Ensina-me A Viver Novamente [...

By NerwenHydrefShadow

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[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... More

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo XVI - Irmão Urso
Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXV - Bard o Arqueiro
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso

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By NerwenHydrefShadow


Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.

Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Um amigo meu (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.


Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso


Na madrugada do 4° dia de nossa estadia na casa de Beorn, mais uma vez fiquei acordada para vigiar a casa. Fiz minha última ronda através da propriedade de meu amigo e a noite parecia tranquila, pelo menos até o limiar da floresta, que ficava ao redor da propriedade. Os animais que aqui viviam estavam confiantes de que o mal não os alcançaria ali, assim como meus amigos, que dormiam pacificamente. Já eu, podia ouvir os gritos e guinchos de orcs a alguns quilômetros de distância. 'Beorn está ocupado esta noite' Eu pensei.

Não duvido em nada da capacidade aniquiladora de Beorn. Mas se Azog estiver em meio ao bando de orcs, temo que meu irmão urso terá dificuldade ao enfrentá-lo. Afinal, aquele monstro caçou e aniquilou vários de nossos amigos troca-peles. Soltei um longo suspiro, preocupada. Como se não bastasse esses problemas, os ruídos de minha mente não me deixaram em paz. Eles melhoraram muito após a festa surpresa de ontem. Mas meus pensamentos negativos ainda arranhavam meu subconsciente. Trazendo à tona meus temores do passado e me impedindo de me concentrar em minha tarefa. Entrei de volta pela porta da casa e vi que meus amigos continuavam a dormir em um sono tranquilo. Exceto um...

"Não consegue dormir?" Perguntei a Thorin, que estava apoiado na janela, olhando para o jardim. Ele me respondeu, mas sem tirar os olhos da floresta.

"Não. Levantei para beber água e não a vi. Por onde andou?" Ele me perguntou.

"Apenas fazendo minha ronda noturna. Está tudo tranquilo lá fora." Eu disse, me apoiando ao lado de Thorin para observar lá fora.

"Beorn não retornou ainda. Nós temos que sair daqui o quanto antes." Ele comentou, franzindo a testa como de costume. "Tem certeza que não podemos pegar os pôneis? Os mandaremos de volta antes de entrarmos na floresta se for preciso." Eu suspirei e me virei para olhar nos olhos de Thorin.

"De jeito nenhum devemos pegar os animais de Beorn sem sua permissão, ele nos mataria assim que entrássemos na floresta com eles. E nada no mundo que eu fizesse o impediria." Eu disse, firme. Thorin revirou os olhos e bufou. Eu suspirei novamente e me afastei da janela, indo em direção a cozinha. "De qualquer forma. Não podemos sair desta casa, não agora. A floresta não está segura neste momento. Bandos de orcs estão à nossa procura e Beorn está fazendo o possível para afugentá-los.

"Espero que você esteja certa." Ele comentou.

"Quer um pouco de leite?" Eu perguntei e ele apenas fez que sim com a cabeça. Enquanto eu enchia as duas canecas de leite, notei que Thorin parecia inquieto, distante... mais até do que ele tem estado depois do encontro com Azog. "Não é apenas nosso atraso que o está incomodando não é? O que foi?" Perguntei, enquanto entregava a caneca ao anão.

"Algo que Beorn falou aquela manhã, na primeira vez que o vimos. Você tinha saído então não escutou." Olhei para Thorin com um olhar interrogativo, ele então olhou nos meus olhos e disse. "Quando dissemos que iríamos atravessar a floresta ele ficou visivelmente preocupado e perguntou se você sabia do plano. Dissemos que sim. Mas não é só isso." Ele disse, sem tirar os olhos de mim. Suas palavras e sua reação me deixando cada vez mais inquieta. "Percebi que você tem andado distraída e se isolando desde que chegamos e falar sobre a floresta a deixa inquieta. Você não quer ir para lá e quero saber o porquê."

Seu comentário me pegou de surpresa, Thorin passou a ver através de mim facilmente com o tempo. Eu desviei o olhar. "Confesso... que se tivéssemos a opção de dar a volta, eu diria que era a melhor e mais segura. A floresta não é mais como antes Thorin. Segundo Beorn e Radagast, várias criaturas do submundo a ocupam. Temo que nossa travessia será mais difícil do que eu imaginava. Além do mais, a floresta mudou muito desde então. Temo não ser capaz de guiá-los através dela com segurança."

"Estelwen não é isso, você mesma disse que já derrotou várias criaturas como aquelas. Tenho certeza que não sentiria medo delas. E confio em seus instintos, mesmo que você não reconheça o caminho, saberá nos tirar de lá." Ele comentou. Fiquei feliz com a confiança que ele passou a depositar em mim. Mas aquilo acabou me deixando ainda mais inquieta. Eu desviei meu olhar dele para a janela.

"Eu e Thranduil nunca nos demos bem. Ou melhor, eu sempre tratei ele com respeito, mas ele sempre me detestou. Me desprezava pelo simples fato de eu ser meio-sangue. Ele é daquele tipo que preza por uma linhagem pura, eu não tenho pai élfico e para piorar, aos olhos dele claro, fui criada por anões, dos quais ele sempre detestou."

"Gosto cada vez menos desse monstro." disse Thorin.

"Não é difícil não gostar dele. Mas ele nem sempre foi assim. No início ele... bem... me tolerava. Mas muita coisa aconteceu nos últimos anos." Eu disse com um sorriso sem graça.

"Isso não é desculpa para tratá-la desta forma. Mas não se preocupe com ele. Gandalf estará conosco. Ele não permitiria que Thranduil tocasse um dedo sequer em você. E eu juro que não deixaremos nada acontecer com você." Ele comentou. Eu sorri para ele, mas um sorriso desanimado. 'Você promete coisas das quais não pode cumprir meu amigo.' pensei.

"Espero que sim. Mas meu medo é outro. Caso eu falhe e sejamos capturados. Ele certamente nos impedirá de seguir viagem." Eu comentei

"Ele não pode fazer isso." Thorin falou.

"Como rei você sabe muito bem que ele pode, não é Thorin? Estamos no território dele, afinal de contas." Thorin nada disse, apenas bufou e tomou mais um gole de sua caneca.

"Não se preocupe." Eu disse depois de um breve silêncio. "Farei o possível e o impossível para que vocês saiam com vida daquele lugar. Eu prometo." Thorin respondeu apenas com um meio sorriso.

Eu não fazia ideia do que ele estava pensando. Mas olhando para ele na forma que estava, com o brilho do luar refletindo em seus lindos olhos azuis, fez meu coração martelar em meu peito.

"Thorin..." Eu comecei a dizer, sem pensar e ele respondeu emitindo apenas um som para mostrar que estava ouvindo. O som de sua voz fez meu coração bater ainda mais. "Posso... posso lhe desenhar?" Eu perguntei. Ao ouvir meu pedido Thorin também corou, 'tão fofo' eu pensei. Ele olhou para mim mas sem me encarar nos olhos e fez que sim com a cabeça.

Eu me levantei e fui pegar meu caderno de desenhos em minha bolsa. Com cuidado para não acordar nossos amigos. Quando voltei, me sentei ao seu lado e comecei a desenhá-lo. Sua posição, que antes era mais relaxada, agora estava ereta e confiante, não pude segurar um pequeno sorriso.

Desde o início da nossa viagem eu queria fazer este desenho. Eu já havia feito de alguns dos nossos amigos mas o dele eu ansiava imensamente. Ele era um dos anões mais lindos que eu já havia visto e parecia que ele ficava mais lindo a cada dia. Sentia meu coração martelar em meu peito enquanto reparava em cada detalhe, seu nariz, sua barba e principalmente aqueles incríveis olhos azuis safira. O carvão sujava minhas mãos que acabavam marcando a pele de meu rosto toda vez que eu tirava mechas de cabelo da frente de meus olhos.

Thorin tentou mover a cabeça para espiar o desenho, mas abracei o caderno na mesma hora. "Não senhor, só quando estiver pronto. E pare de se mexer." Ele apenas sorriu um pouco e voltou a olhar para fora da janela. O tempo passou e pudemos ver os primeiros raios de sol tocarem o horizonte quando eu finalmente terminei meu desenho.

"Pronto." Eu disse.

"Deixe-me ver." Ele ordenou. Eu relutei um pouco mas permiti que ele visse.

"Pelas minhas barbas. Está incrível! Todos os detalhes, você captura tudo muito bem." Eu morri de vergonha enquanto ele inspecionava meu desenho. Ele então me entregou o caderno e olhou para mim, rindo um pouco. Eu inclinei minha cabeça para o lado sem entender o motivo. Ele então colocou uma de suas mãos em meu rosto.

"Você está coberta de carvão. Vai ser difícil tirar." Ele disse enquanto acariciava o meu rosto com o polegar. Provavelmente tentando tirar a mancha de carvão. Meu coração martelava em meu peito, e eu senti minha respiração falhar. Não sabia o que fazer mas não conseguia tirar os olhos dele e ele de mim. Meus olhos corriam dos seus até a sua boca e senti minha boca secar. Uma vontade insuportável de beijá-lo veio à minha mente, quase incontrolável. Como eu queria saber o que ele estava pensando. Desejei tanto que ele estivesse sentindo o mesmo que eu.

Foi então que a porta abriu escancarada e demos um pulo. Thorin tirou rapidamente a mão de meu rosto e me virei para encarar a porta. Nossos amigos se levantaram assustados e correram para saber o que estava acontecendo.

Era Beorn e ele disse rindo "Então, ainda estão aqui? É a primeira vez que vejo anões tão obedientes, não fazendo o que bem entendem. Parece que minha irmãzinha sabe lidar bem com vocês, afinal." Ele disse, rindo mais um pouco. Thorin e eu nos afastamos da janela e fomos até ele.

"Onde esteve meu amigo?" Eu perguntei antes que ele continuasse a atiçar a ira de meus amigos anões.

"Ah minha querida. Aqui, ontem foi seu aniversário, não foi? Fiz esta pulseira de sementes para você minha lobinha." Ele disse colocando a pulseira em meu pulso.

"Puxa muito obrigada, Beorn, é linda!" Eu disse. Foi quando ouvi Thorin limpar a garganta. "Ah sim, não mude de assunto Beorn nos conte logo por onde andou." Eu insisti.

"História interessante a que vocês me contaram aquele dia. Estava patrulhando os arredores e recolhendo informações por onde consegui. Encontrei alguns orcs na floresta e ouvi eles dizerem que anões haviam matado o Rei Goblin e conseguido fugir de Azog e seus capangas." Ele disse entusiasmado.

"Ouvi gritos à noite, Azog está na floresta?" Eu perguntei, apreensiva.

"Não. Encontrei apenas alguns orcs e wargs. Pelo que ouvi, Azog se retirou e deixou alguém encarregado de encontrar vocês." Comentou meu amigo

"O que você fez com eles?" perguntou Bilbo, de repente. Ainda um pouco sonolento por ter sido acordado tão repentinamente.

"Venham ver!" disse Beorn, e nós o seguimos, dando a volta na casa. Havia uma cabeça de orc espetada do lado de fora do portão, e uma pele de warg pregada em uma árvore logo atrás. Beorn podia ser impetuoso e violento quando queria. Dei graças a Eru que agora ele considerava os meus amigos, amigos dele. "Posso lhes oferecer todo suprimento que precisarem para completarem sua viagem, assim como alguns pôneis. Mas terão que devolvê-los antes de entrar na floresta.

"E assim faremos meu amigo." Eu assegurei.

Durante toda aquela manhã nos ocupamos com os preparativos. Beorn me entregou a corda élfica que estava guardada em uma das bolsas presas a cela de Beleza quando ele voltou para cá, e eu a guardei em um dos bolsos de meu cinto. Logo depois do meio-dia, comemos com Beorn pela última vez e, após a refeição, começamos a separar tudo aquilo que levaríamos para nossa viagem.

"Vamos nos apressar pessoal, temos que chegar à Floresta das Trevas, de preferência ainda hoje." Eu disse, mas Beorn tinha outros planos para mim.

"Antes de irem, Estelwen poderia me ajudar com as abelhas, por favor? Está na época de checarmos as rainhas." Eu olhei para ele sem entender, mas decidi acompanhá-lo. Pedimos licença a nossos amigos e nos dirigimos para a lateral da casa, onde ficava o apiário.

Andamos em silêncio até nosso destino. Não estava na época de checar as rainhas, elas ainda estavam a dias de iniciar sua hibernação. 'Será que ele quer me falar alguma coisa que os outros não podem escutar?' Eu pensei. Enquanto observamos as enormes abelhas, que mais pareciam mariposas de tão grandes, Beorn quebrou o silêncio.

"Então vocês vão atravessar a Floresta... Contou a eles o que acontecerá com você se forem pegos?" Eu gelei ao ouvir seu último comentário.

"Como-" Eu comecei a perguntar, mas ele me interrompeu na mesma hora.

"Estelwen, acreditou mesmo que eu não ouviria rumores sobre o que acontece naquela floresta? Você foi banida por Thranduil. Se pisar naquela floresta e for pega ele vai matá-la." Disse meu amigo, tristemente.

"Não temos escolha Beorn, se dermos a volta vamos levar semanas senão meses para contornar a floresta. Temos que atravessá-la, não há outro jeito." Vi meu amigo suspirar enquanto balançava a cabeça negativamente. Ele sabia muito bem que nada iria me fazer mudar de ideia.

"Pude ver que não contou para seus colegas, nem mesmo para seu pai." Beorn comentou, sem tirar os olhos dos meus.

"Não, não contei, e por favor, peço que não conte. Mas não se preocupe, acho quase impossível que Thranduil tente encostar um dedo em mim com ada ao meu lado." Eu disse e olhei com ternura na direção onde deixamos nossos amigos. "E eles precisam de mim, Beorn. Sem mim eles irão se perder lá dentro e podem morrer. Precisamos arriscar, isso é muito importante para eles, e para mim também." Eu disse, voltando o olhar para meu amigo. Ele ficou um tempo me encarando, em silêncio.

"Você o ama não é mesmo? O Rei anão." Sua pergunta me pegou de surpresa, senti meu rosto queimar e meu coração palpitar.

"O-o que? D-do que você está falando?" Eu perguntei, meu rosto queimando e minha voz mal conseguia sair de minha garganta. Não é possível... eu já suspeitava mas não queria acreditar. Eu não podia amar Thorin... não ele... ele nunca amaria alguém como eu. E mesmo que amasse, nós nunca poderíamos ficar juntos.

"Pela sua reação vejo que é verdade. Fico feliz que finalmente encontrou alguém. Não tão feliz por ser um maldito anão, mas se ele te fizer feliz..." Ele comentou com um sorriso, mas que se desfez logo em seguida. "Mas ele não só é um anão, mas também um rei e você uma elfa... o que você pretende fazer?" Ele olhava para mim com um olhar triste. Sabia tanto quanto eu que nunca poderíamos ficar juntos.

"Nada... não há nada que eu possa fazer. É muito provável que eu não sobreviva se Thranduil me pegar, e se eu sobreviver..." Parei por um momento e suspirei antes de continuar, "Você tem razão. Nunca ficaríamos juntos. Eu tenho sangue elfo correndo nas veias. E principalmente, ele é um rei. Um rei anão. E eu. Bem. Eu não sou ninguém, nem elfa, nem humana e muito menos anã." Eu comentei serrando os punhos para segurar as lágrimas. "Mas está tudo bem, eu sou apenas uma amiga para ele... ele nunca amaria uma elfa..." Eu disse. A vontade de chorar crescendo mais e mais dentro de mim. Percebi que o amava e sabia que nunca poderia tê-lo ... 'Eu nasci para viver sozinha mesmo' pensei. Beorn então me abraçou e disse.

"Calma. Ainda não sabemos o que o futuro trará." Disse Beorn enquanto acariciava o topo da minha cabeça. "Você merece ser feliz minha irmãzinha. E tenho certeza que será. Agora vamos. Seus amigos estão à sua espera." Ele disse enquanto colocava a mão nas minhas costas e me incitou a refazer nosso trajeto de volta aos outros.

Com tudo pronto, nossos pertences guardados e nossas provisões reabastecidas, Beorn nos levou juntamente com os pôneis, um cavalo para Gandalf e Beleza Negra para fora de sua propriedade e adentrando na floresta que a cercava. Enquanto os demais se certificaram que estava tudo em ordem, eu, ada e Beorn nos reunimos para conversar os últimos detalhes.

"Liberem os pôneis antes de entrarem na floresta." Ele disse sério.

"Tem nossa palavra." Gandalf afirmou enquanto caminhávamos em direção a companhia. Foi então que ouvimos o grasnar e o bater de asas de corvos, próximos a nós.

"Estão nos observando" eu comentei, enquanto olhava discretamente ao nosso redor, a procura de possíveis inimigos.

"Sim. Os orcs não vão desistir. Eles caçarão os anões até que os vejam destruídos." Disse Beorn enquanto olhava em volta, atento a qualquer perigo iminente.

"Mas porquê? Porquê agora? O que fez o profano sair do covil?" Perguntou ada, intrigado e preocupado

"Existe uma aliança entre os orcs de Moria e o feiticeiro de Dol Guldur." Disse Beorn olhando para nós e depois de volta para a floresta.

"Tem certeza?" Eu perguntei, preocupada com a possibilidade da volta de um necromante.

"Bandos foram vistos se reunindo lá. A cada dia, mais e mais chegam." Ele comentou, em seguida pudemos ouvir guinchos, possivelmente dos orcs que espreitavam à nossa procura.

"O que você sabe desse feiticeiro a quem chamam de Necromante?" Gandalf perguntou.

"Sei que ele não é o que parece ser. Criaturas malignas são atraídas pelo poder dele. Azog venera o feiticeiro." Beorn respondeu em um tom sério.

"Ada precisamos ir." Eu disse e então dei um abraço forte em Beorn que retribuiu sorrindo.

"Gandalf, Estelwen." Nos viramos na direção de Thorin, que chamou nosso nome. "O tempo está passando." Ele disse, irritado, nos incitando a ir embora. Enquanto me afastava de Beorn ele segurou minha mão e disse.

"Se cuide, minha pequena. Por favor. Não faça nada estupido." Ele disse. Eu sorri e respondi.

"Vou tentar." E soltei sua mão enquanto me dirigia a Beleza. Mas meus passos foram interrompidos quando Beorn falou.

"Mais uma coisa. Há não muito tempo, houve um rumor de que os mortos foram vistos andando perto das Altas Colinas de Rhudaur." Eu e Ada nos viramos para encarar Beorn, incrédulos com oque acabáramos de ouvir.

"Os mortos?" Ada perguntou preocupado.

"É verdade? Existem túmulos naquelas montanhas?" Beorn perguntou.

Ada ficou em silêncio por um momento e então respondeu, consentindo com a cabeça. "Sim." Um calafrio percorreu minha espinha. Radagast não estava enganado então. Os cavaleiros de Sauron realmente voltaram? "Existem sim túmulos lá." O mago acrescentou.

"Me lembro de uma época em que o grande mal governava estas terras. Poderoso o suficiente para acordar os mortos. Se esse inimigo tiver voltado a Terra-média. Eu gostaria que vocês me contassem." Comentou Beorn.

"Saruman, o Branco, diz que isto não é possível." respondeu ada. Uma informação que não me convenceu nem um pouco. "O inimigo foi destruído e nunca retornará."

"E o que Gandalf o Cinzento diz?" Beorn perguntou, me fazendo olhar para meu pai. A julgar pela sua inquietude, tanto Beorn quanto eu já sabíamos a resposta.

Antes que ele pudesse responder. Vimos corvos nos sobrevoarem. 'Temos que ir' eu pensei.

"Vão agora. Enquanto ainda há luz." disse Beorn preocupado com nossos arredores. "Seus caçadores não estão muito distantes." Ele terminou

Eu e Gandalf montamos em nossos respectivos cavalos e seguimos a companhia pelo caminho que Beorn havia nos indicado.

Atravessamos os montes verdejantes e o conjunto de árvores que separavam a floresta de Beorn da Floresta das Trevas. Ao chegarmos ao nosso destino, eu mal podia acreditar em meus olhos. Desci de Beleza e dei alguns passos em direção a floresta 'Morta. A Floresta parecia... morta'.

Gandalf também desceu de seu cavalo e se dirigiu para a entrada da trilha. "O portão élfico. Essa é nossa passagem para a floresta dos elfos", ele disse enquanto inspecionava o portão.

"Nenhum sinal dos orcs. A sorte está do nosso lado." Comentou Dwalin. Mas senti que encontraríamos coisas piores que orcs naquela floresta, e não estava me referindo aos elfos. Olhei para trás e pude ver o Urso do topo do penhasco. Olhando para nós.

"Soltem os pôneis agora! Deixem que voltem para casa!" Eu disse e acenei um adeus a meu amigo. 'Espero nos vermos novamente irmão urso.' eu pensei.

Bilbo se despediu de seu pônei e analisou a floresta com cuidado. "Esta floresta parece... doente. Como se uma doença a infectasse." Disse o hobbit, preocupado. "Teria como darmos a volta?" Ele perguntou

"Não, a menos que andemos duas milhas para o norte ou duas vezes essa distância para o sul." Eu disse, fitando a floresta enquanto acariciava Beleza. Pude ver Gandalf atravessar o portão da floresta e inspecionar os arredores. Um calafrio passou pela minha espinha mais uma vez. "Pode ter certeza meu amigo, se tivéssemos escolha, eu ficaria bem longe desse lugar."

Dei um beijo no focinho de Beleza e disse. "Volte com os outros meu amigo. Você já viu coisas demais ao meu lado." Beleza relutou, mas eu insisti. "Não posso garantir sua segurança, meu querido. Volte para Beorn. Voltarei para buscá-lo quando tudo terminar." Ele hesitou, mas então consentiu. Lhe dei mais um beijo em seu focinho e ele se virou para ir embora, junto aos pôneis.

Encarei a floresta novamente. Eu não queria entrar nesse lugar de forma alguma. Eu suspirei fundo e pensei 'Pelo menos ada irá conosco, assim eu terei uma garantia de que sairei viva deste lugar.'

"Meu cavalo não!" Disse o mago ao sair apressado da floresta. 'Falei cedo demais...' "Preciso dele." Ele completou.

"Você não vai nos deixar, vai?!" Perguntou Bilbo incrédulo.

"Eu não faria a menos que precisasse." Ele disse sério, 'não, ele não pode me deixar agora' eu pensei. Ele então olhou para Bilbo e continuou. "Você mudou, Bilbo Bolseiro. Já não é mais o mesmo Hobbit que saiu do Condado." Ele comentou, mas Bilbo parecia inquieto, como se quisesse dizer algo.

"Eu ia contar para você." Ele falou finalmente. "Encontrei uma coisa no túnel dos goblins." Ele disse meio sem jeito, com sua mão em seu bolso, segurando algo. Mas eu estava tão nervosa com meus pensamentos que naquele momento eu não dei muita atenção para aquilo.

"Encontrou o que?" Perguntou meu pai, interessado. Mas o silêncio de Bilbo o deixou muito incomodado e então ele insistiu. "O que encontrou?"

"A minha coragem." Ele disse finalmente com um sorriso. Papai não parecia nem um pouco convencido, mas disse mesmo assim.

"Ah, isso é muito bom." Ele comentou. "Vai precisar" Acrescentou e continuou seu caminho, apressado. Uma chuva fina começou a cair sobre nós e foi se intensificando enquanto o mago se aproximava de sua montaria. "Estarei esperando vocês no mirante antes da encosta de Erebor. Mantenham o mapa e a chave em segurança" Ele encarou Thorin e disse seriamente. "Não entrem naquela montanha sem mim." Ele disse, deixando Thorin e Balin desconfortáveis. "Esta não é mais a floresta verde de antes. Existe um córrego na floresta que carrega um encantamento sombrio. Não toquem na água, atravessem na ponte de pedra." Quanto mais meu pai falava, mais inquieta eu ficava. "O próprio ar da floresta está carregado de ilusões, vai tentar invadir a mente de vocês e desorienta-los."

"Nos desorientar? O que ele quer dizer?" Bilbo me perguntou, mas eu o ignorei, corri para meu pai e puxei a manga de sua túnica para que olhasse para mim.

"Ada pelo amor de Eru não nos deixe agora. Não posso entrar nesta floresta sozinha" Eu disse, desesperada.

"Minha querida não tenho escolha, Galadriel se comunicou comigo e ordenou que eu investigasse as Altas Colinas. Eu tenho de ir" Ele disse soltando sua manga de meu aperto e montando em seu cavalo. "Fiquem na trilha", comentou, agora na língua comum. "Não saiam dela!" Ele gritou e partiu com seu cavalo para longe de nós.

Eu fitei a floresta novamente, sem conseguir me mover. Thranduil certamente me mataria sem meu pai para impedi-lo. Mas eu tinha que levar meus amigos para Erebor. O pânico cresceu mais e mais dentro de mim. Eu não podia falhar com eles. Foi quando senti um aperto de outra mão se entrelaçando a minha. Olhei para seu dono e vi Thorin sorrindo para mim. Seu sorriso me relaxou quase que instantaneamente e senti meu coração aquecido novamente. Eu sorri para ele com ternura e apertei sua mão de volta. 'Eles vão sair desta floresta vivos, mesmo que isto custe minha vida' eu pensei.

"Vamos." Ele disse para a companhia, com sua voz firme, enquanto me trazia pela mão para dentro da floresta. "Temos que chegar a Erebor antes que o sol se ponha no dia de Durin." Ele continuou, fazendo com que todos os outros nos seguissem. "É nossa única chance de encontrar a porta secreta. Estelwen pode nos mostrar o caminho?" Thorin perguntou, olhando para mim, eu assenti com a cabeça e tomei a frente do grupo. 'Chegaremos ao outro lado. Não importa oque aconteça, chegaremos ao outro lado.'

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