dispostas para uso. Viu alguns garotos com headsets falando alto enquanto jogavam uma partida de CS:GO, o clima inconfundível de uma lan house.

— Quer ajuda, pequena?

Só então Bianca prestou atenção no garoto de vinte e poucos anos mascando um chiclete e lhe encarando por trás do balcão. Seu rosto era repleto de acnes e usava um boné de aba reta da Marvel.

— Ahn, boa tarde — respondeu, pensando de onde vinha aquela intimidade para lhe chamar assim, mas estava acostumada com pessoas usando sua pouca estatura para lhe apelidar. Realmente precisava ficar na ponta dos pés para conseguir conversar direito por trás do balcão alto. — Aqui é uma lan house?

O garoto ergueu uma sobrancelha, mas foi simpático ao lhe explicar:

— É um cyber café com computadores para games. — Apontou para a parte de trás da loja, onde estavam os setups. O local estava bem arrumado e Bianca percebeu uma escadaria ao fundo. — Tem dez computadores aqui de baixo e mais dez lá em cima, num espaço com sofás, televisão e consoles. — Em seguida, apontou para a entrada, onde eles estavam. Haviam três mesinhas redondas com cadeiras, uma televisão de 42 polegadas passando episódios de Naruto e duas geladeiras de vidro com bebidas a venda. — Também servimos cafés e outras comidas.

Seu tom não era dos mais animados enquanto explicava algo que provavelmente sempre precisava repetir, mas os olhinhos de Bianca brilhavam com o entusiasmo de quem achara seu novo lugar favorito. Ela nem sabia que lan houses ainda existiam em 2019! Quem dirá uma especializada em jogos.

— Que foda! Quanto é a hora? — Imediatamente abriu a bolsa, procurando a carteira.

Ele apontou para a tabela de preços bem à vista no balcão.

— 7 reais, 5 a partir da quinta hora. Todos os PCs têm configurações para jogos de última geração — explicou — Tu joga?

Bianca franziu os olhos, desconfiada. Era agora que aquele cara lhe olharia com deboche, pensando que ela não podia jogar apenas porque era uma menina?

— Jogo sim.

— Massa. — Ele fez uma bola de chiclete e tirou outra tabela de preços debaixo do balcão. — Aqui tem umas condições especiais. Que jogo tu curte?

— Eu tava terminando o Red Dead 2, mas queria jogar um lolzinho — respondeu, sentindo-se um pouco mal por desconfiar que ele seria babaca.

Então deu uma olhada na tabela de condições especiais enquanto o atendente explicava sobre o bônus de horas para quem subisse seu rank em jogos competitivos durante o tempo na lan house.

Deixou um sorriso malicioso escapar. Boa não era a melhor forma de classificar Bianca no League of Legends: estava, no mínimo, para excelente. O jogo era dividido em nove ranks e Bianca estava com a sua conta principal no penúltimo deles, Grão-Mestre, antes de começarem as aulas no internato. Ficava entre os melhores players do servidor.

A parte que lhe convinha era que possuía uma conta secundária que criou para jogar com Natalie e esta ficou abandonada no rank Ouro. Bianca conseguiria subir o rank daquela conta com facilidade e com certeza ganharia tantas horas bônus que poderia jogar de graça pelo resto do semestre.

Quando o atendente terminou de explicar, Bianca já estava colocando o resto do dinheiro que ganhara da mãe sobre o balcão e pedindo por seis horas em um computador.



— Caralho, a baixinha é boa demais! — O atendente comentou, provavelmente pela quinta vez só durante aquela partida.

Bianca conseguiu ouvir o elogio por trás da música do Panic! At the Disco que estourava em seu headset, assim como a concordância de seus outros espectadores. Àquela hora, metade dos meninos que jogavam CS haviam terminado suas partidas e se amontoaram para acompanhar a garota que praticamente não perdeu nenhuma partida até então. Se fosse sincera, estava um pouco enferrujada graças aos dois meses em que não pôde jogar desde o começo das aulas, mas seu nível era muito superior ao deles para que notassem — e não estava sendo prepotente. De qualquer maneira, depois de quase dez partidas (seis delas nas quais fez seu time ganhar em pouco menos de vinte minutos), já voltava a se sentir como a antiga Bianca.

— Tá, qual é teu elo de verdade? — perguntou um dos garotos, um estudante bonitinho cujo uniforme não reconhecia.

Ela sorriu, estufando o peito ao responder, sem tirar os olhos da tela:

— Eu estava no Grão-Mestre na minha conta principal.

— Caralho!

— Viu João, a garota tá no Grão-Mestre e você aí afundado no Prata!

Bianca trancou o riso com as brincadeirinhas subsequentes dos garotos. Gostava de ser boa no jogo pois assim podia combater quaisquer estereótipos ou gracinhas de quem achava que mulheres eram inferiores.

Alguns minutos depois, seu time ganhou a última luta da partida. A imagem do seu campeão, a Cassiopeia, apareceu junto com a mensagem "Quadra Kill", indicando que quatro das cinco mortes inimigas foram garantidas por Bianca. Os garotos ao seu redor explodiram com a sua última jogada.

— Olha, eu estaria puto por você estar jogando em uma conta mais baixa se você não fosse tão foda — provocou o homem que lhe atendeu, tomando um longo gole de Monster.

— Ô mina, na moral, me dá umas aulas de mid — pediu um dos garotos, de mais ou menos 13 anos. Mid era a posição que Bianca jogava.

— Ô Honey Bee, quer tirar um x1? — Convidou outro, propondo uma partida contra ela. Bianca sentiu um arrepio de alegria percorrer seu corpo ao ser chamada pelo seu nick no jogo, como vários amigos virtuais também lhe chamavam.

— Claro, só deixa eu checar se... — murmurou, enquanto alcançava o celular.

Então sentiu como se todos os seus órgãos caíssem descarga abaixo. Assim que o visor do celular se iluminou, encarou o relógio marcando 22:07. Seu celular explodia em notificações, com quase 10 chamadas não atendidas de sua mãe e mais 5 de sua irmã.

É, tinha sido uma vida legal aquela.

— Meu Deus, eu tô tão, mas tão fodida! — Atirou de qualquer jeito todos os seus pertences para dentro da bolsa, enquanto deslogava de sua conta. — Eu já deveria estar no internato! Minha nossa, eu não sei nem quem vai me matar mais, a minha mãe, a Natalie ou a diretora...

— Ah não, você é aluna do Madre Cordélia? — perguntou o atendente, dispersando o grupo de espectadores para ajudar Bianca a desligar o computador. — Que rocha, cara. O último ônibus pra lá já passou.

Pensando bem, sua vida não tinha sido tão boa para compensar a tortura que receberia de uma Dona Sônia furiosa com a filha sumida.

— Ai meu Deus — gemeu de agonia. Para melhorar, seu estômago roncou, lembrando-a que também sequer havia comido desde o almoço.

Estava a alguns segundos de se atirar no chão em posição fetal, quando o atendente da loja falou:

— Escuta, pega suas coisas que eu te levo. Meu irmão é professor de informática lá, se quiser te dou o número dele pra confirmar. Em meia horinha chegamos.

— Mas e o café, moço?

— O Murilo fica de olho. — Fez um sinal para um dos garotos que jogavam. — E pode me chamar de Andrei. Se pá é importante você saber, já que aparentemente vou te ver pelo resto do ano com tanta hora extra.

Mesmo com a iminência de ser morta pela sua mãe, Bianca se pegou sorrindo. Afinal, talvez não tenha sido um aniversário tão ruim.




Nota da autora: 

A multidão se aproxima com tridentes e estacas, clamando "MARINA CADÊ O NEVOU? 🥶" 

EU SEI que vocês estão loucos para conhecê-lo, mas queria dar à Bianca a chance de se reconectar um pouco mais com quem ela era antes de tanta desgraça acontecer 🙏 se serve de consolo, ele aparece no capítulo 6.

Acho que esse aqui é o único contexto importante de jogos que vou dar fora da história, mas só para quem não joga entender melhor: League of Legends é um jogo com vários ranks e quanto melhor você é, mais alto fica. Em ordem: Ferro, Bronze, Prata, Ouro, Platina, Diamante, Mestre, Grão-Mestre e Desafiante. O rank da Bianca é Grão-Mestre, que é realmente alto, um abaixo de quem é profissional. Tô explicando isso porque a habilidade da Bianca vai ser relevante em vários momentos da história então saibam que ela realmente é braba kkk

Ai ai, o que será que a nova diretora vai achar do atraso da Bianca? 👀 mais sobre isso na semana que vem.

(o contraste entre as irmãs kkkk uma vai pra diretoria por ser pega fumando maconha e a outra pq ficou jogando joguinho até tarde kkkkkkkkkkk Bianca é um mood mesmo)

Espero que estejam gostando da história 💜 ela começa mais lentinha do que Lilium mesmo, mas prometo que quando pegar fogo, não vamos ter um minuto de paz.

Um beijo enorme e até segunda-feira! 

Um bom final de semana a todos 💜

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