Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ficaria muito grata. Aproveitem. ^^
Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.
Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.
Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Um amigo meu () encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Na manhã seguinte, meus amigos estavam ainda mais estranhos do que na noite passada. Durante todo o desjejum, eles passaram bilhetes uns para os outros por debaixo da mesa. Se não queriam que eu percebesse falharam miseravelmente. Até mesmo Bilbo e meu pai estavam participando destas conversas particulares, o que estava me deixando mais e mais inquieta, mas procurei não transparecer.
Após o desjejum, as coisas só pioraram. Bombur chegou a mim e perguntou se haviam mais frutas silvestres no pomar do terreno pois ele havia comido todas as que tinham na casa. Eu as busquei, mas quando voltei, fui literalmente barrada na porta.
"Dwalin porque raios não posso entrar na casa? Aconteceu algo?" Eu perguntei.
"Kili está com alguma coisa estranha na perna e Oin está examinando, não quer que você veja." Ele disse, mas pude ouvir Kili protestando um 'Ei porque que eu' seguido de um barulho e a companhia mandando-o calar a boca. Eu suspirei e entreguei a sexta com as frutinhas para ele.
"Bem... entregue isso para Bombur então por favor." Ele assentiu e abriu a porta de onde a mão de Bombur rapidamente apareceu agarrando a sexta e levando para dentro, fechando a porta logo em seguida. Depois disso tentei mais umas 4 vezes entrar na casa, seja pela porta da frente, seja pela porta dos fundos. Mas sempre acabavam inventando alguma desculpa, uma pior que a outra para me impedir de entrar.
Estava ficando preocupada. Se eles destruíssem alguma coisa da casa de Beorn, nem mesmo eu conseguiria conter a ira dele. E o fato de meu ada estar envolvido me deixava menos tranquila ainda.
Além disso, o fato de eu estar sendo aparentemente deixada de lado daquela forma, estava me deixando cada vez mais infeliz. Achei que já havia superado este tipo de comportamento, afinal minha infância toda foi assim. Mesmo assim aquilo ainda me machucava, principalmente agora que eu os considerava amigos.
Decidi então me ocupar com algo, no intuito de esquecer tudo aquilo. Me sentei aos pés do meu Carvalho para desenhar, mas todos os meus desenhos mais pareciam rabiscos, o que estava me frustrando ainda mais. Ao final da tarde, Bilbo se juntou a mim e sentou-se ao meu lado.
"O que está fazendo Estelwen?" Ele perguntou.
"Desenhando." Eu disse simplesmente.
"Isto eu posso ver... o que está desenhando?" Ele insistiu, um pouco desconcertado.
"São apenas rabiscos, nada de mais." Eu disse, sem tirar os olhos do caderno. Não conseguia mais esconder meu desânimo.
"Porque não desenha este Carvalho? Ele é incrível." Comentou Bilbo, tentando render o assunto.
"Eu já desenhei ele inúmeras vezes. Ele está aí desde muito antes de eu vir morar com Beorn." Eu comentei rispidamente. Bilbo ficava cada vez mais desconfortável com minhas respostas. Mas continuou mesmo assim.
"Puxa ele deve ser bem antigo então... adoraria ter um no jardim de minha casa. Eu iria admirá-lo todos os dias." Não pude conter um sorriso. A simplicidade de meu amigo sempre aqueceu meu coração. Me levantei e comecei a vasculhar a folhagem ao redor da grande árvore.
"O que está fazendo?" Ele me perguntou, muito curioso. Eu então me levantei e fiz menção de entregá-lo algo, ele estendeu a mão e nela coloquei uma bolota.
"Aqui meu amigo. Que esta semente se torne uma árvore linda e formosa e lhe traga muito orgulho e recordações maravilhosas." Eu disse, com um sorriso.
"Estelwen eu não posso aceitar isso. E imagino que Beorn não irá gostar que eu leve algo da casa dele." Ele comentou, enquanto estendia sua mão para mim. Eu me agaichei a sua frente e fechei sua mão, a empurrando contra seu peito.
"Não se preocupe Bilbo, tenho certeza que ele ficaria extremamente feliz se um dos filhos deste carvalho embelezasse a casa de alguém tão incrível, simples e cuidadoso como você, meu amigo." Eu disse com um enorme sorriso.
"Agradeço imensamente e cuidarei deste presente com muito carinho minha amiga." Ele disse, também sorrindo. "Mas acho que hoje não é o meu dia de ganhar presentes." Ele comentou com um sorriso sabido. Inclinei minha cabeça um pouco para o lado, sem entender seu comentário.
Foi quando um barulho alto pode ser ouvido de dentro da casa, como uma explosão. Eu levantei rapidamente e olhei para a casa e pude ver fumaça saindo da janela da cozinha. Meu coração parou. 'Pelo amor de Eru, o que esses anões fizeram?!?' Pensei. Eu corri o mais rápido que minhas pernas permitiam e Bilbo correu logo atrás.
Abri a porta com força, quase a derrubando no chão. "O que raios está acontecendo aqui?!" Eu gritei. Mas quando olhei para dentro da casa, vi algo inesperado.
"Surpresa!" Gritaram meus amigos.
"Surpresa? Por quê?" Eu perguntei sem entender o que estava acontecendo.
"O que você quer dizer com 'por quê'? Estamos comemorando um dia muito importante, Estelwen." Comentou Fili e Kili acrescentou. "Você se tornou importante para nós e como hoje é o dia em que seus pais anões receberam você, decidimos comemorar"
Meus olhos não podiam acreditar no que viam. A casa estava toda decorada e a mesa posta com vários tipos de doces e, para minha surpresa, havia um bolo de creme com frutas silvestres bem no meio da mesa. Meu favorito, aquele que minha Amad sempre fazia para mim. E principalmente, meus amigos, reunidos em volta da mesa, comemorando e gritando meu nome. A emoção dentro de mim era tão grande que comecei a chorar.
Os meninos se silenciaram e se entreolharam, sem entender minha reação. Eu então comecei a rir. "Obrigada meninos. Muito, muito obrigada." Eu disse em meio a soluços enquanto enxugava minhas lágrimas. "Eu amo tanto vocês." Eu disse e eles riram e vieram me abraçar.
Passamos o restante da tarde tocando música e festejando. Acabamos com o estoque de hidromel de Beorn por causa de uma competição de bebidas que fizemos. Espero que ele perceba apenas quando estivermos a milhas de distância daqui.
Glóin ficou tão bêbado que não parava de falar de seu filho Gimli, nos contou tudo, desde aventuras até momentos embaraçosos da vida do jovem anão. Ele definitivamente se orgulhava do menino e me implorou para que eu treinasse seu filho nos métodos antigos de luta e eu prometi que ensinaria. Fili e Kili me contarão o quão triste o menino ficou quando Glóin o impediu de embarcar na aventura. Aparentemente, Gimli perseguia os dois irmãos onde eles fossem, os três eram inseparáveis e não poder participar da jornada o deixou desolado.
Não me sentia tão feliz assim em anos, a sensação era até estranha para mim. Alguns dos meninos até me deram presentes, Ori me entregou um lindo desenho que ele tinha feito de mim sentada em uma rocha em uma das minhas vigílias noturnas. Bombur fez o bolo e me lembrou o tempo todo de dar-lhe o primeiro pedaço, não podia conter um riso todas as vezes que ele me pedia. Bofur e Bifur fizeram uma caixinha de madeira, toda decorada para que eu pudesse guardar minhas ervas medicinais e os demais me deram flores colhidas no jardim de Beorn.
Foi quando Thorin me chamou para o canto, querendo conversar. Eu o segui para longe de nossos amigos. Quando chegamos ao celeiro ele estava extremamente desconcertado, retirou um cachimbo do bolso de seu casaco e o entregou a mim.
"Aqui Estelwen... Você tinha me dito que esqueceu seu cachimbo em Valfenda... eu... bem... pensei que gostaria disto..." Ele disse, sem olhar para mim, estendendo o cachimbo em minha direção. Suas bochechas estavam ligeiramente coradas o que fez meu coração pular.
Eu o peguei e o examinei. Era incrivelmente lindo. Perfeitamente entalhado com a imagem de um lobo. E sua forma era perfeita e fluida, um trabalho de um profissional. "Thorin... ele é lindo... nunca vi um objeto tão bem entalhado com tanto carinho como esse. Mas... a quanto tempo você está fazendo isso?"
"Foi realmente um desafio fazê-lo sem que você visse. Afinal você sempre acabava pegando os turnos de vigia noturna. Foi muita sorte eu conseguir terminá-lo a tempo." Ele comentou. Eu não consegui me conter e o abracei. 'Devo pegar mais leve no hidromel' pensei.
"Muito obrigada Thorin. Ele é incrível. Eu não sou digna de algo tão bonito." Eu disse enquanto ele me abraçava de volta.
"Você merece isso e muito mais, Estelwen." Ele disse baixinho em meu ouvido. O som de sua voz dizendo meu nome e principalmente suas palavras, me fizeram arrepiar. Meu coração queria sair pela boca. E sentir seu cheiro novamente estava fazendo minha mente girar. Percebi que ele se tencionou todo depois do que disse e nos separamos rapidamente, virando de costas um para o outro.
"M-muito obrigada." Foi o que eu consegui dizer. E ele respondeu com um "não há de que", tão baixinho que se não fossem minhas orelhas de elfa eu não teria ouvido. Foi quando ouvimos uma comoção vinda mais para dentro da casa, em direção aos quartos. De lá saíram Fili e Kili, que vieram correndo falar comigo. Eu suspirei aliviada por ter sido salva daquela situação.
"Estelwen! Estelwen! Aquilo dentro do armário é seu?!" Eles perguntaram e eu arregalei os olhos, mas o que raios eles poderiam ter achado que era meu?!? Thorin ficou vermelho de raiva e explodiu, revoltado.
"Posso saber o que vocês dois estavam fazendo e mexendo nas coisas dos outros ainda por cima?!" Ele gritou.
"Mas titio nós achamos uma armadura linda lá atrás. Nunca vimos nada igual." Eles disseram. Não pude conter uma gargalhada. Tantas coisas me passaram pela cabeça, como alguma roupa que poderia ter sobrevivido ao tempo ou algo assim.
"Então ela ainda está aqui? Me mostrem." Eu disse e segui os dois irmãos. Quando chegamos ao meu antigo quarto ele estava exatamente como eu havia deixado. Não acredito que Beorn não transformou aquilo em um depósito ou algo do tipo. Era como se ele estivesse à espera de que um dia eu voltaria.
Os anões, Bilbo e Gandalf estavam reunidos em volta de um armário, olhando atentamente para seu interior. Eles abriram espaço para que eu passasse e lá estava minha velha companheira, exatamente como eu deixei.
"Não acredito que Beorn se deu ao trabalho de te polir e conservar, depois de tantos anos, minha amiga. Você continua perfeita." Eu disse sorrindo, enquanto deslizava meus dedos pelas ombreiras. "Assim como no dia que adad a deu para mim." Eu comentei e pude sentir lágrimas começarem a cair.
Meus amigos não tinham palavras, estavam embevecidos com o trabalho incrível de meu adad e mestre Brokkr, o ferreiro real. A armadura era de mithril e tinha o design das armaduras que os anões da realeza usavam no início dos tempos. E seus entalhes eram ilustrações élficas, feitas por um mestre ferreiro élfico que meu pai contratou. Infelizmente nunca o conheci, queria agradecê-lo por esta obra prima. No centro do peitoral, havia o desenho de um Carvalho, a mesma imagem que havia na cabeceira da minha cama em Valfenda. Sempre fora minha árvore favorita.
"Não posso acreditar." Disse Oin. "Exatamente como meu avô descrevia. A armadura é ainda mais linda do que eu imaginava. Como nas lendas."
Ouvi Oin comentar enquanto eu acariciava minha antiga armadura, uma enxurrada de memórias vindo à tona. Estava tão absorta que não ouvi Ori me chamar. Depois da terceira vez me virei para ele pedindo desculpas.
"A senhorita poderia vesti-la para nós?" Ele perguntou e todos concordaram ansiosos. Eu levei um tempo para concordar. Por um instante tive um pouco de medo de colocá-la novamente. Tantas coisas aconteceram desde a última vez que eu a vesti. O mundo mudou tanto... Eu mudei tanto. Mas decidi atender ao pedido de meus amigos.
"Está bem, mas vou precisar de ajuda." Comentei com um sorriso. Todos assentiram e foram pegando cuidadosamente partes da armadura que eram surpreendentemente leves, para permitir maior mobilidade na batalha. Retirei meu colete de couro e coloquei o peitoral de mitril no lugar.. Por fim, coloquei meu capacete, que era adornado com um diagrama parecendo uma coroa.
Meus colegas olhavam embevecidos, até mesmo Gandalf, que mesmo já tendo me visto com ela, tinha exatamente a mesma expressão de orgulho e admiração como da primeira vez que me viu usá-la em Eregion. A armadura havia literalmente sido feita para mim. Apesar de terem passado tantos anos, eu senti como se fossemos uma só.
"Como na profecia, a elfa nascida da pedra. Que guiará o povo de Durin a conciliação com as outras raças." Comentou Oin embevecido.
"Oh meu amigo. Como eu já lhe disse, isso foi algo inventado pelo meu adad quando eu me sentia mal por ser diferente dos outros anões. Não sou nada além de uma meia elfa adotada por um rei anão." Eu disse com um sorriso.
"Está errada." Disse Thorin me fazendo corar. "Você já provou ser muito mais do que isso Estelwen."
"Ele está certo, minha querida. Posso enumerar todos os feitos que você já realizou pelo nosso povo. E tenho certeza que há muito mais, dos quais ainda não temos conhecimento." Disse Balin.
"Sem falar de todas as vezes que você salvou nossas vidas." Disse Fili e Kili sorriu concordando. "E de como nos tratou com muito carinho desde o começo, mesmo quando fomos injustos com você."
"Você fez mais pelos anões do que muitos anões que conhecemos, Estelwen." Disse Dwalin, para minha surpresa.
Eu não consegui mais me conter e comecei a chorar. Eu nunca fui tão feliz quanto estava sendo em meio aquela companhia, e pensar que tudo poderia acabar caso não saíssemos daquela floresta a tempo me fez chorar ainda mais. Meus amigos me abraçaram, todos eles, Bilbo, os anões e meu ada.
Definitivamente foi o melhor aniversário que eu já tive em toda minha vida.