Josie saltzman
Terminando de ler um dos contratos em cima da minha mesa, eu suspirei. Essa empresa realmente não para nunca. Sempre com parcerias, visitas, entre outras coisas dificultosas. Mas vendo de perto, vendo como cada funcionário se esforça tanto, digo tranquilamente que essa empresa merece todo o reconhecimento que tem. Sei muito bem que mereço mais que isso. Ser secretária nunca fora meu maior objetivo. Mas aqui estou eu. Talvez mais na frente eu consiga um emprego melhor, só falta a oportunidade certa bater na minha porta. Já era hora do almoço, e minha barriga roncava de fome, então fui em um pequeno restaurante do outro lado da rua.
Me alimentando apropriadamente, eu pensava na minha vida, em o quanto os últimos dias foram tão intensos. Ter minha família e amigos por perto me fez bem. Eu sentia falta deles, tanta que era quase impossível de suportar a saudades no peito. Sempre quando eu ou minha irmã ficava triste, recorríamos a nossa mãe. Mas agora como ela está em outra cidade ficou meio impossível. Minha família é à definição de amor, carinho, apoio emocional... eles literalmente vão te apoiar em tudo que você faz, seja escolhas ruins, seja escolhas boas. Eu não podia pedir por uma família melhor do que a minha. Falando nisso, meus pais se deram muito bem com hope, o que me agradou, obviamente. Eles se comunicavam como se fossem amigos a anos, e eu gostei dela se incluir no meu ciclo pessoal.
Olhei meu relógio no pulso vendo que faltava alguns minutos para eu retornar a empresa. Assim que levantei da cadeira, pude ver de relance uma figura loira do outro lado da rua. Os cabelos voando por causa do vento era seu maior charme. Corri para fora do restaurante tão depressa que faltei cair no chão.
-lexi... lexi! - exclamei gesticulando minhas mãos. Ela virou calmamente seus calcanhares parecendo surpresa ao me ver.
-josie. - soltou uma risada meiga se aproximando de mim. Fui para mais perto envolvendo seu corpo em um abraço apertado. - tá tremendo.
-eu tive que virar o flash pra chegar a tempo de nos falarmos. - soltei-me dela ainda ofegante por causa da pequena corrida. - vou me escrever naquelas corridas de televisão, o que acha?
-então... olhando de perto o jeito que você ficou apenas por correr alguns segundos, não recomendo, senhorita saltzman. - cruzou os braços petulante.
-idiota! - dei um tapa no braço dela. Lexi soltou uma risada gostosa me olhando de cima a baixo. Epa! Eu conheço muito bem essa olhada. - então, não vai me dizer o que tá fazendo por aqui? Até por que pelo que eu saiba, você não faz mais questão de visitar as amigas desde que foi pra aquela nova empresa.
-olha o drama, meu amor. - revirou os olhos. - eu tava...
-por quê não conversamos dentro da empresa? Podemos ir na copa tomar algo gelado... o que acha?
-eu...
-vem.
Puxei pela mão dela não a deixando responder. Eu sabia que lexi ia me repelir, então não quis escutar mais nada e já fui puxando ela para a empresa. Não demorou tanto para chegarmos, então eu pedi um café gelado com cobertura de chocolate. Do jeito que ela gosta.
-espera... como sabe que eu gosto de café gelado com chocolate e um pouco de caramelo?
-eu sei muito sobre você, loirinha. - me encostei no balcão.
-não tanto quanto eu sei de você, meu amor. - piscou sapeca mordendo o lábio inferior.
-é... - desviei meu olhar tentando transparecer calma, quando na verdade eu tremia de nervosismo pela proximidade e pelos olhares de malícia. - me diz como está na nova empresa?
Ela abriu a boca para começar a falar, mas logo fechou novamente ficando série. Lexi cruzou os braços, e em seus lindos olhos verdes eu pude ver terror misturado com ódio. Segui os olhos dela vendo hope atrás de mim, de braços cruzados também.
-hope... o que faz aqui? - abri meu maior sorriso mexendo no canudo do bucks. - pensei que estivesse lá em cima, e...
-pensou errado, pelo visto. - veio até mim beijando meus lábios de um jeito estranho. Sorte minha que apenas estava nós três na copa junto com a garçonete. - srta. Tullen, que... que surpresa te ver aqui de novo.
-imagino que seja mesmo, depois de tudo. - soprou sarcástica. Hope na mesma hora ficou tensa, com a respiração entrecortada.
-hum... é... lexi ia me falar sobre o novo trabalho dela, por que não fica também?
-com certeza ela vai querer ficar, amor. Até porque nada é mais importante para a srta. Mikaelson do que minha vida pessoal, não é?
Ainda com um sorriso idiota estampado no rosto, eu revezei meu olhar entre elas. Algo havia acontecido, é notório. Minha namorada borbulhava de ódio, pronta para matar lexi, e lexi não estava tão diferente assim.
-josie... por favor, vai para sua mesa, e você...
-você o que, hum? - ficou frente a frente com hope sorrindo diabolicamente. - vai me ameaçar de novo, srta. Mikaelson?
-espera, o que? - perguntei estalando os dedos. Mas nenhuma das duas prestavam atenção em mim. Elas estavam presa em uma bolha só delas onde não me cabia. - alguém pod...
-eu não vou falar de novo. Vai embora da minha empresa, e não volte mais, Tullen!
-eu vou. - disse a contragosto colocando o café em cima do balcão perto da garçonete que olhava tudo atentamente. Ela passou por hope, mas segundos depois virou seu rosto me fitando. - você me perguntou o motivo de eu não vim mais aqui, e esse é o motivo. Sua namorada. Ela me ameaçou, falou que se eu não me afastasse de você, que se eu não parasse me se insinuar pra você, ela iria me deixar sem emprego pelo resto da minha vida. Mas acredite em mim, hope não fez isso somente comigo, vários outros funcionários da empresa foram ameaçados por ela por apenas te olharem.
E saiu me deixando sem palavras. Eu estava em choque, de boca aberta, sem saber o que falar ou o que fazer. Todos os múrmuros, todas as vezes eu soube sobre hope brigar com meus colegas de trabalho eram verdade. E é por isso que a maioria deles não fala comigo. Fui tirada do transe pela a mesma segurando minhas mãos.
-não. - me afastei bruscamente. - não toca em mim.
-josie... - tentou mais uma vez. - por favor, ela tá mentindo, você vai mesmo acreditar naquela menina do que em mim?
Olhei para o lado, vendo a garçonete fingir mexer em algumas papéis, mas ela logo notou minha fúria e por isso deixou a copa quase que correndo. Então esse era o meu poder dentro daqui. Com apenas um olhar eu fazia as pessoas correr por causa da minha namorada possessiva. Soltei uma risada sarcástica com esse pensamento.
-me diz, olha nos meus olhos e me diz que ela ta mentindo, que você não ameaçou ela ou outros funcionários apenas por me olharem.
-e- eu... - balbuciou visivelmente nervosa.
-ótimo! Eu só precisava dessa confirmação.
Tentei passar pela a mesma, mas hope não deixou segurando meu braço fazendo com que meu corpo ficasse colado ao dela. De perto, eu pude ver o medo em seus olhos azuis.
-o que quer dizer com isso, josie? - murmurou com a voz embargada de dor. - você não vê que ela fez isso de propósito, que ela armou tudo isso apenas para eu e você brigar, você não vê...
-não vê que você é o problema? - agora quem segurava seus dois braços eram eu. Eu sacudia hope igual uma boneca, totalmente fora de controle das minhas ações. - não vê o quanto foi baixa, o quanto foi malvada ameaçando pessoas, pessoas que lutaram anos apenas para trabalhar na sua empresa, não vê?
Calmamente soltei seus braços, com os olhos cheio de lágrimas. Eu queria chorar, queria gritar de ódio por hope ser tão difícil. Ela não estava diferente, o rosto contorcido de dor, as lágrimas querendo sair dali me deixavam triste. Mas o ódio no momento era maior que qualquer outro sentimento.
-como conseguiu? Como desceu tão baixo ao fazer algo desse tipo... perdeu a cabeça?
-sim! Eu perdi, caralho! - gritou cheia de ódio ficando ainda mais próxima de mim. - você não via a maneira como eles te olhavam, era de dar nojo! Eu fiz isso para te proteger, pra proteger o que é meu.
-eu não sou sua! Não sou, e nunca vou ser. - rebati no mesmo tom cheia de decepção. - não sou um objeto para alguém me ter.
-eu sei... - maneirou a voz parecendo se lembrar de alguma coisa. Hope ficou alguns segundos calada, com os olhos encharcados de lágrimas. - amor, a gente tá nervosa, ter essa conversa agora só vai resultar em mais discussão. Não precisamos falar disso.
-precisamos. - hope olhou para cima, tentando, em vão, segurar uma lágrima que escapou de seus lindos olhos azuis. - isso foi demais hope, e eu nem sequer imaginei que você fosse capaz de fazer algo tão baixo. Sinto muito, não dá mais.
Lhe lancei um olhar tristonho, podendo ver o quando hope ficou tensa. Com medo. Nunca havia visto ela desse jeito. Nem mesmo da vez em que foi na minha casa pedindo por ajuda em um domingo. Virei as costa, mas em questão de segundos ela apareceu na minha frente com a mão no meu ombro.
-tá terminando comigo? É isso? - seu tom saiu quase que inaudível por conta dos soluços. Eu nada falei, apenas olhei para o chão. - Não. Você não pode fazer isso comigo.
-eu tentei não fazer. Juro que tentei. Mas é difícil quando você não me dá tantas opções. - enquanto eu falava, hope balançava a cabeça freneticamente em um "não". Murmurando para a gente conversar depois.
Novamente, tentei passar, mas hope não deixou agarrando meus dois braços.
-v- você prometeu que não iria partir meu coração, josie. - sussurrou. Nessa altura do campeonato, nós duas chorávamos. Era difícil para mim terminar tudo com hope. Mas do que eu pensei, na verdade.
-você prometeu melhorar. Vejo que nenhuma de nós duas é boa em cumprir promessas. Vim aqui, vim para essa empresa, foi... foi um erro, hope.
-foi? - estalou a língua sorrindo ironicamente. Eu sabia que era tudo marra. - então não se dê o trabalho de voltar.
-não voltarei, pode ter certeza.
Deixei aquela local o mais rápido que eu conseguia, mas não antes de ver sua face corroída pela dor. Hope chorava compulsivamente, com uma mão no peito e outra no rosto tentando se acalmar. Eu sabia que terminar com ela resultaria nisso, pois não sou boba e percebi o quanto hope se tornou dependente de mim em todos os sentidos. Não vou ser hipócrita, também me sinto dependente dela. Hope se tornou meu vício, a única pessoa que eu quero, a única que me agrada, e a única que eu desejo estar todas as noites antes de dormir. E por causa disso, a dor dentro de mim fora tão grande que eu não conseguia me controlar. Meu corpo tremia, o ar faltava de vez em quando por causa da ansiedade, fazendo com que a vontade de gritar viessem com tudo. Assim que entrei no meu carro, comecei bater no volante com todo meu ódio. Como eu odiava me sentir assim de novo.
O tempo estava fechando, anunciando que iria chover. Então fui mais que depressa para meu ap, querendo o conforto de apenas uma pessoa. Ao chegar, ainda chorando, vi minha irmã sentada no sofá lendo uma revista de moda. Quando lizzie notou minha presença, percebendo meu estado, ela se levantou bruscamente do sofá.
-eu terminei tudo com ela lizzie. Acabou.
-vai ficar tudo bem. Fica calma.
Ela correu até mim me abraçando fortemente. Enfiei meu rosto na curva do pescoço dela, chorando mais do que antes. Lizzie sempre fora minha melhor amiga, e esse detalhe faz com que eu fique totalmente à vontade na presença dela. Então não me escondo, apenas sou eu de verdade. Uma tola apaixonada por alguém que só me machuca.
E esse breakup? 💔💔 tadinha das minhas bebês.
Comentem sobre o que acharam desse ep doloroso, galerinha.🌚