Ensina-me A Viver Novamente [...

By NerwenHydrefShadow

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[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... More

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo XVI - Irmão Urso
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXV - Bard o Arqueiro
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada

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By NerwenHydrefShadow

Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen. Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Uma amiga minha (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.

O vídeo, assim como a letra da musica mencionada neste capítulo não são de minha autoria. A compositora e cantora é Gina Blease e quem traduziu para o Neo-Khuzdul foi Martha Tomlinson. A música se chama Ibine Mim e eu achei incrível a dedicação dessas meninas em compor a musica e ainda traduzir para o nosso amado Khuzdul. O link para ver o vídeo caso não consigam assistir por aqui é https://www.youtube.com/watch?v=hkO2lfw-mn4.

Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada

P.O.V. de Thorin

Deixei Gandalf e os outros conversando com Beorn e saí para espairecer e pegar um ar fresco. Toda aquela conversa sobre elfos da floresta estava me dando dor de cabeça. E por mais que eu odeie admitir, uma elfa em particular estava ocupando minha mente no momento. Dei a volta pela casa procurando por ela, mas não a encontrei. Procurei pelo jardim, mas não a vi em lugar algum. Até que algo me chamou a atenção.

Os cavalos e pôneis galopavam felizes, soltos, sem rédeas ou selas. Beleza Negra estava entre eles e percebi que não se afastavam do grande e belo Carvalho, com suas exuberantes folhas alaranjadas, anunciando que o outono já havia chegado. 'Será que ela está lá?' eu pensei.

Caminhei em direção a eles e Beleza veio ao meu encontro. Estávamos a poucos passos da grande árvore quando acariciei seu focinho. Ele parecia feliz em me ver.

"Não quis ficar com os outros?" Pude ouvir a elfa perguntar. Rodeei a árvore mas não a encontrei.

"Estávamos preocupados com você." Eu disse enquanto olhava para cima, procurando-a "Você está bem?" Perguntei, preocupado.

"Preocupados? Comigo?" Ela perguntou em um tom sarcástico. "Mesmo depois do que ouviram?" Eu suspirei, começando a ficar irritado.

"Quer fazer o favor de descer para podermos conversa-?" De repente ela pousou atrás de mim. Eu saltei de surpresa, mas ela não riu, como normalmente faria, Pude ouvir apenas um desolado pedido de desculpas, enquanto ela se sentava e recostava no tronco da grande árvore. Ela desviou o olhar, provavelmente para que eu não visse que estava chorando. Revirei os olhos, me posicionei de frente a ela e cruzei os braços. Ela olhou para mim, intrigada.

"Estelwen não há motivo para você se sentir desta forma, você não tinha escolha. Eu nem imagino o quanto deve ter sido doloroso fazer aquilo com pessoas inocentes, mas se você não tivesse feito nada, quem estaria morta seria você. Assim como eles tinham uma razão para sobreviver, você também tinha. E se você não tivesse reagido, não teríamos conhecido você." Eu comentei, com um meio sorriso. "Meus sobrinhos poderiam estar mortos a esta altura. Eu estaria morto e provavelmente muitos desta companhia."

"Eu não teria me perdoado se algo ruim tivesse acontecido com vocês" Ela disse fitando o chão. "Vocês.... ainda me consideram parte da companhia? Mesmo depois disto?"

Eu sorri e coloquei minha mão em sua bochecha, levantando seu rosto para que ela pudesse olhar para mim. "Você fez o que qualquer um teria feito. E isso não mudou nada na maneira como nós vemos você." Comentei. "Muito pelo contrário. Você é uma sobrevivente, e essa é uma das coisas que mais admiramos em você." Eu disse sorrindo, enquanto enxugava suas lágrimas com meu polegar. "Agora... pare de chorar... você fica muito mais bonita quando sorri". Minha mão vacilou, os dedos momentaneamente parando de enxugar as poucas gotas de lágrimas que haviam escapado de seus olhos, quando eu finalmente processei o que tinha acabado de sair da minha boca. 'O que diabos estou dizendo?' pensei.

Estelwen então sorriu e riu baixinho com o rosto corado. Eu também senti meu rosto queimar e retirei minha mão de seu rosto, virando imediatamente as costas para ela, com um leve constrangimento. "B-bem, agora que você está melhor, vamos voltar para os outros." Eu disse sem olhar para a elfa. Eu ainda podia ouvir sua risada enquanto ela se levantava. Senti seus braços envolvendo meu pescoço em um abraço e ela apoiou sua cabeça no topo da minha. Seu movimento me pegou de surpresa. "Obrigada, meu amigo." Ela disse enquanto me abraçava por trás.

"N-não por isso...Vamos..." Eu disse enquanto ela me soltava.

Caminhamos de volta a casa de Beorn e lá pudemos vê-lo conversando com Gandalf e Bilbo no jardim, enquanto os demais treinavam em uma área aberta próxima a casa. Resolvemos nos juntar aos três.

Quando Bilbo viu nossa elfa, ele ficou extremamente desconfortável, se aproximou dela e, sem tirar os olhos do chão, disse. "Estelwen... m-me perdoe... e-eu não queria ter feito você ficar daquele jeito..." Ela sorriu, se ajoelhando para ficar na altura do Hobbit e o fez olhar para ela.

"Meu amigo, está tudo bem. Não é culpa sua. As memórias às vezes perseguem a gente e acabamos não nos contendo por mais que quiséssemos. Eu estou bem. Só espero que você não me odeie depois do que ouviu." Bilbo deu a ela um abraço forte e ela retribui, feliz. Por algum motivo senti um aperto em meu peito ao vê-los assim.

"Eu jamais seria capaz de lhe odiar, minha amiga." ele disse docemente, ao se afastarem, ela se levantou e fez um carinho em sua cabeça.

Comecei a ficar impaciente com a interação dos dois, especialmente com a forma que Bilbo olhava para ela. "Porquê não vamos treinar um pouco Estelwen? Com esses orcs atrás de nós é melhor estarmos preparados." eu disse, convidando a elfa a nos juntarmos aos nossos amigos.

"É uma ótima ideia. A propósito, Bilbo, o que você está fazendo aqui conversando enquanto deveria estar treinando?" Ela disse com um falso olhar de desaprovação. Eu não pude me conter e revirei os olhos.

"T-Treinar? Treinar o que?" Ele perguntou sem olhar para a elfa, fingindo não saber do que ela estava falando.

"Não se faça de desentendido, posso não estar por perto o tempo todo, e já vimos que você tem potencial, como havia lhe dito. Agora temos que aprimorar." Ela disse, enquanto agarrava a mão do halfling e o puxou em direção ao campo de treinamento. Eu segui os dois com o olhar e uma raiva inexplicável começou a brotar em meu estômago, mas fiz o possível para ignorá-la e os segui para junto de nossos amigos. Bilbo reclamou durante todo o percurso o que arrancou risos de Gandalf e Beorn.

P.O.V de Bilbo

Nos juntamos à companhia e Estelwen se dirigiu aos demais para cumprimentá-los, enquanto Thorin foi até Balin para treinar com seu velho amigo.

"Rapazes, podem me emprestar uma espada por favor? Irei ensinar nosso hobbit como se defender." Estelwen disse ao soltar minha mão.

"Estelwen, essas espadas são muito pesadas, você não vai conseguir usá-las." Disse Dwalin enquanto entregava a espada para a elfa. Ela a pegou da mão do anão e a girou de um lado para o outro de seu corpo facilmente, testando seu peso.

"Acho que não, ela parece bem balanceada" ela disse, arrancando risos dos outros anões.

Vê-la manusear aquela espada com tanta facilidade me deixou ainda mais nervoso e extremamente desconfortável. Aproveitei que estava livre e disse, me virando e me afastando para longe da elfa. "E-e-eu vou pegar minha espada, e-ela ficou lá d-dentro da casa." Mas antes que eu desse mais um passo, Estelwen me segurou pelo colarinho.

"Não senhor, você não vai fugir." e se dirigiu novamente à nossos amigos. "Alguém poderia buscar a espada de Bilbo, por favor?" Ao ouvir isto, Fili e Kili correram para dentro da casa e voltam trazendo minha espada, extremamente sorridentes, pareciam entretidos com o meu infortúnio.

Estelwen me posicionou e se colocou à minha frente com uma certa distância. Eu segurava minha espada sem saber o que fazer e sem parar de tremer. "Vamos lá Bilbo, se ficar tenso desta forma não vai conseguir medir o quanto de força aplicará em cada golpe, solte seus músculos e respire fundo. Sinta o peso da arma em suas mãos, imagine que ela é uma continuidade do seu corpo." Ela disse e olhou para mim como se esperasse que eu fizesse o que ela instruiu.

Eu fechei meus olhos e respirei fundo, procurando relaxar ao máximo. Pude sentir o solo aos meus pés e o peso de minha espada em minhas mãos. Me senti bem mais relaxado e, para minha surpresa, o peso da arma pareceu diminuir consideravelmente.

"Não se preocupe, não vou machucá-lo... muito" ela disse rindo. Normalmente, isso me deixaria ainda mais nervoso, mas seu sorriso me desarmava completamente, e me fez relaxar ainda mais. "Posicione seus pés separados uns dos outros." Ela disse enquanto demonstrava. "Desta forma. Fortaleça-os, sinta como se fossem raízes cravadas ao chão, uma base sólida é o elemento mais importante em uma luta" Assim o fiz. Espelhei sua posição e enrijeci minhas pernas o máximo que eu conseguia. Ela então partiu para cima de mim do nada me derrubando no chão. Eu olhei para ela irritado, ela sorriu e estendeu a mão para mim. "Preste atenção em tudo ao seu redor, meu amigo, vamos treinar essa base sua." Eu peguei sua mão e ela me ajudou a levantar, voltando para sua posição.

Após algumas investidas, consegui apenas ser empurrado para trás, sem perder o equilíbrio. O sorriso de felicidade que ela fez se espelhava ao meu. 'Estou fazendo progresso' pensei. Continuamos com os treinos, ela me atacava e demonstrava qual seria a melhor resposta a suas investidas. Se era para eu defender, ou desviar do ataque, utilizando um contra-ataque como resposta.

A cada ataque eu sentia mais e mais confiança segurando minha espada. Mesmo ela me desarmando todas as vezes, minhas respostas estavam cada vez mais rápidas e precisas. No final da tarde eu estava esgotado, mas ela parecia nem ter começado a suar. Até que em uma de suas investidas eu consegui desviar rapidamente de seu ataque, sem que ela se quer encostasse em mim e rapidamente desferi um golpe. Ela se virou facilmente e se defendeu, me desarmando. Mas pude ouvir aplausos logo atrás de nós. Quando me virei, nossos amigos estavam assistindo a nossa pequena luta, sorrindo. Olhei novamente para Estelwen intrigado.

"Muito bem meu amigo." Ela disse com um enorme e lindo sorriso em seu rosto. "Você se esquivou facilmente e ainda desferiu um golpe com precisão. Se eu não tivesse treinamento, eu certamente seria atingida. Meus parabéns." Ela concluiu e me enchi de orgulho. "Vamos parar por hoje, amanhã intensificaremos os treinos. Descanse bastante."

Eu sorri em resposta, agradecendo pelo treino. No final das contas me diverti muito, claro que em uma luta real não será nada divertido, mas sentir a adrenalina do treino foi incrível. Nós nos juntamos aos nossos colegas para descansar. Mas Fili e Kili tinham outros planos.

P.O.V Terceira Pessoa

"Estelwen, vamos lutar?" Perguntou Fili, muito entusiasmado.

"Vocês não acham que treinaram bastante por hoje meninos para querer me enfrentar agora?" A elfa perguntou, rindo.

"Ora vamos Estelwen, será divertido. Quero ver se você nos aguenta." Kili riu, tirando uma gargalhada da elfa.

"Desculpa meu amigo, mas eu tenho alguns anos a mais de experiência que vocês." Estelwen disse, olhando para os dois jovens anões, que a olhavam de volta com olhos pidões. "Está bem, só que não irei pegar tão leve quanto fiz com Bilbo." Ela disse voltando ao local onde havíamos treinado.

Os três se posicionaram, os anões de frente para a elfa, ansiosos para atacar.

"A luta irá durar até que você ou nós dois sejamos desarmados." Kili disse quase ofegante de antecipação.

"Tem certeza? Não prefere que seja até vocês cansarem?" Estelwen perguntou.

"Não lhe daremos esse luxo." Fili disse sorrindo. "Não pegaremos leve só porque a senhorita é uma mulher."

"Não esperava menos, meu príncipe." Estelwen disse e em um piscar de olhos os jovens anões avançaram contra ela, Fili a direita e Kili a sua esquerda, em um ataque simultâneo. Mas a elfa desviou facilmente, batendo com o pomo da espada nas costas de Fili e dando uma rasteira em Kili. Sua expressão mudou completamente, ela gritou com os dois, extremamente irritada. "Jamais subestimem o oponente de vocês desta forma, garotos. Vão acabar mortos." Ela disse. "Levem qualquer luta que vocês começarem, a sério. Vamos de novo." Ela incitou os irmãos que se levantaram e assumiram suas posições novamente.

Como ocorre normalmente com irmãos muito próximos, Fili disse alguma coisa para Kili apenas com o olhar e este acenou com a cabeça concordando. Eles soltaram um rugido, como os que guerreiros anões normalmente fazem ao iniciar uma batalha, e partiram para cima da oponente, mas a elfa mal estremeceu.

Eles investiram da mesma forma que antes, mas desta vez bem mais concentrados na luta. Kili se moveu para o lado, para pegar a guerreira por trás, enquanto FIli desferiu um forte golpe que ela bloqueou com facilidade, nesse momento Kili pulou por cima dela mas ela conseguiu desviar sem muito esforço, derrubando-o no chão. Fili aproveitou uma brecha e avançou novamente, mas Estelwen se virou em um contra-ataque violento, fazendo a espada do anão escapar de suas mãos e voar para cima.

"Melhorou," Estelwen disse rindo. "Mas vocês ainda tem que praticar esse rugido." Os irmãos riram, mesmo derrotados, pareciam ter se divertido bastante em sua pequena luta com a elfa.

"Você nos ensinaria a lutar assim Estelwen?" Eles perguntaram em coro, com olhos pedintes. A elfa riu e disse que sim com a cabeça. Até que a voz de Thorin surgiu ao fundo do grupo.

"Minha vez, elfa. Serei seu próximo oponente." Ele disse, se aproximando dela.

"Thorin, você ainda está machucado. É melhor você não se esforçar tanto." Ela disse, preocupada com o anão.

"Ainda sim eu posso lutar." Ele comentou, enquanto desembainhava Orcrist e se dirigia para o local de treinamento. "Vamos, saque suas adagas. Quero lutar com você com as armas que você tem mais prática." Ele disse, esperando Estelwen seguir seu comando. Ela sorriu e voltou a Dwalin, devolvendo a espada e agradecendo. De volta a sua posição, ela desembainhou Eruvadhor e Erurehton, e as girou no ar, se posicionando logo em seguida, assim como fez Thorin. Eles se observaram por um tempo, estudando um ao outro.

"Nada de pegar leve, elfa." Thorin disse, com um sorriso determinado e sem tirar os olhos de sua oponente.

"Jamais pensaria em algo assim meu rei." Estelwen respondeu com o mesmo sorriso.

A companhia toda se posicionou para assistir a tão esperada disputa. As apostas rolavam como de costume, mas Bilbo se negou a participar. Por mais que estivesse torcendo por Estelwen, Thorin lutando dava-lhe calafrios, deixando-o em dúvida de como o rei se sairia em um duelo com sua amiga.

Thorin soltou um rugido furioso, muito mais ameaçador em comparação aos de seus sobrinhos. Bilbo se arrepiou todo, fazendo-o tremer nas bases. Estelwen também foi impactada, até certo ponto, pela afronta ameaçadora, e afastou um pouco mais seus pés, se concentrando ainda mais na luta.

Sua expressão mudou totalmente, olhos determinados e um sorriso malicioso. A muito ela não enfrentava um oponente a altura e ela sabia que Thorin era um oponente que a faria sentir a adrenalina de um duelo, o qual ela não presenciava a anos.

Thorin avançou, sem piedade e com uma precisão inigualável. Ele sabia exatamente o que estava fazendo. Estelwen rapidamente bloqueou seu assalto com suas espadas formando um x. Devido ao impacto repentino, ela não teve escolha a não ser recuar um pouco, enquanto ainda se mantinha firme. Ao perceber uma abertura de seu oponente, Estelwen a aproveitou, forçando Thorin a se defender.

Agora era sua vez de rugir, um rugido que lembrava ao de um felino avançando sobre sua presa. O mesmo podia ser dito de sua agilidade. Os espectadores ficaram estupefatos com sua velocidade, ela estava lutando de uma forma que eles ainda não haviam presenciado até então.

A elfa guerreira desferiu golpes poderosos, dos quais Thorin bloqueou com sucesso, mas que também o obrigaram a retroceder, tamanho o impacto.

O duelo foi feroz, por várias vezes a plateia ficou em dúvida de quem iria vencer. Enquanto as investidas de Estelwen eram ágeis e poderosas, Thorin conseguiu se defender a maior parte das vezes, enquanto a elfa se movia por todo o campo de treino, bloqueando, se desviando dos golpes, se esquivando ou saltando de um lado para o outro.

A companhia não emitiu sequer um som. Estavam todos embevecidos com o duelo. O choque de espadas parecia música onde os dois oponentes pareciam dançar, completamente imersos na batalha. E eles estavam sorrindo o tempo todo. Se deleitavam com a luta enquanto não tiravam os olhos um do outro.

Thorin lutava de uma forma que ele nunca havia lutado antes. Ele sempre gostou de duelar, mas agora, ele finalmente encontrou um oponente que correspondia às suas expectativas. E o que ele sentia ao lutar com ela era totalmente diferente se comparado a outros duelos que ele enfrentou. A empolgação e a adrenalina que ele sentia ao lutar com a elfa, a sintonia de seus movimentos que eram rapidamente correspondidos por ela. O empolgavam mais e mais.

Até que, em um certo momento, Thorin começou a vacilar em seus movimentos. Ele se forçava a continuar, mas suava profusamente e começou a respirar forte, o ferimento em seu abdômen fazia com que sua energia fosse drenada mais rapidamente que o de costume. Mas se recusou a parar de lutar. Até que em uma defesa falha, Estelwen conseguiu derrubá-lo no chão, posicionando suas adagas uma de cada lado de sua garganta, encerrando assim o duelo.

A elfa e o anão ficaram um tempo daquela forma, sem se mover e sem tirar os olhos um do outro. Thorin estava exausto e Estelwen arfando mas em bem melhor forma do que ele. Tantas coisas passaram pela mente daqueles dois enquanto se encaravam. Thorin estava impressionado após presenciar tamanha habilidade que o derrotou daquela forma e Estelwen por finalmente encontrar um oponente que despertasse suas melhores habilidades.

O grupo que os assistia explodiu em aplausos, tirando os dois do transe e fazendo-os olhar para seus espectadores. Os oponentes visivelmente estavam tão concentrados em sua pequena disputa que haviam esquecido completamente do que acontecia ao redor. Os anões jogavam bolsinhas de moedas uns para os outros, mas ninguém que perdeu a aposta reclamou desta vez, o espetáculo que eles haviam presenciado compensou a perda.

P.O.V de Thorin

"Parece que eu perdi desta vez." Eu disse, sorrindo.

"Apenas devido ao ferimento, Melhekhul (meu rei), tenho certeza de que quando estiver melhor não serei párea para você." Disse Estelwen, sorrindo.

Eu ri baixinho e respondi. "Veremos quando eu pedir minha revanche."

"Esperarei ansiosa pela nossa próxima dança, meu rei." Ela respondeu sorrindo, agora docemente para mim, o que fez meu coração palpitar.

Estelwen se levantou, guardou suas armas e estendeu a mão para me ajudar a levantar. Eu a peguei mas quando me levantei, senti uma fisgada e levei minha mão ao meu abdomen, onde aquele warg maldito havia me abocanhado. Meus colegas ficaram apavorados, principalmente a elfa.

"Thorin?! Eu te machuquei?" Ela me perguntou aflita. "Me perdoa, eu não devia ter me excedido tanto." Ela continuou, extremamente preocupada. Eu sacudi a cabeça e disse.

"Estou bem, não se preocupe, é apenas um incômodo." Eu disse.

"Vamos entrar, verei se está tudo bem mesmo." Ela ordenou. "Venham meninos, está mais do que suficiente por hoje, vamos comer."

Meus companheiros, aliviados ao verem que eu estava bem, festejaram com o convite e nos seguiram para dentro da casa. Nosso anfitrião e Gandalf já estavam lá dentro, conversando enquanto Gandalf fumava seu cachimbo. Beorn começou a servir os pães e desta vez, havia hidromel também, o que deixou meus companheiros muito entusiasmados. Estelwen terminou de checar meus ferimentos e após concluir que estava tudo bem, foi se juntar a Beorn.

Durante toda a refeição, o Troca-peles nos contou histórias sobre as terras selvagens daquele lado das montanhas, com sua voz grave e retumbante. Contou especialmente sobre a terrível Floresta das Trevas, uma mata escura e perigosa que se estendia de norte a sul, e ficava a um dia de cavalgada de sua casa. Nos contou sobre os elfos das florestas e principalmente de Thranduil. Pude perceber que sempre que tocávamos no assunto, Estelwen ficava inquieta e não participava da conversa. Já Bilbo se tremia todo ao ouvir as histórias e não pude conter um pequeno sorriso. 'Pelo menos agora sei do que você é capaz meu amigo', eu pensei.

Quando terminamos nosso jantar, meus companheiros começaram a contar nossas próprias histórias e Bofur contou sobre como fazia seus brinquedos de madeira, o que chamou a atenção de Beorn e Estelwen. Mas ao entrarem no assunto sobre mineração e confecção de armas e pedras preciosas, Beorn acabou perdendo um pouco o interesse. Com exceção de Estelwen, que ouvia atentamente. O brilho em seu olhar ao ouvir as diferentes técnicas que usávamos era encantador.

Um tempo depois, vi as orelhas de Estelwen se mexerem levemente, como sempre faziam quando elas captavam algum som diferente. Ela e Beorn se levantaram ao mesmo tempo, atentos e ela pediu silêncio por um momento, pouco tempo depois ouvimos grunhidos vindos da direção em que ficava a floresta da qual viemos. O barulho fez Bilbo dar um pulo, aparentemente já estava começando a pegar no sono.

"Preciso sair." Disse Beorn para nós ao se dirigir a porta. "De forma alguma. Eu repito. De forma alguma saiam desta casa antes do amanhecer. A não ser que não queiram mais ver o sol nascer. Estelwen, certifique-se de que eles não saiam e principiante que não quebrem nada dentro de minha casa." Beorn ordenou e antes que ela pudesse responder ele saiu porta a fora. Me aproximei da elfa e perguntei.

"Está tudo bem?" Ela se virou para mim e sorriu.

"Está sim. Ele apenas foi convocado. Eu normalmente iria junto, mas a segurança de vocês é mais importante." Ela respondeu. "Porque não vão se sentar perto da lareira? Vou terminar de lavar os pratos." Ela comentou, enquanto se dirigia à mesa. "Ah, quase me esqueci. Há alguns instrumentos naquele armário perto dos estábulos, porque não pegam? Tenho certeza que Beorn não se importaria. Só peço encarecidamente para que não se empolguem tanto para não incomodar os animais.

Ao ouvir isto, Bofur foi o primeiro a se levantar e vasculhar o armário que Estelwen havia indicado. Meus companheiros pegaram alguns dos instrumentos e começaram a tocar nossas músicas. Mas em respeito a elfa, eram apenas músicas calmas. Cantamos cantigas de nosso povo e Estelwen nos acompanhou lá da cozinha. Ela conhecia cada uma delas. Bilbo parecia muito interessado mas o sono estava tomando conta dele, o obrigando a mudar de posicao constantemente, lutando contra o sono.

Estelwen se juntou a nós e ao terminarmos mais uma canção ela disse. "Bem meninos acho melhor irmos dormir. Já está tarde e vejo que Bilbo e os mais jovens já não se aguentam mais acordados." Ela comentou sorrindo.

"Senhorita Estelwen, cante-nos uma canção." Disse Ori, com um brilho no olhar.

"Sim Estelwen, cante uma canção de ninar do nosso povo por favor." Pediu Kili, tentando suprimir um bosejo.

O sorriso da elfa ao ouvir o pedido era genuíno. Ela então se dirigiu ao armário onde estavam os instrumentos e pegou uma harpa, o que despertou meu interesse. 'Há quanto tempo não toco em uma harpa.' pensei.

"Alguém me daria a honra de me acompanhar?" Ela perguntou estendendo a harpa em nossa direção. Meus companheiros rapidamente olharam em minha direção, eu me levantei e fui em direção a elfa.

"A honra será minha." Comentei. Ela então tocou parte da melodia na harpa com maestria, o que me deixou arrepiado e perguntou se eu a conhecia, estendendo a harpa para mim. Ao ouvi-la senti uma saudade imensa de minha mãe. Ela adorava cantar Ibine Mim para mim e meus irmãos quando éramos crianças. Eu sorri e assenti com a cabeça, pegando a harpa de suas mãos.

Nos dirigimos até o celeiro e nos acomodamos em nossas respectivas camas. A elfa se sentou perto dos meninos, Fili, Kili e Ori e eles se deitaram ao seu redor, esperançosos para ouvir sua música.

Comecei a tocar a melodia e pude ver os olhos da elfa se encherem de surpresa e admiração ao me ver tocar. Quando ela começou a cantar, senti uma paz me inundar. Vê-la cantar tão docemente e com tanto carinho para meus sobrinhos aqueceu meu coração, como uma mãe anã, cantando para seus filhos.

Dezeb'aban mahtarraki undu buzrâ id'abad

Pequeno diamante enterrado nas profundezas da montanha

Baraz'aban tamhari ina tazlifîn id'khazâd

Pequeno rubi queimando enquanto todos os anões dormem

Danakh'aban tanlikhi aya uzbâd id'kalmu, uzbâd id'kalmu

Pequena esmeralda brilhando na coroa dos reis, na coroa dos reis

Khagal'aban jalataglimi aya bâhazunsh id'aguh

Pequena safira brilhando nas asas do corvo

Lai' - 'ibinê mim tanniki azhâr dê

Olha - minha pequena jóia volta para casa para mim

Quando ela terminou, os meninos já estavam dormindo profundamente, Bilbo era outro que aparentemente não iria acordar tão cedo. Ela beijou meus sobrinhos e Ori na cabeça, desejando-lhes boa noite. Depois de desejar boa noite a todos os nossos amigos, ela se aproximou de mim e pediu a harpa de volta.

"Obrigada, Melhekhul, por me dar a honra de cantar ao seu lado." Ela disse com seu doce e lindo sorriso.

"A honra foi minha." Eu disse, entregando o instrumento a ela. "Eu nunca irei me cansar de ouvi-la cantar." Eu disse, ficando todo vermelho depois de perceber o que acabei de dizer. Isso fez a elfa rir baixinho, também corando, e para meu alívio ela mudou um pouco de assunto.

"Obrigada. Fico feliz que você pense assim." Ela disse rindo um pouco mais e me fazendo relaxar. "Com todo o respeito, meu rei, eu não esperava que você tocasse harpa tão bem, achei que você preferiria um instrumento mais... animado." Ela disse, sorrindo.

Eu não consegui segurar uma risada. "Posso ser teimoso e insuportável às vezes, mas também tenho um lado tranquilo." Eu disse, lembrando o que ela havia me dito na outra noite. Isso a fez rir genuinamente, fazendo meu coração bater mais forte.

"Estou ciente disso." Ela disse com seus doces olhos azul topázio cheios de carinho. "Bem, já é tarde. Você deveria descansar um pouco para se recuperar adequadamente. Eu protegerei vocês enquanto dormem. Boa noite, meu rei." Ela disse e saiu em direção à cozinha.

"Boa noite." Eu disse suavemente, seguindo-a com os olhos. Ela se apoiou ao lado da janela da cozinha, para vigiar a floresta e velar nosso sono.

Eu devia estar sorrindo como um idiota, porque quando olhei para Dwalin e Balin, eles estavam sorrindo maliciosamente para. Revirei os olhos e me deitei imediatamente, sem dizer nada aos dois, mas pude ouvir pequenas risadas vindo de onde eles estavam. Para minha surpresa, o sono veio assim que fechei os olhos. Mas não sem sonhar com sua doce voz, cantando mais uma vez.

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