Uma CEO inalcançável.

By Mila_Sn

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Julieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana po... More

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By Mila_Sn

Julieta

Entro no quarto e rapidamente sigo ao banheiro, tirando as roupas molhadas e tomando um banho morno que me lava a alma, choro não pelo beijo, não por Martín, mas pelo passado.

Um passado em que houve outros beijos, outro alguém….

O choro contido por anos explode, com a lembrança de uma fria traição, um noivado falido que enterrei no coração.

Martín tem seu jeito galinha, mas confio nele, nos conhecemos desde pequenos e sei que ele jamais me machucaria, seus carinhos e seu jeito me tocam e sempre me sinto confiante com ele.

O beijo foi tão suave, como se finalmente limpasse todo o passado que eu tentei apagar, meu coração me sabotou, me permitindo gostar e saborear cada segundo do beijo.

Um segundo depois, o passado explodiu voltando à tona, o medo dele se arrepender, o medo de ser um erro e o peso da rejeição  fizeram eu me afastar e literalmente fugir dele. Sei que não posso correr com as coisas, preciso de calmaria, um passo de cada vez.

Algumas batidas na porta, depois do banho, me assustam e eu sei que é ele, eu quero ignorá-lo, mas meu coração traidor, se torna sensato ao me lembrar que não foi ele o causador de minhas feridas.

Visto um robe que mal me cobre e receosa eu abro a porta. Noto seu olhar sobre meus olhos e corpo.

— Oi, Juli. — Ele começa um pouco sem jeito. — Eu não vou pedir desculpas, porque eu não me arrependo de nada do que aconteceu hoje. — Respira fundo tomando fôlego e continuo. — Eu respeito seu tempo e ainda quero conversar com você, mas quero que saiba que não me arrependo de nada. Boa noite, senhorita compacta! — Martín sai correndo em direção ao seu quarto, me deixando totalmente sem fala.

Sorrio fechando a porta ao lembrar do apelido da senhorita compacta.

Volto a cama pensativa, ele não se arrependeu...toco meus lábios, procuro algum arrependimento e como ele, não consigo sentir e isso enche meu coração de alegria.
Com o coração mais calmo, acabo dormindo, um sono tranquilo mas intenso.

No outro dia, depois do banho, penteio os cabelos e os prendo em um rabo de cavalo, ajeito o vestido curto, em decote V e saia plissada com listras brancas e azuis, calço as sandálias também em tom azul e aplico um pouco de blush nas bochechas. Finalizo com o perfume e pego minha bolsinha de mão, saindo do quarto.

Desço o restaurante do hotel, notando como o dia está realmente ensolarado e abafado. Me aproximo do buffet e sirvo uma boa xícara de café Italiano, um croissant de baunilha e algumas fatias de pêssego.

Procuro uma mesa mais ao ar livre, onde uma brisa suave toca minha pele e me sento começando o desjejum. Beberico meu café e mordo meu croissant dando uma olhada ao redor.

No buffet noto Martín montando sua bandeja, com um suco de abacaxi, panino e algumas frutas, ele olha ao redor e assim que seus olhos cruzam os meus ele sorri se aproximando.

Procuro em mim alguma vontade de fugir dele, mas meu coração se sente tranquilo e posso sorrir de volta, como se confirmasse que ele pudesse se sentar aqui.

— Bom dia, Juli! — Marín saúda animado, dispondo a bandeja ao meu lado e deixando um pequeno beijo na minha bochecha, sentando ao seu lado.

— Bom dia, Martín! — Sorrio com seu gesto.

— Hm... alguém está animada, dormiu bem? — Ele sorri tomando um gole do seu suco.

— Muito bem, e você? — devolvo a pergunta enquanto tomo meu café.

— Estou bem! — Sorri com um olhar enigmático. — O que você vai fazer hoje?

— Hm...— Penso sobre meu dia e lembro que tenho que ligar para Celina e passar as informações. — Preciso ligar para a Celina, avisar a situação e pedir que mande tudo que precisa de e-mail, além de que preciso ler aqueles relatórios e enviar para ela, preciso ver a situação da empresa e encontrar um bom substituto e tudo isso nessa semana que vou acabar ficando aqui.

— Vamos. — Martín diz e eu o olho confusa. — Vamos ficar aqui, não vou te deixar sozinha, estamos juntos, lembra? — Ele diz firme e eu confirmo com a cabeça.

— Bom é isso que temos pra essa semana. Hoje eu não sei bem o que fazer. — Termino meu croissant e começo a comer meus pêssegos.

— Então acho que precisamos aproveitar bastante o hoje, visitar alguns lugares quem sabe algum museu, ir a alguns parques e praças, comer pela rua...o que acha? — Diz empolgado.

— Acho que precisamos recarregar as baterias! — Sorrio com a ideia de passear por Bolonha. — E comprar presentes para as minhas irmãs! Elas vão me cobrar até a próxima viagem se eu não levar nada.

— E eu preciso levar algo para os meus irmãos! — Martín sorri comendo seu panino.

°°°°°°°°°°
Martín e eu caminhamos como dois turistas pela Piazza Maggiore, passando pela basílica de São Petrônio e caminhando pela Fontana di Netuno, uma linda fonte com uma escultura de Netuno.

Passamos pelas Due Torri que são o símbolo da cidade de Bolonha, parando em uma lanchonete próxima, comendo Arancinis, Panino e gelatos acompanhados por uma deliciosa e refrescante Limonatta Siciliana.

Agora por volta das sete horas da noite caminhamos lentamente em direção ao hotel. O assunto do beijo não apareceu, mas acho que foi melhor assim para os dois.

— Martín! — Digo em um espanto assim que estamos entrando no hotel.  — Esquecemos de ir no shopping, comprar os presentes!

— Nossa, é verdade! — Ele ri com gosto, enquanto entramos no hall do hotel. — Amanhã vamos, é domingo, caminhamos pelo shopping, tomamos outro gelato e escolhemos presentes para todos o que acha?

— Pode ser bom, assim olhamos tudo com calma. — Repenso confirmando.  — Vamos jantar? — Convido sentindo o delicioso cheiro que vem do restaurante.

— É pra já! — Martín diz animado e caminhamos em direção ao restaurante.

Nos servimos de uma deliciosa lasanha a bolonhesa, arroz e carré de cordeiro ao molho para acompanhar, Martín me convence a tomar uma taça de vinho, um vinho suave e doce que acabo aprovando.

— O que vai pedir de sobremesa, senhorita formiguinha? — Martín pergunta assim que terminamos o jantar.

— Hmm...— Faço um semblante pensativo. — Tiramisú!  O que acha? — Dou risada do olhar surpreso dele.

— Dessa vez eu vou te acompanhar, estou pensando em um bom tiramisú há dias! — Responde empolgado.

— Ótimo! — Sorrio ao garçom que se aproxima e faço nossos pedidos.

Depois do jantar, Martín e eu subimos aos nossos quartos para descansar, o dia foi bastante agitado e o sol nos cansou bastante.

Depois de banho morno e relaxante, penteio os cabelos úmidos, visto peças íntimas e coloco minha camisola de seda em tom rosé, caminho descalça pelo quarto, aplicando um pouco de hidratante nos ombros e nas pernas que ficaram ressecadas após o sol.

Pego o celular sobre a cômoda e sigo em direção ao interruptor para a apagar as luzes e ir descansar um pouco, mas ao me aproximar do interruptor as luzes apagam de forma dramática, a porta destrava num click e eu posso ouvir gritos de sustos de alguns hóspedes.

Fico totalmente estática, tentando entender o que está acontecendo, acendo a lanterna do celular e olho ao redor do quarto, a porta se abre e eu me assusto quando uma mulher entra.

— Perdão, senhora! — Ela diz assim que jogo o clarão da lanterna em seus olhos. — O gerente pediu para avisar que houve uma pequena pane elétrica, vamos ficar sem energia por esse momento e vim me certificar que a senhora estava bem.

— Ah. — Digo um tanto atônita. — tudo bem, obrigada.

— O gerente pediu para que as portas fossem travadas por dentro, para evitar qualquer acidente. Se a senhora for sair, trave a porta, mas saiba que ela só irá abrir quando a energia retornar.

— Certo. — Olho para a porta um tanto confusa. — Vou me certificar de trancar tudo, obrigada.

A senhora assente e sai do quarto e eu olho ao redor um tanto confusa, de repente o sono se foi e o hotel inteiro está na escuridão. Que ironia!

Em um lampejo eu me lembro de Martín, que desde a infância tinha pavor de escuro, após uma ida ao banco com sua mãe em que todos foram reféns de ladrões que agiram no escuro.

Eu me lembro que desde então, ele não reagia bem a situações como essas e sempre precisava de companhias.

Com a lanterna do celular acesa, saio do quarto trancando a porta.  A energia não deve demorar a voltar e eu não vou deixá-lo sozinho até la. — Penso quando travo a porta sabendo que não poderei voltar.

— Martín? — Dou batidinhas na porta que noto estar entreaberta como a minha. — Martín? — Novamente o chamo, mas não obtenho resposta.

Abro a porta e entro, fechando a mesma atrás de mim, passo a lanterna do celular pelo quarto e o vejo encolhido na cama, apenas de bermuda e os cabelos molhados.

Seu olhar está fixo no chão e posso ver um pouco de suor escorrendo por seu rosto.  Ele não está nada bem. Confirmo aproximando-me  enquanto não sou notada.

Sento na cama ao seu lado, buscando observá-lo, é como se ele estivesse em puro choque.

— Martín? — Sussurro fazendo um pequeno carinho em seu rosto.

— Juli...— Ele finalmente me olha, com um semblante aflito. — Estou com medo, você se lembra o que aconteceu, não lembra? — Ele sussurra ao meu lado.

— Sim, eu me lembro. — Jogo a coberta por nós. — Está tudo bem, houve uma pequena pane elétrica, tudo vai se resolver rápido. — Explico notando que ele se acalma um pouco, mas não muda de expressão

— Entendi. — Martín diz ainda absorto em pensamentos. — Você pode ficar aqui até voltar? — Pergunta quase de modo infantil, como fazia quando éramos adolescentes.

— Sim, eu vou ficar. Vem mais pra perto. — O chamo com um pequeno sorriso. — Eu tenho que ficar, travei a minha porta e ela só voltará a abrir quando a energia voltar.

— Que situação. — Ele sussurra voltando a olhar pro nada e isso me aflige, pois sei que ele faria muitas piadas com isso.

— Martín vai ficar tudo bem, tente não pensar  nisso. — Aconselho com cuidado fazendo um pequeno carinho em seu rosto.

— Fazia tempo que eu não passava por isso — Ele volta a respirar fundo e sinto a respiração um tanto entrecortada. — Meio que me levou aquele dia, minha mãe grávida de Lorenzo no banco central, foi terrível. Você sabe, não fizeram mal a nós, mas foram tantos gritos e tiros. — Sinto que ele precisa expor o que sentiu e o escuto atenta.

— Sim, foi terrível, meus pais quase não podiam acreditar, sua mãe ficou em estado de choque. Eu sinto muito, Martín. — Digo sincera e procuro sua mão lhe dando força.

— Mas hoje não será assim. Tudo está bem. — Percebo que ele diz mais para si mesmo do que para mim e afirmo.

Ficamos em silêncio por alguns instantes e ele apoia a cabeça no meu ombro, respirando fundo e balançando a cabeça como se estivesse afastando os pensamentos.

— Então você está despejada — Martín diz baixinho, erguendo a cabeça, me olhando com um pequeno sorriso, enquanto afirmo cabeça. — Pobre, Juli! Será que vai acabar dormindo comigo? — Sugere num tom ameno buscando se animar

— Ei! Você já está todo espertinho — Empurro seu ombro de leve.

— É a companhia! — Martín diz voltando ao semblante um pouco mais sério — Sozinho as lembranças voltam e me consomem, obrigada por está aqui e por se lembrar, Juli — Ele sorri na penumbra, segurando firme a minha mão — Com sua companhia eu fico mais tranquilo, se você quiser pode até desligar a lanterna.

— Mesmo? — Olho para o celular e para ele buscando confirmar e ele assente.

— Sim. — Desligo a lanterna e fico com o celular nas mãos olhando para ele. — Vem aqui. — Tira o celular das minhas mãos com cuidado, colocando no criado mudo e me puxando pra mais perto dele. — Tudo bem? Desculpa se te assustei ontem, mas ainda não me arrependo — Diz baixinho deixando um pequeno beijo na minha bochecha.

— Sim, tudo bem. — Sussurro me ajeitando na cama e deitando de lado, de modo a ficar em seu peito de costas, olhando de lado para ele e de frente o teto.

— Hm...eu gostei disso, senhorita Julieta! — Martín diz em tom mais alegre, mexendo suavemente no meu cabelo. — Que cabelos cheirosos — Aspira com um sorriso. — Toda cheirosa...— Martín sussurra passando seu nariz pela curva do meu pescoço, fazendo meu coração acelerar e o corpo se arrepiar.

O que ele está fazendo? — Penso buscando manter o controle.

Ele deposita uma fileira de longos beijos na região do meu pescoço e ombros, causando arrepios.

— Martín...— O alerto sentindo seu sorriso em meus ombros. — Cuidado com isso. — Me ajeito virando de barriga pra cima.

— Você que quis ficar assim. — Sussurra rindo no meu ouvido e eu viro, escapando do seu colo. — Ei! Não foge. — Me puxa delicadamente, sem deixar de rir.

— Estou achando você muito atirado. — Reclamo, cutucando seu ombro me sentando na cama, ao seu lado, mas um pouco mais distante.

— Não fui que apareci no seu quarto. — Pontua brincando com as pontinhas do meu cabelo e se sentando ao meu lado.

— O que você quer dizer com isso?! — Finjo que estou brava e me afasto um pouco.

— Nada, imagina eu dizer algo! — Martín me puxa para seus braços e me beija a testa com carinho. — Você veio para me fazer companhia, e sou muito grato! — Repete o pequeno beijo e me abraça olhando nos meus olhos.

Acho que ele acaba se lembrando do beijo na piscina, noto em seus olhos um pequeno brilho, agora que os meus se acostumaram com o escuro. Seus lábios descem beijando a pontinha do meu nariz.

— Sempre toda pequenininha, senhorita Julieta! — Ele sussurra sorrindo e vindo de encontro aos meus lábios em um beijo lento que novamente me encanta.



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