Só Mais Um Clichê

נכתב על ידי paolabns

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Depois de perder a irmã, algo dentro de Anna Liz mudou. A dor foi capaz de mudá-la exageradamente. Além de se... עוד

Prefácio e apresentação
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1 - Dear family
Capítulo 2 - Welcome to boarding school
Capítulo 3 - Sombras do passado
Capítulo 4 - O violino, a sapatilha e a garota
Capítulo 5 - Problems in sight
Capítulo 6 - Chocolate quente e confusão
Capítulo 7 - Consequências do passado
Capítulo 8 - Passado
Capítulo 9 - Encrenca
Capítulo 10 - Conte a verdade
Capítulo 11 - Behind the messages
Capítulo 12 - Residência Collins
Capítulo 13 - Sensações
Capítulo 14 - Back to school
Capítulo 15 - Brown eyes
Capítulo 16 - Sobre sentimentos
Capítulo 17 - Fora do meu alcance
Capítulo 18 - Perto das estrelas
-
Capítulo 19 - Broken heart
Capítulo 20 - Opostos
Capítulo 21 - I want you for me

Capítulo 22 - Adore You

210 30 17
נכתב על ידי paolabns

Amor

Eu andaria no fogo por você

Apenas me deixe te adorar

Oh, amor

Eu andaria no fogo por você

Apenas me deixe te adorar

— Adore You, Harry Styles


A N N A L I Z

Quando completei 11 anos Ethan estava há três meses de distância de completar 12 anos. Era a fase dos "namoradinhos" na escola. Pedro e Raissa – dois de nossos amigos – tinham um namoro engraçado de assistir. Raissa andava pelos corredores da escola com Pedro em seu encalço, este sempre de braços cruzados e cara emburrada quando ela o arrastava para as suas aulas de dança.

Nessa época as pessoa enxergavam Ethan e eu como um casal óbvio no futuro. Quando as pessoas diziam isso, Ethan fazia uma careta e eu torcia o nariz ao mesmo tempo em que soltávamos um "eca" em uníssimo. Naquele tempo a ideia parecia absurda para nós dois.

Beijar Ethan Collins algum dia? Jamais!

Pois bem, veja só onde estamos agora.

Ethan aprofunda o beijo, me fazendo suspirar contra sua boca. Seu corpo pressiona o meu enquanto uma de suas mão segura um lado do meu rosto e a outra aperta minha coxa exposta. Tudo em mim parece queimar quando ele está perto.

Puta merda!

Isso não é bom. Isso não é bom.

Meu coração parece prestes a sair pela boca quando nos afastamos. Sinto seus lábios raspando contra os meus, o simples contato me deixa tonta.

Sua mão sobe por minha coxa, percorrendo o caminho com as pontas dos dedos, deixando minha pele arrepiada. Abro os olhos devagar, encontrando as íris castanhas capazes de trazer um tornado inteiro de borboletas para o meu estômago. Ethan parece absorver cada detalhe do meu rosto – ele aparenta estar raciocinando lentamente, como se absorvesse o momento –, até que um sorriso de canto desponta em seus lábios.

Chega a ser inacreditável as milhares de sensações que ele me fazer sentir quando esta por perto. Esse sorriso por exemplo, me enche de borboletas.

Sorrio também, sem conseguir me conter.

Ethan desliza o polegar pela minha bochecha.

— Porra, adoro isso — sussurra como se estivesse me contando um segredo. — Adoro te ver sorrindo.

Junto nossas bocas novamente. Todo meu corpo incendeia quando ele agarra um pouco abaixo da minha bunda e me ergue, imediatamente enlaço minhas pernas em sua cintura.

Diferente do nosso último beijo esse não tem nada de inocente. Ethan faz questão de colar o corpo ao meu – me fazendo senti-lo duro contra mim –, para mostrar o quanto está maluco por mais. Aperto um pouco mais as pernas ao redor de seu quadril quando o aperto entre minhas pernas se amplifica. Preciso me controlar para não gemer baixinho uma suplica para ele usar a boca em uma outra parte minha que está implorando por ele.

Sem perder tempo Ethan me carrega até a mesa do professor, me colocando sentada na beirada. Empurrando para o chão papéis e canetas, ele se inclina sobre mim. Seguro seu rosto quando ele passa a beijar meu pescoço, me fazendo arfar. Agora seus olhos estão presos aos meus, suas íris mais escuras e suas pupilas dilatadas estão embebedadas de excitação.

— Você não faz ideia do quanto eu quero arrancar sua roupa e te foder bem aqui, nessa mesa — meu corpo tenciona com suas palavras.

— É mesmo? — murmuro, umedecendo meus lábios. — E como você faria, hum?

Ethan dá uma risadinha, entrando no jogo.

— Primeiro eu iria tirar tirar essa sua blusa, que apesar de ficar linda em você, no momento eu te prefiro sem ela — ergo os braços para que ele tire meu moletom cinza. Rapidamente estou livre dele, agora estou com a camiseta branca.

Ele solta o agasalho em qualquer canto.

Empurro meus cabelos para trás dos ombros, segurando a beirada da mesa enquanto o encaro.

— E depois? — minha voz não passa de um murmúrio.

Ethan toca os três botões da camiseta e abre o primeiro com um pouco de dificuldade. Ele resmunga um xingamento e antes que eu possa ajuda-lo ele rasga a frente da camiseta sem dó alguma. Solto o ar, surpresa.

Ele ergue os olhos em minha direção e abre um sorriso inocente.

— Perdão, amor. Minhas mãos escorregaram — o que sobrou da minha camiseta é solto no chão. Sinto minhas bochechas corarem quando seus olhos miram meus seios encobertos pelo sutiã preto rendado. Ele já me viu de sutiã uma vez, no dia em que estávamos na piscina quando fui com ele visitar Beatriz. No entanto, dessa vez suas íris dilatadas se prendem em mim sem qualquer vergonha. — Porra — quando ele volta a me beijar é como se o mundo parasse de girar. Sinto como se nada mais importasse além de nós dois.

Arfo quando ele se inclina sobre mim. A pressão entre minhas pernas vivifica no momento em que Ethan enfia a mão por debaixo da minha saia, espalmando-a na parte interna da minha coxa esquerda. Ele beija o canto da minha boca e então começa uma trilha de beijos por meu pescoço em direção a minha clavícula. Um gemido baixo me escapa quando sinto os dedos de Ethan afastando minha calcinha.

No entanto ele me cala, pressionando os dedos em meus lábios.

— Shh... — ele sussurra contra meu ouvido. — eu adoraria te ouvir gemer pra mim, querida — mordo o lábio inferior com força quando o sinto mexer lá em baixo. — mas acho que você não quer que saibam o tipo de diversão que estamos tendo aqui, não é? — choramingo ao senti-lo traçar os dedos pela minha entrada. Institivamente movo minha cintura, querendo que ele entre de uma vez. — Imagine que inconveniente seria se soubessem que a garota exemplo esteve com a boceta na minha mão, hum? — seus dedos faziam movimentos circulares me deixando alucinada.

Meu Deus.

— Ethan... — solto seu nome em um chiado, e este parece ser o suficiente para ele perder o auto controle. Sem rodeio algum Ethan penetra dois dedos em mim.

Dessa vez não consigo conter o gemido. Sai ofegante, frenético.

Caralho, Anna Liz — sua respiração está tão desenfreada quanto a minha. Ele tira os dedos e então os enfia novamente. Ethan trata de abafar o gemido colando a boca na minha. — Shh... quietinha... — rebolo em seus dedos, o fazendo praguejar baixinho. — Porra, você não imagina o quão linda está agora — ele afasta o cabelo do meu rosto, agora beijando a parte expostas dos meus seios.

Inclino a cabeça para trás, fechando os olhos com a sensação fascinante de senti-lo em todo lugar. Ethan impulsiona os dedos mais rápido ao perceber o quão perto estou do clímax. Ele prende o cabelo da minha nuca na mão para poder sussurrar em meu ouvido:

— Goza pra mim, amor — arfo, rebolando e esfregando meu corpo ao dele. — Goza nos meus dedos, goza — e assim eu fiz.

Ethan Collins – o garoto do qual me comprometi a ficar longe –, me fez gozar, na mesa de professores, apenas com os dedos.

(...)

Uma música aleatória toca no último volume nos meus fones.

Deveria estar terminando uma tarefa para a aula de literatura de amanhã, mas estou deitada na minha cama de barriga para cima e de olhos fechados. O que aconteceu hoje mais cedo não sai da minha cabeça. Ainda posso senti-lo, posso senti-lo em toda parte.

Babaca. Degraçado.

Respiro fundo, colocando as mãos sobre os olhos.

Só de pensar que poderíamos ter sido pegos naquela situação, sinto a quentura nas bochechas. Fingi ter um ótimo alto-controle enquanto colocava meu moletom e enfiava os restos da minha camiseta nos bolsos. Precisei sufocar tudo que estava sentindo para poder olhar para ele e dizer:

— Isso — apontei para mim e depois para ele. — Nunca mais vai acontecer. Ainda te acho um grande idiota — tive vontade de matá-lo quando um sorrisinho de canto surgiu em sua expressão. — Qual é a graça, hein?

— Nenhuma — ele escondeu as mãos nos bolsos da calça.

O encarei de cima abaixo, levantando o nariz e escondendo uma mecha do cabelo atrás da orelha.

— Hum — resmunguei não acreditando na sua resposta.

Eu sai da sala com o coração aos tropeços e o deixei para trás.

Abro os olhos, encarando o teto branco entre as frestas dos meus dedos.

Addie entra no quarto com seu uniforme de líder de torcida. Ela joga os pompons na sua cama, mas vem se deitar ao meu lado. Agora nos duas encaramos o teto branco em silêncio. Addie puxa um lado do meu fone e o coloca no próprio ouvido.

— Quer conversar? — pergunto diante do silêncio.

Addie nega com a cabeça.

— E você?

— Não — nego também.

Voltamos ao silêncio.

Após um curto período de tempo, ouço um ronco baixinho. Me sento na cama a procura do som e encontro Addie dormindo. Solto uma risada baixinha e volto a me deitar, agora encarando a janela.

Hoje está ventando muito. A galhada de um árvore morta bate na vidraça. Fecho os olhos e caio no sono.

Pela primeira vez em muito tempo, não tenho pesadelo algum.

(...)

Encontro Daniel no jardim atrás do colégio.

Ele está usando uma jaqueta marrom e a calca cinza do uniforme. Escondo minhas mãos enluvadas nos bolsos do meu casaco azul escuro.

Amo e detesto o frio na mesma proporção.

— Oi — ele diz, guardando o celular no bolso da jaqueta, deixando a mão ali. — Pensei que você não iria mais vir.

— É, estava ocupada — na real eu acabei pegando no sono de verdade.

Tenho tido noites complicadas essa semana, foi a primeira vez em algum tempo que consegui desligar minha cabeça totalmente. Além disso, o sonho que tive me fez despertar precisando urgentemente de um banho gelado.

— Juro que as mensagens que estive enviando para o seu irmão não eram cem por cento reais. Eu jamais machucaria o Arthur, Liz — Daniel passa puxa os cabelos para trás nervosamente. — O motivo é muito complicado. Mas conheço as pessoas pra quem ele está devendo e esse pessoal é barra pesada, entende? Só estou tentando livrar a pele dele.

Expiro, sentindo o ar frio adentrar minhas narinas.

— Quem são essas pessoas?

— Eu já te disse, não vou te colocar no meio disso — reviro os olhos, cansada desses joguinhos.

— Por que ninguém me conta nada nesse lugar, hein? — digo, olhando para ele. — Isso não é justo. A Hilary, você, o Ethan.... Sinto que estou sendo jogada entre vocês, sem saber de nada. Que porcaria aconteceu entre vocês que eu não posso saber? — sinto algo azedo revirar meu estomago.

Odeio mentiras, odeio segredos.

— O assunto não é esse — vejo a tensão se formar entre suas sobrancelhas. — Não posso falar sobre isso. Fiz uma promessa — pela primeira vez, Daniel parecia sincero. — E se eu quebrá-la, não vai me sobrar mais nada — ele murmura consigo mesmo. — Mas quanto ao seu irmão, vou parar com as mensagens, vou dar um jeito nisso tudo, juro pra você.

— O que vai fazer?

— Não se preocupe mais com isso, Anna. Essa confusão não é sua.

Assinto.

— Sei — me viro, pronta para ir embora. — É Anna Liz pra você. E fica longe de mim — digo, de costas para ele. — Resolve isso e vê se fica bem longe do meu irmão — deixo o lugar com passos firmes, sentindo seus olhos perfurarem minhas costas.

(...)

"Esqueceu de mim?"

A mensagem de texto chega acompanhada de um emoji de carinha fofa e pidona. Beatrice. Sorrio, digitando uma resposta.

"Não esqueci. Estou atarefada com as coisas do colégio e estou fazendo parte do comitê de organização da festa de halloween"

Ela não demora mais de cinco minutos para responder.

"Quando tinha sua idade adora participar desse tipo de coisa. Que bom que está se enturmando bem. Estou feliz por você J"

Sorrio novamente. Beatrice soa sempre tão doce. Ethan era tão parecido com ela quando éramos crianças. Ela envia uma figurinha de diversos corações vermelhos subindo.

"Henry e eu sentimos sua falta. Ethan vai vir no domingo. Venha com ele. Estou me sentindo bastante disposta esses dias, podemos ir a algum lugar, o que acha?"

Meu coração se aquece, feliz em saber que ela me quer em um passeio em família.

"Por mim tudo bem :))"

Ela responde rapidamente. Agora uma figurinha de um patinho fofo dançando.

"Perfeito! Vou falar com o Ethan. Ansiosa para te ver, florzinha ♡"

"Ansiosa também ♡"

Desligo a tela, guardando o aparelho no bolso do casaco e voltando a encher as bexigas laranjas.

Estamos arrumando a quadra onde o baile vai acontecer. A festa já é nesse sábado, e Hilary está para enlouquecer todo mundo. Teremos o "baile das bruxas" das seis ás oito da noite, depois teremos a festa menos formal, com a apresentação ao vivo da banda que um dos alunos presentes no comitê faz parte.

— Como estão as coisas por aqui? — Hilary avalia o trabalho que Jimmy e eu estamos fazendo.

Eu encho os balões enquanto ele tenta cola-los como se fosse um amontoado de abóboras.

— Acho que estamos indo bem — Jimmy dá de ombros.

— Ótimo. A festa já é amanhã e não temos tempo para problemas — Hilary joga o cabelo loiro para trás, enquanto com a outra mão segura uma prancheta e uma caneta preta. — E o diretor me mataria se soubesse que ter dispensado todo mundo das aulas hoje não valeu de nada.

Agora são dez da manhã de uma sexta feira. Passei o resto do dia de ontem jogada na cama lendo um romance bobo, mas apaguei em algum momento, com o livro sobre a barriga. Quando acordei, o livro estava fechado na cômoda e uma coberta me cobria. Louise e Addie dormiam. Sorri, pois sabia que haviam sido elas.

Foi fácil pegar no sono novamente.

Acordei as sete com Hilary invadindo nosso quarto e nos acordando com gritos histéricos.

— Relaxa, vai dar tudo certo — disse, vendo o quanto ela parecia nervosa.

Hilary respirou fundo, soltando o ar devagar.

— Espero que sim. Tenho trabalhado nessa festa praticamente o ano inteiro.

— Está ficando tudo incrível, loirinha, não pira — Jimmy coloca uma mão no ombro dela soltando uma risada.

— É, vocês estão certos — ela abriu um sorriso, ajeitando a saia azul do uniforme. — Eu sou incrível, nem tem como isso dar errado — e assim ela se retira, se direcionando para onde o palco estava sendo montado.

Jimmy e eu voltamos ao trabalho. Abro um pacote de papel crepom verde, começando a corta-los em tirinhas para colar no topo das "abóboras". Jimmy segue fazendo mais amontoados de bexigas.

Não vi mais Ethan desde o acontecimento naquela sala. Também não nos encontramos hoje. Pensei em mandar uma mensagem, mas o que eu mandaria? Depois de ontem sinto que tudo entre nós ficou um pouco nebuloso. Não sei como me portar. Passamos só esse tempo sem manter contato e já sinto falta dele. Ate de longe Ethan consegue revirar borboletas em minha barriga, e com um toque consegue me fazer derreter. Me pergunto se ele também o faço sentir alguma das milhares de sensações que ele me sentir.

— Pronto, acho que terminamos aqui — Jimmy diz, após ter colado a última tirinha verde.

— É, terminamos — abro um sorriso, satisfeita com o resultado.

— Olha só, ficou perfeito! — Hilary vem até nós novamente, um sorriso imenso enfeitando seu rosto.

— Obrigado — digo, mantendo um sorriso orgulhoso.

— A Evelyn e o Ben estão decorando os corredores — ela olha para a prancheta em suas mãos. — Está livre agora, Jimmy? Eles precisam de uma ajuda por lá.

Jimmy dá de ombros.

— Você que manda, querida — ele faz uma reverencia forçada, enfia as mãos nos bolsos da calça e se afasta, saindo da quadra.

— Precisa de mim pra mais alguma coisa? — questiono, cruzando os braços para tentar me proteger do ar frio.

— Na verdade sim — ela me encara com os olhos brilhantes e já sei que não vou gostar tanto do que ela tem a dizer — Preciso que você vá acordar o Ethan. Aquele lá não sabe a hora de acordar — sinto uma geada congelante na barriga. — Ele ficou de ir buscar os doces temáticos.

— Por que você mesma não vai acordar ele.

— Ah, ainda tenho muito o que fazer — ela encolhe os ombros, não conseguindo disfarçar o sorrisinho malicioso. — Faz isso por mim, por favooor! — ela me abraça de lado, pressionando a bochecha no meu ombro.

— Hilary! — exclamo quando ela me aperta. — Nem qual é o quarto dele.

— É o 137 — ela diz prontamente. — Por favor, por favor, por favor...

— Tá bom! — aceito de um vez, tendo em mente que ela não me deixaria em paz.

— Eba! — Hilary me solta para poder bater os pés no chão e uma mão contra a outra, comemorando feito uma criança. — Diga pra ele que quero tudo aqui antes do meio dia — ela beija minha bochecha. — Te amo.

Ela sai quase saltitando em direção a uma Addie claramente irritada enquanto recorta fitilhos laranjas.

(...)

Achar o quarto certo não foi uma tarefa difícil. Diferente dos dias normais, hoje os corredores dos dormitórios masculinos estão bem menos silenciosos. Estive aqui só uma vez, quando me perdi no caminho para a secretaria pouco tempo depois de chegar. O silencio daquela primeira vez me assustou, esperava que fosse bem mais barulhento. Já hoje, pelo contrário, vários alunos conversam nos corredores, provavelmente animados com a festa de amanhã.

Bato na porta de madeira escura com o número 137 gravado em uma plaquinha dourada. Não obtenho resposta na primeira tentativa. Bato novamente, ouvindo um "entre" baixo e grogue do lado de dentro. Não preciso abrir para saber a quem pertence a voz.

A cena que encontro é estranhamente fofa.

Ethan está enrolado em pelo menos três cobertores de diferentes tons de cinza. Da porta consigo ver apenas os curtos fios castanhos sob o travesseiro branco. Luto contra a vontade de sorrir enquanto fecho a porta.

— Ei — me aproximo, me abaixando ao seu lado na cama. Puxo o cobertor do seu rosto.

Ethan permanece de olhos fechados. Noto que a ponta de seu nariz está vermelha. Ele funga, erguendo a mão para esfregar o mesmo. Ele abre os olhos, olhando para mim. Ele faz uma careta adorável.

— Acho que estou doente — ergo as sobrancelhas como quem quer dizer "você jura?".

— É, você está péssimo — digo apenas para irrita-lo, porque mesmo com o rosto sonolento e amassado, Ethan continua sendo uma das coisas mais lindas que já vi na vida, mas é claro que jamais direi isso a ele.

— Nós dois sabemos que continuo lindo de qualquer forma, amor.

Amar secretamente quando ele me chama de "amor" é outro segredo que jamais direi a ele.

— O que você está sentindo? — questiono, posicionando minha mão sobre a testa dele para checar a temperatura.

Parece normal para alguém que está enrolado em todos esses cobertores. Sem febre então. Menos mal.

— Minha cabeça e minha garganta doem e meu nariz está horrível, não para de coçar — ele funga outra vez. — Eu prometi pra Hilary que buscaria os doces, mas estou me sentindo péssimo. Detesto ficar doente — diz, se encolhendo ainda mais.

— Você tomou algum remédio?

Ele nega.

— Não preciso de remédio. Só preciso de mais uma ou duas horas de sono e vou estar bem — tento lutar contra a minha vontade de sorrir.

Ele sempre dizia isso quando éramos crianças. Ethan odeia tomar remédio e tem pavor de hospitais. O cara conhecido como insensível e frio por todo o colégio morre de medo de ficar doente, nem que seja apenas um simples resfriado.

É engraçado.

— Sei — digo, me levantando, mas sou interrompida por uma mão quente no meu pulso.

Ethan olha para mim com os olhos suplicantes. Suas pupilas dilatadas parecem brilhar.

— Por favor, não vai — ele diz, a voz um pouco mais baixa.

Meu coração pula no peito enquanto sinto um formigamento onde a mão dele está envolvendo.

— Vou buscar algum remédio pra sua dor de cabeça, só isso — digo, afastando sua mão do meu pulso e a segurando na minha.

Ethan entrelaça nossos dedos, se apoiando sobre o cotovelo na cama.

— Não quero tomar remédio nenhum — murmura com a voz melancólica.

— Não seja criança — repreendo, soltando nossas mãos e me afastando em direção a porta — Quando voltar espero te encontrar de banho tomado — aponto para ele que faz uma carranca cansada, voltando a deitar.

Fecho a porta, caminhando para o meu quarto, onde tenho aspirina na minha maleta de medicamentos para casos de emergência, nome dado por Susie que me obrigou a trazê-la. Não é permitida a entrada com medicamentos, mas Susie inventou uma história mirabolante sobre eu ter que tomar alguns remédios obrigatórios no dia-a-dia. Sendo enfermeira, não foi difícil para ela conseguir as receitas. Carlos ficou zangado quando soube, mas ela sequer deu importância.

Envio uma mensagem para Hilary assim que entro no quarto.

"Ethan está resfriado pra valer. Acho que não vai conseguir ir buscar os doces."

Desligo a tela, deixando o aparelho sobre a penteadeira. Vou até posicionado aos pés da minha cama e o abro, encontrando a maleta branca e vermelha de primeiros socorros.

Pego a caixa de aspirina, a guardando no bolso do jaleco.

Meu celular apita e o pego novamente, desbloqueando a tela para poder ler a mensagem de Hilary.

"Poxa L pensei que ele só estivesse sendo preguiçoso. Não se preocupe com isso, vou pedir pra outra pessoa ir. Ele é um cabeça dura, então obrigue-o a descansar, nem que você precise nocauteá-lo com um soco <3"

Solto uma risada contida após ler a última parte.

"Pode deixar. Volto pra quadra logo."

Guardo o celular no bolso esquerdo. Fecho a maleta e a coloco de volta no baú. Pego meu notebook também e deixo o lugar.

No caminho de volta para o quarto de Ethan, mau celular apita novamente. É outra mensagem de Hilary.

"Relaxa quanto a isso também. O pessoal está chegando e posso colocar outra pessoa no seu lugar, sem problemas. Pode vir quando der, você já ajudou bastante ♡"

"Obrigado. Bjs J"

Encontro uma cama vazia e o som do chuveiro quando entro no quarto. Fecho a porta enquanto noto que o quarto tem só uma cama. Ainda é do mesmo tamanho do que compartilho com as meninas, mas Ethan parece não compartilhar o dele com mais ninguém, o que o faz parecer ainda maior – e solitário.

Ethan sai do banheiro, secando os fios castanhos em uma toalha branca. Ele veste um pijama xadrez nas cores azul e branco. Ele pra por um instante e leva a mão na boca ao espirrar. Ele finalmente parece me notar ali. Retiro a cartela de remédio do bolso, o fazendo torcer o nariz.

— Não adianta fazer essa cara. Se não tomar, não vai melhorar — digo, me sentindo como uma mãe chata.

Ethan coloca pendura a toalha em um gancho em um canto da parede do banheiro, fechando a porta em seguida. Ele passa por mim e se esgueira para a cama novamente, se escondendo em meio as cobertas e se deitando de costas para mim. Reviro os olhos, me aproximando.

— Você está agindo feito uma criança, sabia? — digo ao me aproximar.

— Eu tomo se você ficar aqui comigo — emite, ainda sem olhar para mim.

Dou de ombros, mesmo sabendo que ele não pode ver.

— Está bem, eu fico.

Ethan se vira para mim, se sentando na cama e aceitando o comprimido que entrego a ele. Estendo a garrafa d'água que estava sobre a mesinha ao lado da cama, mas ele nega, engolindo em seco.

Ele volta a se deitar. A cama é grande o suficiente para caber nos dois. Então pego meu notebook e me sento ao seu lado, esticando as pernas e abrindo o computador. Abaixo meus óculos que estavam no topo da minha cabeça para poder encarar a tela.

Ethan olha para o computar iniciando.

— Você já ia ficar de qualquer maneira, não é? — questiona, parecendo frustrado ao se dar conta de que havia sido enganado.

— Uhum — murmuro, sorrindo, orgulhosa de mim mesma pelo golpe.

Meu sorriso desaparece e me surpreendo quando sinto seu braço envolver minha cintura.

— Você está fria — ele diz, retirando o notebook das minhas pernas e as cobrindo com uma de suas meia dúzia de coberta. Ele coloca o computador ali novamente e chega mais perto, me envolvendo outra vez. — Estou doente, posso escolher o que vamos assistir? — diz casualmente, como se fosse normal estarmos tão próximos.

Pigarreio, tentando fazer meu coração parar de chocalhar e interromper o calor que sobe pelo meu corpo.

— O que você quer assistir?

Ele não pensa muito para responder.

— Harry Potter. Aquele lá da cobra gigante — suas palavras me deixam surpresa.

— Mas você não gosta de Harry Potter — digo, me lembrando claramente do quanto ele odiava quando era minha vez de escolher o filme na noite do cinema, porque sabia que minha escolha sempre era algum de HP.

— Não, não gosto — ele suspira. — Mas gosto quando é com você.

— Então porque sempre implicava comigo quando éramos crianças? — involuntariamente meus dedos brincam entre seus cabelos um pouco úmidos pelo banho recente.

— Porque é divertido irritar você. Fica fofa quando está brava — reviro os olhos, mas não consigo conter o sorriso.

Percebo que tenho vontade de sorrir todo tempo quando estou com ele, e essa constatação me deixa um pouco apavorada. Estou em uma espiral sem volta. O sinto voltando a brilhar em mim. Não posso dizer que ele está voltando, porque nunca consegui, de fato, tirá-lo do lugar que ocupa em minha alma. Tentei arranca-lo de todas as formas, enfiar na minha cabeça que o odeio, mas nunca foi verdade.

Eu sou incapaz de odiá-lo.

De repente quero chorar, porque sei que não é recíproco. É, ele confessou que se sente atraído por mim, mas esse sentimento que sinto crescer descontrolado no meu peito é maior do que isso. Fecho minhas mãos em punhos sem perceber.

Sei que ele me considera, mas não passa disso. Tudo o que aconteceu naquela sala ontem gira na minha cabeça. Será que significou pra ele o mesmo que significou pra mim?

Será que em algum momento eu o fiz sentir o mesmo que sinto toda vez que ele me toca?

Esses pensamentos deslizam da minha cabeça quando sinto a mão quente sobre a minha. Soterro meus questionamentos no fundo da minha mente quando direciono meu olhar para Ethan, que olha para mim com a cabeça um pouco inclinada, os olhos curiosos e as sobrancelhas levemente erguidas.

— Tudo bem? — ele parece investigar meu rosto atrás de uma resposta.

— Sim... sim — digo, afastando minha mão da dele para poder buscar pelo filme. — Certo, vamos ao filme — Ethan não parece se dar por vencido, mas aceita minha resposta.

Coloco o filme e posiciono computador um pouco mais distante, me deitando de lado, quase de frente para ele. Ethan permanece com o braço em minha cintura, agora olhando atentamente para a tela enquanto traça rotas imaginárias em minhas costas.

Eventualmente sinto a mão em minhas costas parar. Direciono meu olhar para ele e constato que está mesmo dormindo. A expressão suave, os fios castanhos caindo sobre sua testa. Chega a ser maldade alguém ser tão bonito assim. Tento não olhar para ele. Não quero pensar nisso agora.

Volto minha atenção para o filme, mas em algum momento, durante a metade do filme, o sono me alcança também.

[...]

Oláa!! Já faz um tempo né?

Foram mais de 4000 palavras uau. Espero muito que vocês tenham gostado desse cap. tanto quanto eu gostei de trabalhar nele haha

(vou tentar não sumir mais, bjsbjss)



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