Lost Souls

By lizzie_hale

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Tessa Starfall e Dominik Knight são amigos desde da infância. Porém um acontecimento trágico leva Dominik ir... More

Notas da Autora
Cast
Aesthetic + IG
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 4
Capítulo 5

Capítulo 3

467 43 59
By lizzie_hale

"Eu costumava fechar meus olhos e orar para ter outra família diferente
Onde tudo estivesse bem, uma que me pertencesse
Eu jurei que não seria como eles
Mas, olhando para trás, eu era só uma criança
Quanto mais eu envelheço, mais eu vejo
Meus pais não são heróis, eles são como eu
E amar é difícil, nem sempre funciona
Você apenas faz o melhor para não se machucar
Eu costumava ficar brava, mas agora eu sei
Às vezes é melhor deixar alguém ir"

Sasha Sloan, Older



As pessoas, normalmente, dizem que com o tempo iremos superar toda a dor e saudade ou que ficará mais suportável de conviver com elas. Porém, não é verdade, sinto que estou morrendo há anos e não senti nada melhorar com o tempo. Parece que estou presa em um loop infinito de vazio e dor, do qual não consigo sair por mais que eu tente.

Comecei a dizer a mim mesma que tudo ficaria bem, que era somente uma questão de tempo até eu começar a me curar. Todavia, quando percebi, tinha perdido a noção do tempo, da vida e dos meus sentimentos, me senti completamente perdida, passei a sobreviver ao invés de realmente viver.

Não lembro de como cheguei à esse ponto, não sei quando passei a me sentir insuficiente ou quando passei a não me importar comigo mesma. Não sei quando cheguei no ponto de querer estar em qualquer outro lugar ao invés da confusão de pensamentos que é minha mente.

Me pergunto diariamente, quando vou me sentir inteira novamente. Tem dias que sinto que vou conseguir me curar, em outros acho que nunca irá acontecer.

Contudo, passei a me agarrar a dor física para me lembrar que estou viva, e também às pessoas para me impedir de afundar, porém a única coisa que aconteceu foi que passei a me esconder de mim mesma, e me tornei ótima no quesito de fingimento. Pensei que se agisse de tal forma, talvez se tornasse realidade, mas não foi isto o que aconteceu.

Estou me alongando no estúdio de dança que obtenho em minha casa, ao som de Roses – Shawn Mendes, quando minha mãe aparece na porta. Kylie Starfall pode estar na casa dos quarenta, mas possui uma beleza lindamente jovial, parecendo mais nova do que aparenta.

Me levanto em alerta, porém cautelosa por dois motivos. O primeiro é que a mesma raramente vem me ver, e a segunda é a expressão séria em seu rosto. Ela me analisa de cima a baixo, e então finalmente diz:

– Você está seguindo a dieta, certo? Seu aniversário é daqui alguns dias e tem que estar tudo perfeito. Entende como isso é importante Tessa? – diz em sua frieza habitual.

Às vezes, me pergunto se um dia terei uma relação amorosa com meus pais. Quando eu era criança sonhava com isso, com o tempo perdi um pouco as esperanças.

– Sim, mamãe. Eu sei e entendo. Eu estou me esforçando o máximo para tudo ocorrer bem. – Kylie assente.

– Se esforce e treine mais querida, não queremos errar na presença de seu pai e das outras pessoas. – Suspiro abaixando minha cabeça, mamãe sempre pensando somente nas aparências.
– Presumo que saiba que Dominik voltou – seu tom amargo me chama a atenção e levanto minha cabeça para olhá-la atentamente. Anuo e a mesma prossegue: – Fique longe dele. Não quero saber ou ver que ambos voltaram a se encontrar como no passado. Além de que seu pai não gostará, você tem um namorado. Aja com respeito por todos e ignore esse garoto que trouxe somente problemas para nós. Não me decepcione Tessa, sua irmã não iria.

Eu mordo minha língua com vários pensamentos que não posso expressar. Queria poder gritar que não sou obrigada a agradar papai, porque o mesmo nunca esteve presente em minha vida. Que não sou e nunca vou ser perfeita como Aria era. Que Nathan, papai e nem mamãe podem definir com quem eu converso ou deixo de conversar, não quando eu dou mais do que recebo de todos eles.

Porém, a única coisa que faço é assentir, então a mesma se vira e vai embora me deixando com milhões de pensamentos não expressos. Sempre foi assim, todos ditando suas regras e eu sendo obrigada a aceitar todas sem questionar. Eu deveria tê-lo feito das primeiras vezes, mas a única coisa que queria era deixá-los orgulhosos, mostrar que não sou uma decepção completa. Então agi de acordo com as ordens de meus pais sem nenhum tipo de contestamento.

A criança que eu era, queria somente ter uma família onde sentisse pertencimento, por isso sufocou suas vontades e a si mesma para agradá-los. O que ninguém a contou é que tal coisa, nunca foi um trabalho de uma criança, pais não devem responsabilizar seus filhos caso o casamento não der certo, pais devem amar seus filhos independente de qualquer coisa.

Permiti que minha mãe ditasse suas regras, para fazer papai voltar para casa e me amar, como tinha que ser. Não percebi que fazendo isso, acabei perdendo partes cruciais de mim mesma, até chegar um momento que simplesmente fiquei cansada de viver e tão perdida dentro de meu próprio ser. Estou tentando me encontrar até hoje, porém sem resultados, por enquanto.

Além de perder a mim mesma, perdi minha voz... toda vez que penso em me posicionar contra algo, principalmente meus pais, sinto mãos sufocando minha garganta me impedindo de dizer tais palavras. Meus pensamentos dizem que é melhor ficar quieta que será o melhor para mim, que não vale a pena lutar porque não serei ouvida, pois se nunca aconteceu, não será agora que irá ocorrer tal coisa.

Em alguns livros e séries, percebemos que o fato de os vilões serem tão cruéis, foi porque não receberam amor suficiente de sua família. Não que isso justifique suas atrocidades, mas é a causa delas.

Pais não deveriam ser a causa da destruição de seus próprios filhos.

Flashback – 10 anos atrás


Eu estou sentada em frente à minha penteadeira, minha mãe está atrás de mim arrumando meus longos cabelos loiros. Estou com um vestido azul bebê que combina com meus olhos, mamãe também está com um vestido azul, mas o dela é escuro, quase preto. Sua maquiagem está discreta e elegante, eu passei somente um gloss rosa. Estamos muito lindas, parecemos rainha e princesa.

– Este jantar é muito importante querida. Seu pai estará presente, então tudo precisa ocorrer perfeitamente bem. Ethan precisa perceber o quanto suas filhas são educadas e responsáveis. Aria está fazendo um bom trabalho, mas e você Tessa? Também irá dar orgulho ao seu pai? Não irá decepcioná-lo? Porque se quiser que seu pai a ame e volte para casa permanentemente, não pode, em hipótese alguma, falhar. – Nossos olhares se encontram através do espelho, sua expressão está séria e seus movimentos em meu cabelo, apesar de precisos, estão delicados.

– Eu farei de tudo mamãe, qualquer coisa para papai me amar e ficar comigo – digo tentando imitar sua expressão séria, a mesma me devolve um sorriso orgulho e sorrio também.

Quando termina, vamos encontrar Aria que está esperando no topo da escada, minha irmã me dá um sorriso tranquilizador. Ari pode ser somente 4 anos mais velha, porém sua maturidade é avançada. Ela sempre está comigo quando preciso, nosso vínculo é muito forte e não se deve somente porque somos irmãs, é um vínculo de almas que não pode ser quebrado.

Descemos as escadas e nos sentamos, papai está mexendo em seu celular e não reconhece nossa presença. Passamos o jantar inteiro assim. Minha garganta faz um nó e uma vontade avassaladora de chorar me atinge, por causa da indiferença do mesmo em relação à nós. Ari aperta minha mão debaixo da mesa, mostrando que está comigo e sorrio em agradecimento para a mesma.

– Chega! – mamãe exclama atraindo a atenção de nós três para ela. – Não pode ficar dias se dedicando ao trabalho e quando aparecer em casa, nos ignorar como se não valesse um segundo do seu maldito tempo. – Seu tom é frio e sua expressão está séria como de costume. Papai para o que está fazendo e olha para cada uma de nós, sua expressão é indecifrável.
Mamãe prossegue: – Nos arrumamos elegantemente e fizemos o possível para você perceber o quanto estamos nos esforçando para manter essa família.

– Esse é o mínimo que espero da minha família, além do respeito pelo meu trabalho. – seu tom frio e cruel arrepia meus ossos, mas é o que ele faz em seguida que quebra meu coração. Papai pega suas coisas e sai, sem importar que o ato destruiu nossa família no processo.

Naquele momento entendi duas coisas. A primeira é que nunca seríamos uma família normal e completa. A segunda é que não importa o que eu fizesse, papai nunca ficaria satisfeito comigo ou se orgulhar de mim ou até mesmo me amar.


Presente

Essas lembranças e pensamentos são interrompidos, quando dois anjinhos vêm em minha direção.

– Tay-Tay – Alana e Aaron chamam, eu ajoelho para ficar da altura deles e abro os braços, os mesmos me abraçam.

– Oi meus anjinhos – beijo a cabeça de cada um e nos separamos. Chamo os gêmeos de anjinhos, porque não sei o que faria sem eles, ambos literalmente me salvam de todas maneiras possíveis.

– Sara pediu para chamar você para almoçar – Alana diz se referindo a governanta deles.

– Vamos – Aaron diz e ambos pegam minhas mãos e me puxam com eles.

– Estou indo macaquinhos – rio com a animação deles. Quando estamos sentados digo: – Me contem como foi a manhã de vocês.

Com essa deixa, ambos começam a falar animadamente de tudo o que fizeram e eu não posso deixar de sorrir por ver que apesar de tudo, eles conseguem ser felizes.

Eu raramente deixo papai perto deles, não quero que o mesmo os corrompa. Enquanto mamãe prefere ser mais ausente, porém os gêmeos não parecem se importar com tal coisa. Eles não se importam de ter somente à mim e a Sara de constante em suas vidas.

Alana a Aaron terminam de comer e Sara diz que irá levá-los no parque. Me convidam, mas recuso porque tenho que esperar Dominik para fazer o trabalho, todavia não digo isso à eles.

– Posso levar senhorita Tessa? – pergunta Lena, nossa cozinheira.

– Pode sim Lena e pode me chamar somente de Tessa – digo gentilmente, ela sorri e assente.

Meu prato está cheio, dei somente algumas colheradas, quase não comi. Mamãe está certa, tudo tem que ocorrer perfeitamente bem em meu aniversário. Não que eu sinta fome, perdi essa habilidade há muito tempo. Então não faz muita diferença para mim.

Vou para o estúdio de dança e me perco nas músicas e nos movimentos. Adoro isso, a sensação de voar, de me sentir livre, de sentir que posso conquistar o mundo. É simplesmente perfeito.

Fico horas assim, até sentir que estou sendo observada. Olho no espelho e Nik está encostado na porta de braços cruzados, vejo que ele está sem a jaqueta e sua camiseta é preta, também está com uma mochila, mas o que me desconcentra do que estou fazendo, são seus olhos. Que normalmente apresentam um tom mais claro, porém agora estão escuros e é tão intenso, que perco o fôlego. Sua expressão no entanto é indecifrável, o que me deixa indignada, ele nunca foi um mistério para mim, eu sempre podia lê-lo como ninguém.

Antes de qualquer um falar ou fazer algo, nosso momento é interrompido por dois macaquinhos bem curiosos que param na frente de Dominik e fazem várias perguntas para o mesmo.

– Quem é você? – pergunta Alana.

– Qual o seu nome? – continua Aaron.

– O que você está fazendo aqui?

– Você está ocupado?

– Você quer brincar com a gente?

– Você é o novo namorado da Tay-Tay?

Eu me viro para ver melhor a cena e dou um sorriso genuíno, os gêmeos continuam fazendo perguntas para Dominik, e o mesmo está com o cenho franzido e uma leve expressão confusa, presumo que ele não saiba como reagir diante de tal situação, o que me faz sorrir ainda mais.

Nik me olha e levanta uma sobrancelha que significa:
Você não irá fazer nada para me ajudar?

Eu dou de ombros e tento esconder meu sorriso pela sua expressão de descontentamento, porém é em vão, o mesmo a vê. Ele implora com os olhos para que eu faça algo e sorrindo vou em direção à eles.

Nós sempre fomos bons em conversar sem palavras, somente com gestos e olhares. O tempo, ao que parece, não conseguiu mudar nossa conexão.

– Ok anjinhos, vamos deixar Nik respirar um pouco. Por que vocês não vão pedir à Lena para ajudarem a fazer bolo de chocolate? Sei que ela adoraria ter a companhia de vocês – eles me olham e anuem. Eu ainda estou sorrindo quando os mesmos se dirigem a cozinha.

Me viro para Dominik novamente e sua expressão voltou a ser igual à de antes dos gêmeos aparecerem.

– O que foi?

– Nada – ele pigarreia e eu levanto uma sobrancelha em espero. – Eu só... gosto de observar você sorrindo. Continua reluzente como sempre – diz sorrindo nostálgico. Sinto minhas bochechas esquentarem, então viro minha cabeça para outro lado, para ele não perceber.

– Então vamos fazer o trabalho? – o olho e ele anui. Sigo para meu quarto e o mesmo me segue.

– Seus irmãos?

– Sim, eles nasceram dois anos depois de você ter ido embora – vejo seus ombros se encolherem, porém volta ao normal rapidamente.

– Quais seus nomes?

– Alana e Aaron, são meus dois anjinhos – sorrio ao falar deles.

– E sua irmã Aria? Como ela está? – agora é minha vez de encolher os ombros e olho para o piso.

– Aria morreu há quatro anos Nik – digo em voz baixa, mas sei que ele ouviu.

– Eu entendo – o fito e vejo que seus olhos apesar de estarem sombrios, há simpatia e entendimento. Então me pergunto que diabos aconteceu com ele e seus pais em todos esses anos.




Estamos sentados lendo e fazendo algumas anotações sobre o livro.

– Você acha que Capitu traiu Bentinho? – Dominik me pergunta, me fazendo parar o que estou fazendo e pensar no assunto.

– Acredito que não, ela parecia amá-lo para trair com seu melhor amigo. Acho que Bentinho estava ficando paranoico e imaginando coisas que não existiam. Pelo que li e observei até o momento são essas as impressões que obtive. E você? – o fito e sua expressão está indecifrável.

– Pode estar certa. Mas vale ressaltar que não tivemos o lado de Capitu, então ela pode tê-lo traído.

– Concordo, porém essa é a impressão que tive. Além de que ele poderia ter conversado com Capitu e tirado suas dúvidas.

– Não acho que seja um assunto fácil de abordar.

– Realmente não é. Entretanto, ele deveria ter tentado sabe ao invés de tirar conclusões precipitadas.

– O amor não é fácil Tess.

– Na verdade o sentido de amar é fácil sim, mas as pessoas gostam de complicar tudo, inclusive o sentimento que nos dá o sentido da vida.

– Não são todos que conseguem obter esse amor. – Assinto.

– Alguns o abandonam sem explicação.

– E outros os trocam como se não valesse nada.

– Porém tem que seguir em frente com a vida.

– Realmente, e também essa é a única opção que as pessoas tem.

– Não pode me culpar por ter seguido em frente com Nate, quando não sabe o que passei – digo com raiva.

– Também não pode me culpar por abandoná-la, quando você não sabe os motivos que me levaram a ir embora – me devolve no mesmo tom.

– Touché.

Nos olhamos e vejo tristeza em seus olhos que reflete a minha. Obviamente estamos magoados, nossas vidas mudaram drasticamente e não tínhamos um ao outro. Vejo ressentimento também, temos muitas coisas do passado a resolver entre nós.

Entretanto, antes de continuarmos a porta de meu quarto se abre e sei que é minha mãe e ela está furiosa, sem nem mesmo a olhá-la.



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Até o próximo Cap
Beijinhos💋💋

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