Ensina-me A Viver Novamente [...

By NerwenHydrefShadow

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[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... More

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria
Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXV - Bard o Arqueiro
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XVI - Irmão Urso

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By NerwenHydrefShadow

Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.

Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.+

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Um amigo meu (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.

Nota especial: Este capítulo é uma homenagem a meu filho e melhor amigo Sr.Snowzito

Capítulo XVI - Irmão Urso


P.O.V de Estelwen

Acordei com o sol nascendo, como de costume, mas para minha surpresa me encontrei recostada em Thorin e ele em mim. Meu coração começou a martelar em meu peito. Eu nunca estive tão próxima de meu rei como estava agora, pelo menos não na minha forma natural.

Eu precisava acordá-lo, mas ele dormia tão pacificamente que resolvi esperar um pouco. Podia sentir seu cheiro e minha nossa, era intoxicantemente viciante. Um doce aroma de carvalho, misturado com Velho Toby e fumaça. Acompanhei sua profunda respiração de um sono tranquilo e tudo o que eu mais queria era ficar ali, com ele, para sempre. Por um instante queria esquecer essa jornada e passar o resto de seus dias ao seu lado.

No que eu estou pensando? Como pude, mais uma vez, me deixar levar dessa forma, por alguém que nunca me verá mais do que uma amiga... além do mais, ele não ficará para sempre, ele partirá como todos os outros que eu amo e eu ficarei aqui sozinha mais uma vez. E além de tudo isso... nunca permitiriam que ficássemos juntos.

Eu suspirei profundamente enquanto me afastava de Thorin, com cuidado para não acordá-lo bruscamente. "Thorin...Thorin acorde" eu disse, enquanto sacudia o anão com cuidado. Ele protestou um pouco e quis se aninhar em mim. Lutei contra o desejo de abraçá-lo e intensifiquei minha tentativa de acordá-lo.

Ele resmungou um pouco, ainda grogue, 'adorável' eu pensei e não pude conter um sorriso. "Bom dia meu rei."

"Urf....Bom dia...Já é de manhã?" Ele perguntou, irritado por ter de acordar.

"Sinto dizer que sim." Eu disse rindo do estado entorpecido que meu rei se encontrava. "Temos que nos juntar aos outros."

"Sim, sim vamos." Ele disse meio impaciente e ainda sonolento.

Descemos as escadinhas e encontramos a maioria de nossos amigos ainda em sono profundo. Foi quando Thorin se aproximou de mim e disse baixinho. "Esqueci de comentar com você ontem, há alguém aqui que gostaria de vê-la." Ele me levou até os fundos do estábulo e lá vi meu velho amigo.

Meus olhos se encheram de lágrimas e abracei Beleza Negra o mais forte que pude. "Beleza." Eu disse mantendo minha voz o mais baixa possível. "Meu amigo, você está vivo. Não posso acreditar. Senti tanto sua falta. Que bom que conseguiu voltar para casa. Fiquei com tanto medo quando disseram que você tinha fugido naquele dia." Beleza acariciava meu peito com sua cabeça, enquanto eu coçava atrás de suas orelhas, do jeito que ele tanto amava. "Vou ver com Beorn onde ele está guardando as maçãs, trarei várias para você meu querido." Beleza ficou imensamente feliz com minha promessa.

Me virei e Thorin estava me esperando, sorrindo, não me contive e o abracei. Estava tão feliz que meu amigo estava vivo, que todos nós estávamos vivos. Thorin hesitou um pouco mas me abraçou de volta.

"Obrigada por me trazer aqui para ver meu amigo, Thorin. Ele significa muito para mim." eu disse o abraçando ainda mais forte.

"Eu sei. Você pode agradecer aos meus sobrinhos depois, foram eles que o encontraram" Ele disse enquanto retribuía meu aperto.

"Eu irei." Eu disse ao me afastar. "Vamos. Vamos para a cozinha."

Dwalin e Balin já estavam acordados, conversando com Gandalf na cozinha. Os três olharam em nossa direção com um grande sorriso.

"Dormiram bem?" Perguntou Balin com um sorriso malicioso. Eu corei um pouco e desviei o olhar. Thorin revirou os olhos para o amigo.

"Sim Balin." Ele disse constrangido e um pouco irritado. Eu cumprimentei meus amigos e dei um abraço apertado em meu ada.

"Como você está menina? Imagino que enfrentar uma fera daquele porte não seja tarefa fácil" Perguntou Dwalin preocupado mas ao mesmo tempo admirado.

"Eu estou bem meu amigo, obrigada por perguntar." Agradeci sorrindo. "Bem, ele realmente não é um oponente fácil, mas já tive que lutar algumas vezes com a fera e com o tempo aprendi seus movimentos. Agora ele basicamente não me atinge mais. Mas não me poupou de alguns arranhões." eu comentei rindo um pouco.

"Ah daria tudo para enfrentar uma criatura magnífica como aquela." Disse Dwalin com brilho no olhar. Eu revirei meus olhos e sacudi a cabeça sorrindo.

"Vamos lá Dwalin eu só o enfrentei pois não tinha escolha" comentei. Foi então que de repente dois anões se jogaram em cima.

"Estelwen!" gritaram Fili e Kili enquanto me abraçavam, não pude conter um riso mas logo os repreendi pela barulheira.

"Meninos, mais baixos, vão acordar os outros." Eu disse, rindo baixinho.

"Você nos deixou preocupados, ficamos com medo do que aquele urso poderia fazer com você." Disse Fili. "Sim, titio ficou desesperado, ele mal conseguia dormir" acrescentou Kili rindo até levar um tapão na nuca por Thorin.

Aos poucos, nossos amigos foram acordando e Thorin pediu a Oin que verificasse meus ferimentos. Havia alguns, mas nenhum era profundo. Enquanto eu olhava ao redor, notei que Bilbo ainda não havia acordado de seu sono. Ele devia estar exausto do incidente de ontem, e depois de finalmente ter a chance de dormir em uma cama decente em comparação com os últimos meses, era compreensível que ele não quisesse levantar tão cedo. Um ambiente tão pacífico e confortável daria a qualquer um o incentivo para ficar na cama e nunca mais sair.

Sentamos à mesa para conversar e consegui convencer a todos a não pegar ou tocar em nada na cozinha antes que eu pudesse ter a chance de falar com Beorn, bem... todos menos um. Eu não pude resistir aos choramingos de Bombur e acabei cedendo aos seus apelos quando lhe dei uma cenoura... que se transformou em algumas.

Enquanto conversávamos, um ratinho andou pelo ombro de Bofur. Ele fez menção de espantá-lo com sua mão, mas me levantei rapidamente e fui em direção a ele. "Espere! Não faça isso." Ele olhou para mim interrogativo, eu estendi minha mão e peguei pequeno e branquinho animal de seu ombro. "Olá meu pequeno amigo, como se chama? Peço desculpas pelo modo como invadimos a casa de vocês. Estávamos à procura de um abrigo." Eu disse em outra língua, enquanto lhe fazia um carinho. Já meus amigos ouviam apenas sons parecidos com ruídos de animais transformados em fala.

"Tudo bem senhorita Estelwen. Meu nome é Snow e é um enorme prazer finalmente conhecê-la, ouvimos muito falar da senhorita. Quanto aos anões, não se preocupe, nossos amigos da floresta nos avisaram da vinda deles." Disse o ratinho com seus lindos olhos vermelhos.

"É um prazer conhecê-lo também Sr.Snow, espero que tenham falado bem de mim." eu disse com um sorriso no rosto. "Obrigada pela hospitalidade, até mais tarde." Respondi enquanto o colocava na bancada da cozinha e o vi sair saltitante pela casa. Me virei para meus amigos e eles me olhavam como se eu fosse uma maluca. O olhar deles me fez ficar vermelha de vergonha e desviei meu olhar.

"Não olhem para mim desse jeito, são anos de convivência com animais, acabei aprendendo a conversar com eles." Eu disse, meu rosto ficando mais vermelho a cada minuto. Mas então comentei, com um sorriso malicioso. "Ah sim, tomem cuidado com o que dizem, vocês não entendem eles mas eles entendem perfeitamente vocês." Meus amigos se entreolharam assustados e não pude conter uma gargalhada com a reação deles.

Foi então que o barulho de madeira sendo cortada pode ser ouvido do lado de fora do celeiro. Demos uma espiada pela janela e vimos um homem enorme com barba e cabelos longos, negros e espessos. Estava sem camisa e usava uma calça comprida de lã verde musgo. Ele cortava as toras de madeira com seu enorme machado com muita facilidade, graças aos seus braços grandes e musculosos.

"Bom, eu acho que devíamos fugir, vamos sair pelos fundos." Disse Nori inquieto se afastando da janela após ver Beorn.

"Eu não vou fugir de ninguém, seja fera ou não." Disse Dwalin enquanto puxava o amigo.

"Não há razão para discussão. Não podemos passar pelos Ermos sem ajuda de Beorn. Seremos capturados antes que cheguemos à floresta. E Estelwen falará com ele, não se preocupem com nada." Insistiu Gandalf.

"Ela não vai chegar perto dele depois de tê-lo enfrentado ontem, e se ele a atacar?" Thorin perguntou extremamente preocupado, eu sorri e disse.

"Não se preocupem meninos. Ele não levantaria um dedo sequer para me machucar." Eu comentei. "Falarei com ele." Segui em direção a porta mas Thorin me interrompeu.

"Tem certeza disso? Não quer que eu vá com você?" Corei um pouco com sua sugestão, mas apenas fiz um carinho no topo de sua cabeça e disse.

"Não se preocupe, ele não fará mal nenhum a mim. Se eu ver que a situação está saindo de controle eu chamo você." Thorin consentiu e saí em direção a Beorn.


P.O.V de Thorin

Vi Estelwen caminhar em direção ao troca-peles e podia sentir um calafrio em minha espinha. Coloquei minha mão sobre minha espada para que a qualquer sinal de perigo eu a sacasse e partisse para cima daquela coisa. Mas senti a mão de Gandalf sobre meu ombro.

"Fique onde está!" Gandalf rosnou para mim. "Teremos que ser muito cautelosos quando ela nos chamar. A última pessoa que o aborreceu foi feita em pedaços."

"Agora você me fala isso." Eu falei aborrecido, mais preocupado do que antes.

"Minha filha vai ficar bem, garanto-lhe! Eu serei o primeiro a sair. Ah e Bilbo " Ele comentou enquanto Bilbo se aproximava de nós, depois de finalmente ter acordado. "Você vem comigo."

"Não... e-eu...isso é uma boa ideia?" Ele perguntou inseguro.

"Sim, o resto de vocês devem esperar aqui e sair aos poucos. Não façam movimentos bruscos nem barulho e não venham todos juntos." Todos concordaram, ainda que um pouco relutantes. "Venham sempre em pares e .... Bombur... Você conta como dois." Bombur concordou enquanto comia sua cenoura.

Voltei a observar Estelwen, que agora estava a poucos passos do homem. Ele estava de costas, completamente concentrado em seus afazeres. 'Mahal proteja esta garota por favor' pensei.

Ela entrelaçou suas mãos atrás de suas costas e disse brincalhona. "Bom dia Irmão Urso." O comentário fez o enorme homem largar seu machado e se virar para ela com os olhos arregalados de surpresa.

"Pequena loba!" Ele gritou, e a levantou no ar. Tentei sacar minha espada, mas Gandalf me impediu. Mas ao invés de machuca-la,  Beorn a envolveu em um abraço apertado, girando enquanto os dois riam felizes por se reencontrarem. "Pequena loba, você voltou, que saudade." Ele disse enquanto colocava a elfa no chão.

"Também morri de saudades suas, irmão urso. Como tem passado?" Ela perguntou e, mesmo de costas para mim, pude perceber pela sua voz que estava sorrindo. Mas então a expressão do enorme homem mudou de felicidade para tristeza e podia jurar que ele havia começado a chorar.

"Minha amiga você está toda machucada, não me diga que era você na floresta ontem." Ele disse enquanto acariciava o rosto dela.

"Oh meu amigo está tudo bem, você não me machucou." Ela disse, mas mesmo assim ele começou a chorar e a abraçou novamente, se desculpando inúmeras vezes, enquanto ela dava tapinhas em suas costas para ele se acalmar.

Mais calmo, ele se afastou dela novamente. "A que devo a honra desta visita inesperada, minha querida?" Ele perguntou olhando carinhosamente para ela.

"Eu e meus amigos tivemos alguns problemas durante nossa viagem. Me perdoe por termos invadido sua casa desta forma mas, bem, receio que o Urso não lhes deu muita escolha." Ela disse e pude ver Beorn rir um pouco. 'Nós quase morremos destroçados ou do coração por sua causa e você ri?' pensei. "A questão é que fomos perseguidos por orcs e precisávamos de um lugar para ficar, se não for incomodo."

"Mas é claro minha querida." Ele disse sorridente. "Qualquer amigo seu é mais que bem-vindo em minha casa." Ele comentou contente.

"É que... bem.. tem um probleminha." Ela comentou, pude sentir apreensão em sua voz.

"O que foi querida?" ele perguntou.

"Bem...eles..." Ela respirou fundo e concluiu. "A maioria deles são anões." Ela disse finalmente.

Um silêncio ensurdecedor reinou entre os dois. A expressão de Beorn de alegre se fechou completamente. Senti mais uma vez a necessidade de pegar minha espada. "Estelwen, sabe muito bem o quanto eu detesto anões."

"Eu sei meu amigo, mas infelizmente não temos para onde ir. Azog está atrás de mim e de meus amigos. Temo por nossa segurança." Ela comentou e então sorriu. "Em troca posso lhe contar a história mais incrível que já ouviu na vida." Beorn soltou uma gargalhada e disse.

"Como se alguma vez eu tivesse resistido a esses olhos azuis de filhote. Pois muito bem minha querida, Pode chamá-los, e estou ansioso para ouvir sua história."

Ela então se virou e fez um sinal para que saíssemos. Gandalf foi primeiro, junto com Bilbo. "Lembra-se de meu pai, Gandalf, o Cinzento. Ele veio me visitar uma vez em meu aniversário."

"É um prazer revê-lo, Beorn." Disse o mago com uma reverência.

"O mesmo. E o pequeno? Ele não parece um anão." Perguntou apontando para Bilbo.

"Ah, este é Bilbo Bolseiro, um Hobbit do Condado e meu fiel amigo." Ela disse colocando as mãos sobre os ombros de Bilbo.

"É o sinal vão logo vão logo" Ouvi Bofur dizer e antes que pudesse impedi-los de seguir em frente, Dwalin e Balin foram os primeiros a sair, se apresentando e sorrindo para nosso anfitrião, mas o mesmo pegou seu machado e o levantou, um pouco apreensivo.

"São só estes dois? Tive medo que fosse mais." Disse Beorn. Estelwen deu uma risadinha e levou a mão à cabeça para coçá-la, como ela fazia quando estava desconcertada.

Mais uma vez Bofur interpretou o gesto como um sinal e indicou para que Oin e Glóin saíssem e se apresentassem. E assim o fizeram, também com uma reverência.

"Ah e aqui estão mais alguns de nossa tropa feliz." Gandalf disse rindo para tentar amenizar o clima.

"Você chama sete de tropa? Estelwen quantos anões mais você trouxe?" Vi ela rir desconsertada, enquanto balançava de um lado para o outro, cada vez mais inquieta.

O gesto incentivou Dori e Ori a saírem em seguida. "Dori, e Ori a seu serviço." Disseram enquanto sorriam, aparentemente apavorados.

"Eu não quero seu serviço. Estelwen diga-me que só tem mais estes." E dizendo isto, saíram meus sobrinhos.

"Receio que não meu amigo. Estes são Fili e Kili, príncipes de Erebor." Ela comentou, derrotada.

Irritado com a situação que havíamos colocado nossa amiga, decidi empurrar Nori, Bofur, Bifur e Bombur para fora da casa para acabarmos logo com esse sofrimento.

"E estes são Nori, Bofur, Bifur e Bombur." Ela disse desconcertada.

"Acabou?" Ele perguntou para a elfa. "Existe mais algum?" Eu saí e fiquei na porta para que Beorn pudesse me ver.

"E este é Thorin Escudo de Carvalho. Nosso Rei." Olhei para ela e sorri, ela olhava para mim com admiração enquanto sorria de volta.

"Bem." Beorn disse enquanto olhava para mim e depois para a elfa. "Então vamos entrando, espero que a história de vocês valha mesmo a pena." Ele disse enquanto abraçava Estelwen e eles caminharam juntos para dentro da casa. Nós os seguimos e entramos novamente. Ele indicou para que sentássemos a grande mesa feita de madeira que havia em frente a cozinha.


P.O.V de Estelwen

Bilbo e doze dos meus amigos anões se sentaram à mesa, enquanto Thorin preferiu ficar de pé, apoiado na pilastra logo ao lado. Gandalf contou sobre nossa jornada para Beorn, que escutava com muito interesse. Ao terminar, Beorn comentou.

"Uma história muito boa! A melhor que escutei em muito tempo. Merecem um desjejum caprichado depois desta historia. Vamos comer alguma coisa." Disse Beorn enquanto se dirigia para a cozinha na intenção de preparar nosso lanche, me chamando para ajudar.

Servimos pães, geleias de vários tipos de frutas silvestres, todas colhidas na floresta, creme e favos de mel, produzidos cuidadosamente pelas abelhas que Beorn cuidava. O leite era fresco, tirado das vacas que a pouco foram ordenhadas por mim e Beorn. Tudo estava uma delícia, exatamente como eu me lembrava, meus amigos anões se quer reclamaram da ausência da carne, já que Beorn se recusava a caçar seus amigos animais. Conversamos bastante durante o lanche. Beorn contou à companhia sobre seus animais e como era nossa vida durante o período em que fui sua aprendiz. Depois de um tempo, Beorn decidiu se dirigir a Thorin enquanto enchia a caneca de Fili com o leite de uma jarra.

"Então, você é quem chamam de Escudo de Carvalho. Diga-me... porque Azog o Profano, está caçando você?"

"Você conhece Azog? Como?" Perguntou Thorin.

"Meu povo foi o primeiro a viver nas montanhas, antes que os orcs chegassem do norte. O Profano matou quase toda minha família. Mas alguns ele escravizou." Ele comentou enquanto abraçava a jarra de leite, deixando evidente a corrente que havia presa em seu pulso, e continuou. "Não por trabalho, entendem? Mas por diversão. Não é minha querida?" Ele perguntou enquanto acariciava o topo da minha cabeça. O silêncio reinava na sala. Todos tristes demais para dizer alguma coisa. Eu me afastei e fitei o fogo da lareira, para esconder as lágrimas que ameaçaram brotar de meus olhos  devido as dolorosas lembranças.

"Ele nos forçava a transformar em animais e nos soltava dentro da fortaleza para ele e seus orcs nos caçarem. Ou nos colocava para lutar uns contra os outros." Eu comentei enquanto lembrava de todo o sofrimento que passamos, respirei fundo tentando segurar as lágrimas o máximo que podia. "Eles lutaram por suas vidas e eu pela minha... eu... eu os matei...matei todos eles." Eu me abracei enquanto as lágrimas saíam descontroladamente. "Suas famílias gritavam implorando para que eu não os matasse, mas eu fui tão egoísta." Eu disse enquanto tremia e Beorn me abraçou sussurrando para me acalmar.

"Está tudo bem. Não pense assim. Você tinha que sobreviver. Não foi culpa sua." Disse Beorn enquanto deixava escapar sibilos reconfortantes para me acalmar. Eu o abracei de volta enquanto chorava em seu peito. A expressão de meus amigos era de pura tristeza e desolação. Por mim, por Beorn e por nossos amigos. "Encarcerar troca-peles, assim como outras espécies e torturá-los parecia diverti-los." Beorn comentou.

"Existem outros como você?" Perguntou Bilbo, tentando desviar o assunto.

"Já existiram muitos..." Beorn comentou, enquanto acariciava minha cabeça.

"E agora?" Ele insistiu, e Beorn respondeu tristemente.

"Agora existe apenas um." Eu me afastei de Beorn e me dirigi para a saída.

"Estelwen...eu não..." Bilbo começou a dizer mas me virei para ele forçando um sorriso.

"Está tudo bem meu amigo, eu só...quero ficar um pouco sozinha...Está tudo bem..." Eu disse e sai porta fora.


P.O.V de Thorin

Segui a elfa com os olhos, enquanto ela se retirava, deixando apenas o silêncio para trás. Pensei em repreender Bilbo mas percebi que ele já estava suficientemente arrasado. Eu queria ir atrás dela. Mas ela disse que queria ficar sozinha...o que eu devo fazer? 'Ora essa Thorin quando foi que você ficou indeciso desse jeito?' pensei. Olhei para Gandalf, que estava no extremo oposto da sala, fumando seu cachimbo. Seu olhar se encontrou com o meu e fez um sinal com a mão para eu esperar um pouco e assim eu fiz.

"Vocês precisam chegar à Montanha." Comentou Beorn. "Antes do último dia de outono." Acrescentou enquanto se sentava em sua enorme poltrona de madeira, esculpida com duas cabeças de ursos, uma de cada lado das ombreiras.

"Antes que passe o dia de Durin, isso." Afirmou Gandalf.

"Vocês estão ficando sem tempo." Beorn comentou.

"Vamos pela floresta das Trevas". Respondeu o mago.

"E Estelwen sabe disto?" Beorn perguntou enquanto levantava uma de suas enormes sobrancelhas enquanto olhava para Gandalf, estranhamente preocupado.

"S-sim, minha filha mesmo que sugeriu. Como ela já morou naquela floresta por um tempo, ela pode nos guiar através dela." Respondeu Gandalf, também sem entender o motivo da inquietação de Beorn.

"Entendo..." Beorn respondeu, enquanto olhava para a direção em que nossa elfa havia ido, pensativo, e então continuou "A escuridão invadiu aquela floresta. Criaturas cruéis rastejam sobre as árvores. Eu não me aventuraria lá. A não ser que fosse muito necessário." Ele disse enquanto olhava sério para nós.

"Nós usaremos a trilha dos elfos. Ainda é um caminho seguro." Gandalf comentou. Eu estava extremamente inquieto, tanto devido a conversa, como com Estelwen e comecei a andar pela sala.

"Seguros? Os elfos da Floresta das Trevas não são como seus parentes. São menos sábios, e mais perigosos. Mas isso não importa." Ele disse extremamente sério. Me virei para ele e perguntei, sem entender seu ultimo comentário.

"Como assim?" Perguntei.

"Essas terras estão tomadas por orcs. E seu número só cresce. E vocês estão a pé. Nunca chegarão à floresta com vida." Ele então se levantou e veio em direção a nossa mesa, nos encarando um por um. "Eu não gosto de anões, são gananciosos e cegos. Não enxergam a vida de quem consideram inferior." Enquanto Beorn falava, vi o mesmo rato com quem Estelwen havia conversado mais cedo, subindo na mão de Bofur. Ao contrário de sua reação mais cedo, ele pegou a criaturinha com a mão, a acariciou e a colocou de volta na mesa. "Mas vejo que vocês são um pouco diferentes. Provavelmente por terem passado um tempo com minha pequena loba." 'sua...' eu pensei. "E eu odeio orcs acima de todas as coisas." Ele então se virou para nós, pegando o ratinho da mesa e o acariciando. "Do que precisam?"

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