O Crime Perfeito - Livro 4

By Janaina_Moura

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Um brinde ao doce sabor da vingança. Livro contem: Cenas de sexo Palavrões Apologia ao Crime Mortes Estupro C... More

♚ Contos ♛
PRÓLOGO
♛ IV - 01 ♛
♛ IV - 02 ♛
♛ IV - 03 ♛
♛ IV - 04 ♛
♛ IV - 05 ♛
♛ IV - 06 ♛
♛ IV - 07 ♛
♛ IV - 08 ♛
♛ IV - 09 ♛
♛ IV - 10 ♛
♛ IV - 11 ♛
♛ IV - 12 ♛
♛ IV - 13 ♛
♛ IV - 14 ♛
♛ IV - 15 ♛
♛ IV - 16 ♛
♛ IV - 17 ♛
♛ IV - 18 ♛
♛ IV - 19 ♛
♛ IV - 20 ♛
♛ IV - 21 ♛
♛ IV - 22 ♛
♛ IV - 23 ♛
♛ IV - 24 ♛
♛ IV - 25 ♛
♛ IV - 26 ♛
♛ IV - 27 ♛
♛ IV - 28 ♛
♛ IV - 29 ♛
♛ IV - 30 ♛
♛ IV - 31 ♛
♛ IV - 33 ♛
♛ IV - 34 ♛
♛ IV - 35 ♛
♛ IV - 36 ♛
♛ IV - 37 ♛
♛ IV - 38 ♛
♛ IV - 39 ♛
♛ IV - 40 ♛
♛ IV - 41 ♛

♛ IV - 32 ♛

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By Janaina_Moura

MANUELLA

Não lembro o que me faz acordar, mas com o coração batendo forte eu sento de vez na cama... Tudo fica pior quando vejo um par de olhos me encarando.

— Merda! — Xingo e observo a fumaça negra sair dos seus lábios. — Filho da puta! — Sua risada não acalma meu coração.

— Foi mal, tentei não fazer barulho.

— Não funcionou. — Seus sorriso aumenta, mas logo se apaga quando ele enfia Outra vez o beck nos lábios. Estreito os olhos.

— Ou tu apaga ou eu vou aí quebrar a tua cara. — A fumaça sai dos seus lábios por conta do sorriso, ele levanta o beck e apaga contra a cômoda velha ao seu lado.

— Tenho a sensação que essa porra é um sonho e que o culpado do meu delírio é a erva. Não me culpe por tentar prolongar o efeito. — Faço careta.

— Não sou a porra de um sonho.

— Como sabe que isso não é mais uma alucinação minha? — Meus lábios se fecham e admiro os seus olhos na minha direção.

O PL estava drogado, era nítido os seus olhos vermelhos, as pupilas dilatadas, e o tique nervoso no pé... Ele batia contra o piso de madeira numa frequência ritmada, nervosa e rápida. Respiro fundo e agarro o lençol com força.

— Há quanto tempo tá usando? — Não preciso que ele fale pra que eu tenha certeza. Seus olhos baixam e vejo o incomodo surgir quando ele leva as mãos ao nariz e esfrega, como se a memória da carreira de pó ainda o deixasse alerta. — Quanto tempo PL?

— Não sei. — Ele confessa e eu suspiro com força. — Talvez um ano, ou mais.

— Logo depois que eu sumi? — Ele negou.

— Talvez. Foi em um dos bailes. Levei uma maluca pro quartinho... — Senti o meu sangue gelar e encarei seu rosto tentando não esboçar reação, mas eu sentia o ciúmes tomando conta do meu corpo. — Ela tinha o cabelo escuro, curto, olhos azuis... — Ele sorriu e não controlei o arrepio vindo junto da raiva... — Era gostosa, mas parecia uma hiena quando falava... Além de ser mais alta.. Meu pau não aceitou bem as diferenças. — Ele sorriu, mas não achei graça da sua confissão.

— Beijou ela? — Ele fez careta.

— Tá maluca? Tava drogado, não emocionado. Queria foder, não beijar boca de pelo. — A raiva não se acalmou e meus olhos baixaram pra que eu não voasse na sua garganta...

— Tocou nela então.

— Toquei. — Senti as unhas cravarem na palma da mão e olhei pra ele. — Em quase todos os lugares. Mas não rolou... Acabei dormindo no meu próprio vômito uma hora depois, logo após experimentar a minha própria droga. — Tentei respirar.

Quantas vezes o "quase" tinha acontecido? Uma vez... ou uma dezena... talvez 365 dias ou mais. Fechei meus olhos tentando acalmar a sensação de descontrole que surgia na minha barriga. Ele estava drogado mesmo? Será que o vacilo tinha sido por causa das drogas ou pela raiva que o meu sumiço havia causado? A culpa era minha ou dele... da sua falta de compromisso comigo... a sua mulher, a porra da sua de fé!

— Manuella? — Não consegui abrir os olhos, minhas mãos prendiam o lençol contra os meus seios, o pressionavam com tanta força que chegava a machucar. — Manú?

Abri a boca, preparada pra dizer que tudo estava bem, mas não consegui. Eu não conseguia acreditar.

— Vou te dá uma chance. — Sussurrei sem abrir os olhos. — Não pela droga, mas por mim e pelo 2K. — Ouvi um estrondo de repente e abri os olhos pra ver o PL em pé na minha frente. A cadeira estava tombada e a raiva que estava em mim podia ser vista refletida nele.

— Eu não fodi com ninguém, nem toquei da forma que tá pensando. Não sou idiota! — Ele deu um passo na minha direção. — Tu trepou com o 2K?

A raiva em mim não passou, na verdade ela piorou. Que razão ele tinha pra ficar bravo comigo se ele mesmo tinha tocado em outra?

— Estou falando de antes. — Seus olhos se estreitaram e pude ver os seus punhos se fecharem. — Eu e o 2K não temos nada, não nos tocamos de nenhuma maldita forma! É disso que tô falando, por conta de antes eu vou te dar uma chance. Pelo meu vacilo por conta de bebida, vou te dá uma droga de chance! — Fechei os punhos com mais força. — Mas se tocar em mais alguém... Em qualquer lugar que seja! Vou cortar as suas mãos, depois vou triturara-las e fazer você cheirar!

Seus braços se cruzaram e ele respirou profundamente, como se tentasse controlar a própria raiva.

— Não vai fazer isso, gosta que eu te toque. — Sorri, mas nenhum humor existia.

— Sua língua faz um papel melhor. — Ele sorriu e tentou se aproximar. Balancei a cabeça.

— Fique aí... — Ele parou de vez. — Primeira regra dessa sua nova vida, não vai tocar em mim se tiver drogado. — Fastei o lençol e senti o frio na minha pele quando levantei. Há passos lentos e sem olha-lo, caminhei até a cômoda e puxei uma camiseta branca dele.

Pude sentir o seu cheiro quando a coloquei contra o meu corpo, mas junto do seu perfume forte, lá estava o cheiro doce... Não consegui esconder o sorriso, olhei pra ele e seus olhos assustados estavam grudados em mim.

— Sinto cheiro de loló na camisa. — Apontei o dedo para o baseado. — Tem maconha aqui... Conan deixou claro sobre a cocaína. E o que mais? Crack? — De novo seus olhos foram ao chão antes de me encarar.

— É só pra se divertir. — Bufei.

— É o que todo viciado fala, até não conseguir mais falar.

— Eu vou parar, ok!

— Como? — Gritei e levei a mão ao rosto. — Você produz, PL. Você aprova as remessas, você recebe os pacotes, você distribui! Como vai parar se tudo a sua volta é coberto por droga?!

Seus olhos voltaram ao chão e eu me virei. Não adiantaria brigar com ele naquele estado, o agressivo e possessivo de antes tinha desaparecido, na minha frente tudo que tinha era o noiado confuso. Fui até a janela fechada e a abri, o vento da noite se infiltrou pela abertura e suspirei com a escuridão lá fora. Não consegui conter a pequena paz que aquela imagem me transmitia. Fechei os olhos e respirei fundo, imaginando o quanto fui feliz naquele lugar. 

Foram dois anos ali, os dois anos mais loucos e felizes que já passei. Teve mortes, sim. Confusões, ciúmes, brigas e quase perdi a Tina. Mas nada daquilo conseguia soterrar a minha felicidade. Foi ali que conheci o PL, foi ali que vi a Tina crescer dentro de mim, foi naquele lugar que conheci o amor real de uma família. Ganhei o Juan, o 2K, o meu irmão... a Ritinha. Foi naquele lugar que pode viver de verdade e eu sentia tanta falta daquela felicidade de antes. Sem policia, sem seguir ordens, com a minha família grudada a mim... sem as drogas e todos os problemas com o Rodrigo. Por que a gente só sabe dá valor depois que perde?

— Mandei reconstruí a nossa casa. — Senti as lagrimas surgir e prendi os lábios entre os dentes. — No mesmo lugar, temos mais quartos agora, mas deixei tudo como você gosta. — Meus olhos se abriram para as luzes distantes e sorri.

— Sinto tanta falta daqui, PL. — Senti as lagrimas escorrer. — Consegue lembrar do tempo que a gente era feliz? — Dedos quentes roçaram a minha coluna. — Eu não sei mais o que é isso... não consigo mais sentir.

— Vou te ajudar a sentir outra vez, morena. — Neguei.

— Como? — Senti seu corpo se aproximar do meu e virei o rosto para vê-lo ao meu lado. Os olhos vermelhos e dilatados me entristeceram. — A tua felicidade vem de um pó. De um líquido transparente.

— Tu me faz feliz... — Seu rosto se aproximou e fechei os olhos quando ele se colou ao meu. — Já falei que vou parar, não preciso mais se você esta aqui. — Sua mão quente envolveu minha cintura.

— Eu não vou estar aqui. — Sua respiração profunda me fez abrir os olhos e ele se afastou. — Meu trabalho não terminou, o Rodrigo ainda está solto e o Caveira está na máxima. E nosso filho continua morto.

Sua mão se foi, seu corpo também e tudo que restou foi o vazio com cheiro de maconha. Não olhei enquanto ele se afastava e não pedi que ele voltasse a me garantir a felicidade, apenas encarei as luzes novamente admirando a Rocinha. 

Não visitei muitos lugares na minha infância, e nem pude viajar o mundo depois de adulta. Nova Iorque e Paris, a cidade luz, talvez ganhasse um espaço próprio no meu coração, mas a felicidade momentânea daqueles lugares nunca se comparariam a Rocinha. Eu não nasci ali, não cresci ali e nem passei todos os problemas que as outras pessoas tinha que lidar todos os dias, mas aquele pequeno espaço na cidade maravilhosa, era o meu porto seguro. Era o meu sinônimo de felicidade.

— Não seremos felizes como antes. — A voz do PL me fez voltar pra terra. — Mas posso garantir que vou fazer de tudo pra encontrar algo parecido com aquilo. Nada vai preencher o vazio que a morte do Vinícius provocou, não tem como esconder o buraco enorme no nosso peito, mas...

— Ela morreu... — Sussurrei enquanto encarava as luzes, o PL se calou. — A felicidade de antes... não consigo sentir, é como se eu tivesse morrido naquele dia junto com ela... e com ele. Tudo numa grande bola de neve. Agora vivo na beira do precipício. Não posso parar, todas as missões possíveis eu pego, qualquer novo plano, eu preciso me envolver, não posso pensar, não posso parar de me mover.

Outra lagrima escorreu e eu a enxuguei. Respirei fundo.

— Sabe quanto tempo dormi?

— 12 horas. — Olhei pra trás assustada.

— O que?

— Tu dormiu doze horas direto. — Eu não sabia o que falar.

Era a primeira vez em quase dois anos que eu tinha dormido sem sonhos, que eu tinha realmente dormido.

— Tu me drogou ou algo assim? — Ele sorriu. 

— Eu dormi dez horas, Manuella. — Meus lábios entreabriram e ele sorriu um pouco mais. — Nunca dormi tanto na minha vida, acordei desorientado, achando que realmente tava drogado. E só puxei um beck há uma hora atrás, enquanto te via dormir. — Ele deu de ombros. — Não precisei beber e nem tragar nada, só precisei ter você ao meu lado.

— Tá zoando com a minha cara? — Ele negou ainda sorrindo.

— Creio que teria dormido mais se não fosse pelo teu irmão. — Confusa demais, eu neguei com a cabeça.

— O que tem o Conan?

— Meus homens entraram no quarto, me acordaram porque o teu irmão tentou subir. — Ele suspirou e senti o coração acelerar. — Ninguém quis atirar na cabeça dele, fica de boa. Alguns deles se negaram porque sabe que tu tá de volta, sabe da nossa relação maluca.

— O que ele quer? — Ele fez careta.

— Além da Branquinha querendo me matar do outro lado do telefone? — Estreitei os olhos ainda mais confusa. — Ela acha que te traí e acho que tá bem puta por eu ter arrebentado o narizinho empinado lá. — Cruzei os braços com força. — Ele quer falar sobre o Caveira e como vai ser a partir de agora. Vai tirar ele de lá, não é? — Concordei com a cabeça.

— Preciso de alguns dias, mas não vai demorar. — Me virei outra vez para a janela e apreciei novamente a vista. — Daqui pra frente tudo vai piorar. Assim que o Caveira sair, o Rodrigo vai saber que eu voltei... e tudo vai realmente começar.

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