Summer Maciello e Sienna Woodsen estavam no banco de trás de um táxi, apreciando a linda noite de Milão.
-- Sum, seu irmão vai te matar quando chegarmos lá! - resmungou Sienna.
-- Você sabe que o Matteo nunca briga comigo.
Sum deu uma risadinha levada.
-- Sim, seu irmão é um retardado, como você. - Summer gargalhou. - Mas, eu estou falando do Leonardo, não do Matteo.
Summer tinha três irmãos mais velhos. Matteo, Leonardo e Christopher. Ela era a caçula da família. Porém, seus pais adotaram uma menina quando ainda era recém-nascida, Thea. Ela era dois anos mais nova do que Sum.
-- Ah sim. Esse vai querer me matar, mas para isso eu tenho o Matteo. - riu.
-- Dá próxima vez, vê se tenha a ideia de penetrar a festa dos meninos mais cedo. Não me avisar à noite, meia hora antes, e ainda querendo que eu fique pronta em cinco minutos.
Summer riu.
-- Não exagere, eu te dei dez minutos.
Sienna deu um tapa na cabeça da amiga, a fazendo rir.
-- E outra coisa. Você concordou na hora quando eu disse para irmos à casa do meu primo Raffaello, não vem dá uma de santa, não.
Sienna deu um sorriso de canto.
-- Sei que você quer vigiar o Leonardo já que provavelmente ele está pegando alguma vadia por lá.
Summer tinha um ciúme doentio dos irmãos, e eles não eram diferentes com ela. Entretanto, ela sabia que Sienna gostava de Leonardo, e por ela ser sua melhor amiga desde sempre, ela aceitava. Isso não queria dizer que gostava.
-- E você quer ver o Nathan e provocá-lo na cara da namorada dele. - retrucou.
Nathan era primo de Sienna, irmão de Mikaela, uma das melhores amigas das duas garotas. Sienna também tinha um irmão mais velho, Rylee.
-- Não gosto daquela biscate. - Sienna gargalhou.
-- Nem o Nathan, acredite nisso.
Summer revirou os olhos.
-- Espero tudo do seu primo, Senny.
Sienna riu, sabendo que era verdade. Nathan era imprevisível. Nunca ninguém sabia qual seria seu próximo passo. Ele sempre surpreendia em suas atitudes.
Summer e Sienna chegaram à casa de Raffaello depois de quinze minutos.
Logo, da porta, perceberam a baderna que estava. Os pais de Raffa estavam nos Estados Unidos, assim como os de Sum, Senny, Mika e de todos os outros amigos próximos da família. Já que todos os homens trabalhavam para as forças armadas e governo americano. E hoje teriam um evento incancelável.
Como eram férias, todos os mais jovens foram para Itália, como sempre faziam. Nessa época Summer estava morando no Brasil e Sienna fazia um curso intensivo de dança na França.
-- Nossa, Senny... Se meus tios vissem essa bagunça acabariam com a vida do Raffa. - disse Summer levadamente.
Sienna gargalhou, animada.
-- Eu só não quero estar por perto para ver isso. - Sum riu da amiga.
Quando entraram na casa, praticamente não puderam se mover. Estava lotada. Várias pessoas bêbadas pelo chão, outras quase transando publicamente e algumas mulheres seminuas. Isso estava mais para uma orgia do que festa. Mas o que poderia se esperar desses meninos quando se juntavam?
A primeira pessoa que elas viram foi Mikaela.
-- O que você está fazendo aqui? - perguntou Summer após cumprimentá-la.
Mikaela riu.
-- Convenci seu irmão a me trazer. - ela estava falando de Matteo.
Mikaela era apaixonada pelo Matteo, e ele por mais aventureiro e safado que fosse também gostava dela. O problema é que Mikaela tinha apenas quinze anos na época e Matteo, vinte, então eles não podiam namorar publicamente já que na América, onde atualmente moravam, Teo poderia ser preso por ter um relacionamento com uma menor de idade.
-- O Matteo é incrível!
Se vangloriou Summer que era completamente apaixonada pelo irmão. Ele era seu herói. Tudo para ela era o Matteo, já que o mesmo a mimava em tudo, a deixava fazer o que queria, a ensinava tudo o que ele sabia e ainda a defendia com unhas e dentes.
-- Puxa saco! - Sienna revirou os olhos. - Vou dar uma volta, conhecer as redondezas.
Mikaela e Summer riram. Sabiam que Sienna ia atrás de Leonardo.
-- Sum, você é doida. Quando um dos meninos te virem aqui, vão te assassinar.
A garota riu.
-- Como eu disse a Sienna... Tenho o Matteo para isso. - Mika gargalhou.
-- Você é maluca.
-- Cadê seu irmão? - Mikaela deu um sorriso safado.
-- Eu sabia que você não tinha vindo aqui à toa.
Summer mordeu o lábio inferior.
Mesmo com apenas quatorze anos, Sum chamava a atenção dos garotos. Ela era muito bonita, loira, grandes olhos azuis, um corpo muito bem definido e cheio de curvas. Ela era muito desenvolvida para sua idade. Todavia, Nathan, com vinte anos, não aceitava ter nada com ela, já que a considerava, ainda, uma menina. E ele tinha razão. Só que isso não o impedia de admirá-la e nem provocá-la. Mesmo com a namorada, eles viviam em um jogo de sedução. Só que Summer era realmente apaixonada por ele, desde que se conhecia por gente.
Mikaela e Summer ficaram curtindo a festa. Agora estavam à beira da piscina. Summer começou a beber, e como não estava acostumada por ainda ser muito nova, ficou bêbada rapidamente. Mika estava como ela.
Elas dançavam com alguns garotos que não faziam ideia de quem fosse. Mikaela se controlava mais por causa de Matteo, mas Summer, como não tinha compromisso com ninguém e estava bêbada, não se preocupou em se agarrar nos italianos lindos que tinham por lá.
-- Posso saber o que você está fazendo aqui?
Sum se virou ao ouvir a voz do irmão, Christopher.
Ela queria ficar séria, mas não conseguia, então começou a rir sem motivo nenhum. Chris por sua vez parecia uma pedra de tão sério e rígido.
-- Ué, eu vim curtir a festa também. Vocês nunca me deixam participar. - fez biquinho.
-- Summer? O que faz aqui?
Raffaello arregalou os olhos ao ver a prima.
-- Mas será que vou ter que repetir isso para todo mundo? - bufou. - Eu vim me divertir.
-- Nós não falamos que era para você ficar em casa? Essa festa não é para você, Summer. - reclamou Chris.
Sum se irritou.
-- E por que não é para mim? Porque eu sou uma "menininha"? - debochou. -- Ah, pelo amor de Deus, Christopher. Nenhum de vocês têm mais de vinte e um anos, então nenhum é maior de idade. - Summer voltou a dançar. - Agora me deixem em paz.
-- Estamos na Itália, sole- retrucou Raffaello.
-- Eu vou te levar embora. - Christopher a puxou pelo braço.
Summer irritada retirou seu braço com força das mãos de seu irmão.
-- Não toque em mim. - alertou.
Ela sempre fora uma garota rebelde, mesmo, muitas vezes, sendo delicada e amorosa. Sua personalidade era forte. Não negava ser uma Maciello.
-- Summer, seu irmão tem razão, você vai para casa. - Raffaello tentou puxá-la pela cintura, mas a garota começou a estapeá-lo.
Como todos na festa estavam bêbados, ninguém estava dando à mínima.
-- Ei!... Solta ela. - alguém gritou furioso.
Sum conhecia muito bem essa voz rouca, firme e impositora... Era seu irmão mais velho.
-- Matteo, não começa. - Christopher se irritou. -- Você sabe muito bem que aqui não é lugar para ela. Ela é muito nova, e nossos pais nem estão no país. Se acontecer alguma coisa a responsabilidade é nossa.
Summer cruzou os braços e bufou. Ela olhou para Matteo e percebeu que o mesmo tinha um sorriso levado no rosto. Estava achando graça de tudo isso.
-- Olha só quem eu achei perdida por aí.
Todos viraram para ver Rylee arrastando Sienna pelo braço. Atrás vinha Leonardo.
-- Vocês duas vão para casa, agora. - falou Leonardo.
-- Vai para o inferno. - retrucou Summer.
O rosto de Leonardo ficou duro, seu olhar perigoso. Quando ele ia responder, alguém interviu.
-- Deve ter muita coisa interessante para se fazer no inferno.
Nesse momento o coração de Summer pulou, quase rasgando seu peito.
-- Não se mete, Nathan. - grunhiu Leonardo.
Nathan se aproximou, porém estava abraçado a sua namorada, Paola Dal Ponte.
Sienna revirou os olhos ao ouvir Leonardo dando um de autoritário e ao ver a namorada do primo. Criatura irritante essa italiana.
Nathan a conheceu na Itália e logo começou a namorá-la. No entanto, ninguém gostava dela. Talvez nem mesmo Nathan, mas eles estavam sempre juntos.
-- Será que vão nos deixar em paz ou vão ficar que nem galinhas ciscando em cima de nós? - Sienna reclamou.
-- Ei, não me ofenda. Estou mais para galo. - falou Ethan, um dos amigos de infância dos garotos, que se aproximava junto de dois outros amigos deles, Pierro e Nico.
Ethan era o estilo comediante. Sempre um tremendo safado. Vivia atrás de mulher. Mas era extremamente engraçado.
Já Pierro fazia o estilo quieto. Era o melhor amigo de Christopher, e estava se preparando para um dia se tornar médico.
Agora Nico um era dançarino sedutor. As garotas morriam por ele. Nicolas era companheiro de dança de Summer desde pequenos.
-- Já me cansei de vocês, vou me divertir. - falou Summer.
-- Vou junto! - Sienna e Mikaela falaram ao mesmo tempo.
Quando foram se afastar, todos os garotos entraram no meio do caminho, menos Matteo, Nathan e Rylee.
Os três estavam se divertindo com essa situação. Apesar de também serem extremamente protetores, eles achavam graça do estilo rebelde das meninas.
-- Ai, credo. Não sei por que vocês se preocupam tanto com essas duas. Deixem elas se divertirem. São apenas crianças.
Summer se virou ao ouvir a voz de Paola. Ela tinha o mesmo olhar feroz de todos de sua família. Uma marca dos Maciello.
-- Por que você não vai procurar um macho para transar e deixa de se meter na minha vida?
-- Summer! - repreendeu Leonardo.
Matteo começou a rir disfarçadamente.
Sum olhou para Nathan achando que o mesmo iria intervir a favor da namorada, mas a única coisa que ele fez foi encará-la com aqueles olhos azuis penetrantes que ela tanto amava. Ele parecia analisá-la como se tentasse desvendar um mistério.
-- Nathan, você não vai falar nada? - Paola reclamou.
Nate a olhou e revirou os olhos.
-- Quem fala o que quer, escuta o que não quer.
Ao meio dessa confusão, Summer, Sienna e Mikaela, aproveitaram para escapar. Depois de alguns segundos Leonardo notou a ausência das três.
-- Eu vou atrás de Summer e levá-la para casa. - disse Leonardo.
Antes que ele pudesse ir, Matteo o segurou pelo braço.
-- Eu sou o irmão mais velho aqui. Summer é minha responsabilidade, eu vou trás dela.
-- Você vai deixá-la ficar, Matteo. - reclamou Christopher.
Teo o ignorou.
-- Cadê o Nathan? - perguntou Paola.
Todos olharam para os lados não o vendo mais por perto.
Se conheciam bem Nathan Woodsen, sem dúvida ele tinha ido atrás de Summer.
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-- Você não acha que é muito novinha para vir a festas como essa?
Summer se virou antes de entrar no banheiro - do andar de cima da casa- ao ouvir a voz de Nathan.
-- Pela maneira que você me olha, Nate, não diria que eu sou muito novinha. - ela deu um sorriso irônico e cambaleou para o lado. Estava completamente bêbada.
Nathan imediatamente rodeou sua cintura, firmando-a.
-- Você tem toda razão, baby belle.
Nate sempre chamou Summer de baby belle, pelo fato de ela ser dançarina. Significava pequena bailarina ou bebê bailarina.
-- É difícil tirar os olhos de você. - seu rosto estava perigosamente perto do da garota. -- Você é muito bonita, doce... e principalmente arisca. - seus lábios se curvaram para o lado em um sorriso debochado.
Summer já tinha dificuldades para respirar. Ela poderia ser segura de si, apesar da idade, mas ficava totalmente perdida quando estava perto de Nathan.
-- Você acabou de dizer que eu sou muito novinha. - sussurrou já com dificuldades.
Nathan sorriu.
-- Sim. Você é uma menininha ainda... - seus lábios roçaram levemente os dela, deixando-a atordoada. - Mas eu sou paciente, posso esperar.
-- Você não irá esperar, Nathan. - sua voz quase já não saia e seu corpo todo tremia. -- Você está sempre com uma garota diferente... - ela respirou fundo antes de continuar. Seu ar já faltava em seus pulmões. -- E agora namora a Paola. Você me vê como a irmãzinha do seu melhor amigo.
Nate mordeu levemente o lábio inferior de Summer.
-- O que eu posso fazer se minha mente diz que você é a irmãzinha do meu melhor amigo, e meu corpo diz que você é uma pequena garota totalmente sedutora e envolvente?
Nathan estava bêbado, ela sabia disso, mas em seus olhos azuis ela viu a verdade em suas palavras.
Ele nunca se aproveitou dela. Sempre a respeitou, principalmente por sua idade, mas ela sabia que no fundo ele a desejava, e muito.
Antes que Summer pudesse responder, Nathan invadiu seus lábios com uma firmeza avassaladora.
Ela não tinha muita experiência já que havia beijado apenas um garoto, Rylee, irmão de Sienna, mas se prendeu ao corpo de Nathan e deixou que ele a guiasse.
Seus lábios eram tão suaves, macios, mas ao mesmo tempo duros e firmes. O gosto... sua boca tinha um gosto maravilhoso. Uma mistura de cerveja com menta.
Ele nunca a tinha beijado antes, apenas beijos no canto de sua boca, roçar de lábios em seu pescoço, mas não como hoje... neste momento, quando ele a apertava em seu corpo fazendo seus seios se amassarem em seu peito, devorava sua boca como se nunca mais pudesse ter a oportunidade de fazê-lo e a acariciava de uma maneira possessiva e gentil ao mesmo tempo.
-- Sonhei tantas vezes com esses lábios... - sussurrou Nathan entre os lábios de Summer, fazendo-a gemer.
Ele amassou seus lábios no dela novamente em um ato possessivo como se quisesse marcá-la como dele.
-- Por que... f-fez isso? - perguntou Summer ainda atordoada pelo beijo.
Nathan deslizou sua mão pelo cabelo da garota e colocou uma mecha loira atrás da orelha.
Ele sorriu.
-- Porque eu tenho vontade de fazer isso há muito tempo. Só que minha consciência não deixava. E nesse exato momento eu estou bêbado, então minha consciência não tem muito poder sobre mim. - ele riu.
Summer suspirou.
-- Isso não vai voltar a acontecer, não é?
Ela sabia que se ele estive sóbrio não a teria beijado. Todos eles eram muito responsáveis. Mas ao mesmo tempo uma chama de esperança nasceu dentro dela. Ele a desejava. Mesmo que não a amasse, mesmo que a visse como a irmã de seu melhor amigo, ele a desejava. Mas, por outro lado, ele podia estar apenas curioso. Ela sabia que atraia os garotos com facilidade. Esse poderia ser o caso de Nathan.
Nate a olhou com carinho, mas seu rosto estava sério e seus olhos penetravam os dela de um modo intenso e responsável.
Não... isso não voltaria a acontecer.
Quando ele ia responde-la, foi interrompido pela voz de Matteo.
-- Summer... - sua voz sou dura e amedrontadora.
Matteo era carinhoso, mas não deixava de ser ciumento e muito protetor.
Nathan se virou, então os dois se encararam.
-- Acho que está na hora de você ir embora. - falou seriamente enquanto olhava severamente para seu melhor amigo.
-- Mas...
Ela tentou retrucar, mas ele a cortou.
-- Mas nada, Summer. Desce que eu vou levá-la embora.
Matteo era extremamente carinhoso com ela, mas quando ele falava sério, era difícil alguém retrucar, ele assustava de verdade.
Summer como sempre o respeitou, resolveu fazer o que seu irmão ordenou. Primeiro olhou para Nathan que a encarou e deu um sorriso de canto como quem dissesse "está tudo bem", em seguida, caminhou, passando por seu irmão.
-- Me espera na sala.
Ela odiava receber ordens, mas Matteo era diferente.
Assim que Summer desceu as escadas Teo se aproximou de Nathan.
-- O que pensa que estava fazendo, Nate?
Nathan também sempre foi um cara firme. Não se assustava com facilidade.
-- Não preciso te explicar aquilo que você viu, Teo.
-- Ela é uma menina, Nathan... Dio Santo. - bufou.
-- Minha irmã também é, Matteo. Ela tem apenas quinze anos e você deixou com que ela se apaixonasse por você.
-- Mas tem uma grande diferença aí. Eu amo a sua irmã. Mesmo ela sendo nova, eu a respeito porque eu realmente gosto dela.
-- O que quer dizer com isso? - Nathan o encarou rudemente.
-- Que você namora a Paola, trai ela com várias e depois vem beijar a minha irmã de quatorze anos, sabendo o que ela sente por você.
-- Ela é uma garotinha, Matteo. - Nathan se alterou. - Ela não sabe o que quer. Hoje ela fala que me ama, amanhã ela vai amar outro. Amor de adolescente, todos nós passamos por isso.
-- A única diferença é que esse amor dela por você é desde que ela nasceu. E eu não vou deixar você brincar com ela apenas porque ela é muito bonita e atraente. Entendo que se sinta atraído por ela, mas você a ama, Nathan?
Nathan encarou seu melhor amigo, mas não conseguiu pronunciar nenhuma palavra. Ele adorava aquela garotinha, sempre a adorou, sempre a achou intrigante, mas amar? Deus, ela era uma menina. Como ele podia amá-la? E outra... ele ainda estava começando a curtir a vida.
-- Foi só um beijo, Matteo. - respondeu após respirar fundo.
Teo passou a mão pelo rosto e suspirou. Por fim, olhou seu melhor amigo.
-- Summer é o bem mais precioso que eu tenho. Você sabe o quanto amo aquela garotinha. - Nathan o encarava, prestando atenção no que seu amigo dizia. -- Eu não suportaria vê-la sofrer. Todo mundo sabe o quanto fico maluco apenas quando a vejo chorar, mesmo que seja por uma coisa estúpida. Eu sempre a protegi Nathan, assim como você com Mikaela.
-- Eu sei... - Nate suspirou, por fim, compreendendo o amigo.
-- Eu só te peço uma coisa... Não a machuque. Você e eu sempre fomos muito parecidos, e se eu precisasse que alguém um dia cuidasse de Summer para mim, essa pessoa seria você. É a única pessoa em quem eu a confiaria. - Nathan o entendeu, afinal pensava o mesmo em relação a Mikaela. -- Não que eu não confie nos meus irmãos, meu pai e nos outros caras, somos todos uma família e nós sempre protegemos uns aos outros. Mas você é como eu. Summer confia em você e te escuta, como escuta a mim. Ela precisa de alguém que a encare, já que tem uma personalidade forte. Gritar com ela não funciona, ela precisa de alguém que demonstre não se abalar com suas atitudes. Só comigo e com você que ela age assim. Então Nate, não a machuque, porque eu confio em você com ela, assim como você confia sua irmã a mim.
Nathan se aproximou de Matteo e deu dois tapinhas no ombro de seu amigo.
-- Não se preocupe com isso. Eu posso ter os defeitos que for, mas jamais a deixaria desprotegida, e jamais a machucaria, não propositalmente.
Matteo sorriu.
-- Sei que posso confiar em você.
Os dois sorriram cúmplices a uma amizade de uma vida inteira.
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Quando Nathan e Matteo voltaram para a sala da casa de Raffaello viram Summer, Sienna e Mikaela bebendo, rindo e dançando enquanto os homens presentes a secavam e se divertiam.
Todos os outros amigos deles não estavam presentes, mas entraram na casa no mesmo instante que Nate e Teo apareceram.
-- Acho que você já bebeu demais, mocinha. Vamos embora... - Teo puxou Summer pelo braço enquanto pedia para alguém buscar sua bolsa.
Ele riu da irmã, mesmo sabendo que o que ela estava fazendo não era correto.
-- Você também vai, Sienna. - falou Rylee.
-- Eu não vou a lugar nenhum com você! - ela ria, debochando do irmão.
Sienna, Summer e Mikaela se olhavam e gargalhavam.
Adolescentes. Pensou Matteo.
-- Vamos, sua bêbada. - Teo riu enquanto puxava sua irmã que mais caia do que andava.
Alguém lhe entregou a bolsa da garota, e então Teo deu um beijo na testa de Mikaela.
-- Volto logo. Seu irmão vai ficar aí. - disse carinhosamente para a namorada.
Quando ia sair, sentiu alguém segurar seu braço.
-- Deixe que eu a levo, Teo. - Nathan o encarou firmemente.
-- Por quê?
-- Quero conversar com ela.
Summer nem os ouvia. Estava alheia a tudo.
-- Agora não, cara. Ela está bêbada. Não vai entender nada do que você disser. Cuide de sua irmã. Eu cuido da minha. - Matteo olhou por trás do ombro de Nathan. - E outra, sua namorada está aí. Não se esqueça.
Nate ficou quieto, totalmente contrariado.
-- Vou levar Mikaela, Sienna e Paola embora. - concluiu Nathan, por fim.
Teo assentiu e saiu da casa em direção ao carro.
-- Cara, quer levar o meu carro?
Matteo olhou para o lado e viu um de seus grandes amigos se aproximando, Filipe.
-- Não se preocupe. O meu está mais perto.
Seu amigo assentiu e sorriu ao ver Summer cantando e dançando enquanto Matteo tentava segurá-la.
-- Filiiiipeeee! - ela gritou o divertindo. -- Onde estão Nicole, Lana e Tori?
As três eram grandes amigas de Sum, Senny e Mika. Nicole era irmã de Filipe, e Lana e Tori, que eram irmãs, eram melhores amigas de Nicole.
-- Foram passar as férias na Espanha. - ele sorriu docente.
Filipe adorava Summer. Todos sabiam que ele era apaixonado por ela.
-- Traidoras! - Sum gritou.
Matteo revirou os olhos diante do escândalo que sua irmã fazia.
-- Vou levar essa alcoólatra embora. - disse Teo enquanto pegava Sum no colo - que reclamava - e a colocava no carro.
-- Qualquer coisa que precisar é só me ligar, irmão. - falou Lipe.
-- Valeu, cara! - Teo sorriu e entrou no carro.
O caminho inteiro Matteo riu das idiotices que Summer falava. Ela colocou o som alto e começou a cantar enlouquecidamente. Normalmente ela era bem afinada, mas agora, não chegava nem perto disso. Ela se parecia com Matteo. Ele tinha uma voz excelente e adorava compor, tocar e cantar.
-- Summer, cala a boca! - ele riu.
-- Não me manda calar a boca, seu idoso. Mas me conte... O que conversou com o Nate? - em seu rosto inocente tinha uma curiosidade estampada.
-- Não te interessa. - retrucou ele, visivelmente se divertindo.
-- Para de ser chato, Teo. - ela fez birra.
-- E você sossega essa porra desse fogo. Nathan é meu melhor amigo.
Summer riu.
-- Olha... vou contar para a mamãe e o papai que você fica falando palavrão perto da menininha deles. - ela apontou o dedo em direção ao irmão como uma criança travessa.
Matteo se divertia.
-- Pirralha chata. - bufou- Não quero você em cima do Nathan.
-- Você não tem que querer nada. - ela cruzou os braços e emburrou.
-- Você não poderá dar em cima dele caso ele não respire mais. - Matteo a olhou cruelmente.
Summer revirou os olhos.
-- Até parece que você mataria seu melhor amigo.
Teo ia responder, porém um farol alto atrás de seu carro o chamou atenção. Aquele farol estava bloqueando sua visão, quase o cegando.
--Que porra é essa? - resmungou irritado.
Não houve tempo de compreender o que se passava.
Dois carros surgiram nas laterais do carro de Teo o impedindo de avançar enquanto o outro permanecia com o farol na traseira, atrapalhando sua visão.
-- Matteo o que está acontecendo? - perguntou Summer assustada.
-- Fique calma, Sum. - ele ficou sério e focado de repente, enquanto tenta se desviar dos carros.
O carro do lado direito bateu no deles fazendo Summer dar um grito pelo impacto.
-- Porra! - gritou Teo.
Matteo foi treinado pelo pai desde pequeno como um soldado. Já tinha participado de uma missão no exército quando se alistou aos dezoito anos. Além disso lutava artes marciais, atirava muito bem, e dirigia como ninguém por também ser piloto.
-- Segure firme, Summer.
A menina estava assustada. Principalmente porque seus reflexos não estavam bons, e se ela precisasse se movimentar, não conseguiria nem parar em pé direito.
Matteo fez de tudo para desviar, mas eram três carros em uma estrada estreita e escura, além de que ele também tinha bebido e não estava tão bem quanto deveria, apesar de consciente.
O carro do lado direito acelerou, ultrapassando Teo e girou bloqueando sua saída.
-- Droga!
-- Matteo... - Summer gemeu, assustada.
Ele parou o carro sem ter mais o que fazer.
-- Calma, gatinha. - tentou acalmá-la, apesar do pressentimento de que algo muito ruim iria acontecer. -- Preste atenção em mim. Não faça nada para irritá-los, fique quieta, independentemente do que eles digam ou façam comigo, okay?
Summer tremia e não conseguia falar. Matteo segurou sua mão.
-- Vai ficar tudo bem, linda. Você vai ficar bem. Eu te prometo.
Ele a olhou rapidamente, pois não deu tempo de mais nada. Dois caras, vestidos de preto e com capuz, se aproximaram do carro e abriram as portas com brutalidade.
Eles arrastaram Matteo pelo cabelo para fora do carro enquanto outros homens apontavam um rifle em direção a Summer. Sua única preocupação era que sua irmã não se machucasse.
Summer foi puxada pelo braço para fora do carro, sem nenhuma delicadeza.
Matteo permaneceu quieto e focado, planejando uma fuga em sua cabeça.
-- E aí, cara... O que achou da garota?
Perguntou um dos caras, vestido de preto, para outro, em provocação.
-- Linda, gostosa. Ótima para foder.
Summer não tirava os olhos do irmão e fazia exatamente o que ele tinha mandado ela fazer. Ficar quieta.
-- Quem será esse babaca? Namorado dela? - perguntou outro apontando em direção de Matteo.
Ele continuou quieto, sério, não entrando na provocação. Sabia que fariam de tudo para irritá-lo.
-- Vamos levar seu carro, todo o seu dinheiro. Vocês parecem riquinhos, olha as roupas, carro importado. Hoje, a noite rendeu, galera. - mais um falou enquanto os outros riam.
Matteo levantou o rosto e olhou para irmã. Ela conseguiu ler seus pensamentos através do olhar. Ele pedia calma.
-- Não vai falar, filho da puta? - o primeiro homem voltou a provoca-lo. Ele parecia ser o chefe deles.
Matteo levantou o rosto rapidamente e encarou o homem que tinha o rosto todo coberto.
-- O que vocês querem? - perguntou friamente.
O chefe deles se aproximou.
-- Primeiro queríamos seu carro e sua grana, mas agora... - ele olhou para Summer. - acho que queremos sua garota.
Matteo permaneceu frio, sem se alterar. Eles não iriam irritá-lo.
-- Levem o que quiserem, mas a deixe em paz. Ela é só uma menina.
-- Uma menina boa para foder a noite inteira. - outro disse rindo.
Summer soltou um gemido desesperado.
Matteo olhou para ela, e seu olho clínico - que aprendeu com seu pai - caiu sobre os homens. Eram cinco. Dois seguravam Summer, outro estava com o rifle apontado para sua cabeça, o ameaçando, o outro estava atrás do carro de Matteo, e o último era o chefe que o olhava ferozmente.
-- Então, como vai ser cara? Levamos a garota ou a fodemos aqui na sua frente? - o chefe riu.
Summer começou a chorar baixinho. Aquilo atiçou a ira de Matteo.
-- Por que vocês não fodem um ao outro? - seu olhar era tão frio que até o chefe da equipe balançou por alguns segundos. No entanto, assim que se recompôs, pegou seu rifle e o bateu na cabeça de Matteo.
-- Nãoo! - Summer gritou enquanto tentava se soltar dos caras que a seguravam.
-- Olha só! A gatinha reagiu. Você deve ser importante para ela. - o chefe segurou o cabelo de Matteo e puxou sua cabeça para trás. Sangue escorria por sua testa.
-- Que tal eu deixar você ver a sua garotinha ser fodida por meus amigos e depois eu te matar na frente dela? - Matteo grunhiu.
-- Que tal eu mandar todos vocês para o inferno?
Antes que o chefe pudesse responder, Matteo deu uma cabeçada nele, pegou o rifle de sua mão e atirou nos dois homens que seguravam Summer. Em seguida, chutou o rifle que estava na mão do outro cara e girou seu corpo dando outro chute, com toda a força, mas agora em seu rosto, quebrando o seu pescoço. Por último, pegou o cara que ele tinha quebrado o pescoço o colocou em sua frente como escudo quando o homem que estava na traseira de seu carro atirou. Não demorou muito para que esse também morresse.
-- Filho da puta!
O chefe gritou e pegou o rifle de seu companheiro que estava no chão, em seguida apontou para Summer, porém Matteo se colocou na frente e então um tiro atravessou a lateral de sua barriga.
-- Matteeeoo! Nãooooo! - Summer começou a gritar.
Ela tentou se aproximar do irmão, mas o chefe da quadrilha foi mais rápido. Chamou outros caras que aparentemente estavam escondidos, e mandou que a segurassem.
-- Me soltaaa! - ela começou a gritar em desespero ao ver Matteo caído no chão.
-- Esse filho da puta ainda está vivo. Não vou deixar que morra tão facilmente, vai sofrer antes.
-- Não toque nele, seu imbecil! - Summer gritava tanto que sua voz estava sumindo.
-- Calem a boca dessa vadia. - ordenou.
Summer, com a adrenalina do momento, usou as técnicas de luta que seu pai e seus irmãos a ensinaram. Levou o cotovelo até o nariz de um deles e deu um soco no outro.
Ela tentou fugir para pedir socorro, mas não foi muito longe. Na esquina da estrada outro carro estava parado. De dentro dele saiu um homem vestido de couro. Seu rosto estava coberto, mas era perceptível que esse era o chefão de todos.
-- Aonde pensa que vai, garotinha?
Summer olhou para trás em desespero, esperando que seu irmão se levantasse.
-- Desgraçado... Você matou o meu irmão. - ela gritou pela raiva que estava sentindo.
O medo já não era tão grande perto do desespero ao ver Matteo no chão, ensanguentado.
O homem de couro riu dela.
-- Você é uma garota selvagem. Gosto disso em uma mulher.
Ela deu alguns passos para trás.
-- Agora você vai embora comigo.
-- Não! - gritou com raiva.
Quando o chefão se aproximou para agarrá-la pelo braço, um tiro foi disparado em sua perna o fazendo cambalear.
Summer se virou e viu Matteo no chão, com o rifle na mão, apontando para o homem de couro. Ele parecia muito machucado e fraco. Os outros se assustaram ao perceber o que Matteo fez. No entanto, o pegaram pelo cabelo e o arrastaram até seu carro.
-- Matteo! - Summer gritou desesperada.
O homem de couro a agarrou pela cintura e a puxou, enquanto a mesma tentava se soltar de qualquer maneira.
Ela viu, de longe, o quanto espancavam seu irmão. Ela sentiu o desespero cada vez mais crescer dentro de si. Ela se debateu, gritou, chorou e implorou enquanto via seu irmão ser espancado e machucado.
-- Não, por favor, não! - gritou e chorou tanto que não sabia como sua voz ainda não tinha sumido.
Em certo momento ela conseguiu se desvencilhar do chefão, mas cambaleou e caiu no asfalto batendo a cabeça.
Ela estava perdendo a consciência, sentia sangue escorrendo por sua testa. Seu corpo estava frio e sua cabeça girava.
Sum percebeu alguns homens a rondando. Uns tocavam nela, outros a chacoalhavam. Ela não tinha mais noção do que estava acontecendo, mas percebeu uma agulha sendo injetada em seu pescoço, e então ser carregada até um carro. Isso pôde ter durado segundos, minutos, horas, ela já não sabia. Só conseguia pensar em seu irmão baleado e machucado.
-- Matteo... Matteo... - murmurava apenas por estar fraca.
-- Você é minha agora. - ouviu um homem dizer perto de seu ouvido, já dentro do carro.
Pela voz, era o homem de couro preto. O líder deles.
O carro começou a se movimentar, e a última coisa que ouviu foi um tiro sendo disparado em direção ao carro de Matteo.
Deus... ela sabia... eles o tinham matado.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e então seu corpo desfaleceu, encontrando a escuridão.
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1 ano depois...
Summer estava sentada em sua cama, na mansão dos seus pais, em Nova York, vestindo uma camisola comprida, branca, com o cabelo preso em uma trança que caia pelo seu ombro até o final de sua cintura.
Ela olhava para um ponto fixo como fazia todos os dias.
Summer permaneceu dessa maneira, todos os dias, durante o último ano.
-- Sum... - seu irmão Leonardo sentou de frente para ela na cama e segurou sua mão.
Summer não falava, não se mexia, não olhava para ninguém. Ela permaneceu em estado de choque desde o atentado em Milão, onde perdeu Matteo e Nathan, que havia sido sequestrado naquela mesma noite quando levava sua irmã, sua prima e sua namorada para casa.
Quando encontraram Summer jogada em uma rua sem saída, toda machucada e inconsciente, a levaram para o hospital. Ela ficou dias gritando pelo nome de Matteo. Ela entrava em desespero e berrava assustando a todos os pacientes, médicos e enfermeiros. Por fim, ela começou a chamar por Nathan. Ela não falava com ninguém, apenas berrava, olhava para os lugares com medo e os olhos arregalados como se achasse que ia ser atacada a qualquer momento. Depois de muito ela pedir por Nathan, seus familiares foram obrigados a falar que ele tinha sumido naquele atentado. Ninguém sabia de Nathan.
-- Querida... nós sentimos tanto a sua falta.
Leo ficou muito abalado com a morte de seu irmão e com o estado que sua irmã estava. Ele agora era um dos irmãos mais velhos e sentia como sua obrigação fazer com que ela voltasse à vida.
Durante todo esse ano Leonardo apenas cuidou dela. Matteo não estava mais aqui, era seu dever cuidar de sua pequena irmã.
-- Sum... Eu tenho uma notícia para te dar, gatinha.
Summer continuava olhando para o mesmo ponto fixo sem nem ao menos se mexer.
Leonardo respirou fundo, totalmente frustrado por ver irmã naquele estado sem poder fazer nada.
Ele levou a mão dela até seus lábios e a beijou carinhosamente.
-- Sum... olhe para mim. - ele pediu enquanto tocava o rosto da garota.
Não adiantava, ela não se mexia. A psicóloga vinha todos os dias vê-la, mas Summer não reagia.
Ainda acariciando o rosto de sua inocente irmã, Leo sussurrou próximo ao seu ouvido.
-- Gatinha... Nathan está vivo. - ele percebeu uma diferença na respiração de Summer. Isso o deixou cheio de esperanças. - Ele está vivo, querida. O encontraram, finalmente.
Leonardo beijou o rosto da irmã e gelou ao sentir algo molhado em sua bochecha.
-- Summer? - ele afastou o rosto e a olhou com os olhos arregalados. - Summer, querida. Você... Você está chorando.
Ela não se moveu, mas uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
Isso fez com que Leonardo se emocionasse e sorrisse alegremente. Era a primeira demonstração de emoção que ela dava depois daquela tragédia. Ela nunca chorou depois que soube que Nathan havia sido sequestrado. Ela entrou em estado vegetativo. E essa lágrima em seu rosto mostrava que estava viva, que ela ouvia o que lhe diziam.
Summer estava renascendo...