Ninety Days

By GeovanaJackson

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Ela tem noventa dias para render-se... **ADAPTAÇÃO** More

Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Are you ready for the part two?
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Do you have frameworks for part three?
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Epílogo

Capítulo 33

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By GeovanaJackson

Anastasia

Depois de me fazer um jantar espetacular com direto a morangos com chantilly e fondue de chocolate na sobremesa, Mia decidiu arrumar as malas e passar uns dias em Palermo sem nenhum motivo aparente.

Eu tentei argumentar, implorei para que ela não me deixasse sozinha, mas depois de ver seus olhos meio marejados e a postura rígida preferi ficar quieta e só pedi para que ela se cuidasse bem.

Christian também tentou interceder e entender o que estava errado, mas Mia não disse nada. Ele me prometeu pressionar Elliot até ele falar se aconteceu alguma coisa mais séria em troca da minha tranquilidade.

Sem ter muito o que fazer deixei meu marido e cunhado com Mario na biblioteca e fiz meu caminho até o nosso quarto, passando direto para o banheiro. Tudo o que eu queria agora era relaxar numa banheira de água quente cheia de bolhas.

Abri as torneiras, joguei alguns sais de banho caros na água e selecionei uma playlist aleatória com músicas relaxantes. Gemi satisfeita assim entrei na água quentinha.

Sinto o bebê se mexer dentro de mim com chutes fortes. Esfrego o local com uma careta e começo a cantarolar Osito Carpintero, música que meu pai cantava para me fazer dormir.

— Você é a coisa mais linda do mundo inteiro. — ouço a voz suave do meu marido no meu ouvido, depois suas mãos fazendo mágica no meu pescoço e ombros.

— Eu amo ouvir você falar isso. — Christian ri e me dá um beijo na nuca.

— E eu amo você.

— Também me agrada muito ouvir isso. — murmuro com um sorriso e abro meus olhos, me virando para olhá-lo. — Conseguiu arrancar alguma coisa do Elliot?

Christian balança a cabeça em negação e se desfaz rapidamente das suas roupas, chutando-as para o monte onde deixei as minhas.

Abro espaço para ele atrás de mim e me ajeito entre as suas pernas. Nossas mãos vão para a minha barriga juntas e começamos uma carícia para o nosso filho.

— Eu tentei, mas ele jurou que também não sabe o que está acontecendo com a Mia. Até de manhã Elliot disse que eles estavam bem mas depois do almoço ela começou a ficar estranha.

— O Elliot vai pedir a Mia em casamento. — murmuro baixinho e olho para ele sobre o ombro.

— Ele me contou. Pretendia levar a Mia para jantar e fazer o pedido mas com essa viagem repentina dela acho que ele vai esperar. — bufo e reviro os olhos.

— Mia sempre foi uma cadela inconsequente. Nunca espera nada tomar seu rumo próprio, ela sempre tem que fazer as coisas de acordo com as crenças dela.

— Ana, não podemos criticá-la por isso. Eu imagino que a Mia deve estar tão apavorada com os próprios sentimentos como o Elliot. Mas não se preocupe, já mandei três homens fazerem a segurança dela e irem para onde ela for. Serão só alguns dias, vai ver.

Suspiro e abaixo meus olhos, fitando nossas mãos entrelaçadas. Olho para o meu anel de noivado enorme e a aliança de platina, depois para a aliança de Christian.

— Quando você descobriu que me amava? — deito minha cabeça no peito dele.

— No momento em que te vi no aeroporto. Não é brincadeira toda a história que eu te contei, Anastasia. Eu já te amava desde que saí do hospital a quase oito anos, mas parecia um amor abstrato. No dia que te vi eu descobri realmente o que é ser capaz de tudo por alguém que se ama. Por você eu sou capaz de tudo.

Saio do seu abraço e me viro na banheira, sentando no colo dele. Jogo meus braços ao redor do pescoço do meu marido e bato meus lábios nos dele.

— Acho que também te amo desde que te vi pela primeira vez. Aquela raiva toda só foi para esconder o quê eu realmente sentia. — sorrio. — Você é a melhor coisa que já me aconteceu.

— Você é a única razão para eu continuar vivendo, Anastasia. Se algum dia você me deixar eu juro que vou dar um tiro na minha cabeça.

Estremeço e dou um tapa no seu peito com uma careta.

— Não fale uma coisa dessas nem de brincadeira, Christian. Nada vai acontecer com a gente. Nada.

◕ ◕ ◕

— Precisa mesmo ir? — me sento no divã do closet e observo Christian jogar algumas roupas dentro de uma mala.

— Me desculpe por isso, dea. — mordo o lábio inferior e desvio meus olhos dele, lágrimas embaçando a minha visão. — Ei, não chora, Ana.

— Eu não gosto quando você sai. Não gosto de ficar longe de você. Meio obsessiva, eu sei, mas tenho medo de acontecer alguma coisa com você.

— Não vamos ficar longe, baby. Vou voltar antes mesmo de você perceber que eu saí. Elliot vai ficar aqui com você e vai te ajudar a arrumar sua mala. O jatinho sai amanhã por volta do meio-dia. — franzo minhas sobrancelhas para ele.

— Como assim arrumar malas? Christian, do que você está falando?

— Vai ser uma viajem de negócios rápida, mas não quero te deixar sozinha aqui, por isso vou te mandar para Seattle. Mia irá também.

— O que você ainda não me contou, Christian? Nós estamos em risco, é isso? — ele revira os olhos e segura meu rosto com força, olhando no fundo dos meus olhos.

— Anastasia Grey, pare de ser tão desconfiada. Não tem nada acontecendo. Em três dias já estaremos juntos novamente. Agora não fique com raiva porque meu filho não gosta. — Christian espalma a mão esquerda sobre a minha barriga e o bebê se mexe na mesma hora.

— Até o final dessa gravidez eu não vou mais ter costelas.

— Meu filho gosta de marcar presença. Ele não foi feito para passar despercebido.

— Claro, o pai dele já é um exibido de merda. — Christian me lança um olhar indignado e eu sorrio, me afastando dele e correndo de volta para o quarto.

Em poucos passos ele já está atrás de mim me puxando pela cintura e me jogando na cama.

Caímos no colchão rindo um para o outro e Christian me beija com força.

— Você me completa, dea. Graças a você eu me levanto todas as manhãs para viver e não apenas existir.

◕ ◕ ◕

Passei a noite em claro comendo chocolate e assistindo La Mentira no YouTube.

As sete e meia escuto uma batida sutil na porta e logo em seguida a cabeça de Mia aparece na fresta aberta.

Ela sorri para mim e entra no meu quarto, correndo direto para a minha cama.

— Caralho, por que não me chamou. Sabe que eu amo essa novela e o Guy Ecker é um gostoso.

— Você não estava saindo para viajar? Christian me falou que iremos juntas para Seattle mas pensei que passaria a noite fora e que nos encontraríamos no aeroporto.

— Não, estava aqui. Desisti de ir depois de conversar com o Elliot. Ele veio com uma ladainha de que era perigoso, que você está saindo do país por uns dias e etc aí senti pena e falei que iria ficar.

— Me deixa mais tranquila, confesso.— Mia sorri e me abraça.

— E aí, já arrumou sua mala? — balanço a cabeça e mordo mais um bombom de cereja.

— Ainda não. Ia pedir a ajuda do Elliot porque não estou conseguindo abaixar muito.

— Deixa comigo. Vai tomar um banho que cuido da sua mala. Vão ser quantos dias?

— Christian falou três mas conhecendo ele pode ser alguns a mais. Ele gosta dos Estados Unidos e deve cuidar de negócios por lá para aproveitar a viagem.

— Tudo bem então, senhora mafiosa.

Deixo Mia no closet e corro para o banheiro para um banho rápido. Faço uma escova rápida no cabelo e uma maquiagem simples antes de ir atrás da minha amiga.

Mia escolhe para mim um vestido tubinho marfim justo para - segundo ela - deixar bem claro que carrego um herdeiro e sandálias de camurça da mesma cor, além do sobretudo marrom de pele de vison.

— Já estão prontas? — Elliot grita do quarto assim que Mia acaba de me entregar a bolsa ja montada com meu celular, documentos e remédios.

Ela sorri para mim e me puxa para o quarto. Elliot sorri abertamente assim que a vê e o clima fica instantemente quente.

— Ei, eu não vou ficar de vela aqui então acho melhor vocês se comportarem.

— Ninguém vai te deixar de vela, Anastasia. Não se preocupe. — Elliot se defende com um sorriso e me puxa para um abraço. — Vou mandar os caras pegarem as malas de vocês. Preferem tomar café aqui ou no jato?

— Pode ser no jato? Estávamos comendo chocolate e meu apetite não despertou ainda. — falo para o meu cunhado e olho para Mia que assente.

O caminho até o aeroporto é tranquilo.

É pouco mais de oito e o trânsito está praticamente livre.

Elliot resmunga alguma coisa sobre avisar ao Christian que estamos indo mais cedo e mais alguma coisa que não consigo entender.

Um carro aparece do nada e corta pela nossa esquerda, dando uma fechada em Taylor e obrigando-o a freiar bruscamente.

— Perdão, senhora Grey. Se machucou?

— Não, Taylor, não se preocupe.

Me inclino para o lado e olho entre os bancos da frente para o SUV branco parado pouco a frente do nosso carro. Taylor faz menção de acelerar e passar por ele através da contra mão, mas o carro dá o balão e volta na nossa direção na pista oposta.

O SUV passa por nós devagar, os vidros da frente totalmente abaixados.

Vejo que o motorista é um homem branco e careca, deve ter a idade de Christian mais ou menos. Ele olha para Taylor, depois para Elliot eu acho e desvia os olhos para a minha janela.

O vidro escuro não deixa que ele veja o meu rosto, mas um tremor passa por mim da mesma maneira. Sinto um aperto no peito e esfrego o lugar, incapaz de tirar os olhos do homem.

Leva somente mais alguns segundos até ele arrancar novamente a toda velocidade e sumir pelas curvas sinuosas, mas a sensação continua comigo.

— Elliot, já falou com o Christian hoje de manhã? — aperto minhas unhas nas palmas das mãos, meus joelhos tremendo.

— Sim, Ana. Mandei uma mensagem para ele agora a pouco e a resposta acabou de chegar. — Elliot se vira e me dá um sorriso. — Isso não foi nada. Era só um idiota querendo se fazer notar, mais nada.

Eu assinto com um sorriso pequeno.

Elliot e Mia começar uma conversa sobre qualquer coisa que não presto atenção. Eles pedem a minha opinião vez ou outra e dou respostas automáticas, provavelmente sem sentido nenhum dentro da conversa deles.

A imagem daquele homem vem novamente à minha mente e a sensação ruim se intensifica.

Deus, olhe pelo meu marido.

— Ana. — olho para Mia e ela me dá um olhar preocupado, empurrando nas minhas mãos uma garrafa de águas e dois calmantes. — Você não dormiu nada essa noite. Vai ser uma viagem longa e você precisa relaxar.

Suspiro e coloco os dois comprimidos na boca, empurrando com um pouco de água. Elliot nós ajuda a sair do carro e nos coloca dentro do jato junto com Taylor.

— Taylor e outros três seguranças estão indo com vocês. Eles estarão sempre por perto caso precisem. O apartamento já está pronto para receber vocês e meu celular ficará ligado o tempo todo, qualquer coisa é só ligar.

Ele me dá um beijo na testa, depois outro em Mia e corre novamente para o SUV.

Eu me ajeito na poltrona e fecho os olhos com um suspiro, minhas mãos em volta da minha barriga como forma de proteção.

Não demora muito e consigo finalmente relaxar.

◕ ◕ ◕

— Se sente melhor? — Mia murmura animada assim que abro meus olhos.

— Sim, obrigada. Falta muito para chegarmos? — ela dá de ombros e desliza sobre a mesa uma bandeja com chá, bolinhos e uvas para mim.

— Acho que não. Já estamos voando a umas oito horas, devemos estar perto.

— Caralho, que remédio você me deu? Tranquilizante de cavalo?

— Você passou a noite em claro, Ana. Seu corpo precisava disso. Agora coma, não quero te ver doente e correr o risco de ser esfolada viva pelo seu marido.

Belisco alguns pedaços do bolinho de chocolate e enfio algumas uvas na boca, ouvindo ela falar sobre Elliot.

— Ana, posso te perguntar uma coisa? — levanto meus olhos e assinto. — Você conhece o cara que fechou nosso carro hoje?

— Não, Mia. Nunca vi na minha vida mas me deu uma sensação tão estranha, como se fosse um alerta de perigo. Não sei quem é mais sinto que não é uma boa pessoa.

— Ele olhou para o Elliot com tanta raiva. Parecia a ponto de matá-lo a qualquer momento.

— Eu quero perguntar ao Taylor quem é esse cara. Ele com certeza sabe, o pessoal do Christian conhece todo mundo.

— Será que é algum inimigo da família? Alguém querendo vingança?

— Não sei, mas eu vou descobrir, Mia. Eu preciso descobrir.

◕ ◕ ◕

Já é início de noite quando finalmente chegamos a Seattle.

O fuso horário como sempre é uma cadela para o meu humor, ainda mais agora que estou grávida, mas mesmo assim ainda é bom estar em casa.

— Eu não quero ir para o apartamento agora. O que você acha de um passaio pelo shopping com compras como forma de terapia?

— Eu acho maravilhoso. Elliot me deu um cartão de crédito no meu nome. Acho que ele está sendo influenciado pelo seu marido. — Mia faz uma careta e eu gargalho.

— Admita, você adora ser mimada. — Mia suspira e morde o lábio inferior, escondendo o sorriso.

— Somos vadias sortudas.

Sebastian me cumprimenta assim que descemos as escadas do jato. Ele me entrega as chaves da BMW e me informa que estará com Taylor no carro logo atrás de nós.

Apesar de estarmos no auge do inverno, não estava fazendo o frio absurdo que costuma ser essa cidade. Aperto o casaco de pêlo ao redor do meu corpo e corro com Mia para o carro, ligando o aquecedor antes de dar partida e sair para as ruas loucas de Seattle.

Cantamos nossas músicas favoritas enquanto dirigimos até a saída da cidade em direção a Bellevue. Sigo pela 90 Highway até a Bellevue Way Street, depois corto caminho pela NE 8th Street e entramos no estacionamento do The Bravern.

— Eu te admiro por ainda saber dirigir por essa cidade. Acho que não consigo nem mesmo chegar ao Pike Place Market mais. — Mia murmura com um sorriso e sai do carro, sinalizando a vaga livre ao lado da nossa para Taylor.

— Isso por que você nunca gostou de Seattle e só morava aqui por falta de opção.

Ela faz uma careta para mim e me puxa para os elevadores do shopping.

— Eu não odeio Seattle, só acho que os ares dessa cidade não são para o estilo de vida que eu gosto.

— Mia, nós moramos na Sicília. Lá também não é o local mais movimentado do mundo.

— Eu sei, mas ainda é mais emocionante que Seattle. — arquei uma sobrancelha para ela.

— Conheço essa emoção que você tanto fala.

Passeamos pelo shopping entre sorrisos e compras, muitas compras. Mia reclama de fome e como também não comi praticamente nada o dia todo decidimos por um restaurante português no segundo piso.

Meu celular vibra na bolsa assim que me sento. Mia avisa que vai no banheiro e depois pedirá a carta de vinhos e me dá privacidade para atender a chamada de vídeo.

— Oi, dea. Como estão as compras? — o rosto sorridente de Christian aparece para mim e meu coração aperta de saudades dele.

— Oi, amor. Estão bem, obrigada. Como sempre estou comprando mais do que deveria e te deixando perigosamente perto da ruína. — Christian gargalha.

— Ainda vai me amar se formos parar no olho da rua? — eu suspiro teatralmente.

— Sabe que casar com homem pobre é pedir esmola para dois, não é? — Christian rompe numa crise de gargalhadas.

— Que coisa horrível. Não acredito que me aceitou só pelo meu dinheiro.

— Você é um chato, alguma coisa boa esse casamento deveria me dar. Se acabar o dinheiro vou ficar só com a parte ruim. — rio para ele. — Estou com saudades.

Christian suspira e faz uma carinha fofa.

— Eu também, amor. As coisas aqui estão bem, talvez consiga resolver tudo antes do esperado e prometo ir correndo atrás de você.

— Por falar nisso onde precisamente o senhor está?

— Dubai.

— Ui, que chique. Eu quero te pedir uma coisa então.

— O que você quiser, baby.

— Sabe aquela praia artificial que fizeram em forma de palmeira? Eu quero uma casa aí para passarmos nossas férias com as crianças. — Christian balança a cabeça e murmura alguma coisa em italiano para a sua esquerda.

— Lorenzo cuidará disso, dea. Amanhã mesmo vou ver o que eles tem disponível e efetuo a compra. Agora eu preciso ir, liguei mais para saber como você está e dizer que o vestido vermelho Givenchy que você comprou deixou a sua bunda incrível.

Um casal sentado na mesa do lado me lança um olhar desconcertado e eu sinto minhas bochechas esquentarem.

— Christian, não estou com fone de ouvido. — ele dá de ombros e ri.

— Boa noite, dea. Eu te amo. Não se afaste dos seguranças e tenha cuidado. Não posso perder vocês.

◕ ◕ ◕

A

pesar de ser inverno mamãe está cuidando do seu jardim com ímpeto.

O portão da garagem está aberto e papai ajuda com as rosas enquanto ela ajeita os vasos de samambaias. Observo os dois sorrirem um para o outro enquanto trabalham e a saudade do meu marido só aperta ainda mais o meu peito.

— Olha só vocês. — murmuro com um sorriso e me aproximo deles tomando cuidado para não escorregar na grama molhada.

Mamãe é a primeira a correr até mim e me puxar para um abraço apertado.

— Ana, querida. Sentimos tanto a sua falta. E onde está o Christian? — ela me olha cheia de expectativas e desvia a atenção por cima dos meus ombros.

— Christian está viajando a negócios esses dias e me mandou para cá. Ele deve chegar amanhã e prometeu vir visitá-los.

— Ana, minha princesa. — papai limpa as mãos na calça jeans surrada e me abraça forte. — Venha, vamos entrar. Aqui fora está um gelo.

Papai me puxa para dentro de casa e tomo uma surra de nostalgia.

Como sempre a casa parece a vila do Papai Noel com meias na lareira, festões no corrimão da escada, enfeites natalinos espalhados por cada superfície visível e a árvore de natal enorme no centro da sala com uma infinidade de embrulhos embaixo.

— Vocês vão ficar para o natal? — mamãe me pergunta com expectativa enquanto nos sentamos no sofá.

— Ainda não sei mas vou tentar convencer o Christian. Ele nunca teve muita tradição de natal e quero que esse seja especial.

— E como vocês estão?

— Bem, muito bem. Ele é o homem dos sonhos de qualquer mulher. Carinhoso, amoroso, dedicado.

— E muito rico. — mamãe completa com uma gargalhada. — Aprendeu direitinho, querida. Meus ensinamentos tiveram valor pelo menos para você.

— Algum problema com o Alex? — ela suspira com cansaço. — Só o de sempre, sabe como seu irmão é. Alex é um ímã para problemas.

— Ei, não vamos falar de idiotas hoje. Minha princesinha está em casa e só isso importa agora. — papai coloca uma taça de vinho e biscoitos de gengibre na mesinha de centro antes de beijar a minha cabeça.

— Obrigado, pai, mas eu parei de beber. — afasto a taça com um sorriso e ele arqueia uma sobrancelha para mim.

— É um Pinot Noir suave, seu favorito.

— Estou numa dieta especial agora, diminuí carboidratos e cortei as bebidas alcoólicas pelo menos por enquanto.

— Você realmente me parece diferente, mais corpulenta. — mamãe me lança aquele olhar analítico e afiado dela.

Eu só queria que Mia estivesse aqui comigo agora. Ela teria um comentário afiado e desviaria a atenção de todo mundo sobre a minha  nova forma física.

— Não é nada. Só a correria do dia a dia e não estou tendo tanto tempo para a academia. — mamãe geme.

— Querida, eu sei que a rotina de uma mulher de sucesso não é fácil, mas não se descuide. Precisamos estar sempre lindas para nós mesmas e para os nossos homens.

Sorrio para ela e puxo uma almofada para o meu colo, tentando esconder o volume da minha barriga da melhor forma possível.

Para vir visitá-los abri mão dos vestidos sexys como o inferno que tanto amo e escolhi jeans e moleton folgado.

Não que eu me arrependa de estar grávida ou que sinta vergonha disso porque definitivamente não é verdade. Amo estar esperando essa criança e já a amo desde o momento em que descobrir a sua existência, mas não ter Christian ao meu lado na hora de dar essa notícia aos meus pais me desespera totalmente.

Mamãe é incrível, mas ela tem uma língua incrivelmente venonosa quando quer e não sei como reagiria se ela vinhesse com algum dos seus "comentários construtivos" acerca da minha gestação.

Eles vão saber do neto, é claro, mas somente quando meu marido estiver novamente comigo.

— Senhora Steele, o almoço está pronto. — a governanta dos meus pais aparece na sala com um sorriso simpático e me cumprimenta formalmente antes de se retirar.

— Chegou na hora certa, querida.

Um tender enorme estava posto na mesa além de batatas grelhadas, arroz branco, lascas de bacon e macarrão com queijo.

Encho o meu prato com três vezes mais comida do que estou acostumada a comer e mamãe me olha surpresa.

— Isso tudo é saudade de comida de verdade?

— Mãe, a culinária italiana é incrível. — ela dá de ombros.

— Não estou falando que não é, mas ovos com bacon no café da manhã sempre será mais saboroso que croissant.

Eu penso em responder, mas colocam uma torta de maçã sobre a mesa e a minha boca saliva. Papai se antecipa para me servir, mas nego com um sorriso.

— Tem certeza, querida? É a sua favorita.

— Tenho. Comi além da conta e estou cheia, mais tarde eu pego um pedaço.

Vejo mamãe estreitar os olhos para mim e começo uma conversa aleatória sobre as empresas da família e a preparação para o baile beneficente de natal que ela faz todo ano.

Mamãe logo se anima com a minha curiosidade, ainda mais porque nunca demonstrei o menor interesse sobre esse assunto, e começa a tagarelar sobre lista de convidados, cardápios e tema desse ano.

Eu não pretendia ficar, mas eles insistiram tanto que não pude negar.

Mando uma mensagem para Christian informando que ficarei com eles essa noite e ele responde logo em seguida me desejando boa noite e reafirmando que me ama.

Novamente passei a noite inteira praticamente em claro. Parece que só consigo dormir agora no peito do meu marido.

Logo cedo escuto meu pai saindo, imagino que para ir para a empresa e mamãe começa a andar pela casa fazendo telefonemas e gritando ordens sobre o maldito baile de natal.

A única coisa que eu gostava nesses bailes quando mais nova era beber sem ter eles atrás de mim já que estavam muito ocupados falando com as centenas de convidados e depois sair com um cara qualquer e foder no jardim da outra propriedade da família em Fremont.

Se Christian decidir ficar esse será o primeiro ano que aparecerei comprometida.

Nunca levei nenhum dos meus casos aleatórios ao baile da família, inclusive Jack. Sim, éramos um casal mas nos anos que estivemos juntos eu preferi inventar desculpas e não comparecer.

Acho que no fundo eu tinha era vergonha de mostrar os caras fracassados que apareciam na minha vida.

Me sento na cama e puxo minha blusa de pijama para cima, acariciando minha barriga.

O bebê logo desperta e começa a se mexer. Falo sobre Christian e ele parece entender, me chutando com mais força ainda.

— Ana, querida, você pode...

Minha mãe para no limiar da porta e me olha com olhos arregalados. Vejo a cor ir sumindo do seu rosto, principalmente depois dela fitar a minha barriga redonda.

Sinto uma pontada forte no peito e minha respiração começa a ficar mais difícil. Mamãe acaba de entrar correndo no meu quarto e pega a minha bolsa na poltrona, tirando o meu frasco de comprimidos.

Ela faz uma careta quando vê que não é o mesmo que eu usei a vida inteira, mas o enfia na minha boca assim mesmo.

Pressiono o comprimido debaixo da minha língua e tento respirar fundo. Mesmo sabendo o que me aguarda coloco o relógio que Christian me deu no pulso e sincronizo para a medição de batimentos.

No minuto seguinte meu celular começa a vibrar na mesinha de cabeceira, o nome dele piscando na tela.

— Estou chamando uma ambulância.

— Não, mãe. Não é necessário, já está normalizando.

Meus batimentos vão abaixando aos poucos.

164 bpm.

152 bmp.

137 bmp.

Depois de alguns minutos finalmente consigo estabilizar minha frequência em 96 bpm. Meu celular toca novamente, mas ignoro a ligação de Christian e digito uma mensagem rápida para ele avisando que ligo assim que possível.

Me sentindo coagida, abraço a minha barriga protetoramente e pisco para afastar as lágrimas.

— Não era você que vivia brigando comigo sobre entrar sem bater?

— Você está dentro da minha casa, entro onde quiser sem precisar de permissão. — eu arfo, surpresa.

Chuto os cobertores para longe e me levanto da cama, pegando da sacola a muda de roupa que Taylor deixou aqui para mim ontem.

— Tem razão. Eu tenho um apartamento incrível numa área nobre da cidade, presente do meu marido. Não tem porque eu continuar aqui.

Visto a calça de moletom por cima do short de cetim e a blusa sobre a camiseta do pijama.

— Não, Anastasia, espera. — ela segura meu braço e suspira. — Me desculpe ter falado com você assim, mas é que eu não sei como agir. De quanto tempo você está?

— Quase cinco meses.

— Deus, eu não sei o que dizer.

— Não precisa dizer nada, mãe. Não há nada para dizer. Sim, eu estou grávida. Fim do mistério.

— Anastasia, como isso aconteceu? — Carla grita e joga as mãos para cima, exasperada. — Não acha que tudo isso está acontecendo muito rápido? Primeiro o término repentino com o Jack, depois a estadia na Itália e então você aparece com um cara charmoso mas completamente estranho para nós. Você esteve estranha durante meses, mal conversava comigo, nas raras vezes que ligou não passou de palavras aleatórias e agora você está aqui na minha frente, grávida.

— Eu amo o Christian.

— Mas daí ficar grávida de um homem que você mal conhece?

— Esse "homem que eu mal conheço" é o meu marido então tenha um pouco mais de respeito, por favor.

— Você se casou? — mamãe grita duas oitavas mais alto, meus ouvidos doendo.

— Sim, mãe. Christian e eu nos casamos na Sicília e antes que você diga qualquer coisa existe uma certidão e a união é legal.

Carla fica pálida e cai sentada na poltrona, suas mãos tremendo.

— Casamento e maternidade não são brincadeira, Anastasia. E se você se cansar dele? Ou melhor, se ele se cansar dessa merda e te abandonar a própria sorte com um filho pequeno?

— Christian nunca faria isso. Se você teve problemas no seu casamento eu sinto muito, mãe, mas nem todos são complicados igual o seu foi.

Me arrependo das palavras no momento em que elas saem da minha boca, mas agora já é tarde.

— Isso é golpe baixo, Anastasia. Mas me escute bem, acha mesmo que existem grandes oportunidades para mães solteiras por aí? Pelo visto você abandonou a sua carreira, não trabalha mais.

— Não, mãe. Eu sou exatamente igual a você, fico em casa o dia todo fazendo compras, tomando sol na praia particular da propriedade do meu marido e passeando pela Itália como a madame que ele me tornou. Se nós nos divorciarmos algum dia, o que é impossível, eu tenho tanta coisa no meu nome que nunca mais vou precisar me preocupar com dinheiro. Você fala como se um casamento fosse um negócio e não uma prova de amor.

Carla se levanta e vem para cima de mim, suas mãos fechadas em punhos.

— Não tem o direito de falar assim comigo.

— Você também não tem o direito de falar assim comigo. Sou uma mulher casada, serei mãe muito em breve e sei muito bem me cuidar sozinha.

Passo por ela e agarro minha bolsa, correndo escada abaixo. Uma chuva forte cai lá fora, o vento me fazendo estremecer.

Vejo Taylor sair de dentro do SUV e correr até mim com um guarda chuva. Ele grita para que levem o meu carro e me ajuda a entrar no banco de trás, envolvendo uma malta ao redor dos meus ombros.

Escuto minha mãe gritando meu nome assim que Taylor arranca com o carro. O toque do meu celular soa e ele levanta a divisório, me dando total privacidade.

— Anatasia, pelo amor de Deus. O que está acontecendo com você? Os seus batimentos estavam muito altos, está sentindo alguma coisa?

— A minha mãe descobriu que estou grávida. Queria contar junto com você mas ela entrou no quarto sem bater e me pegou falando com o bebê. — Christian rosna um palavrão em italiano.

— Porra, eu sinto muito, dea.

— Não sinta. Ela foi a cadela de sempre. Minha mãe é uma pessoa mesquinha, Christian. Posição social sempre acima da felicidade, dinheiro sempre acima do amor. Ela não se preocupou com a minha saúde ou perguntou como está o neto, só começou a falar merda sobre você me deixar.

— Isso nunca vai acontecer, Anastasia. Eu já disse que sem você não existe vida para mim. — eu fungo e limpo o nariz com a manga da blusa.

— Eu sei e repito o mesmo. Te amo, Christian. Você e ao nosso bebê.

— Onde ela está agora?

— Provavelmente ligando para o meu pai e fazendo um escândalo, ainda mais que deixei escapar que também estamos casados. Taylor está me levanto de volta para o apartamento.

— Mia não está com você?

— Não, ela queria visitar alguns amigos e primos em Vancouver e não quis atrapalhar.

— Vou pedir ao Elliot para localizá-la para mim e conto o que houve. Taylor ficará com você até ela chegar para te fazer companhia.

— Tudo bem, obrigado. — fungo novamente e aperto o celular contra o ouvido. — Christian, promete que nunca vai me deixar.

— Eu juro, Anastasia. Juro pela minha vida. Nada vai nos separar, dea. Nada.

Nos despedimos com ele me prometendo voltar no mais tardar amanhã e aperto a mantinha ao redor dos meus ombros.

Mia está na porta do prédio me esperando. Ela abre um guarda chuva enorme assim que Taylor estaciona no meio fio e me puxa para fora do carro, me abraçando com força.

— Calma, Ana. Essa cadela não vai te machucar mais.

Caminhamos rapidamente até o elevador privado e digito o código do apartamento para as portas se fecharem. Fazemos uma viagem rápida até a cobertura e começo a despejar tudo em cima da minha melhor amiga assim que entramos na sala.

— Viu por que eu nunca fui a fã número um da sua mãe? Carla sempre foi mesquinha e egoísta. — eu assinto com um suspiro.

— Eu sei e sempre relevei por ela ser a minha mãe. Mas a forma como ela falou comigo, a forma como olhou para a minha barriga, isso eu não vou esquecer nunca, Mia.

— Não fique remoendo isso, Ana. Só fará mal a você e ao bebê. — ela me abraça apertado. — Olha, vai pro seu quarto e toma um banho quente. Vou fazer uns cookies para você e um chá para te deixar mais calma e vou ligar para o Christian e avisar que já estou aqui com você.

Eu assinto, sorrindo para ela.

— Obrigada, Mia. Você é uma das melhores pessoas da minha vida.

— Somos como irmãs, não se esqueça disso. — ela pisca e me dá um empurrãozinho em direção aos quartos.

Três horas depois, alguns cookies e xícaras de chá inglês e duas ligações do meu pai, eu estava exausta.

Mia monitorou minha pressão e batimentos a tarde inteira e, depois de uma troca de mensagens rápida com o meu médico, me deu um calmante e me colocou na cama.

— Só vou tomar um banho e já venho ficar com você de novo. Vou deixar a porta aberta, caso precise de mim é só gritar.

Assinto e ligo a televisão baixinho, esperando o calmante fazer efeito e eu conseguir finalmente descansar.

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