Saiu do quarto caminhando devagar, com Jimin ao seu lado. O ômega gentil não cansava de dizer-lhe como estava lindo e gracioso, o que lhe aquecia o coração e o deixava um pouco mais confiante.
O conde o esperava na capela da família, muito elegante numa casaca cinza-escuro e calça um pouco mais clara. Muito alto, mantinha-se ereto, com o rosto sério, solene. Por um breve momento, Seokjin percebera uma leve mudança na expressão séria do noivo, mas logo o alfa se recompôs.
O que ele estaria pensando?, perguntou-se, ao apoiar a mão no braço que o alfa lhe estendia. Teria se surpreendido tanto quanto ele ao vê-lo vestido como um ômega da alta sociedade? Ou será que estaria decepcionado? Nem mesmo a mais refinada vestimenta disfarçaria que Seokjin não era um ômega delicado e bem cuidado.
Enquanto caminhavam pela nave da capela vazia, Seokjin fixou os olhos no pastor e no altar todo florido atrás dele. Pensou no primo, em como aquele era o casamento que ele rejeitara. Deveria ser ele a trajar aquele terno e a entrar na capela com Namjoon. No casamento deles, a capela estaria lotada com as pessoas mais importantes das redondezas, e todos estariam encantados com o belo casal. Seria o evento do ano, com toda certeza.
"Não faça isso consigo mesmo, Jinnie. Não é hora de pensar em seu primo" Black aconselhou. "O conde está a casar-se conosco, não com Jae-hyun. Ele será nosso alfa, não dele."
Seokjin tratou de afastar os pensamentos ruins. Black tinha razão. Depois de casado, ele, somente ele, poderia completar a vida do alfa. Talvez nunca tivesse o amor de Namjoon, mas lhe daria um lar tranquilo e cheio de carinho. Precisava oferecer essas duas coisas ao alfa e a si mesmo. Namjoon lhe disse que queria uma família, que queria herdeiros, então daria o seu melhor para garantir um ambiente propício para isso. Poderiam ter uma boa vida juntos mesmo sem amor.
O ômega entregou o buquê que carregava a Jimin antes de se ajoelhar com o conde em frente ao altar. O pastor os cumprimentou e iniciou a cerimônia, no antigo ritual que os uniria até que a morte os separasse. Jung Hoseok, Park Jimin e alguns poucos criados acompanhavam a cerimônia, atentos a tudo.
Na hora dos votos, a beleza das palavras do alfa emocionaram o ômega, parecendo confirmar sua resolução. Ele prometera cuidar dele, proporcionar-lhe uma boa vida e estar ao seu lado até os seus últimos dias. Na sua vez, o ômega prometeu-lhe ser um bom marido e estar sempre ao lado dele com palavras menos rebuscadas e bonitas, mas que vinham do profundo de seu coração.
Em seguida, o pastor perguntou-lhes se realmente aceitavam um ao outro em matrimônio. Namjoon pronunciou o "sim" com voz firme e clara. Seokjin se esforçara por descobrir nele alguma hesitação, mas não havia. Era um bom augúrio, pensou. Quando chegou sua vez, também proferiu o "sim" sem hesitar. E tudo terminou.
O marido abraçou-o de leve enquanto os olhos castanhos procuravam os seus. Como mandava a tradição, o alfa inclinou a cabeça para tocar os lábios trêmulos do menor. O hálito dele era quente, o toque, suave.
Seokjin não estava preparado para a ansiedade que se apoderou dele após aquele toque rápido e suave em seus lábios. Seu primeiro beijo. A reação física à leve carícia o surpreendeu, fazendo-o sentir-se chocado e com vergonha. Fora um mero tocar rápido entre lábios, mas Seokjin sentiu o corpo inteiro se eletrizar e responder ao breve contato com o alfa. Desejava por mais e assustou-se com isso.
"Isto é normal, Jinnie. Nós o desejamos" Black disse, tentando acalmá-lo.
Caminhou ao lado do marido sem ver nada ao redor, tentando lidar com aquele detalhe novo, amedrontador.
— Cansado? — perguntou Namjoon, enquanto atravessavam o amplo hall de mármore da mansão. — Se estiver, diga. Lembre-se de que é o senhor absoluto aqui, e que não deve simplesmente aceitar os meus desejos ou os de mais ninguém.
Uma parte dele queria fugir e se refugiar em um dos quartos, sozinho. Tudo aquilo era muito novo para ele. Porém, quando ergueu a cabeça para fitar os olhos do alfa, não conseguiu dizer. Não queria se acovardar. Não queria fugir. Se o fizesse, perderia o respeito por si mesmo.
— Não... Só estava pensando — respondeu e sorriu de leve. Namjoon não retribuiu, mas não parecia triste. — A cerimônia foi linda. Obrigado.
Sério, conde de Baekje o observou, surpreendido com a mudança que um pouco de cuidados conseguira. Seokjin era um ômega encantador, diferente do que julgara outrora. Dotava de uma beleza esplêndida, pensou, reparando pela primeira vez em como aquele olhar podia ser profundo e ardente. Sem pensar, acariciou-lhe o rosto de leve.
— Só se casa uma vez... Embora o nosso tenha sido um casamento exigido pela necessidade, era justo que fosse o mais lindo possível. — Depois de respirar fundo, disse: — Vejo que o seu lobo finalmente acordou. Consigo sentir levemente sua essência. Baunilha, certo?
— Sim... Agrada-lhe?
— Sim, é uma boa essência. E bem rara por sinal. Nunca havia encontrado um ômega com esta essência antes. — O ômega sorriu envergonhado diante do sutil elogio. Sentindo-se um pouco constrangido também, Namjoon mudou de assunto: — O seu lobo concordou com o casamento? Creio que tenha sido inusitado para ele acordar e se deparar com as novidades.
— Acredito que tenha sido um pouco. Mas ele confia nas minhas decisões, então aceitou de bom grado o casamento.
Namjoon lembrou-se de White, seu lobo, que não estava completamente convencido que aquele casamento era uma boa ideia. Ele achava que o seu humano ainda não estava pronto para se envolver romanticamente com outro ômega após Jae-hyun. Diferente do lobo de Seokjin, White não confiava em suas decisões.
O lobo passara o dia reclamando. Nem mesmo quando estavam em pé, em frente à capela da família, ele parava de protestar. Contudo, assim que Seokjin apareceu e eles puderam sentir levemente a essência do ômega, White se calou, o que era estranho. Namjoon sentiu que o seu lobo ficou feliz e surpreso, mas, ao mesmo tempo, angustiado. Não conseguiu entender a reação dele. Chegou a questioná-lo, mas o lobo não o respondeu, continuando em silêncio até o momento. Talvez finalmente White tivesse se conformado com o casamento, vendo que não havia mais como voltar atrás.
— Que bom. — murmurou após alguns segundos. Mais simpático, disse: — Espero que tenham gostado das flores. Eu mesmo as escolhi.
— Sim... — o sorriso de Seokjin se tornou luminoso. — Adoramos. Na primavera, papai e eu sempre enchíamos a casa de flores. Nós plantávamos rosas brancas, mas estas são lindas também. Lembram-me o sol depois da chuva.
Lorde Baekje fitou-o intensamente, atraído por sua doçura.
— Não. Você que é lindo — disse, mal percebendo que falava alto. Lembrou-se da confiança com que o ômega se aninhara em seus braços, dormindo, quando o levara da carruagem até a cama na noite anterior. Sentiu de novo o calor do corpo frágil junto ao seu e murmurou, surpreso consigo mesmo: — Mais ainda quando está dormindo. Parece um anjo.
Os olhos do jovem se arregalaram, enquanto sentia o rubor queimar-lhe o rosto. Então fora ele que o pusera na cama! Será que Namjoon também trocara suas roupas?
— Desculpe ter sido um peso para você ontem à noite — gaguejou, embaraçado. — Não queria ter dormido na carruagem, mas estava cansado demais e não consegui resistir.
Deu um passo para trás, sem saber para onde olhar. O que Namjoon estaria pensando? Desde que o encontrara, o alfa tivera que tomar conta dele, em tudo e para tudo. Isto era vergonhoso. Além disso, não queria nem pensar na possibilidade do alfa ter trocado suas roupas.
— Não há problema algum. Foram muitas emoções nos últimos dias, é compreensível que estivesse cansado. — O alfa tentou se aproximar novamente, mas Seokjin recuou ainda mais.
— Tu que me colocaste na cama ontem? — Namjoon assentiu, sem entender o porquê da mudança repentina do ômega. — Oh, céus... Que vergonha! O senhor... Quer dizer, você me viu... Que vergonha.
Namjoon procurou encarar os olhos negros do ômega, mas não conseguiu. Foi então que o alfa entendeu. Por momentos, esquecera-se como o jovem o via: o rosto deformado, o corpo aleijado... Por que esquecera a lição que Kim Jae-hyun lhe dera tão cruelmente? Nunca um ômega iria querê-lo de verdade, por completo. Era óbvio que Seokjin estava enojado só de pensar na possibilidade de que o alfa havia lhe tocado, lhe carregado em seus braços.
Sem pensar, passou os dedos na cicatriz.
— Fique sossegado. Não voltarei a tocá-lo abruptamente — disse, com dureza. — E sobre ontem, coloquei-o na cama por ser o meu noivo. Não poderia pedir que outro alfa o carregasse, seria suspeito. Depois que o deixei em sua cama, chamei Jimin para trocar as suas roupas. Não encostei em você mais do que o necessário.
Seokjin observou a mudança na expressão do alfa com angústia. Novamente, ele o tinha interpretado de forma equivocada. Sim, ele não gostaria que o alfa tivesse trocado a sua roupa enquanto dormia, mas não era por sentir nojo ou repúdio do alfa, mas por não se sentir confortável para esse tipo de intimidade ainda. Eles mal se conheciam.
Sentiu-se sufocar quando viu o conde tocar a cicatriz novamente.
— Você me entendeu errado! — exclamou.
— Deixe, milorde... — pediu ele, abrindo bruscamente a porta da sala de jantar. — Vamos para a mesa?
Seokjin quis interrompê-lo para explicar o seu lado, mas o olhar duro do alfa demonstrava que nada que dissesse agora iria convencê-lo de como se enganara sobre os seus sentimentos. Teria que esperar o humor do conde melhorar para conversar com ele.
O alfa parecia ainda muito magoado com a rejeição e as palavras duras de Jae-hyun. Seria difícil acreditar que ele não pensava da mesma forma que o primo. Teria de ganhar a confiança do conde aos poucos, pois palavras não seriam o bastante.
Em silêncio, Seokjin seguiu o agora marido até a sala de jantar.
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Oii, gente. Espero que tenham gostado!
O que estão achanado até agora?
PS: Antes que perguntem: não, os olhos dos dois não brilharam no tom violeta ao se encontrarem na capela.