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mrsayuzawa

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mrsayuzawa











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É o seu último dia em Los Angeles.

Levanta-se pela milionésima vez para mexer com a exibição no seu estande de arte localizado no Exposition Park, parque urbano natural da cidade, um longo gramado com atividades recreativas ao ar livre. Ninguém comprou nenhuma das suas pinturas, porém o dia mal começou. Vamos lá, grande oportunidade apareça agora! Caso contrário terá de voltar para Filadélfia, sua cidade natal na Pensilvânia, conseguir um emprego "real" e ouvir todo mundo falar "eu te disse".

No entanto, você trabalhou duro demais para desistir. E você não é mulher de abrir mão das coisas tão facilmente.

— Hm?

Resmunga curiosa quando algo roça seu tornozelo. É um gato, de pelo sedoso e esvoaçante com magníficos olhos azuis celeste, sobre a raça você não soube reconhecer, talvez azul russo pela sua cor acinzentada, mas olhos azuis em gatos são tão raros! Uma característica tão vulgar entre os felinos! Uma das orelhas do pequenino é rasgada e ele tem uma linda coleira cinza clara com um pingente. Na verdade, assim que você se agacha para acariciá-lo, tocando por um breve instante na joia pendurada em sua coleira, você percebeu ser uma fêmea.

— De onde você veio, mocinha? — Inclina-se para acariciá-la mas ela se afasta, com a cauda alta, olhando imperiosamente por cima do ombro.

Não seria incrível se ela pertencesse a um crítico de arte famoso, prestes a cruzar o seu caminho!? Ou um milionário lindo que compraria todas as suas peças só porque elas falam com a alma dele... Talvez um príncipe galante de um país estrangeiro, que lhe descobrirá hoje e desejará ser seu patrocinador.

Seremos ricos e viajaremos pelo mundo... e ele se apaixonará por mim.

Por que limitar um bom sonho, certo?

Você levanta o olhar quando uma sombra cai sobre sua mesa. Um homem se aproxima, deslumbrante, com cabelos castanhos escuros presos em um coque desleixado que parece cair muito bem para ele, habilmente despenteado e com olhos verdes afiados. Ele usa um smoking, um blazer preto sobre apenas uma camisa social branca com alguns botões abertos. Ele está de braços cruzados e um curioso par de luvas de couro pretas cobrem suas mãos.

Quase cai de volta em outra fantasia sobre a Asas da Liberdade: a guilda de ladrões mundialmente famosa. As notícias sempre chamam seu líder de "Senhor dos Ladrões", igualmente como quando você ligou a televisão no noticiário ontem. O nome é meio extravagante, mas quando você imaginou quem poderia se encaixar nesse papel, era totalmente alguém como esse cara. Vestido como se estivesse indo para a ópera, ele examina sua mesa com um olhar crítico e analítico, e uma parcela de desdém na maneira como os olhos esmeraldas cintilam e os beiços em um muxoxo, como se ele fosse o próprio Van Gogh a julgar as peças de uma novata no ramo da arte!!

— Olá! — Dá-lhe um grande sorriso e dispensa o resto do devaneio. Talvez ele possa ser Eren Jeager, Lorde ladrão apenas na sua cabeça... ruboriza com a ideia, mas... ele poderia ser somente um cliente pagante na vida real! O que seria ótimo — Vê algo que gosta? Se tiver alguma dúvida é só me avisar!

— Oh, isso já me diz tudo. — Sua voz grave, estável e confiante finalmente se faz presente. O moreno gesticula para a sua mesa com um movimento do pulso, exibindo a sua luva sofisticada, que vai até metade das costas da mão — Você é recém formada em uma escola de arte. Essas pinturas a óleo... obras iniciais? Há uma hesitação em suas pinceladas. Só posso supor que sua família desaprovou, mas veja como você floresceu. Você seria bastante prodigiosa se não perdesse o foco.

E quando ele fala, solta tudo como uma matraca. Um discurso monótono, e uma vez que ele tenha dito isso, uma raiva, sim, floresce em você, não sabia como ele em silêncio parecia com um poeta!

— Foco? Com licença?

— Você é tola e não domina nada, se perdoar um clichê abismal. — Pelo menos não fui eu quem apareceu no parque parecendo um antagonista de filmes de assalto. Não é um pouco cedo para um smoking? Os olhos verde militares dele varrem o sortimento na sua mesa novamente: pinturas, esculturas, bordados, costuras e joias. Você estreita os olhos — Você é o tipo de pessoa que não consegue resolver nada. E com a suavidade de todas as suas linhas, e o uso ousado da cor...!

— Isso se chama influência impressionista!

— Você é uma idealista. Uma romântica. — Os lábios do estranho se curvam para baixo quando ele se move para tocar uma arte em aquarela e depois recua os dedos, como se os queimasse somente no ato de sentir a tela.

— Você não precisa dizer isso como se fosse uma coisa ruim.

Por conseguinte, ele está seguindo em frente, propositalmente, como se estivesse procurando por algo específico.

— Estes trabalhos aqui, com as linhas negrito... Não cópias, por si só, mas uma homenagem habilidosa à Amelia Peláez, se não me engano.

A maneira como ele pronuncia faz parecer que nunca se enganou. Contudo, nesse caso, agora você está muito empolgada para se perturbar com esse estranho inconveniente. Se fosse um velho rabugento e viúvo, com nada para fazer na rua além de comprar jornais e importunar os ambulantes do Exposition Park, ou ainda uma mulher amargurada, provavelmente professora aposentada de história, que não concorde com os seus princípios de arte moderna e venha reclamar, você os ignoraria, mas esse cara? Parece revigorante se incomodar com ele, gente com que argumentar vale a pena de tanto gosto que dá!!

— Sim! Você conhece a arte cubana de vanguarda? Esta peça faz parte de um estudo que fiz recentemente. Eu queria tentar combinar meu próprio estilo com algo mais conectado a minha própria herança e...

No entanto o rapaz de cabeleira castanha já seguiu em frente, dando continuidade ao seu pensamento de antes.

— Sua tendência idealista lhe deu problemas em relação ao emprego, não é? Até agora, nenhum trabalho se encaixa na sua ideia de como deve ser a vida de um artista. E agora você terá que voltar para uma pequena cidade chata e admitir a derrota. Amanhã, a julgar pelo desespero lotado de sua organização.

— Uh... mais alguma coisa a dizer, enquanto você está aí? — Retrucou de maneira irritadiça, não dando tempo para ele prosseguir — Eu sou boa no que faço. Não há nada de errado em esperar pela oportunidade certa.

Isso o faz tombar a cabeça levemente para baixo e soltar uma risada anasalada, fechando os olhos por um breve instante.

— Possivelmente. — O gato mia para vocês — Talvez eu possa perguntar sobre a sua arte, senhorita...?

Então você não sabe tudo, huh? Refletiu consigo mesma, debochada.

— Apenas [Nome] está bem. Sou toda ouvidos.

O jovem começa a disparar perguntas quase mais rápido do que você pode respondê-las. Porém ele não questiona sobre seus originais, ele está completamente imerso nas suas réplicas. E o tempo todo, ele sequer olha para a sua arte. Os olhos verdes dele estão em você, absorvendo-a como se estivesse em uma exibição sozinha, onde você fosse a arte.

— Estou satisfeito.

Você ergue as sobrancelhas e abre a boca para protestar quando ele interrompe a conversa e se vira para ir embora. Ele nem queria comprar nada!

— Você não vai levar seu gato?

O acastanhado faz uma pausa, encarando-a com outro olhar penetrante por cima do ombro.

— O que faz você pensar que ela é minha?

— Bem, você sabe que ela é mulher. Você acabou de dizer, e ela é tão esnobe quanto você.

Soltou satisfeita, com sua bela resposta, um sorrisinho vencedor no canto da boca. Os olhos dele brilham com diversão de um jeito que deixa sua respiração presa. Ele se vira para ir sem responder, desfilando pelo parque com seu smoking, e a gata cheira a toalha de plástico da sua mesa e logo depois sai correndo atrás dele.

Se ele não ia comprar sua arte, por que ele estava tão interessado?

[...]

Você tem que fazer suas malas quando o sol se põe. Prometeu a uma velha amiga da escola de arte que iria à galeria expondo suas obras hoje à noite. Portanto, ainda não está no avião para casa, e irá aproveitar ao menos sua última noite de aventura com estilo, e deixará o aborrecimento para o amanhã. Com seu vestido preto de alcinha, e uma saia meio transparente, longa e soltinha com correntes na cintura, uma jaqueta de couro também preta e botas coturno na cor bege, caminha pelas ruas de Los Angeles, a cidade dos anjos, enquanto vai em direção à localização precisa que ela lhe enviou. No caminho, a vitrine brilhante de uma joalheria chama sua atenção. Através do vidro, uma mão elegante pega um colar... Seguindo a visão, você observa um pulso, braço, pescoço e rosto incrivelmente lindos. Por um momento, a mulher e você se entreolham, então ela sorri e balança o indicador, chamando-a para dentro.

Eu?!

Olha pela rua, mas é a única pessoa por perto. Os lábios avermelhados da mulher se esticam em um riso antes de deliberadamente dizer, "Sim, você.". Curiosa, você entra. A jovem mulher acena, e dessa vez pode ouvi-la rir, leve e espontânea.

Ela é chique e charmosa, com cabelos curtíssimos, olhos azuis profundos como o oceano, com uma cicatriz na parte superior da bochecha. Elegantemente trajada, um vestido contemporâneo mas ao mesmo tempo luxuoso, mangas longas e um decote em "U" praticamente quadrado no busto. Além de uma estole em formato retangular e comprido, de lã na cor vermelha, caída nos braços.

— Você não está com pressa, está? Eu preciso de uma segunda opinião.

Você irá se atrasar se ficar, mas para uma mulher elegante e fina como ela? De repente chegar atrasada parece ótimo.

— Em que?

— Uma questão de moda.

— Por que eu?

━Eu precisava da opinião de uma mulher. Você claramente é uma dama de bom gosto. — Ela aponta para o colar que está usando, o qual absolutamente pinga pérolas rosa — Eu tenho um evento importante hoje à noite. Esta peça é demais?

— É lindo. — Deixa escapar antes que possa elaborar uma resposta mais articulada.

Ela apenas suspira e estuda outro colar, o que ela pegou quando você passou. É uma corda de pérolas brancas simples.

— Você vai colocar este aqui, para que eu possa ver a diferença? — Ela vira as costas para você e seu rosto esquenta, atordoada e perdida sobre o que fazer. Ela fez a pergunta como um pedido, porém de alguma forma soou como uma ordem. O colar ornamentado está quente em sua pele quando o tira e assim que coloca o simples, em vez disso, arrepios se erguem na parte de trás do pescoço dela devido à frieza. A jovem se olha no espelho, arqueando uma sobrancelha perfeita e crítica — Retire isso. — Seus dedos desfazem o fecho antes que seu cérebro a alcance. Quando termina, ela pesa cada colar nas mãos — Qual devo escolher? Estou inclinada para o elaborado.

— Ambos parecem bons, mas pelo que vale a pena, aquele mais chique é falso.

— Oh? — Seus lábios tingidos de um singelo batom carmesim se separam em interesse.

— Pérolas de verdade não absorvem muito bem o calor do corpo. Se você estava apenas experimentando colares, um não deveria estar mais quente que o outro.

— E como você sabe disso?

— Eu sou uma artista. Às vezes trabalho com joias.

A mulher sorri e se inclina para frente, tão perto que ela pode sussurrar no seu ouvido. Você fica nervosa com a repentina proximidade, que diabos é isso?! com licença! E é quase como se o perfume dela fosse um veneno por cheirar maravilhosamente doce.

— Estou tão feliz que você acertou.

Há algo escuro e emocionante em sua voz que envia um formigamento sobre sua pele. Entretanto, o feitiço é quebrado abruptamente quando seu telefone toca. Um lembrete automático do aplicativo de calendário. A galeria está exibindo!

— Fico feliz em ajudar, mas eu tenho... um compromisso! — Aturdida, lança um sorriso para ela e sai apressada, tropeçando nos próprios passos. Ela acabou de dizer que você acertou...?

Mas o quê?

Ainda está perturbada quando chega na galeria, tão desnorteada que esbarra em alguém.

— Desculpe! — E não apenas alguém, mas uma pessoa que poderia muito bem ter inventado o processo. Ela franze a testa enquanto ajusta a gravata borboleta — Você está bem?

Uma pessoa com cabelos castanhos madeira e óculos de grau retangulares. Imediatamente, seu coração parece reagir quando ela ajeita sua roupa. Seria um clichê em que os amados se esbarram e se entreolham, apaixonando-se a primeira vista? Sacudiu a cabeça, não era mais uma colegial e esta era a vida real. Você fica com uma espécime de medo misturado com vergonha, que mulher mais carrancuda! Então sacudiu a cabeça quando a acastanhada pigarreou, oras, era normal pessoas esbarrarem em outras!

— Bem. — A voz dela é fria e seca.

— Hm... Você está estreando hoje à noite? — Ela bufa com a sua pergunta.

— Não. Só estou aqui para observar. — Uma compradora de arte, então? De qualquer forma parece um cego em tiroteio, com uma cara entediada dessas — Não que haja muito o que olhar. Tudo aqui é tão simples.

— Não é sobre o quão complicado parece, é sobre o comentário que apresenta. Mesmo um ponto preto em uma tela branca usa espaço e contrasta com muita cautela, é preciso interpretar a mensagem. Fazer algo parecer simples pode ser a parte mais difícil!

— E aquele vaso suuper chato? — A mulher acena com a cabeça em direção a uma obra de porcelana, iluminada por diversas luzes e sobreposta em um pedestal branco no centro da sala.

— Há muitas coisas envolvendo o vaso. Veja os detalhes na pintura e o uso experimental dos vidros. Vi peças semelhantes custarem mais ou menos sete milhões de euros!

— Só porque algo é caro, não significa que é uma boa arte. — Ela parece se frustrar com o seu comentário, ao que ajeita os óculos de grau no rosto — Olhe para este. — Ela sinaliza para a sua esquerda, onde um monte de telas em branco em televisores digitais estão montadas.

— Oh.. uma declaração sobre vício em tela...

— Sim. Realmente surpreendente. — Rebate de forma irônica, revirando os olhos, porém, logo mudando de humor bruscamente — Eu posso fazer melhor.

Ela pesca o telefone com dedos longos e ágeis voando sobre o teclado. Instantaneamente, as telas começam a piscar, pulsando cores suaves junto com a música tocando no alto e as pessoas que visitam a galeria param para assistir. É como aquelas apresentações de slide que um próprio computador programa como tela de fundo com várias cores distintas se misturando de forma homogênea.

— Você acabou de invadir a arte dessa pessoa?! Você a hackeou?!

— Não, você está delirando. — Ela a examina, apenas como se estivesse diante de um problema matemático curiosamente insolente mas fácil de resolver — Você é obviamente uma artista. Posso ver seu telefone? Vamos colocar suas coisas aqui em vez dessas coisas sem graça.

Mas não ganhei vaga no museu... Contudo, e se essa for sua chance de ser notada?

Pega seu celular por instinto, e ela o tira dos seus dedos. Após alguns furtos especializados, sua arte aparece em toda a tela.

— Tem certeza de que está tudo bem? — A mulher de fios castanhos apenas dá de ombros. Mesmo com os nervos à flor da pele, é atingida por uma onda de admiração. Ela é tão ousada!

— Terminei. — Ela desliza o aparelho de volta na sua mão e estuda sua arte — Sim, isso é muito melhor do que o que estava ali antes. — Não soa como um elogio, mas para alguém como ela, parece difícil de ganhar, então por ora fica satisfeita que alguém tão bonita e engenhosa "elogie" sua obra. Não consegue parar de sorrir.

— Isso é incrível! Estou realmente em uma galeria profissional! — Lado a lado com peças no valor de milhões de euros... Isso é muito mais emocionante do que uma apresentação que aluno mostra na faculdade! Ou um TCC super rígido em relação as avaliações e competências — Muito obrigada! — Vira-se para ela, quase sem fôlego — Você não têm ideia do quanto isso significa para mim. Eu quase perdi minha chance de fazer isso com a minha arte, então... Se este é o último momento que recebo, pelo menos é um bom momento.

Ela sorri, grandiosamente, revelando seus dentes brancos em um sorriso esplêndido, muito mais quente do que as luzes refletindo no teto. Assim que ela percebe que está fazendo isso, morde o lábio para fazê-lo desaparecer. É um sorriso tão bonito, como arte por si só. Gostaria de ter aproveitado mais e antes que possa pensar em algo para dizer, ela acena para o vaso no meio da sala.

Seria crime invadir a área tecnológica de um museu para pôr uma arte própria? Muito egoísmo? Ou seria apenas muita inteligência, porque, caramba, invadir o sistema operacional desse museu deve requisitar muita prática e conhecimento. De qualquer modo, seria crime você não poder emoldurar este momento, o sorriso magnífico da pessoa que lhe deu uma vaga, "injustamente" no ponto turístico conhecido internacionalmente pelas obras valiosas e talentosas em Los Angeles! Em súbito, ela parece relaxada, como se estivesse em seu ramo e não tensa quando seu olhar pousa em um ponto específico da exposição, realmente interessada.

— O que esse cara está fazendo lá em cima? Agora é isso o que eu chamaria de arte.

Seguindo o olhar, nota um homem jogando areia preta de uma sacola de brocado no chão. Ele circula o pedestal do vaso, conectando curvas e redemoinhos em um padrão menor. Arte performática? Ele também está vestido de acordo com os anos noventa: relógio de bolso, cabelo cheio de gel lambido para trás e um cavanhaque que de certa forma combina com seu formato de rosto. Ele desliza os olhos castanhos para cima com um sorriso aguçado o suficiente para cortar diamantes.

— Esta parte é interativa! Eu preciso de um assistente da plateia. — Seus olhos castanhos varrem a multidão, passam por cima da mulher de terno... até pousarem em você. Sente um choque elétrico percorrer sua coluna quando o sorriso dele se alarga — Você! Venha aqui! Também é uma artista, certo? — O quê quer que ele esteja fazendo, está claramente se divertindo muito! O homem pega um livro de fósforos e ataca um vivo — Você fará as honras, amor?

Você olha para a chama quando um cheiro escuro e esfumaçado sobe do chão. Espere... isso não é areia! É pólvora!

— Arte com pólvora? Eu ouvi sobre isso, mas nunca vi ao vivo!

— Eu posso te mostrar muitas coisas que você não viu antes. — Ele pisca e você entra na brincadeira, arqueando a sobrancelha.

— Você parece bastante confiante. — Pega o palito aceso e ele se afasta um pouco.

— Acha que consegue aguentar um pouco de calor?

— Oh, eu posso lidar com isso.

— Eu não sei se estou convencido.

— Afinal, foi você quem me escolheu! Além disso, não é perigoso, certo?

Quem lhe daria uma vaga no museu, caso contrário?!

— Toda a diversão está em perigo. Isso não é apenas vida? — Os olhos dele ardem mais que a chama entre os seus dedos.

Seu sorriso é tão animado que você não pode evitar devolvê-lo, embora ele tenha evitado sua pergunta. Com o fósforo aceso entre os dedos, joga-o aos seus pés. A pólvora incendeia e o fogo fecha as linhas cuidadosamente desenhadas como se começasse uma queda de dominó. Porém, uma faísca chama sua atenção, e seu coração dá um pulo ao ver a trilha se afastar do vaso.

Ei, onde isso está indo?!

Não pode deixá-lo incendiar o resto do lugar! Você começa a correr atrás, mas o rapaz de cabelos castanhos claros é mais rápido, virando-a. Ele joga um braço envolta dos seus ombros, a jaqueta esticada sobre você como uma asa protetora. No segundo seguinte uma explosão se faz presente no salão, fazendo seus ouvidos zumbirem e a fazendo cambalear em um joelho. O tal artista de fogo continua a protegendo enquanto chove vidro do teto quebrado do lugar refinadamente estruturado. A fumaça preenche a sala e é rapidamente detida pelas lâminas de um helicóptero.

— O que está acontecendo?!

O jovem não responde. Ele corre para pegar o vaso, após soltá-la e o alcança antes de pular em uma escada rolada para fora da aeronave. O moreno faz uma saudação casual e lhe lança uma piscadela.

— Obrigado pela ajuda!

E então, o helicóptero sobe e ele se foi. A pólvora se espalha sob o vento, todavia as marcas de queimadura no chão permanecem. Não é apenas um desenho qualquer, mas Asas em um escudo. Este é o símbolo da Asas da Liberdade.

— Você está bem!? — Um homem cuja aparência remete a um anjo, aparece na sua frente enquanto a multidão grita e se debate — Eu vi a cena toda. Por um segundo pensei que aquele louco também iria arrastá-la para o helicóptero. — O homem de cabelos loiros e olhos azuis como o céu, com uma camisa branca, te observa com piscadas lentas e olhos ternos, levantando a mão em direção ao seu rosto — Tem vidro no seu cabelo. Aqui... — Está confusa demais para sequer falar, mas quando não diz nada, ele gentilmente deixa escapar — Meu nome é Armin. Armin Arlert.

— [Nome]. — Murmura entredentes por instinto, tentando processar a explosão. Por que o nome dele soa familiar?

— Nós temos que tirar você daqui. — Ele pega sua mão com a mesma delicadeza e isso descongela seus pés. Correm pela multidão, atravessando-a pelo enorme, e agora devastado, salão do museu.

— Espere, para onde vamos? — Armin, quem puxava sua mão, para.

— Eu sei que você não está envolvida com a Asas da Liberdade, mas a segurança pode agir primeiro e fazer perguntas depois.

Você nem tinha pensado nisso! Ambos saem, chegando no ar fresco da noite de uma primavera em Los Angeles.

— O que devo fazer?

— Vamos levá-la para casa. Você é inocente. — Ele arqueia as sobrancelhas louras em compaixão — Você não merece ser detida para responder a um monte de perguntas.

O pensamento a arrepia dos pés a cabeça. O rapaz com aparência angelical aperta sua mão suavemente antes de soltar. Uau. Armin é realmente tão bonito ou essa adrenalina toda está falando?

— Você tem seu telefone? Vamos pegar uma carona. — Pega seu celular da jaqueta e luta para puxar seu aplicativo de compartilhamento de carro com dedos trêmulos — Eu posso ajudar. — Quando a mão dele toca a sua, o deixou levar seu celular para segurá-lo — Você pode colocar seu endereço?

Você administra isso sozinha, grata pela privacidade. Seu motorista, Levi, após três minutos de espera, estaciona na rua o carro listado.

— Muito obrigada, Armin.

— Não há de quê. Até nos encontrarmos novamente, meu anjo.

Encontrar novamente..?

Algo vibra no seu estômago com o calor de seu sorriso. Armin abre a porta do carro para você e quando está sentada, espera que ele feche a porta, mas ele se inclina para perto... E subitamente, seu doce sorriso se transforma em um sorriso ardiloso, afiado como uma lâmina.

— [Nome], o que é isso? — Ele enfia a mão no seu bolso de fora do lado da porta e, lentamente, puxa um colar de pérolas. As pérolas da joalheria!! Como elas chegaram ali?! — Parece que você não é tão inocente quanto parece.

Nem você, aparentemente, seu cretino!

— Sim, eu sou! Não sei porquê diabos essa coisa está comigo, mas eu não a peguei!!

— Eu vou segurar isso, sua garota travessa. — O loiro desliza as pérolas no paletó azul celeste com uma piscadela conspiratória — As pessoas já pensam que você está com a Asas da Liberdade. Não seria bom se alguém te encontrasse com mercadorias roubadas, além disso.

Eu sabia que ele era bom demais para ser real! Afinal de contas, o diabo costumava ser o anjo favorito de Deus, não é? Antes que possa reagir, ele fecha a porta e o carro sai em disparada no mesmo instante. A estrada a sua frente se desfaz enquanto tenta compreender tudo, e o motorista finalmente fala, até agora em completo silêncio.

— Você está bem?

Você olha para o rapaz. Ele está sério e de olho na estrada, mas a preocupação é clara em sua voz. Cicatrizes cruzam seus seus lábios e supercílios. Urgh, o que são esses!? Estranhamente atraente, mas isso você não diria em voz alta nem morta!

Esse cara parece um pirata de um livro de histórias, não um motorista de carro compartilhado. No entanto, veste um conjunto social de roupas tanto "profissionais" quanto descontraídas.

— Foi um dia... estranho. — Explicou, ainda tentando digerir a ordem de acontecimentos ao decorrer do dia, tantos imprevistos num dia só!? Você não era a heroína de um livro de romance, poxa.

Pelo menos não tem sido chato, pelo contrário, surpreendentemente agradável e deliciosamente emocionante. Até que sirenes da polícia tocam atrás de vocês, enquanto uma desconhecida adrenalina reverbera seu estômago.

— E ainda não acabou, hein? — O homem sorri, os cantos dos lábios esticados em diversão. Droga! Isso é sobre o roubo do Asas da Liberdade ou as pérolas furtadas? Ou ambos!? Aquele Armin poderia ter apontado para você como uma distração! Levi suspira quando luzes vermelhas e azuis piscam no espelho retrovisor — Coloque o cinto de segurança. Tenho muita experiência superando a polícia.

— O quê?!

— Confie em mim. Você não quer ir à cadeia. — Aperta o cinto automaticamente conforme foi pedido, instigada a obedecer a ordem que Levi fez, e assim que o faz, o homem de cabelos curtos afunda o pé no acelerador. O veículo atinge uma velocidade tão alta que a faz colar no assento. — Não se preocupe. Eu vou mantê-la segura. — Levi entra e sai do tráfego, entra e sai do meio-fio e ricocheteia na esquina, pelas mãos estreitas do trânsito lotado da Cidade dos Anjos. Você solta um grito estridente, segurando-se na maçaneta interna da porta, porém ele parece tão calmo como se estivesse sentado na praia bebendo um coquetel! O homem coloca um braço sobre os seus ombros em outra curva vertiginosa, protegendo-a de bater na janela com força — Você sabe, você realmente não parece uma encrenqueira.

Olha para ele, quem tem uma feição tão séria, mas com a voz em tom de diversão, ao que não tira o olhar da estrada e muda a marcha com uma facilidade desconcertante.

— Nunca julgue um livro pela capa, eu acho.

Aparentemente, sou um ímã de problemas.

— Eu já não sei sobre isso. — Sem aviso prévio, ele para bruscamente, jogando um braço na sua frente. Você bate em um músculo firme e quente em vez de bater seu rosto no painel. É muito cedo para experimentar o gosto de um airbags! — Não faço esse truque há um tempo. — Com a mão livre, Levi os coloca para trás e dispara na ré. A polícia passa rápido como um borrão de luzes coloridas, sem tempo para raciocinar a manobra de Levi ao que avançam na direção que estavam indo apenas um segundo atrás. Ele os vira em uma espécie de drift e corre na direção oposta — Peguei eles.

Por vários segundos, consegue somente se concentrar no seu estômago retorcido, mas as luzes da cidade desaparecem e param mais gentilmente. Provavelmente é otimista demais esperar que ele a levou para o hotel, certo?

E tem certeza disso assim que olha pela janela, e percebe que estão em um hangar aéreo.

— Espere. — Ele sai do carro, depois caminha pela frente e abre a porta para você como um cavalheiro. Ele estende a mão grande e firme, mantendo contato visual deliberado — Lembre-se do que prometi a você: vou mantê-la em segurança. O quê quer que aconteça aqui, ninguém vai te machucar. Ok?

Você nem sabe responder. De repente as palavras somem de sua boca e nenhuma frase é formulada no seu cérebro. O que vai acontecer a seguir? Há tantas possibilidades e nenhuma delas parece plausível, mas considerando o dia de hoje, você teme a situação. Está nervosa, porém Levi a ajudou a fugir da polícia. Por isso deixou que ele lhe ajudasse a sair do carro e tentou se equilibrar nas suas pernas bambas. Assim que se firma em seus pés há um rugido alto, e então um vento forte apanha ao seu redor. Levi dá um passo à frente para a proteger do peso dele quando um helicóptero pousa.

O helicóptero!

A aeronave pousa e o artista da pólvora salta com um grito animado. E logo atrás dele está... a hacker compradora de arte. Ambos gargalham juntos.

Levi, Levi! Você viu aquele pouso?! — Ela quem pôs suas obras no museu, quem estava tão neutra e carrancuda no museu, esbravejou o nome de seu motorista tão abertamente e intimamente, tão genuinamente alegre — Foram todos os computadores! Não precisamos mais que você dirija.

— Eu ainda te venci aqui. Você me deve 100 dólares.

— Hange, você sempre perde quando aposta com ele.

— Você apostou que eu não poderia pousar um helicóptero com meu tablet. — Disse séria novamente. Essa mulher parecia sofrer um verdadeiro transtorno bipolar — Então você me deve duzentos dólares, Jean. E uma cerveja.

O tal Jean apenas sorri.

— E vejo que nossa adorável ajudante chegou aqui inteira!

Antes que você possa abrir a boca, uma limousine aparece. E Armin sai com um sorriso vencedor para abrir a porta do outro lado. Ele se inclina sobre a mão de uma mulher enquanto ela a pega e surge graciosamente. A mulher da joalheria!!!

T'attraper, Mikasa.

Em súbito, tudo se encaixa. Todo esse dia fez parte do plano deles. Parte de seu assalto... Tudo se conecta na sua mente, meros detalhes que passaram despercebidos aos seus olhos mas que agora pareciam ridiculamente óbvios. Todas essas pessoas novas as quais teve contato em um mesmo dia, nesse especialmente louco, tinham ela. A Asa da Liberdade. Tanto como broche em suas roupas ou como um pingente de colar.

— Vocês realmente são a Asas da Liberdade. — Jean pigarreia com a sua afirmação — Você me fez ajudá-lo com seu assalto para que você pudesse me esquadrar! E Mikasa pôs as pérolas no meu bolso, para que Armin pudesse levá-las mais tarde! E quando ele me ajudou a ligar para Levi...! — Leva seu olhar até Hange — Você configurou isso de alguma forma, quando você tinha meu celular!

— Demorou um pouco, mas você chegou à conclusão, bem. — Ela ainda está sorrindo. E para você.

— Ela não teve exatamente um segundo livre para pensar, Hange. — Levi a defendeu.

— Sim. Acho que devemos dar-lhe muito mais crédito. — O loiro de aparência angelical ressalta.

— Você juntou as peças, mas está errada sobre os nossos motivos. — Mikasa sorri para você, os olhos azuis brilhando — Não pretendemos que você aceite a queda por nada.

As engrenagens de sua mente giram e giram, tentando decifrar o real motivo de tudo isso e tenta trabalhar com isso da mesma maneira que planejaria uma pintura com uma composição difícil.

— Por que me envolver? Vocês são famosos. — Eles fizeram assaltos que deveriam ser totalmente impossíveis e fizeram com que parecesse fácil. O que eles queriam com uma coitada da Filadélfia como você? Usar de bode expiatório? — Você não precisava que eu chegasse àquele vaso.

Algo cutuca seu tornozelo, e olha para baixo para ver a gata cinza de antes. Vira-se quando o homem de smoking se aproxima.

— Nosso objetivo nunca foi roubar o vaso. Queremos roubar você.

Eu!?!?

Todo mundo olha para você, sem olhar malicioso, sorrisos sem filtro, genuinamente curiosos. Seu coração começa a acelerar. Este grupo de pessoas que levam vidas emocionantes e quem se recusam a seguir regras e que vivem com total luxo... Eles a querem?

— Do que você está falando?

— Vou explicar mais em Paris. Venha comigo. — O moreno de manhã cedo estende a mão por um segundo, trazendo-a de volta. Ele se vira e se dirige para o avião como se esperasse que o seguissem obedientemente.

Paris, Paris na França? Europa?!!

Armin dá um passo na sua direção.

— Queremos sua ajuda no nosso próximo assalto. Queremos as suas habilidades com réplicas.

— Espera aí... acho que não estou entendendo. Réplicas?

— É, docinho. Invadir museus e roubar obras preciosas, substituindo-as pelas suas.

— Você é deliciosamente versátil. — Mikasa quase ronrona a última palavra — Eren disse que suas réplicas também eram satisfatórias.

— O que é o mais perto que ele chega a admitir que está impressionado — O loiro adiciona.

— E você pode misturar com um pouco de ação! — Jean pisca para você.

— Claro, não vamos forçar você a vir. Somos ladrões, não sequestradores. — Hange fala e Levi assente, cruzando os braços. Isso mesmo, ele disse que ninguém a machucaria. O sorriso de Armin, surpreendentemente gentil, contrasta com o brilho azulado perverso em seu solhos — Mas gostaríamos de... adocicar o acordo, um pouco.

Hange toma a deixa e lhe mostra a tela do tablet, ampliando uma foto do seu rosto. Você já está nos noticiários!

— A polícia está definitivamente atrás de você.

— Você poderia escapar conosco, é claro. Eu não gosto das suas chances se você ficar para trás, sozinha.

— Então considere isso a oferta oficial de emprego dos seus sonhos.

— Me dê um segundo.

Você mantém seus braços firmes. Os outros respeitam seu espaço enquanto você pensa nisso o mais ligeiro possível, ponderando prós e contras. A chantagem não é legal. Mas ficando... mesmo se limpasse seu nome, eventualmente teria que ir para casa. Viva com os seus pais e sua decepção. Significando deixar a cidade grande e emocionante.

Olha para eles e lentamente abre as mãos.

Essa guilda fez um assalto total para lhe contratar. Não era isso que estava esperando? Excitação? Aventura? Para escapar da vida comum? É como uma história, ou um jogo de fingimento da infância que finalmente se tornou realidade. Você poderia desistir de tudo isso... Ou poderia pegar o que está à frente. É pegar ou largar.

Seu coração dispara freneticamente quando encontra cada um de seus olhares.

— Vamos para Paris.

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