Aplin² • Outer Banks

By Mello_wys

98.9K 5.7K 11.4K

_____ Os Pogues em luto por John B e Sarah, Ward Cameron e Rafe Cameron soltos mesmo após cometerem um assass... More

Aplin² • Outer Banks
E L E N C O
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Epílogo
Obrigada
Aplin³ • Outer Banks

13

3.1K 182 609
By Mello_wys

[Comentem]

Pov's Narradora

  Haviam se passado alguns minutos desde que o carro do Rodrigues estava estacionado em frente a uma casa com um jardim bonito e bem cuidado na frente e paredes brancas.

A ruiva sentava no banco do carona e Matt estava no do motorista, olhando para a ruiva e esperando que ela tivesse alguma ação, para que pudesse agir apenas depois dela.

JJ estava em cima de sua moto perto deles, havia ido na esperança que Elle desistisse de encontrar a mulher mais velha e que ela resolvesse dar as costas para essa decisão maluca, indo subir na moto do loiro e fosse junto a ele salvar o amigo.

Mas sabia que ela não faria isso. Se Elle botasse uma coisa na cabeça, ela iria seguir até o fim.

A ruiva estava no carro encarando a fachada branca da casa, ela apertava as mãos nervosamente.

Sentia um incômodo na barriga ao pensar em ter que falar com Mary. Seu coração dizia para ela simplesmente correr dali o mais rápido possível, já seu cérebro pedia que ela entrasse e resolvesse logo os assuntos pendentes que tinha para resolver e enfrentasse a mulher.

"Droga de cérebro!" Pensava.

Elle finalmente solta um suspiro e abre de repente a porta do carro, colocando seu corpo para fora.

Matt rapidamente sai do carro e JJ desce de sua moto, os dois parando um em cada lado dela.

A Aplin vira seu corpo para se encontrar com o de JJ, que a encarava com um mínimo sorriso — forçado — nos lábios.

Ela sorri de volta para o garoto — também forçado — e fala:
— Não precisava ter vindo até aqui, já podia estar na delegacia uma hora dessas.

— 'Tá tudo bem, não é como se o John B fosse morrer por eu atrasar uns cinco minutos. — Responde.

— Não verdade, são uns dez minutos. Ida e volta, sabe. — Elle contrapõe.

O loiro faz uma careta, encolhendo os ombros de forma engraçada:
— Merda, então ele já 'tá morto... mas não é como se a gente realmente precisasse dele... — O Maybank brinca.

Elle solta uma risada, negando com a cabeça e o garoto sorri um pouco mais com isso.

Queria ver ela assim o tempo todo.

— Eu gosto do seu sorriso. — Fala de repente, fazendo Elle o encara-lo.

— Aí gente, eu 'tô aqui, beleza? — Matt interrompe colocando a cabeça entre eles, mas JJ logo o empurra para o lado. — 'Tá bom, então. — Se afasta um pouco enquanto levantava os braços em rendição.

Os dois adolescentes voltam a se encarar, ainda sorrindo um para o outro. Porém, Elle morde a bochecha, voltando para a realidade que teria que enfrentar em alguns minutos.

O loiro percebe a pequena mudança no semblante da garota e coloca a mão gentilmente em seu braço:
— Vai ficar bem, não vai? — Pergunta meio ansioso.

— Claro que vou. — Ela fala, mas com receio. — Vai ser só uma conversa.

— Mas se você não ficar bem, também não tem problema. — Ressalta e aperta um pouco o braço dela, não para machuca-la.

— Eu sei. — Ela sorri.

JJ se aproxima um pouco e inclina o corpo para baixo, deixando um beijo na testa dela e alisando o braço da garota.

O coração do loiro estava acelerado e ansioso, como receio do que iria acontecer com ela durante essa conversa, mas queria deixar que aquilo transparecesse, então não encostou seu peito com o dela, para que ela não sentisse.

Elle apenas relaxou os ombros com o toque dele e sentiu os lábios machucados do loiro beijarem sua testa.

JJ se afasta e volta a encara-la:
— Me liga se precisar de qualquer coisa ou tiver algum problema.

— Vai abandonar o John na cadeia pra vir aqui, por acaso? — Questiona, levantando uma sobrancelha.

— Talvez... — Responde com humor.

— Vai logo embora, vai. — Elle diz, dando tapinhas no braço dele.

Os dois caminham até Matt, que estava um pouco distante e escorado em uma árvore, apenas olhando a interação dos dois com um sorriso no rosto.

Ele endireita a postura ao ver os dois se aproximando e desfaz o sorriso, cruzando os braços.

— Finalmente acabou a melação. — Diz, fingindo que não estava achando aquilo fofo há alguns segundos atrás.

— Não finge dar uma de "sem coração", não combina nada com essa sua carinha de Labrador. — Elle devolve, fazendo ele voltar a sorrir.

— É muito difícil fazer esse papel. — Matt fala, descruzando os braços.

JJ se aproxima mais de Matt, e coloca a mão no ombro dele:
— Não esquece de ficar de olho no celular o tempo todo. — O loiro instrui.

— É só você dar um toque que eu vou logo até o ponto de encontro. Mas deixa a localização do seu celular ligada, caso já esteja na ambulância. — O garoto dizia.

— E... se perceber as coisa ficando estranhas... — JJ fala um pouco mais baixo, e desvia o olhar para Elle, que estava distraída encarando a fachada da casa. Depois volta o olhar para o Rodrigues. — Tenta tirar ela da situação, não sei se vou conseguir chegar a tempo caso tente ligar.

— Tudo bem. — Matt concorda, sabendo que já faria isso mesmo se o loiro não pedisse. — Boa sorte.

Os dois fecham os punhos e os juntam em um cumprimento.

— Nos vemos mais tarde. — JJ fala alto para os dois e Elle parece acordar de seus devaneios.

Os dois acenam para JJ, que sobe de volta em sua moto, e segue a caminho de seu incrível plano.

Elle olha para o Matt, vendo ele lhe lançando um sorriso que transmitia coragem.

— Está pronta para entrar? — Ele pergunta, colocando as mãos em suas próprias costas e balançando o corpo para frente e para trás.

Elle respira fundo e concorda com a cabeça:
— Vamos logo acabar com isso.

— Quer que eu segure sua mão pra entrar, ou... — Matt começa em um tom de humor.

— Não, nem tenta Labrador. — Elle o responde, vendo ele sorrindo.

Ela se vira novamente para a casa, suspirando:
— Vamos lá.

  A tensão de seus ombros haviam voltado no exato momento em que Elle adentrou a residência dos Rodrigues.

Ela batia o pé contra o chão de madeira enquanto encarava uma parede em um tom azul mais claro, esperando que Matt fechasse a porta.

O Rodrigues mais novo se põe ao lado de Elle e lhe chama a atenção:
— Eu e meus irmãos queríamos pintar uma das paredes da casa de laranja, mas meu pai não deixou e pintou de azul. — Começa a falar tentando distrai-la um pouco. — Disse que o laranja ficaria vibrante e nos cegaria. — A Aplin solta uma risada. — Pois é, ele pode ser meio dramático as vezes.

— Seu pai está certo, ía ficar horrível. — Elle fala se virando para o garoto. — E o lance do drama... ao menos sabe que você é filho dele. Parece ser hereditário. — Brinca.

— Você vem na minha casa para falar essas coisas? — Matt continua a brincadeira, colocando a mão no peito fingindo estar ofendido.

— Eu tenho o direito, afinal não foi você quem me convidou. — Contrapõe.

Touche. — O garoto se dá por vencido e aponta para o lado. — Vamos para a sala, meus irmãos e meu pai devem estar na cozinha.

Elle deixou que o Rodrigues fosse na frente e a guiasse, enquanto ela ía admirando as paredes com fotos das crianças ruivas, algumas de Matt com o pai e outras de Matt com seus irmãos.

Ela sorri segurando uma foto onde Matt abraçava seus dois irmãos pela cintura em uma praia muito bonita.

— Aqui é no Brasil? — Questiona mostrando a foto para o garoto.

— É sim, essa praia fica no Rio de Janeiro. — Ele explica. — Mas existem várias outras bem bonitas em outros estados.

— Já foi para muitas lá? — Pergunta animada com a conversa. — Deve ter bastante, já que fica em um país litoral.

— Com certeza fui em muitas, nem consigo contar. — Continua. — Você e os Pogues iriam se sentir em um paraíso com todas aquelas ondas.

— Com certeza iriam.

Uma outra voz simpática fala, adentrando o local onde estavam. Uma figura masculina, alta, com um sorriso extremamente branco e perfeito olhava para os dois adolescentes.

O homem usava uma bermuda e uma camiseta preta, e por cima da camisa usava um avental — no qual Elle teve que manter a compostura para não rir.

— Prazer revê-lo, senhor Rodrigues. — Ela fala, tentando ser educada e estendendo a mão para o homem.

— Prazer revê-la, garota-que-estava-na delegacia-com-meu-filho. — O homem segura a mão da ruiva e vê ela arregalando os olhos com a frase. — Estou brincando, Elle. E não seja tão formal, me chame apenas de David. "Senhor Rodrigues" me faz parecer velho.

A ruiva solta a mão do homem, sentindo-se aliviada por ele não ter surtado ao ver uma das pessoas que estava na delegacia em sua casa.

— Claro, David. — Ela sorri. — E belo peitoral, o senhor malha? — Brinca apontando para o avental.

— Que bom que notou. Estou me esforçando muito sabe. — Ele continua a brincadeira.

As risadas são interrompidas por escutarem o som de um baque contra o chão, o barulho de um vidro se quebrando e gritos finos de crianças.

Merda! — Elle escuta o Rodrigues mais velho falando algo em uma outra língua e rapidamente saindo do local.

— O que ele falou?! — Elle pergunta arregalando os olhos ao escutar o barulho vindo de perto de onde estavam.

— Falou "merda" em português. — Explica rapidamente e segura Elle pelo braço, a puxando para adentrar mais a casa. — Vem.

Ela era puxada até o local onde vinha um barulho mais alto de gemidos de dores, e murmúrios.

Eles entram na cozinha e logo dão de cara com duas crianças estupidamente ruivas caídas no chão uma em cima da outra, um banco caído ao lado delas, vidros de algum objeto não mais identificável despedaçados, vários biscoitos espalhados pelo chão e David os olhando com as mãos na cintura.

— Uau. — É a única coisa que Elle consegue falar diante daquela cena de desastre que presenciava.

— Não se mexam! — O homem gritava para os filhos caídos. — Matt, vassoura!

O garoto corre rapidamente a uma pequena dispensa no canto da cozinha e volta com uma vassoura em mãos, entregando para o pai.

O mais velho começa a varrer ao redor das crianças que — como o pai havia mandado — permaneciam estáticas, parecendo estátuas.

Elle decide ajudar e vai até o banco e o levanta, colocando no balcão ao lado de outros que tinham lá.

— Papai, podemos nos mexer? Meu bracinho 'tá cansando. — Billy tentava dizer sem mexer os lábios.

— Billy, você é pesado! — A gêmea menina reclamava.

Billy estava caído justamente em cima de sua irmã. O garoto estava com o braço esquerdo levantado e com a boca aberta, já Milly estava de bruço e esparramada no chão, com seus cabelos caindo totalmente em seu rosto.

Provavelmente aquela era a posição que estavam quando o pai os mandou não se mexerem.

— Vão se machucar se vocês se mexerem. — O homem dizia ainda terminando de limpar os cacos de vidro e os biscoitos espalhados.

— Eu tiro eles dai. — Matt fala, se aproximando dos gêmeos.

— Eu te ajudo. — Elle se oferece e se junta a eles.

O Rodrigues pega Billy que solta um suspiro exagerando ao conseguir relaxar o braço, e fazendo Milly também suspirar aliviada ao sentir o irmão ser retirado de cima dela.

A Aplin se aproxima de Milly que, ao notar, lhe lança um sorriso banguela e ergue os braços. A ruiva mais velha segura a pequena nos braços e anda para perto do balcão.

Os dois adolescentes colocam as crianças sentadas nos bancos altos do balcão e Elle rapidamente passa o olhar por todo o corpinho da pequena Rodrigues, conferindo se ela não tinha nenhum ferimento.

— Está doendo alguma coisa? — Ela pergunta preocupada.

— Elle! Estávamos com saudades de você! — A pequena fala animada, ignorando a pergunta que havia sido feita. — Onde está o tio JJ?

— Sério?! — Ela pergunta surpresa com a primeira frase e sorri ao ver os dois balançando a cabeça para cima e para baixo. — Eu também estava. E o tio JJ está ajudando um amigo.

— Matt disse que agora você é amiga dele! — Billy entra na conversa. — Significa que você também é nossa amiga? — Pergunta mexendo as mãos envergonhado.

— Ei! Estão me trocando por ela? — Matt pergunta cruzando os braços, fingindo estar enciumado.

— Mas você já é nosso irmão! Vemos você todos os dias, precisamos de rostos novos! — Billy argumentava, arrancando uma careta surpresa do garoto.

— Mas a Elle também é no... — Milly ía começar a falar, mas é interrompida por um puxão de cabelo de seu irmão gêmeo. — Ei!

— Shiiiiiu, Milly! — O ruivo repreende, colocando o dedo indicador em frente a boca e olhando novamente para a ruiva mais velha, que estava com uma expressão confusa. — Mas você é nossa amiga, não é? — Insiste em uma resposta, fazendo uma carinha fofa.

Elle olhava desconfiada para aquelas crianças que não sabiam disfarçar, mas logo disfarça:
— Sim! Eu sou amiga de vocês também. — Responde os dois, que batem palmas animadamente.

— Viu só papai! Também temos amigos! — A ruiva mais nova falava com um grande sorriso banguela.

O Rodrigues escutava a conversa deles enquanto jogava o lixo no cesto e guarda a vassoura e a pá, indo na direção dos quatro.

— Que bom! — Ele fala animado. — Mas sabem o que eu vi também? Vocês caídos no chão. — Ele bota as mãos na cintura.

As crianças abaixam a cabeça e mexem as pernas para frente e para trás, esperando a bronca:
— O que eu falei sobre os biscoitos? — O Rodrigues mais velho questiona.

— Que não poderíamos comer antes do almoço... — Eles falavam em sincronia e com a voz arrastada.

Elle e Matt segurava o riso, vendo aquela cena.

— E o que fizeram? — David cruza os braços em frente ao peitoral de seu avental.

— Tentamos comer os biscoitos... — Continuam juntos.

— Mas foi a Milly que deu a ideia! — Billy sai do coro de vozes para poder se defender, arrancando uma careta desacreditada da irmã.

— O que?! Mentiroso! Você caiu em cima de mim! — Ela grita arregalando os olhos.

— Por que você disse que era pra eu subir no banco e pegar os biscoitos! — O garoto contrapõe no mesmo tom.

— Eu estava segurando o banco! — Se defende novamente.

— Mas se distraiu com uma formiga e soltou! — O garoto continua gritando.

— E você caiu no chão igual um bobão!

— Parem! — O Rodrigues mais velho manda e olha para a ruiva mais nova. — E olha a língua, mocinha.

As duas crianças cruzam os braços em sincronia e fazem um biquinho com os lábios, ficando com uma expressão — fofa — de raiva.

Elle durante a discussão intercalava o olhar entre uma criança e outra, se segurando para não começar a torcer pelas pequenas mentes brilhantes em sua frente.

— Isso acontece sempre? — Elle pergunta para Matt em um sussurro.

— Todos os dias. Eles dois são pestes, não podem ficar cinco minutos sem supervisão. — Matt explica para ela.

— Então é por isso que queria ter irmãos. Para assistir a esses shows todos os dias. — Elle diz sorrindo e vendo a bronca que o homem mais velho dava nas crianças. — Isso é incrível.

Matt ri com a cara de felicidade da garota vendo aquela discussão engraçada em sua frente.

— Estão de castigo. — O homem anuncia e o local é preenchido por reclamações.

— Mas papai... — Billy suspirava. — Essa já é a quarta vez essa semana...

— É a quinta. — Milly sussurra no ouvido do irmão.

— É a quinta vez... — O garoto se corrige com a voz chorosa.

— Sem chantagem, subam para o quarto, andem. E sem sobremesa depois do almoço. — Fala apontando para a escada que dava para o segundo andar.

As crianças rapidamente desfazem as caras chorosas suspiram.

— Vamos, desçam daí. — Matt fala e segura seu irmão, o colocando no chão com cuidado.

Elle faz o mesmo e coloca Milly no chão, não sem antes ajeitar os cabelos bagunçados que caiam no rosto da garotinha.

Os dois sobem juntos e emburrados até o quarto deles e murmurando alguma coisa entre eles.

A Aplin olha para o homem, que mesmo com aquela discussão, ele tinha um sorriso em seu rosto.

O homem olha para a ruiva, percebendo ela encarando e encolhe os ombros:
— Tenho que me segurar muito quando eles aprontam. — Revela.

— Eles são engraçados. — Elle fala sorrindo simpática.

— Vamos, não fique em pé Elle. Sente-se. — Ele aponta para um dos bancos e a ruiva o obedece, se sentando no local.

— Você quer água? — Matt pergunta para a amiga.

— Ah sim, eu quero. — Elle aceita e vê o garoto indo em direção a geladeira.

Um silêncio se faz presente no local, o Rodrigues mais velho estava no fogão provavelmente preparando um almoço para a família.

Elle batia as unhas no balcão.

Toda a situação foi uma boa forma de Elle esquecer o real motivo de ter ido até aquela casa, fazendo ela ficar descontraída durante aqueles minutos, arrancando até várias risadas.

Mas agora que toda aquela discussão havia finalizado, Elle voltou a sentir seu estômago revirar com a ansiedade.

"Onde está ela? Será que desistiu?" Isso passava pela cabeça de Elle, que havia parado de batucar no balcão, mas agora apertava seu dedão com a unha.

— David. — Elle chama a atenção do homem.

— Ahn? Pode falar. — Ele mostra que está ouvindo a garota, mas sem se virar por medo de deixar a comida queimar.

Matt botava a água no copo e ía na direção da ruiva para entregar o líquido.

— A Mary ainda não chegou? Não está aqui? — Pergunta de uma vez.

Matt para em seu local e David para de mexer a comida por alguns segundos. Os dois Rodrigues se encaram de boca aberta, sem saber o que responder.

Segundos se passam neles nessa posição, e logo um pequeno cheiro não tão bom se faz presente na cozinha.

— Pai, a comida! — Matt grita, saindo de seu devaneio.

David também parece acordar com o grito e rapidamente desliga o fogo da panela que estava mexendo.

Elle olhava para os dois, com uma expressão neutra:
— Então...

Matt se aproxima e coloca o copo no balcão, se sentando ao lado da ruiva.

O Rodrigues mais velho vai em direção ao balcão e limpa suas mãos em um pano de prato, e depois o coloca em seu ombro.

— Ela saiu e disse que voltava depois. — O homem fala encarando a ruiva. — Foi resolver alguns assuntos relacionados ao trabalho.

— Em quê exatamente ela trabalha? — Ela questiona. — É que para fazer vocês se mudarem tão de repente para cá, deve ser em algo importante.

— Bom... ela tem um negócio no Brasil, e veio para cá se encontrar com um sócio que ela disse ser importante. — David explicava. — Era urgente.

Elle concordava com a cabeça e pega o copo de água, dando alguns goles:
— Você deve amar muito ela para largar a sua vida assim, tão de repente. — Ela lança.

David dá uma leve engasgada com a fala e começa a coçar a cabeça, parecendo estar nervoso, mas logo disfarça colocando um sorriso e encarando a garota:
— É, eu a amo muito.

Um clima um tanto quanto pesado se faz presente naquele espaço que eles estavam. Passaram um tempo se encarando, até David se virar e volta a terminar de fazer o almoço.

A tensão podia ser palpável no ambiente, até Matt decidir quebra‐la se virando para a ruiva:
— Quer que eu conte a história do dia que Milly e Billy decidiram fugir de casa? — Questiona.

Querendo que o ambiente ficasse menos tenso, Elle aceita ouvir e assim se passam minutos com Matt contando histórias de infância dele e dos irmãos e a Aplin tentando prestar atenção somente naquilo, e não na ansiedade que sentia.

  Sabia-se que havia chegado a hora que a Aplin tanto ansiava no exato momento que a conversa descontraída que acontecia na cozinha é quebrada perto barulho da porta da frente sendo fechada.

A ruiva sente seu corpo desligar por alguns momentos, tendo os olhares dos dois Rodrigues presentes na cozinha lhe encarando meio assustados e apreensivos.

Ela nem sequer havia visto a mulher, mas só saber que ela estava lá sua garganta fechava instantaneamente.

Matt se inclina na direção da ruiva e coloca a mão no ombro dela, apertando levemente:
— Vai dar tudo certo. — Ele falava. — Eu vou estar aqui caso aconteça algo. — Tranquiliza.

— Isso muda em algo? — Elle, mesmo quase entrando em colapso naquele momento, ela não perde a chance de zoa-lo.

— Eu iria me levantar e te abandonar agora nessa cozinha. — Ele fala e solta o ombro dela. — Sorte sua eu ser uma boa pessoa.

David, estou em casa! Pode pegar uma toalha... — Uma voz interrompia eles e a medida que falava, ela parecia mais perto. — a chuva me deixou encharcada e...

Uma mulher alta, que Elle reconheceria em qualquer lugar ou ano, entrava na cozinha e para ao ver a presença de sua cópia sentada em uma das banquetas do local.

Elle via que a mulher bastante molhada usando uma calça jeans que marcava bem o seu corpo, uma blusa branca, mas não transparente e um casaco grande por cima. Ela também tinha joias em seu pescoço e dedos e sapatos de salto em seus pés.

Mas o que mais chamava a atenção de Elle era uma bolsa grande que ela segurava, mas que não parecia combinar com nada que usava. Não parecia ser uma daquelas bolsas de marca que ela usava no dia anterior.

— Ah, Elle! Faz muito tempo que você chegou, querida? — A mulher questiona sorrindo.

Elle desvia o olhar da bolsa das mãos da mulher e olha para o rosto dela:
— Já faz um... tempo. — Ela fala e engole em seco.

David o se aproxima da mulher, entregando a toalha para ela. Mary coloca a bolsa preta no chão e tira seu casaco, entregando nas mãos do marido e pegando a toalha.

— Coloque isso para secar. — Mary manda e homem continua a encarando, então ela completa. — Por favor, querido. — Ela o encara.

— Você que chamou a garota, e demorou para chegar, deixando ela esperando aqui todo esse tempo. — David repreende a mulher.

— Ela nem sequer confirmou se vinha ou não, e eu já estou aqui, não estou? — Se justifica. — Agora, coloque meu casaco para secar, por favor. — Pede novamente.

Matt vendo os dois adultos se encarando, apenas vai em direção ao pai e segura o braço dele.

— Não discutam agora, temos visita, lembra? — Matt murmura para o pai.

— Isso, nós temos visita, David. — Mary repete, escutando o que o enteado havia dito.

David apenas confirma com a cabeça e se vira, entrando em um outro cômodo, provavelmente a área de serviço.

Elle não estava atenta aquela pequena discussão, apenas estava encarando a bolsa, que agora estava no chão. Percebia que tinha algo dentro dela e sentia que já havia visto o objeto.

A ruiva desvia o olhar ao sentir os olhos da mulher mais velha voltar-se para ela com o sorriso ainda presente:
— Estou feliz que decidiu vir. — Tenta se aproximar.

Em uma ação rápida, a Aplin desce do banco e dá alguns passos para trás, não querendo que a mulher se aproximasse:
— Vim para ter respostas, não para ver você.

— Justo. — A mulher para em seu canto. — Bom, eu vou apenas me trocar e aí você pode me perguntar tudo o que quiser.

Nenhuma palavra sai da boca de Elle, a garota apenas concorda com a cabeça e vê Mary se virando.

David voltava para a cozinha enquanto Matt abaixava seu corpo em direção a bolsa jogada no chão:
— Deixe que eu levo isso para você, Mary. — O garoto diz educadamente, mas essa educação parece não ser recebida tão bem.

— Não! — A mulher grita, assustando todos do local.

A bolsa é rapidamente tirada das mãos do Rodrigues adolescente, que dá um pequeno pulo para trás, por causa do susto que tomou.

Todos se encaravam com um estranhamento as ações da mulher mais velha, já Mary solta um riso envergonhado e joga seus cabelos para o lado.

— Quero dizer, não precisa fazer isso, querido. — Ela se corrige, forçando uma voz gentil. — Eu posso levar minhas coisas. Eu volto já.

A mulher dá as costas e sai do cômodo, provavelmente indo em direção ao seu quarto para trocar sua roupa encharcada por roupas secas.

Os presentes no local ainda continuam se encarando, David se aproxima mais do filho e olha para as mãos dele, vendo se havia sido machucado pela força que a mulher fez para tirar o objeto das mãos dele.

— 'Tá tudo bem, pai. Não machucou. — O mais novo tranquiliza o homem.

— Ela é de fazer essas coisas? — Elle questiona, se encolhendo um pouco no local.

David se vira para olha-la e lhe lança um olhar que transmitia calma:
— Ela só devia estar um pouco nervosa. — Tenta justificar, mas para alguns segundo, parecendo pensar em algo. — Matt... — Ele encara o filho. — Ela saiu de manhã com essa bolsa?

O garoto franze o cenho e inclina a cabeça, tentando lembrar:
— Não, eu não lembro de ter visto. — Ele conclui, negando.

— Deve ser algo do trabalho dela, não? — Elle entra na conversa, supondo.

— É, você tem razão. — David concorda e dá de ombros.

Elle fez aquela suposição apenas para ver a reação do homem. "Ele realmente não sabia nada sobre algo do trabalho dela." Pensa.

A ruiva desconfiava cada vez mais da mulher mais velha. "Por que diabos ela agiu assim por causa de uma bolsa?" "E onde é que eu vi essa bolsa?"

Os pensamento são interrompidos pelos barulhos de saltos contra o chão da cozinha, e agora a mulher já estava no local vestindo roupas secas e bem luxuosas.

— Muito bem, acho que podemos começar. — Ela fala e se senta em um dos bancos da bancada e depois olha para os outros dois Rodrigues. — Vocês poderiam nos dar licença?

Matt fica olhando para a amiga ruiva, esperando alguma resposta ou confirmação que estava tudo bem ele sair.

Elle confirma com a cabeça, meio incerta, mas achando melhor que a conversa ficasse entre elas por enquanto.

— Vamos filho. — David fala vendo a menina confirmando e coloca a mão no ombro do filho e o guia para fora do cômodo, não sem antes lançar para a mais nova. — Se precisar de algo, apenas chame.

Sozinha com a mulher mais velha naquele cômodo, Elle revezava o peso de seu corpo entre uma perna e outra, mantendo-se em pé para poder correr na primeira oportunidade que tivesse.

O olhar de Mary analisa toda a menina em sua frente. Analisa a calça jeans desbotada, a blusa preta um tanto quanto amassada e os tênis surrados e cabelos bagunçados.

— Sua roupa está um pouco acabada. — Ela lança, fazendo Elle ficar com uma expressão confusa.

— Desculpe? — Elle fica sem entender.

— Só acho que uma garota tão bonita como você deveria usar roupas mais decentes. — Se justifica.

Elle estava de boca aberta e piscavam lentamente:
— E eu acho que depois de oito anos longe, você não deveria dar opiniões sobre o que eu visto ou não. — Rebate.

— Só estava pensando no seu melhor, querida. — Ela fala.

— Sobre decidir minha roupa ou sobre me abandonar? — Elle questiona ironicamente.

— Bom, eu queria iniciar uma conversa casual primeiro, mas percebi que você é mais difícil do que eu lembrava. — A mulher fala, cruzando as pernas. — Comece.

O cinismo e a falta de interesse que a mais velha transmitia, fazia Elle se segurar para não surtar naquele momento. Ela tentava se manter o mais calma possível.

— Por que você voltou? — Elle questiona secamente.

Mary abaixa a cabeça, parecendo triste com o que iria falar:
— Eu me arrependi do que eu fiz. — Fala baixo. — Me arrependi de ter te deixado naquela época.

— Disseram que foi por causa de seu trabalho. — Elle contrapõe.

— Esse foi um dos outros motivos que apenas fez eu ter mais certeza do que fazer. — A mulher explica. — Mas o principal motivo foi você...

— Mas por que justo agora? — Insiste, não acreditando no que ela falava.

— Eu... — A mulher parece editar para responder, mas rapidamente consegue completar. — eu apenas senti que era a hora exata.

Elle abaixa a cabeça, apertando as mãos fortemente. Mary nota, e continua a falar:
— E parece que eu estava certa.

A ruiva mais nova levanta a cabeça, encarando a mulher em sua frente.

— Por que acha isso? — Elle aperta os olhos.

— Soube que Big John morreu e aquele seu amigo, John B, foi preso. — Mary explicava. — Lembro que você vivia na casa deles e era grudada com o John B e um outro garoto loiro.

— Como sabe disso? — Elle questiona, se referindo as primeira informações.

— Bom, as notícias correm aqui na cidade, e a prisão de John B está em todos os jornais. — Se justifica e Elle apenas acena com a cabeça. — Eu senti que algo estava errado, sabia que você precisava de mim. É tipo um sentimento materno, sabe?

— Onde esse "sentimento materno" — Elle faz aspas com os dedos — ...estava quando você resolveu ir embora? — Questiona ironicamente.

— Eu me arrependo profundamente disso, acredite. — Mary falava, e se levanta de seu banco. — Mas eu quero mudar isso. E quero estar aqui para você, filha.

O silêncio prevalece diante essa fala da mulher.

Elle encarava ela, sem saber como reagir aquelas palavras. Não podia mentir que não sentia falta de uma presença feminina para orienta-la, mas a sua desconfiança falava mais alto.

— Eu estou aqui por você, filha. — Mary insiste e dá um passo na direção da ruiva.

Elle havia ansiado por esse momento, se reencontrar com a mulher e ter as respostas que queria.

"Ela está arrependida." Pensava.

Um sorriso aparece no rosto da Aplin e ela abre os braços, indicando que queria receber um abraço da mulher.

Mary parece surpresa com a ação da garota, mas logo trata de se aproximar mais dela e quebrar o espaço que tinham com um abraço apertado.

Eu te amo tanto, filha. — A mulher fala para a garota mais nova.

— Eu senti sua falta, mamãe. — Elle responde em uma voz calma.

Ao se soltarem daquele abraço caloroso, Mary segura os ombros da filha e a encara, vendo uma lágrima escorrendo de um de seus olhos.

Duas pessoas aparecem na sala, vendo aquela cena que acontecia na cozinha. David e Matt estavam impressionados com o que viam, não esperando que a ruiva mais nova teria aquela reação.

— Está... tudo bem por aqui? — David questiona olhando para as duas ruivas.

— Olhe amor, Elle me chamou de mamãe! — A mulher mais velha falava com empolgação e se aproximando do marido.

Elle sorri encarando o homem, seus olhos brilhavam com as lágrimas neles. Ela confirma com a cabeça:
— Está tudo bem, David.

O homem acena com a cabeça, mas ainda estranhava a situação. Não entendia como a Aplin havia se dado tão bem com sua esposa, sabendo do temperamento da mulher.

Matt olhava toda a situação e força um sorriso em seu rosto, batendo palmas:
— Que ótimo que se deram bem! — Ele fala e se vira para a amiga. — Vem Elle, quero te mostrar meu quarto! — O Rodrigues se aproxima e segura o braço da garota a puxando com ele.

— Isso! Elle provavelmente passará mais tempo aqui, então deixe ela a vontade, Matt. — Mary instrui e recebe um positivo com a mão.

— Claro! — Ele continua a puxar a garota. — Vamos...

Elle acena com a mão para a mulher e deixar ser levada pelo garoto até fora daquele cômodo.

Eles subiam as escadas e a Aplin ainda tinha uma expressão emocionada no rosto, mostrando o quão aquele momento havia mexido com ela.

No andar de cima havia um corredor com duas portas na direta, uma na esquerda e uma bem no final dele. Matt anda até a primeira porta a direita e à abre, esperando a garota entrar primeiro.

Assim que entra no quarto, Elle tem a visão de um cômodo muito bem organizado, tinha prateleiras com alguns quadrinhos, livros escritos em português, uma bola de futebol e outra de basquete em um canto e pôsteres de filmes nas paredes.

— Belo quarto. — Ela fala analisando o local e esperando que o garoto fechasse a porta.

— Valeu. — Matt murmura e coloca a cabeça para fora do corredor, vendo se tinha alguém, antes de trancar a porta. — O que acabou de acontecer? — Ele murmura para ela.

— O que? — Elle questiona dando de ombros. — Eu acabei de me reconciliar com a minha mãe.

— Como? Há alguns minutos atrás você estava trocando farpas com ela e só à chamava de Mary, agora 'tá chamando ela de mãe? — Ele questiona confuso. — Você por acaso bateu a cabeça?

— Eu bati, mas já faz um tempo. Doeu. — Elle fala se lembrando da concussão. — Mas não vem ao caso. Mary me disse que está arrependida do que fez, e acho que todos merecem uma segunda chance. Você não acha?

Elle fala abaixando a cabeça e mexendo nas suas mãos, uma lágrima solitária acaba escorrendo de seus olhos.

Matt a encarava e suspira, colocando a mão na cintura:
— Beleza, você já conseguiu o seu Oscar de melhor atuação. Agora limpa a lágrima, não tem ninguém no corredor. — O Rodrigues murmura.

A Aplin volta a levantar a cabeça, com um sorriso debochado no rosto e limpa a lágrima com os dedos.

— Acha que ela acreditou? — Pergunta sussurrando para ele. — E como você sabia?

— Os gêmeos são iguaizinhos a você, sempre tenho que ficar atenção pra não cair na deles. — Justifica. — E a Mary acreditou, eu acho.

— Ótimo. — Elle murmura.

— Mas por que você fez isso? — Matt questiona, ainda sem entender.

— Meu pai me falou algo sobre ela. Ele disse que ela tentaria me manipular e estragaria a minha vida. — Fala cabisbaixa. — E... por mais que ele não seja a melhor e a mais confiável pessoa desse mundo, eu acho que ele tem razão. — Elle fala suspirando nas últimas palavras. — Tem algo de errado. E você vai me ajudar.

— Eu? — Questiona e ela concorda. — Por que eu acho que vou me arrepender? — Ele suspira, passando as mãos pelos cabelos. — Mas beleza, fala aí.

Elle se aproxima mais do garoto, para conseguir falar o mais baixo possível e ele escutasse mesmo assim.

— Eu já vi aquela bolsa da Mary em algum canto, mas não lembro onde. E você não acha estranho ela ter agido daquele jeito por causa disso? — Ela começa.

— Com certeza. E eu também não lembro dela ter comprado aquilo. — Matt adiciona a informação.

— Então, é por isso que eu tenho que ver aquela bolsa. — Ela revela. — Me fala onde que ela colocou.

— Provavelmente ela botou no quarto dela, mas é arriscado ir ver. Ela ainda 'tá em casa. — O Rodrigues fala.

— E é por isso que você vai ficar olhando o corredor enquanto eu procuro pela bolsa. — A ruiva fala e vê o garoto negando. — Vamos lá, Matt.

— Elle, você acabou de "perdoar" a Mary, se ela te vir no quarto dela, esse seu plano de descobrir a verdade vai dar errado. — O garoto contrapõe.

— Então não deixe ela me ver. — Elle vê o garoto ainda receoso, então se aproxima mais. — Qual é Matt, não acha estranho ela de repente dizer que tem que se mudar para o fim do mundo por causa do trabalho e de uma filha que ela abandonou a oito anos? E por que justo agora? Logo quando toda essa merda está acontecendo?

O Rodrigues continua calado, pensando. Então Elle continua:
— Você mesmo disse que escutou ela falando com alguém sobre a Limbrey.

O garoto a encara.

— Acha que ela está trabalhando com a Limbrey? — Questiona.

— A gente precisa descobrir isso, Matt. — Elle sussurra. — Vimos que a Limbrey é perigosa, e se Mary estiver trabalhando com ela, não é seguro para você, seu pai e seus irmãos estarem perto dela.

O Rodrigues fica parado por um tempo, encarando a ruiva e pensando em suas palavras.

Fazia sentido o que ela falava. A obsessão em encontrar Elle, a proposta de emprego e as reuniões diárias tão de repente não faziam mais sentido.

O garoto suspira:
— Você não caiu na manipulação de Mary, porque é pior que ela. — Ele brinca.

— Filha de peixe, peixinho é. — Ela sorri.

— Vamos logo fazer isso. — Matt finalmente concorda.

Elle quase havia caído na manipulação de Mary, as palavras da mulher fizeram seu coração se preencher a cada sílaba formada.

Mas por sorte, apesar de sua desconfiança ser algo que a impedia de socializar com outras pessoas, nesse momento ela havia sido sua maior aliada em não se deixar levar pelas doces palavras falsas de arrependimento.

  Os próximos dez minutos foram preenchidos por sussurros de Elle explicando como faria para entrar no quarto de Mary e como Matt à avisaria caso a mulher estivesse se aproximando.

Ela teria que ser rápida em achar a mochila, já que Matt não fazia ideia onde poderia estar guardada naquele cômodo.

— Você vai ficar em frente ao banheiro, mexendo no celular. — Elle repassava ao garoto. — Se alguém chegar e perguntar, diz que está me esperando sair de lá e me manda rápido uma mensagem.

— Tem uma janela pequena que liga o quarto ao banheiro, acho que você passa por ela. — Matt falava. — Mas você tem que ser rápida, Elle.

— Eu sou bem rápida, ganho todas as corridas contra os garotos. — A ruiva se gaba.

Matt apenas rola os olhos e os dois se levantam do chão e andam até a porta. O Rodrigues destranca e vai até o começo do corredor, ouvindo a voz de seu pai ainda conversando com a mulher lá em baixo.

Ele chama a Aplin com a mão, que rapidamente sai do quarto. O garoto aponta para a porta do final do corredor, mostrando que lá era o quarto.

O Rodrigues acende a luz do banheiro e fecha a porta, fingindo que tinha alguém lá. Ele faz um sinal de OK com as mãos e Elle entra no quarto e fecha a porta atrás de si.

Passando o olhar pelo quarto, Elle vê que tudo estava bem organizado. A roupa de cama bem esticada e travesseiros no canto, uma cômoda bem abaixo da janela que dava ao banheiro, um guarda-roupa branco, um cabideiro com alguns casacos e um tapete branco e felpudo no chão.

Com as experiências em esconder drogas na casa de John B quando o conselho tutelar ía lá, Elle sabia exatamente os primeiros lugares onde procurar.

Ela anda em direção a cama e se abaixa, procurando por algo, mas bufa ao não encontrar nada. Ela se levanta fazendo questão de deixar do mesmo jeito que estava.

Ela anda na direção da cômoda, abrindo e fechando todas as gavetas, mas novamente acaba se decepcionando.

O último lugar óbvio era o guarda-roupa. Elle abre as portas e vê várias roupas e acessórios de marca guardados lá. Ela rola os olhos e continua passando aquelas roupas.

Na parte de baixo havia vários sapatos caros — que Elle se segurou para não roubar um par e vender — mas nada de achar algum sinal da bolsa.

Ela fecha as portas, impaciente. Não tinha nenhum sinal do objeto.

Até se lembrar de uma das noites de filmes com os Pogues, onde neles sempre haviam uma tábua solta embaixo do tapete.

Elle levanta o tapete e começa a pisar fraco no chão, percebendo uma parte que estava oca.

Ela rapidamente se agacha e consegue puxar a tábua para cima, tendo rapidamente a visão da mesma bolsa que Mary estava há alguns minutos.

"Poderia ser mais óbvio?" Se pergunta.

O zíper da bolsa é puxado, revelando uma grande quantidade de bolos de dinheiro juntos. Nem sequer conseguia imaginar a quantidade que havia lá.

Revirando mais a bolsa, havia uma pequena etiqueta de identificação.

"Como eram tão idiotas de colocar o nome ali?" Julgava.

Segurando a etiqueta e a virando para ver o registro de quem a pertencia, a Aplin prende a respiração e desejava ter desaprendido a ler naquele momento.

Agora também lembrava de onde já havia visto aquele objeto. Ela queria descer e gritar com a mulher que estava no cômodo de baixo.

Era óbvio que seria pior do que ela imaginava.

Sentindo seu sangue ferver de ódio, Elle tira o celular do bolso e bate uma foto da etiqueta, da bolsa e do dinheiro que havia dentro dela.

Quando estava guardando o celular, uma mensagem surge no visor.

Matt:
Vaza agora!

Elle fecha a bolsa o mais rápido que consegue e coloca a tábua de volta no canto. A ruiva se levanta e ajeita o tapete, o deixando do mesmo jeito que estava. 

Ela olha para os lados e vê a janela do banheiro, indo na direção dela. Elle levanta a perna e coloca em cima da cômoda, subindo lá.

A ruiva conseguia escutar vozes vindo do lado de fora, identificando que eram a de Matt e a de Mary, mas seu coração para um milésimo de segundo ao escutar passos se aproximando.

Elle apoia as duas mãos na borda da pequena janela e se joga para o outro lado, caindo dentro do box do banheiro, causando um barulho.

— Elle querida, está tudo bem dentro? — Ela sente vontade de vomitar ao escutar a voz forçada da Rodrigues.

— Eu só caí, mas já estou saindo! — Elle grita de dentro do banheiro e anda até a porta.

A Aplin abre e encontra sua mãe a esperando no outro lado.

Apesar de querer pular em cima da mulher e arrancar todos os fios ruivos de sua cabeça, Elle apenas lhe lança um sorriso amarelo.

— Você se machucou? — A mais velha pergunta.

— Ah não, eu só sou desastrada mesmo. — Elle inventa e sai do cômodo.

— Uhn, seu cabelo está bagunçado. Tente ajeita-lo. — Ela fala e anda até o seu quarto entrando no local.

Soltando a respiração que não percebeu que prendia, Elle agarra o pulso de Matt que estava ao seu lado e o puxa escadas abaixo.

O garoto não consegue falar nada, apenas tentava acompanhar os passos apressados da amiga sem tropeçar nos próprios pés.

Eles passam por David, que estava na cozinha e vêem o homem lançando um olhar curioso para os dois.

— Acho que eu vou dormir na casa dos meus amigos, pai! — O garoto grita para o homem.

Não dando tempo de escutar a resposta do Rodrigues mais velho, Elle abre a porta da frente e sai batendo os pés, finalmente soltando Matt.

O garoto fecha a porta e acompanha Elle até o seu carro. Os dois entram, Matt no banco do motorista e Elle no banco do carona.

Os dois ficam em silêncio, até ele ser quebrado por Elle gritando de raiva e batendo em suas coxas com o máximo de força possível.

— Dá pra me explicar?! — Matt pede, se assustando. — Ei, ei! — Ele segura com força os braços da Aplin, impedindo que ela se machucasse mais.

Elle o encara com um olhar de fúria:
— Eu quero matar alguém. — Ela respira pesado.

— Você achou a bolsa? — Questiona.

Elle tira o celular de seu bolso, e abre a galeria, deixando na foto da etiqueta de identificação.

Ela mostra o celular para Matt e ele arregala os olhos com o nome que lia no celular.

— Puta merda. — É a única coisa que Matt consegue falar.

Tudo estava interligado. Nada do que acontecia com eles era coincidência.

Elle sentia cada vez mais a raiva lhe preencher todas as vezes que ouvia aquele nome e agora lá estava ele envolvido novamente.

"Ward Cameron."

____________________________________________

7171 palavras;

Capítulo enorme e com os Rodrigues! Devo dizer que quebrei a cabeça para construir esse capítulo e espero que tenha funcionado;

● O quê acharam das interações? Da conversa da Elle com a família Rodrigues, dela com a mãe e do plano?

Vocês suspeitavam desse final? Tive que bater minha cabeça na parede pra conseguir encaixar isso;

● Espero que tenham gostado do capítulo, muito obrigada por todos os comentários e as estrelinhas;

Então é isso, se cuidem e cuidem dos seus e se hidratem. Tenham uma boa semana;

● Beijo e até o próximo capítulo;

:)

~Mello

Continue Reading

You'll Also Like

313K 14.9K 64
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
695 65 12
S/n Severos, filha de Snape que acaba de completar seus 11 anos, é chamada para ir a Hogwarts e acaba se apaixonando por um Malfoy que acaba tendo s...
62.2K 5.5K 27
A vida de Louis vira de cabeça para baixo. Coisas estranhas começam a acontecer e ele percebe que alguém está tentando tirar sua vida. Mas, ele desco...
3.4K 575 15
" Eu nunca vou lhe esquecer " Em uma ação solidária Aidan Gallagher acaba se deparando com uma garota com perca de memória e infantilismo, porém a ga...