Se a gente se casar domingo?

By thalytamartiins

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Para Danilo Torres não há ninguém no mundo mais adequado do que ele mesmo para assumir a presidência da empre... More

Oi :)
Se a gente se casar domingo?
Capítulo 01 - Danilo
Capítulo 02 - Leila
Capítulo 03 - Danilo
Capítulo 04 - Leila
Capítulo 06 - Leila
Capítulo 07 - Danilo
Capítulo 08 - Leila
Capítulo 09 - Danilo
Capítulo 10 - Leila
Capítulo 11 - Danilo
Capítulo 12 - Leila
Capítulo 13 - Danilo
Capítulo 14 - Leila
Capítulo 15 - Danilo
Capítulo 16 - Leila
Capítulo 17 - Danilo
Capítulo 18 - Leila
Capítulo 19 - Danilo
Capítulo 20 - Leila
Capítulo 21 - Danilo
Capítulo 22 - Leila
Capítulo 23 - Danilo
Capítulo 24 - Leila
Capítulo 25 - Danilo
Capítulo 26 - Leila
Capítulo 27 - Danilo
Capítulo 28 - Leila
Capítulo 29 - Danilo
Capítulo 30 - Leila
Capítulo 31 - Danilo
Capítulo 32 - Leila
Capítulo 33 - Danilo
Capítulo 34 - Leila
Capítulo 35 - Danilo
Capítulo 36 - Leila
Capítulo 37 - Danilo
Capítulo 38 - Leila
Capítulo 39 - Danilo
Capítulo 40 - Leila
Capítulo 41 - Danilo
Capítulo 42 - Leila
Capítulo 43 - Danilo
Capítulo 44 - Leila
Capítulo 45 - Danilo
Capítulo 46 - Leila
Capítulo 47 - Danilo
Capítulo 48 - Leila
Epílogo
Agradecimentos :')

Capítulo 05 - Danilo

97 32 46
By thalytamartiins

Vovô adora comida gordurosa, apimentada e salgada. Na casa dele não existe isso de comer caviar, escargot ou esse tipo de frescura que normalmente pessoas com o dinheiro dele comem. Meu avô gosta mesmo é de uma boa picanha pingando gordura, cerveja gelada e qualquer outra porcaria que faça muito mal à saúde e que faça sua pressão arterial subir.

Apesar do império que construiu, meu avô não nasceu rico. Ele começou a trabalhar bem jovem como ajudante de pedreiro em obras, fazendo massa, levantando paredes tijolo por tijolo, vendo um projeto rabiscado numa cartolina tomar cores e formas. Vovô não estudou arquitetura, engenharia civil ou administração como a maioria das pessoas pensam. Ele só conseguiu completar o ensino médio depois de muitos anos à frente do Torres, que era, no início, apenas uma pequena firma de empreita. O que aconteceu com ele foi uma mistura bem sucedida de amor pelo trabalho, esforço incansável e conhecer as pessoas certas.

Ele montou sua pequena empresa de empreita aos 23 anos, trabalhou duro e conseguiu realizar grandes projetos. Conheceu gente importante que confiou nele, investiu o dinheiro no lugar certo e com 35 anos já tinha uma construtora bastante sólida no mercado de construção civil em São Paulo. Em dado momento, meu avô achou que seria interessante que a construtora também contasse com produtos produzidos pela própria empresa, assim não teriam o gasto adicional de comprar material. Mais adiante, meu avô achou que a empresa não devia se limitar somente a São Paulo e agora o Grupo tem filiais pelo Brasil todo.

Montei um dos carros chefes da empresa, a Eco Habitação, que fez as ações do Grupo dispararem cerca de 35% nos últimos cinco anos, e mesmo assim Marcos diz que não sou adequado para ocupar o lugar de vovô. Ninguém além de mim é mais adequado para sentar-se na cadeira de presidente, ninguém além de mim conseguiria fazer o Grupo Torres crescer ainda mais. Sou jovem, visionário e competente, o que mais meu avô poderia querer? O que mais a empresa poderia querer?

Encosto meu prato e encaro meu avô, que ainda está debruçado sobre o prato de feijoada dele. Se minha avó sonhar que eu o trouxe para almoçar feijoada, vou levar uns bons tapas e sei que será merecido. O velho não sente uma dor de dente, mas precisa cuidar da pressão alta, entretanto trazê-lo para comer porcaria era a única maneira de conversarmos em particular.

— O senhor falou sério mesmo sobre se aposentar? — Pergunto como quem não quer nada.

— Achei que isso tinha ficado claro na reunião passada. — Ele responde ainda concentrado na comida.

— Sim, vovô. Mas, assim, de repente? Por que? O senhor sempre gerenciou tudo tão bem, não faz sentido uma decisão tão repentina.

Meu avô ergue o olhar para mim, franzindo as sobrancelhas grossas. Ele é um homem grande, sua voz é grave e seu rosto é duro, o que faz dele uma figura bem intimidadora, principalmente para mim que sou seu neto e que já levei alguns cascudos durante a vida.

— Para de dar voltas e diz de uma vez o que você quer, menino! Você nunca me traz para comer de graça. Quer dinheiro, é? Alguma artista te colocou na internet de novo?

Quase cuspo a água que levei à boca quando vovô me diz aquilo. Marcela e a época de exposição na internet me dão calafrios. Até hoje tenho haters que me enchem o saco volta e meia, e por causa de Simone e a minha burrice, eu posso estar bem perto de estar de volta a esse mundo horroroso.

— Eu não quero dinheiro. — Me acomodo melhor na cadeira para soar mais sério. — Eu quero ser seu sucessor na empresa.

Vovô não diz nada por um tempo, apenas me encara como se quisesse arrancar minha alma do corpo. Ele tem essa mania estranha de olhar para as pessoas por tempo suficiente para incomodar e ele nem se dá ao trabalho de parar, porque o objetivo daquele olhar é deixar todo mundo desconfortável mesmo.

Respiro fundo e não me deixo intimidar pelo silêncio do meu avô. Eu o trouxe aqui, correndo o risco de ter que levá-lo ao hospital daqui a pouco, porque queria ter essa conversa, então teremos essa conversa ele querendo ou não.

— Vovô, o senhor viu os dados da Eco Habitação, sabe que é a ramificação mais bem sucedida do Grupo em anos. E o senhor também disse que precisava de alguém jovem e visionário para assumir a empresa...

— E esse alguém seria você? — Ele me interrompe de forma fria.

— Por que não? Não consigo ver ninguém mais qualificado do que eu para ocupar o seu lugar.

Meu avô continua me encarando daquele jeito terrível que faz meu sangue gelar nas veias. Por um instante, me questiono se não foi um erro tê-lo chamado aqui para ter essa conversa. Talvez eu devesse ter esperado que ele dissesse alguma coisa e aproveitado a deixa, quem sabe ter esperado pelo menos um mês após o anúncio da aposentadoria para me oferecer para o cargo ou sei lá o que mais. Agora, com ele me olhando assim, me pergunto se não estou parecendo um sanguessuga e aproveitador.

— Você, meu sucessor? — Meu avô diz devagar.

E então explode em gargalhadas altas. As pessoas ao nosso redor se assustam e nos olham curiosas, enquanto meu avô ri descontroladamente ao ponto de seus ombros sacudirem. Estou tão confuso que nem sei direito como reagir à crise de risadas do meu avô, por isso fico apenas parado, olhando para ele de cenho franzido.

— A conta, por favor! — Meu avô levanta a mão e chama o garçom, rindo um pouco menos agora.

O observo tirar a carteira e se preparar para pagar a conta do restaurante. Estendo minha mão rapidamente para impedi-lo.

— Vovô...

— Vou pagar isso aqui, para a sua avó não colocar a culpa em você mais tarde! — Diz ele ao entregar o cartão de crédito ao garçom. — Pega suas coisas!

— Vovô, por favor...

O garçom lhe devolve o cartão e meu avô, ainda dando uma risadinha ou outra, começa a vestir o blazer para se levantar. É terça-feira, apenas duas semanas após o anúncio da aposentadoria do velho, as notícias sobre o assunto já repercutiram e isso tem nos dado um pouco mais de trabalho do que o normal. Geralmente, trabalho apenas algumas horas por dia, mas hoje não posso ter esse privilégio. Eu nem sequer deveria ter saído da Eco Habitação para almoçar, e no entanto estou aqui, assistindo o meu avô sequer me levar a sério. Me sinto muito mais do que indignado, estou puto de verdade em ver que aos olhos dele não tenho o mínimo de credibilidade.

— Não entendo o que há de tão absurdo em me indicar para a presidência. — Digo, recusando-me a levantar. — Eu juro que o deixo em paz e nunca mais falo sobre o assunto se o senhor me explicar o porquê de eu não ser adequado para o cargo.

Meu avô suspira, contrariado. Ele deve ter achado que, se me ignorasse, eu me sentiria acuado e desistiria do assunto, mas ser indicado à presidência acabou de se tornar uma questão de honra para mim e não vou desistir até conseguir o que quero.

— Por que você não seria adequado para meu cargo? — Vovô pergunta de forma retórica. Ele parece pensar, escolhendo as possíveis justificativas para a minha pergunta com cuidado. — Porque você se parece muito comigo quando eu era jovem.

A resposta me pega de surpresa.

— O quê?

— Eu já fui muito irresponsável na vida, Danilo, e o resultado das minhas merdas foi seu pai. — Ele começa a explicar, sorrindo um pouco. — Engravidei Iêda quando ela tinha apenas dezesseis anos e eu, vinte e um. Eu mal tinha carteira de motorista, era ajudante de pedreiro em obras e já ia ter um filho. Naquela época, as coisas eram mais complicadas do que você imagina e minha primeira reação foi tentar fugir.

Me remexo desconfortavelmente na cadeira. Aquela parte da história dos meus avós eu não sabia. Eu sabia que minha avó tinha sido mãe cedo, mas sempre vi meu avô como um homem responsável que ama a família acima de qualquer coisa, jamais imaginaria que ele tinha ao menos cogitado fugir de uma responsabilidade como aquela.

— Iêda e eu pensamos em todo tipo de "saída" possível, mas no fundo desistimos de qualquer loucura, alugamos um quartinho e nos casamos. Seu bisavô me disse naquela época que eu estava tirando a filha dele de casa para fazê-la passar fome. — Ele faz uma pausa, as palavras parecendo se tornar difíceis demais para serem ditas em voz alta. — Só que aquelas palavras dele me atormentavam tanto, que eu tive que trabalhar, trabalhar e trabalhar dia e noite até construir o que temos hoje e não deixar nem seu pai e nem sua avó passarem fome por minha causa.

— O que importa é que o senhor conseguiu, nunca nos faltou nada.

— Consegui, sim, mas a que custo? Sob quais circunstâncias? Eu me pergunto isso sempre, Danilo. Me questiono se não fosse o amor e a responsabilidade que sempre tive com sua avó e seu pai, se eu realmente teria o que tenho hoje. Quanto mais penso nisso mais tenho certeza de que não. Se não fosse sua avó e seu pai eu seria um servente para o resto da vida, pegando meu dinheiro no final do dia e torrando com qualquer besteira sem pensar no amanhã. E é exatamente isso que faz de você parecido comigo.

— Vovô...

— Você perdeu seu pai cedo e para compensar sua perda sempre fiz suas vontades de forma que você cresceu sem conseguir dar real valor às coisas. — Ele aponta um dedo acusador para mim. — Dos lugares que você frequenta às mulheres que você namora, Danilo, tudo isso é reflexo do quanto você não se importa com ninguém que está ao seu redor. Você faz o que quer, a hora que quer e com quem bem quer. Você não pensa que suas atitudes podem derrubar as ações da empresa, que isso vai prejudicar centenas de pessoas que trabalham todos os dias pelo crescimento do Grupo. Ser presidente do Torres não diz respeito a apenas competência, tem a ver com comportamento também e não vou admitir um presidente envolvido em escândalos tão supérfluos quanto os que você se envolve!

— Então o senhor não me quer na presidência por causa daquela besteira no ano passado com a Marcela? — Pergunto indignado com o que acabo de ouvir.

— Marcela ano passado e agora uma tal de Simone! Quem vai ser amanhã? Você não cansa de repetir os mesmos erros?

Não faço ideia de como ele descobriu sobre a blogueira, mas se ele já sabe, provavelmente a imprensa inteira deve estar se preparando para soltar alguma foto na internet que vai levar meu nome de volta aos assuntos mais comentados do país. Sinto um calafrio só de pensar no que esses abutres possam ter conseguido.

— Vovô, sobre a Simone, eu poss...

— Basta! — Ele me corta com impaciência. — Se você quer mesmo esse cargo, comece a agir como homem! Você já tem idade, se case e sossegue de uma vez por todas. Pare de agir como um moleque de dezesseis anos!

— Me casar?! Como assim me casar?! O que o senhor... — Mal consigo falar, porque estou estarrecido demais para isso.

— Você me ouviu, moleque! Você nunca sequer apresentou para a nossa família uma namorada séria, vive de casos e escândalos. Até quando terei que lidar com seus problemas, Danilo? Francamente!

O sangue me sobe à cabeça. Nem acredito que estou sendo desqualificado para a presidência porque não tenho uma namorada e muito menos penso em me casar. Não sei em que mundo meu avô vive! Tenho 30 anos, sou rico e bem sucedido, qual o problema de sair e me divertir? Não consigo entender o motivo disso fazer de mim menos adequado para a presidência.

Meu avô dá o assunto por encerrado ao apoiar-se na bengala e começar a se levantar. Para mim, não importa o que ele pensa, eu ainda não acabei.

— Eu tenho uma noiva, se é que o senhor quer saber! — As palavras saem antes que eu consiga deter minha língua. — Ela é bastante discreta, por isso o senhor não sabe quem ela é ainda.

— Pare de falar asneiras, Danilo! Até semana passada você estava enrolado com uma famosa da internet!

— Porque eu estava brigado com minha noiva. — Insisto na mentira. — Mas estamos juntos de novo e em breve eu a apresentarei ao senhor.

— Ah, claro! — Ele ri sem humor.

Meu avô não acredita em mim e ele tem toda razão para fazer isso, já que estou mentindo. Procuro em todos os cantos da minha mente alguma forma de tentar convencê-lo de que minha "noiva" existe e que ela não é famosa e nem mesmo é Simone, no entanto há apenas um grande apagão.

E é nesse exato momento que uma mulher passa pelo corredor onde nossa mesa está disposta. Ela está com um vestido preto formal e o cabelo escuro e cacheado cai por seus ombros até o meio das costas. Me lembro repentinamente de uma foto em especial da festa de Simone e quase derrubo meu celular no chão ao tirá-lo do bolso.

— Vai ficar aí o dia todo? — Meu avô pergunta com sua habitual impaciência.

— Aqui! — Viro a tela do celular para ele. — Consegue vê-la? É ela, a minha noiva.

Meu avô pega o celular da minha mão e, apertando os olhos, encara a foto.

— Que menina estranha!

— Ela foi pega de surpresa. Ela não gosta muito de fotos, é muito discreta, como eu disse.

— E qual o nome dela? O que ela faz da vida?

— Ela se chama Leila. É engenheira. — Respondo de pronto, me lembrando das gotas de informação que ouvi Tales dizer sobre a moça da foto que parece estar se engasgando com um confete.

Meu avô me devolve o celular e me lança um olhar tão duro, que sinto que minha alma vai sair do corpo.

— Leve-a até minha casa no final de semana. Estou ansioso para conhecer sua noiva.

Meu avô me dá as costas em definitivo, mancando para fora do restaurante. Eu não tenho nem forças para o seguir, porque estou atordoado demais com a mentira que acabei de contar. Que noiva que eu tenho? Onde vou encontrar essa menina do confete nessa cidade imensa? E como vou convencê-la a compactuar comigo dessa mentirada toda que acabei de inventar?

Esfrego meu rosto com as mãos, ainda pensando. Não acredito no que acabou de acontecer e nem no que eu acabei de falar. A verdade é uma só: eu estou perdido.

Ligo a tela do meu celular e deslizo o dedo pelos nomes na minha agenda. Clico sobre o nome de Tales e coloco o aparelho no ouvido quando começa a chamar. Três toques depois e ele atende:

O que diabos você quer na hora do almoço?

— Leila. — Digo, desesperado. — Me ajude a encontrar Leila!

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