Guy Next Door

By sahsnape

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Zayn Malik é um artista plástico que viveu por quase três anos em uma relação tóxica e extremamente abusiva... More

Considerações iniciais
Pompeii
Stand Down
Put Your Records On
The Love We Had
Right Place Right Time
Isn't She Lovely
Where Have You Been
With a little Help
I'm A Mess
Love Is Easy
I Won't Let You Go
I'll Be Your Man
Carry You
Photograph
Strong
Wonderwall
Risk It All
Tonight (We Live Forever)
Best Thing I Never Had
Let It Be
I Did With You
You'll Be In My Heart
Your Song
Considerações finais
BONUS: No Control - Spin off

POV

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By sahsnape

Após alguns minutos de silêncio constrangedor Liam disse com voz contrariada:

- Eu quero que vá embora. Pra bem longe daqui e não volte nunca mais.

- Nós podemos superar isso - Zayn argumentou, buscando olhar em seus olhos, ainda que Liam preferisse olhar para as próprias mãos entrelaçadas sobre a mesa.

- Não, nós não podemos, baby. Esse é o fim da linha para nós. - sentenciou insensível - Você sabe que isso já tinha terminado há muito tempo.

- Só acaba quando a gente desiste - Zayn chegou o tronco para mais perto da mesa, tocando as mãos do namorado - E eu não quero desistir. - murmurou suavemente.

- A gente já desistiu disso umas mil vezes, cara. - disse Liam afastando as mãos do outro e passou-as em seu rosto, - Só que agora é definitivo. - ele deu de ombros.

- Isso não é verdade! Eu nunca desisti da gente. Às vezes fiquei cansado, mas nunca desisti de nós.

Liam simplesmente bufou e revirou os olhos balançando a cabeça em negação. Fazia isso sempre que Zayn tentava argumentar sobre qualquer coisa que ele não queria fazer.

- Você não pode fazer isso comigo! - Zayn prosseguiu quase desesperado. - Quase três anos não são três dias! - Liam revirou os olhos mais uma vez e e desdenhou com um movimento os labios. Atitude que o mais velho detestava e tirava-lhe a paciência instantaneamente.- Eu não abandonei a minha família, meus amigos e toda a vida que tinha na minha cidade pra desistir por causa disso.

Liam o olhou cortante cruzando os braços.

- Você tá brincando comigo, não tá? - começou com uma perigosa voz baixa e um auto controle instável. - Porra, Zayn! - ergueu a voz repentinamente. O outro não se assustou no entanto. - Você tá vendo onde estou? - abriu os braços e deu uma breve olhada ao redor esperando que Zayn fizesse o mesmo. - Olha a merda de roupa que eu to usando! - puxou e soltou violentamente a gola do macacão cinza que vestia. - Deixa eu te localizar: Eu 'to preso, caralho!!! - vociferou.

A voz dele ecoou pela sala branca onde os dois conversavam, chamando atenção dos demais presos e seus visitantes, além dos policiais a postos. Mas Liam não se importou com nada disso e prosseguiu:

- 'To na porra de uma cadeia! - socou a mesa - Você tava na merda do tribunal quando falaram a minha sentença!! Vinte e oito malditos anos aqui dentro! Sem liberdade condicional, sem fiança, sem diminuição de pena! Sem porra nenhuma! Caralho, qual o seu problema? - berrou a plenos pulmões.

- Hey, - disse um dos policiais ao se aproximar. - Onde você pensa que está? No seu quintal? Abaixa o tom de voz e controle-se, Payne. Ou seus malditos vinte e oito anos serão em parte na solitária. Você quer isso?

O preso controlou seus nervos o máximo que pode e abaixou a cabeça numa resignação forçada.

- Eu não te ouvi. - disse ainda o policial cheio de merecida autoridade.

- Sim, senhor. Vou me controlar.

- Ótimo. E isso serve para você também. - ele apontou para Zayn com a mesma dureza na voz. - Eu estarei bem ali - apontou para o canto da sala - Qualquer exaltação e isso aqui vai acabar sem prazo para retorno. Entendido?

Liam murmurou outro contrariado "Sim, senhor" e Zayn respondeu com um meneio esperando o homem se afastar para prosseguir:

- Eu perdi tudo de precioso que tinha na minha vida por sua causa!

- Ah, só lamento! Não é meu problema mais. - menosprezou o outro dando de ombros cansado daquela ladainha.

Zayn precisou de um tempo para processar o que tinha acabado de ouvir e pôs-se a encarar o namorado por alguns segundos, dando tempo para Liam se retratar. Entretanto o rapaz de macacão cinza prosseguiu frio e indiferente.

- Você é inacreditável. - balançava a cabeça perplexo. Nunca em todo aquele tempo, depois de tudo o que passou com Liam, o rapaz de cabelos negros imaginou sentir tamanha decepção e ele nem ao menos sabia como lidar com uma sensação tão negativa, pesada e, sem duvida, dolorosa.

Mas Liam não mudou a postura, tampouco se pronunciou. Desta vez encarava o namorado desejando que ele não estivesse mais ali.

Diante disso, Zayn reuniu o pouco de dignidade que ainda tinha para cortar o silêncio.

- Ótimo. Que seja então. - imitou a frieza do outro, embora não com tanto sucesso graças ao peso emocional em sua voz e no tremor dos lábios - Espero que você vire a putinha de luxo desses caras! - desejou cheio de ressentimento.

Liam soltou uma risada cretina e meneando rebateu:

- Eu nunca seria tão bom nisso como você foi pra mim esses anos todos, docinho - piscou

- Você é um babaca! - rosnou Zayn entredentes e fechando os punhos.

- É, docinho. Eu sou um babaca mesmo. - ele encostou-se na cadeira. Sua tranquilidade contrastava com a tensão do outro que provavelmente não lhe acertou com um soco graças aos olhares atentos dos policiais - E é por isso que você vai agora mesmo sair por aquela porta e, por favor, nunca mais voltar! É melhor para nós dois, acredite.

- Você arruinou tudo. Nós podíamos...

- Diga o que quiser, eu to pouco me fodendo. - interrompeu ele - O que ta feito, ta feito e não pode ser desfeito. E você devia me agradecer, tem muito cara aqui que obriga as mulheres a ficarem com eles até eles irem embora. Isso quando não força elas a coisas bem piores.

- Eu não sou uma mulher.

Liam deu outro riso cretino:

- Você foi minha mulher por três anos. - olhou para Zayn com perversão e desdém, pouco se importando de ter ofendido o outro. - E talvez essa seja a única coisa que eu vou realmente sentir falta.

- Queime no inferno! - rosnou Zayn e ao ver que isso apenas divertia o outro ele prosseguiu. - Você pode bancar o inabalável agora, mas eu não conto duas semanas para voltar a me procurar!

- Como? Eu to preso, meu anjo. Vou ter que desenhar, caralho? - retrucou debochado.

- Eu aposto que você ainda lembra meu numero de cor e salteado.

- Não se ache tanto - disse por cima dele.

Zayn continuou:

- E mesmo que não soubesse você daria um jeito de me encontrar. Mas essa relação acaba aqui, nesse instante e eu vou sentir muito prazer de desligar cada ligação que você me fizer!

O sorriso de Liam se desfez e o semblante endureceu ligeiramente, mas ele em momento algum desfez sua arrogância.

- As coisas mudam.

- Menos você. - Zayn rebateu - Eu espero que você tenha os piores anos da sua vida.

Ele se levantou bruscamente e saiu sem olhar para trás.

- Eu também te amo, docinho! - Liam exclamou em voz alta para que o outro ouvisse em tempo.

Muito do que disse ali não era verdade. Nunca seu poder de persuasão sobre Zayn fora tão efetivo como agora. E tinha que ser assim.

...

A casa sempre esteve uma bagunça. Móveis em péssimo estado, objetos inúteis - em sua maioria eram trazidos por Liam quando o efeito do abuso em LSD o deixava com mania de acumular qualquer coisa que via pela frente - amontoados por toda parte, garrafas vazias ou quebradas, inúmeras de guimbas de cigarro, os quadros pintados por Zayn também se misturavam à bagunça; um ou outro estava com a tela rasgada, inutilizado para qualquer fim.

As paredes estavam pichadas, rabiscadas ou com desenhos sem muita relação entre si. Havia ali um cheiro que misturava nicotina, maconha, álcool e mofo a qual os moradores já tinham se acostumado, mas no momento em que Zayn adentrou na casa o odor lhe embulhou o estômago pela primeira vez e a bagunça que antes incomodava vez ou outra, quando sóbrio, agora trazia, dentre tantos sentimentos, uma melancolia dolorosa. Dizem que as coisas se parecem com seus donos. Bem, aquela casa definitivamente era uma bela representação do que foram aqueles quase três anos de namoro.

Quando saiu do presídio tinha muito certo em sua mente que apenas buscaria o que lhe pertencia, entraria em seu carro e partiria. Mas como sempre acontecia na hora de tomar qualquer decisão que envolvesse o agora ex-namorado e o relacionamento entre eles, Zayn hesitou na pressa de fazer o que tinha de ser feito e se permitiu um pouco de nostalgia.

Ele passou a mão em um dos tantos buracos distribuídos nas paredes de madeira da casa. O primeiro soco causou aquilo, o segundo quebrou-lhe o nariz. Brigaram por ciúmes minutos depois de terem transado no sofá velho e destruído pelo mal uso. Fechou os olhos, sentiu a dor do termino queimar seus ossos e torcer-lhe o coração porque apesar da briga lembrava que naquele dia uma parte de si gostou de ter provocado os ciúmes do namorado, era o momento em que mais se sentia amado. No fundo também ele sabia o quão humilhante é só perceber o afeto de Liam daquela forma, mas não era algo que ele pudesse simplesmente controlar.

Ao abrir os olhos, antes que qualquer lágrima escapasse, viu os rasgos no papel de parede. Cada espaço quebrado, destruído ou arruinado contava uma historia de violência, abusos e dominação. Sentia nojo de si, pela dor que trazia no peito, pela saudade que já o consumia horas após dizer "nunca mais", por lembrar apesar de tudo o que passou ele estaria disposto a viver tudo de novo por aquele homem.

E Liam não era autor de toda a destruição da casa. Zayn também tinha suas crises de ciúme ou frustração, ele também podia começar a briga quando o outro desdenhava, tripudiava, mostrava-se um completo frio e insensível. Mas no final, Liam sempre vencia. Sempre. Ele sabia do controle que exercia sobre o namorado, conhecia seus pontos fracos, que perder o vínculo com a família ao se assumir fez com que Malik projetasse em Payne toda a sua carência e se tornasse extremamente dependente dele.

Inúmeras foram as chances de sair daquela relação. A despeito de tudo que o prendia, Zayn tentou aproveita-las, mas toda vez que terminavam um dos dois sempre voltava atrás. Prometiam mudar, faziam juras de amor, planos de uma vida melhor. Realmente cumpriam suas promessas por um tempo, porém semanas depois tudo voltava ao inferno de antes. Era um eterno ciclo destrutivo onde nenhum dos dois pareciam dispostos a romper de vez.

Ele caminhou pela sala e se sentou na única cadeira que não teve tempo de ser quebrada, que rangeu com o peso dele. Jurou para si mesmo que nunca mais choraria por causa daquele cara, mas os olhos marejaram, os lábios tremeram e as lembranças lhe traíram.

"Babe, eu sei que te machuco às vezes, mas eu te amo. Mais do que nunca amei ninguém nem vou amar. Não desiste de nós."

A voz de Liam se declarando em uma das tantas reconciliações entre eles ecoou em sua mente. E ele nunca desistia. O pedido de Liam era meramente retórico, pois qualquer um que conhecesse bem aquele relacionamento sabia que Zayn seria sempre aquele disposto a dar quantas chances fossem necessárias para fazer aquele amor dar certo. Mesmo que ele fosse claramente o que amava mais ali, mesmo que ele fosse sempre o que se entregava por inteiro, o mais - na verdade único - condescendente.

Ele tinha seus defeitos é claro. Quem não os tem? Era ciumento, inseguro, passional, impulsivo quando contrariado, mas tentava melhorar. Ao contrario de Liam que apenas usava a dependência emocional do outro a seu favor. Mas apesar dessa quase certeza de que naquele relacionamento apenas um levava a sério enquanto o outro se apegava a conveniência, Zayn mantinha viva a ideia de que um dia seus esforços seriam recompensados.

Mas não foram.

Era sempre assim: ou brigavam para depois transar ou transavam para depois brigar. Sexo e espancamentos andavam sempre juntos e as declarações de amor eterno vinham no final, para redimir os pecados.

O que mais magoava era sentir que o relacionamento poderia ser melhor. Podia ser raro, mas houve momentos em que estiveram tão perto de genuinamente se amar e respeitar, especialmente nos primeiros meses. Liam verdadeiramente o apoiou quando a família Malik o renegou, esteve lá durante sua fase de profunda tristeza pela ausência que jamais seria suprida. E tudo começou tão belo e perfeito; eram como qualquer casal apaixonado cheio de planos e sonhos, que não suporta a ideia de dormir separado, que anseia estar sempre perto e ama ouvir a voz um do outro ainda que a conversa não seja produtiva para nada.

Diante de tudo isso, agora ele se perguntava como um "Eu te amo" que antes arrancava sorrisos de seu rosto tornou-se algo tão falso que nem Zayn se convencia de suas próprias palavras. Qual o sentido de tal declaração quando ela não é verdadeira? Foi quando tudo começou a soar inútil como correr atrás de um trem que já partiu. E por mais tolo que isso fosse, os dois seguiram insistindo mesmo assim.

Fosse por acomodação, medo ou excesso de apego, mas apenas a prisão de Liam foi capaz de separá-los definitivamente; embaraçoso chegar a essa conclusão, no entanto Zayn se agarrou a chance que a vida lhe deu com todo resto de esperança que havia em si.

Era hora de partir. Independente do que sentia, ele devia ser forte e pela primeira vez em tanto tempo retomar as rédeas de sua vida.

Ao se levantar, secando tímido caminho de lagrimas formado em suas bochechas, ele foi até o quarto do casal, cuja porta fora arrancada há muito tempo e jamais recolocada por motivos óbvios, afim ajuntar suas coisas. Ele encheu duas mochilas tudo o que lhe era indispensável e só o que comprou com seu próprio dinheiro. Nem o material de pintura que Liam havia lhe dado de Natal, e que adorava, entrou na bagagem. Levou-as para o carro e retornou para buscar seus cavaletes, quadros que não foram danificados, seu precioso portfólio, coleções de quadrinhos e vinis antigos, pôsteres, o Super Nintendo mais a caixa com os cartuchos de jogos e uma outra maleta de tintas e pincéis, não era tão boa quanto a que ganhou do ex, mas serviria por enquanto.

Foi um processo longo e regado a lágrimas silenciosas, pois a mente funcionava a mil, sabotando-o com lembranças conflitantes. Mas ele seguiu em frente até que não restasse mais nada seu naquela casa e até o banco carona estivesse ocupado com seus pertences.

Já era noite quando ele trancou a porta da frente pela ultima vez e guardou a chave no bolso - pretendia joga-la no primeiro rio que encontrasse na estrada -. No quintal a placa de aluguel já estava fincada no gramado.

Ao entrar no carro e afivelar o cinto, ele deu uma ultima olhada para a residência de apenas um andar. Por fora era só mais uma casa britânica para um jovem casal em uma vizinhança de classe média. Por dentro, bem, Malik desejava apenas que nenhuma casa no mundo fosse a porcaria que a dele costumava ser.

Suavemente secou as bochechas e o canto dos olhos, ligou o carro e seguiu seu caminho de cinco horas de viagem até Londres.

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