Ensina-me A Viver Novamente [...

By NerwenHydrefShadow

15.5K 1.5K 627

[EM PAUSA TEMPORARIA] Estelwen é uma meia-elfa que já viveu longos anos na Terra-Média. Devido sua origem com... More

Prólogo
Capítulo I - Retome Seu Reino
Capítulo II - O Condado
Capítulo III - Uma Festa Inesperada
Capítulo IV - O Início da Jornada
Capítulo V - Uma Noite Conturbada
Capítulo VI - Correnteza Perigosa
Capítulo VII - Florescer De Uma Nova Amizade?
Capítulo VIII - Perigo Ao Nosso Encalço
Capítulo IX - A Última Casa Amiga
Capítulo X - A Revelação
Capítulo XI - Cirth Ithil
Capítulo XII - Última Noite Em Valfenda
Capítulo XIII - Sombras do Passado
Capítulo XIV - Da Frigideira Para O Fogo
Capítulo XVI - Irmão Urso
Capítulo XVII - Uma Dança Inusitada
Capítulo XVIII - Melancolia
Capítulo XIX - Uma Surpresa Inesperada
Capítulo XX - Até Logo Irmão Urso
Capítulo XXI - Sombras na Floresta
Capítulo XXII - O Reino da Floresta
Capítulo XXIII - Poeira Estelar
Capítulo XXIV - A Fuga
Capítulo XXV - Bard o Arqueiro
Capítulo XXVI - Esgaroth, A Cidade do Lago
Capítulo XXVII - Lealdade, Honra e um Coração Disposto
Capítulo XXVIII - Tudo de Acordo com o Plano
Capítulo XXIX - Onde quer que você vá...
Capítulo XXX- Inevitável Amargura
Capítulo XXXI - Para um Bem Maior
Capítulo XXXII - Na Soleira da Porta
Capítulo XXXIII - O Início de sua Queda
Nota de Esclarecimento

Capítulo XV - Depois da Tempestade Vem a Calmaria

396 32 2
By NerwenHydrefShadow

Nota do autor: Lembrando, esta é minha primeira fanfic, então vão com calma, haha, e se vocês se sentirem confortável e quiserem fazer críticas construtivas eu ​​ficaria muito grata. Aproveitem. ^^

Isenção de Responsabilidade: Eu não sou a autora de O Hobbit. Todos os direitos pertencem a J.R.R. Tolkien (referências dos livros) e Peter Jackson (referências dos filmes). Eu apenas possuo minha OC Estelwen.

Qualquer coisa que você reconhecer do filme / livro pertence completamente a eles. O mesmo vale para possíveis referências de outros livros de Tolkien e outras referências aleatórias que vocês podem vir a reconhecer.+

Eu também não possuo nem reivindico a foto da capa. A atriz é Gemma Arterton de Hansel and Gretel: Witch Hunter. Um amigo meu (iAltoSax) encontrou fotos online que ficariam bem juntas e as combinou para corresponder à minha história.


Capítulo XV -  Depois da Tempestade Vem a Calmaria


Descemos a extensa e estreita escadaria que se infiltrava por dentro do rochedo. Ao final, nos deparamos com as margens do Rio Anduin. Os anões estavam mais que ansiosos para entrar na água e rapidamente começaram a se despir. Mas em respeito a mim, mantiveram suas túnicas. Eu e ada nos despimos também e assim como nossos amigos, também ficamos com as nossas respectivas túnicas. mas Bilbo estava envergonhado demais para tirar suas roupas na minha presença. Ao olhar para mim, mesmo vestida com minha túnica verde claro, ficou completamente vermelho e escondeu seu rosto entre os joelhos, de vergonha, sentando no processo. Eu ri e fui ajudar Thorin, que ainda estava com dificuldade de tirar suas próprias roupas, devido ao ferimento recém tratado.

"Bilbo, porque não vai tomar banho também?" Eu perguntei, mas o hobbit estava irresponsivo, sem sair de sua posição. Eu ri um pouco mais e disse. "Não se preocupe, olharei para o lado enquanto você se despe. Oin irá tratar de seus ferimentos e você pode ir se banhar." Bilbo então se levantou, mas sem tirar seus olhos do chão. Pude ver o hobbit completamente vermelho, igual um pimentão. Eu ri novamente e me virei de costas para ele.

Um por um, tratamos das feridas dos anões que vinham até nós para se curarem e corriam para a água logo em seguida, onde se divertiam uns com os outros, como um bando de crianças. "Sobre o que aconteceu na Carroca." Ouvi Oin dizer ao meu lado. "Eu tinha ouvido falar sobre as maravilhas da medicina élfica. Foi um privilégio testemunhar." Eu sorri para ele.

"Infelizmente, não posso te ensinar sobre cura, pois levaria muito tempo. Eu mesmo levei anos para aprender tudo o que sei e mesmo assim ainda não sei tudo que pode-se saber. Mas posso te ensinar tudo o que aprendi sobre as diferentes ervas e fórmulas que descobri em meus anos de viagens pela Terra-média. Me sentiria honrada se o senhor me desse o privilégio de ceder seus conhecimentos a mim também." Eu comentei e ele sorriu consentindo.

"Será um prazer minha amiga." Ele disse e eu sorri mais ainda com sua resposta.

Após tratarmos dos últimos anões, decidi lavar e pendurar todas as roupas, afinal, viajar com roupas limpas sempre tornam a jornada mais leve. Enquanto isso, observei meus amigos se divertindo no rio e aquela visão aqueceu meu coração. Me alegrava vê-los sãos e salvos, depois dos perigos que enfrentamos poucas horas atrás. 

Tal comoção parecia impossível de se imaginar enquanto eu lutava com aquele monstro. Foi então que a imagem de Thorin caído no chão à beira da morte voltou a minha mente e uma lágrima ameaçou cair. Foi quando senti uma mão em meu ombro. "Porque não se junta a eles, querida?" Ada me perguntou. "Fará bem a você".

Eu sorri e coloquei minha mão sobre a de meu pai. "Não quero incomodá-los, eles estão se divertindo tanto." Eu comentei. "Além do mais, quando foi a última vez que nos banhamos juntos?"

"Tenho certeza de que a companhia dos mais jovens fará melhor a você do que um velho decrépito como eu." Gandalf disse.

Não pude conter uma risada. "Como se você fosse o único ancião aqui, eu já não sou mais jovem a anos" Eu disse rindo um pouco mais.

"Bem, tudo o que eu vejo é uma linda jovem que a meses atrás estava perdida e que agora tem um belo futuro bem ao seu alcance. Apenas esperando para que ela lute por ele." Ao dizer isso, meus olhos instintivamente caíram sobre Thorin e quando dei por mim sacudi a cabeça vermelha de vergonha.

"Pare com isso papai, a idade lhe afetou de tal forma que está começando a delirar. Venha vamos nos banhar." Eu disse e puxei meu ada para a água, enquanto ele ria da minha reação.

O vau era relativamente raso, cristalino e pedregoso. A água estava gelada, mas a sensação era tão boa que fez meus músculos relaxarem. Bilbo se manteve ao que pareciam quilômetros de distância de mim. Seus modos não o permitiam me ver daquela forma, muito menos ser visto por mim. Nem mesmo com os outros anões ele estava se sentindo confortável. Ada e eu nos banhamos em uma área mais sossegada enquanto os outros não estavam tão preocupados em limpar-se.

Quando estava de costas para o grupo, senti uma movimentação diferente na água próxima a mim e sorri. Foi então que me virei no momento exato e puxei dois anões, irritados ao saírem da água. "Acharam mesmo que poderiam me surpreender assim" eu disse rindo para os irmãos que riram de volta e começaram a fazer cócegas em mim para que eu os soltasse, o que fiz logo em seguida. Acabei por me juntar aos outros em suas brincadeiras. Eu estava extremamente feliz e eles pareciam sentir o mesmo com a minha presença. Foi quando meus olhos se encontraram com os de Thorin que estava recostado em uma pedra, não querendo participar devido ao seu corpo ainda dolorido. Ele sorria para mim e eu sorri de volta, quando um jato de água bateu em meu rosto e eu voltei minha atenção a guerra de água entre mim, Bofur, Fili, Kili e Ori.

P.O.V de Thorin

Estava sentado ao lado de Balin, enquanto observávamos nossos amigos se divertindo no rio. Meu corpo todo doía e sentia muito frio devido à água gelada. Mas eu estava tão cansado. E dolorido demais para me levantar.

"Você está bem meu amigo?" Perguntou Balin. "Está pálido. Quer que eu chame Splendarr?"

"Estou bem meu amigo. Apenas cansado." eu menti.

"Vocês dois nos deram um tremendo susto. Você principalmente anão teimoso."

"É eu sei." Eu disse fitando a água. Não tinha nenhuma explicação para justificar tal comportamento suicida.

"Enfrentar Azog frente a frente enquanto ele montava em um warg colossal e ainda com seus capangas na retaguarda. Brilhante ideia. Se não fosse por Splendarr você teria morrido meu amigo, e se Bilbo não tivesse impedido aquele orc os dois estariam mortos."

Neste momento, pensei na elfa gritando meu nome e correndo ferozmente ao meu resgate. Lembrei vagamente de estar deitado em seu colo enquanto ela falava comigo. O que ela dizia eu mal conseguia entender, mas podia ouvi-la chamando meu nome. Ela parecia desesperada. Lembrar daquilo fez meu coração martelar em meu peito. E Bilbo... aquele hobbit se jogou contra um orc para nos salvar. Eu sorri tristemente. Tratei os dois tão mal e eles foram os primeiros a vir em minha defesa...o quão errado eu estive este tempo todo.

"Eu realmente não sei o que deu em mim. "Comentei. "Nada justifica a tamanha burrice de enfrentar aquele orc. E você tem razão. Se não fosse por aqueles dois, provavelmente não estaria aqui." .

Balin suspirou ao meu lado. "Splendarr estava realmente preocupada com você. Ela chorou desde o momento em que aquele warg o abocanhou e apenas parou quando você finalmente abriu os olhos." ele comentou e eu corei com a informação.

"Eu a vi... enquanto estava inconsciente. Ela falava comigo, mas em Élfico, eu não entendia uma palavra do que ela dizia." Comentei.

"Ela recitou alguma coisa que o curou. Será que é o efeito do feitiço?" Balin perguntou.

"Pode ser, mas ela estava diferente. Usava um vestido branco lindo e brilhava intensamente em meio a completa escuridão. Ela estava tão linda...mais até do que já é, se isso é possível. Parecia um anjo. Foi quando ela beijou minha testa e eu abri os olhos e a vi sorrindo para mim, mas como ela é normalmente." Eu comentei, olhando para a elfa, enquanto ela corria atrás de meus sobrinhos. A febre devia estar me deixando maluco, mas não pude deixar de sorrir ao vê-la interagir daquele jeito com os meninos.

Balin ficou me observando por um tempo e finalmente quebrou o silêncio com um sorriso. "Nunca pensei que o veria olhar assim para alguém. Muito menos para uma elfa."

"O que quer dizer?" perguntei.

"Deixe para lá." Ele disse, balançando a cabeça. E então desviou o olhar em direção a nossa amiga. "Mas espero que você acorde logo. Nossa viagem é perigosa demais para deixar algo forte assim escapar." Ele comentou, eu fiquei olhando para ele sem entender, mas então vi a elfa se aproximar de nós e agachar na minha frente, olhando atentamente para mim.

"Thorin, você está bem?" Ela pôs a mão na minha testa e continuou. " Thorin, você está ardendo em febre, porque não me disse nada?" Ela perguntou visivelmente preocupada. "Venha, vamos sair da água" Ela estendeu a mão para mim e me ajudou a levantar. "Meninos, podem me trazer o casaco do tio de vocês por favor?'' Ela pediu aos meus sobrinhos, que estavam logo atrás dela, igualmente preocupados. Eles correram para fazer o que ela havia pedido. "Desculpa, Balin, mas terei de tirar Thorin da água, gostaria de nos acompanhar?" Ela perguntou

"Acho que ficarei mais um pouco querida, esta água está fazendo maravilhas aos meus ossos. E depois vai que você resolve usar essa magia de cura doida de elfo em mim de novo. Não obrigada vou ficar por aqui." Ela deu uma risadinha tímida e mais uma vez pude perceber que quando ria desta forma a ponta de suas orelhas ficavam ligeiramente vermelhas. Meu coração batia mais forte toda vez que ela fazia aquilo.

Caminhamos até uma árvore próxima e eu me sentei apoiando minhas costas nela. Estelwen usou sua magia para me secar e começou a inspecionar minhas feridas. Depois de feito, ela soltou um suspiro de alívio. "Nada infeccionado, a febre é provavelmente devido ao cansaço e a água fria." Os meninos entregaram meu casaco para a elfa e ela terminou de secá-lo com sua magia. Após me ajudar a colocá-lo, ela disse aos meninos que eu estava bem e que se eles quisessem, poderiam voltar para água. Eles acenaram com a cabeça e saíram para me deixar descansar. A elfa se sentou um pouco afastada de mim, abraçando seus joelhos. Ficamos em silêncio por um tempo até que ela se manifestou com um olhar triste.

"Como você pode ser tão teimoso?" Ouvi a elfa perguntar.

"Como assim?" Perguntei. Mesmo suspeitando do motivo.

"Onde você estava com a cabeça quando fez aquilo?" Ela perguntou, encarando o chão tristemente. Eu suspirei e respondi.

"Eu realmente não sei. Fiquei completamente cego pela ira, pela vingança. Senti como se nada mais existisse ao meu redor, apenas eu e aquele monstro." Eu comentei, irritado comigo mesmo.

"Você quase morreu Thorin." Ela disse agora olhando fundo em meus olhos. E para minha surpresa, seus olhos estavam marejados.

"S-sim. E acabei colocando todos vocês em perigo também. Especialmente você e o hobbit." Eu parei por um momento pensando no que dizer a seguir. "Você também foi bem imprudente, partindo para cima do orc daquele jeito."

"O que esperava que eu fizesse? Deixasse você morrer? Você não entende o quanto você é importante para nós, Thorin? O quanto você é importante para mim? Você não só é nosso rei, mas também nosso amigo. Como vou te proteger se você age da forma que bem entende, pondo sua vida em risco daquele jeito?" Eu pensei em retrucar mas não consegui, eu sabia muito bem que ela tinha razão. Ela suspirou e continuou, desviando seu olhar . "Só me prometa que não fará aquilo de novo."

"Eu...Eu prometo." Eu disse e ela sorriu para mim em resposta.

Com o sol a pino, meus amigos começaram a sair da água e vieram deitar-se próximos de nós, para se secarem ao sol. Estelwen permitiu que eu tirasse meu casaco e me juntasse a eles, enquanto isso, ela e Kili pescaram mais alguns peixes em uma região mais funda do rio, logo a frente. Já que todos os nossos suprimentos foram pegos pelos Goblins, íamos precisar de algo para comer. Tivemos um descanso merecido aquela noite. Depois de tudo que passamos nos dias anteriores.

﹥━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━━

Passaram alguns dias desde a nossa luta contra Azog e cada vez mais, dormir tem provado ser um desafio para mim. Desde o ataque em Erebor e a tentativa fracassada de retomar Khazad-dûm, meus sonhos têm sido repletos de pesadelos, que se intensificaram com os acontecimentos recentes. Saber que o Profano ainda estava vivo, o fato de estarmos cada vez mais próximos de Erebor, e acima de tudo... aquela elfa. Havia algo que me incomodava profundamente e depois de tudo o que ela tinha feito por mim e pela minha companhia e especialmente pelo que eu tinha feito a ela, pensei que devia dizer-lhe o que tinha em mente, mas não fazia ideia de como ela iria reagir. Finalmente desisti de dormir e aproximei-me da fogueira onde meus melhores amigos Dwalin e Balin faziam sua vigília.

"Não consegue dormir, meu amigo?" Dwalin perguntou enquanto afiava o seu Machado de Batalha.

"Não, nem um pouco". Eu respondi.

"O que está povoando seus pensamentos, meu rei? É sobre Splendarr?" Balin perguntou-me. Eu olhei para ele me perguntando como ele poderia saber. Não havia dúvida, ele me conhecia melhor do que qualquer um.

"Sim... ela alguma vez lhe disse se queria ou não saber quem era a sua mãe? Por acaso se lembra de algo do género?" Perguntei.

"Bem, é mais do que normal que as crianças adoptadas queiram saber quem são os seus verdadeiros pais, mas agora que perguntou, lembro-me que ela mencionou ter conhecido o pai, mas ainda não sabia da sua mãe e gostaria de lhe perguntar porque é que ela foi entregue para outros cuidarem." Ele comentou pensativo, aparentemente procurando as informações em suas lembranças. "Mas porquê isto agora?"

"Descobriu alguma coisa na cidade dos elfos, meu amigo?" perguntou Dwalin, bastante interessado em saber algo sobre sua nova amiga.

"Sim... pelo menos acredito que sim. Acho melhor continuarmos a nossa conversa longe do acampamento, longe o suficiente para que Estelwen não nos ouça." Comentei.

"Claro, ficarei de vigia no caso dela aparecer para trocarmos de turno e resolver perguntar por vocês. Podem ir". Disse Dwalin enquanto agitava o fogo para que ele não se apagasse.

"Obrigado meu irmão, estaremos de volta em breve, lhe contarei tudo mais tarde". disse Balin. Dwalin apenas concordou com a cabeça e voltou a remexer o fogo.

Entrámos na floresta, tendo a certeza da direção para onde ficava o acampamento. Quando chegámos a um ponto em que acreditávamos estar suficientemente longe dos ouvidos da elfa, retomamos nossa conversa.

"Na noite em que Estelwen e eu fomos dar um passeio, nos encontramos com uma senhora elfa." Comecei dizendo. "Estelwen me disse que ela era a sogra de Elrond e referiu-se à ela como sua tia. Elas pareciam muito próximas, pude sentir que tinham muito carinho uma pela outra, foi aí que reparei em algo bastante peculiar". Comentei, sem tirar os olhos da direção de onde viemos.

"E o que foi?" perguntou Balin.

"A forma com a qual a senhora olhava para Estelwen. Tinha o mesmo olhar que Dís tinha pelos meninos. Um olhar de uma mãe. Além disso, elas compartilhavam de inúmeras semelhanças. Você certamente já reparou nos olhos dela, certo? De um azul incrivelmente claro". Eu comentei.

"Ah sim... Nunca tinha visto olhos assim, nem mesmo entre os anões. Eles são incríveis". Ele comentou, recordando com admiração da elfa

"Sim...são como topázios, tão claros e brilhantes". Eu comentei, e vi que o meu amigo formou um sorriso largo em seus lábios, insinuando algo. Revirei os olhos e limpei a garganta. "Bem como eu ia dizendo, eles não são comuns, e posso dizer-lhe com certeza, aquela elfa, acredito que seu nome era Galadriel. Tinha exatamente os mesmos olhos que a nossa elfa, como um reflexo num espelho. Pensando bem, Estelwen era muito parecida com ela, só que mais jovem.

"Então... acredita realmente que..." perguntou Balin pensativamente.

"Sim, meu amigo, acredito firmemente que aquela elfa seja a mãe de Estelwen". Eu comentei.

"E você está em dúvida se deve contar a ela ou não, certo?" Perguntou ele.

"Sim." Eu disse, dando um longo suspiro. "Não sei o que fazer, imagino que ela queira saber. E tem o direito de saber mas... elas se conhecem a anos, ela visivelmente gosta daquela senhora. Receio que, se lhe disser, ela acabará ficando magoada quando descobrir a verdade, afinal, como se sentiria se uma pessoa que ama e convive a anos fosse durante todo esse tempo a sua própria mãe"?

"Certamente me sentiria traumatizada e sobretudo traído". Ele comentou e eu concordei.

"Exatamente." Eu suspirei. "Não suportaria vê-la triste. Ela já sofreu demais por causa disso. O que devo fazer, meu amigo?"

"É de fato um assunto delicado, meu amigo." Balin comentou, pensativo. "Penso que é melhor esperar, talvez depois de retomarmos Erebor. Estar segura num ambiente familiar pode ser o melhor momento para conta-la". Ele comentou ao colocar a sua mão sobre meu ombro.

"Tem razão...bem, é melhor voltarmos, em breve será o turno de Estelwen e ela vai querer saber onde estamos." Eu comentei e tomei o rumo de volta para o acampamento.

"Sim, meu rei. Vamos". Balin disse atrás de mim, em meio a uma pequena risada.

Ao voltarmos para o acampamento, Estelwen já estava sentada em frente a fogueira, conversando com Dwalin. Como não conseguia dormir, resolvi pegar o turno de vigia com ela. Conversamos de tudo um pouco e para meu alivio, Estelwen nada perguntou sobre a conversa que eu e Balin tivemos.

Na tarde seguinte, após algumas horas de caminhada, paramos para descansar em meio a rochas que rodeavam nossa trilha. Mandei Bilbo verificar nossa retaguarda para certificar-se a que distância os orcs estavam e enviei Estelwen mais a frente, para ver se nosso caminho estava livre. Estelwen foi a primeira a retornar com seu relatório.

"Nenhum perigo à frente, estamos seguros." Ela disse e logo em seguida apareceu Bilbo, muito ofegante.

"A que distância eles estão?" Perguntei ao Hobbit que descia pela trilha, apressado.

"Bem perto. Umas duas léguas no máximo. Mas isto não é o pior." Ele disse enquanto tentava recuperar o fôlego.

"Os wargs sentiram nosso cheiro?" Perguntou Dwalin.

"Não, mas vão sentir. Temos outro problema." Ele comentou.

"Eles viram você?" Perguntou Gandalf.

"Não, não é isso não." disse Bilbo ficando impaciente.

"Ah, o que eu lhes disse? Quieto como um rato. Um ladrão de ótima qualidade." Comentou o mago e todos começaram a concordar.

"Por Mahal querem por favor deixar o homem falar?!" Estelwen gritou pegando a todos de surpresa. Até mesmo Bilbo. "Conte-nos Bilbo qual o problema?"

"O-obrigado." Disse com um sorriso "Estou tentando dizer que tem alguma outra coisa lá." Nosso grupo se entreolhou preocupado e vi Estelwen arregalar os olhos de preocupação, o que me deixou mais nervoso ainda. Ela se aproximou do Hobbit e pôs suas mãos uma de cada lado de seus ombros e abaixou para olhar fundo em seus olhos.

"Qual era a forma dela?! Um urso?!" Ela perguntou aflita.

"S-Sim, sim, só que maior. Muito maior." Ele respondeu surpreso.

"Sabia sobre esta fera Estelwen?" Perguntou Bofur preocupado.

"Temos que sair daqui, agora mesmo." Ela disse aflita, liberando o Hobbit de seu aperto. Enquanto isso, Gandalf se afastou um pouco pensativo.

"Eu acho melhor voltarmos" disse Bofur apavorado.

"E sermos mortos por um bando de orcs?" Eu perguntei irritado.

"Existe uma casa. Não muito longe daqui. Onde podemos buscar refúgio." O mago comentou finalmente.

"De quem é a casa? Amigo ou inimigo?" Eu perguntei.

"Nenhum dos dois. Ele vai nos ajudar ou vai nos matar. Mas com Estelwen ao nosso lado, é mais provável que ele nos aceite em sua casa" Disse o mago.

"Não, nem pensar. Ada está maluco?!"A elfa comentou extremamente ansiosa enquanto se aproximava de seu pai. "Nem mesmo eu serei capaz de convencê-lo a aceitá-los." 

"Que escolha nós temos?" Eu perguntei. Mas Estelwen parecia muito zangada, ela abriu a boca para falar, mas foi abruptamente interrompida por um rugido terrível vindo de trás das árvores, do caminho por onde Bilbo tinha vindo.

"Nenhuma." Comentou o mago. Ouvi Estelwen reclamar algo inaudível.

"Vamos! Corram!" Ela gritou e partiu na frente para nos mostrar o caminho.

Corremos sem parar, atravessamos córregos, um extenso gramado florido e novamente por entre as árvores, mas os rugidos estavam cada vez mais próximos. Foi então que no momento em que chegamos a uma clareira, Estelwen parou de repente e se virou, encarando a floresta atrás de nós, provavelmente na direção da besta.

"Ada, leve-os para a casa." Ela disse esticando o braço na direção em que deveríamos seguir. Mas sem tirar os olhos da floresta atrás de nós. "Eu vou atrasá-lo." Ela comentou enquanto passava por nosso grupo em direção a floresta. Eu a puxei pelo braço e protestei.

"Você está maluca? Como pretende enfrentar sozinha  algo maior que um urso." Eu disse enfurecido. Ela retirou seu braço de meu aperto e disse com um sorriso.

"Não se preocupe, eu vou ficar bem." Vi determinação nos olhos dela. Ela parecia saber o que estava fazendo.

"Vamos, rápido!" Gritou o mago e Dwalin começou a me puxar. Estelwen assumiu sua forma de lobo e se pôs em posição de ataque. Neste momento vimos a enorme fera sair por detrás das árvores, bufando e rugindo com seus dentes arreganhados, avançando em nossa direção.

"Nem pensar que vou deixar ela lutar contra isso sozinha." Eu disse. Desembainhando minha espada.

Mas Gandalf me puxou e disse "Confie nela. Ela já lutou com ele várias vezes. Ela vai ficar bem. Se ficarmos, só vamos atrapalhá-la. Vamos!" O mago gritou e voltamos a correr. Antes de entrarmos para dentro da floresta olhei para trás e pude ver minha loba saltando com seus dentes arreganhados contra o urso. Ela evitou sua mordida e agarrou seu pescoço. Eu fechei meus olhos e voltei a correr, mas pude sentir lágrimas escorrerem em meu rosto.

Ao chegarmos a uma campina vimos um muro verde comprido com uma porta no meio. Apressamos o passo e entramos pelo portão. Nós simplesmente ignoramos tudo o que havia ao nosso redor e continuamos a correr em direção a primeira porta que vimos. A do celeiro. Abrimos a porta e entramos, fechando-a logo em seguida, o mais rápido possível e transpassamos uma taboa de madeira no meio, para garantir que não pudesse ser aberta facilmente pelo outro lado.

O celeiro possuía um pé direito alto e era sustentado por pilares inteiramente entalhados de forma deslumbrante, um trabalho de mestre. O chão estava forrado de palha e tinham algumas vacas, muito dóceis, que não pareciam se incomodar com a nossa presença.

"O que que era aquilo?!?" Perguntou Ori tentando recuperar o fôlego.

"Nosso anfitrião." O mago disse e olhamos para ele incrédulos. "O nome dele é Beorn. Ele foi professor de Estelwen por anos." Ele comentou enquanto andava pelo celeiro. "E ele é um troca-peles. De vez em quando ele é um enorme urso negro. Estelwen criou o feitiço de se transformar em loba para patrulhar com ele e poder controlá-lo caso necessário. Em outros momentos, ele é um homem grande e forte. O urso é imprevisível, mas com o homem pode se conversar." Comentou. "No entanto, ele não tem grande apreço por anões. É por isso que minha filha queria evitá-lo." concluiu.

Ori começou a acariciar uma das vacas do celeiro e Dori o puxou. "Não toque nelas, nada aqui é natural. Muito menos aquela coisa. Ele deve estar sobre um poderoso feitiço."

"Não seja tolo." Disse Gandalf irritado. "Ele não está sob encantamento. Comam um pouco todos vocês. Estarão seguros esta noite."

"Como pode estar tão calmo com sua filha lá fora enfrentando aquela coisa sozinha?!" Eu perguntei irritado para o mago.

"Ela é mais forte do que pensa meu caro anão. E não havia nada que pudéssemos fazer. Se ficássemos. Ela iria se preocupar mais com nossa segurança do que com a luta em si." Ele parou em seu caminho e se virou para mim novamente. "Não pense que não estou preocupado. Eu estou apavorado. Mas nos desesperamos por causa disso não vai adiantar de nada. Ela estará de volta logo logo." Ele concluiu e se afastou de nós, dizendo baixinho. "Assim espero."

"Tio, venha aqui, rápido." Ouvi meus sobrinhos me chamarem ao fundo do celeiro. Quando me aproximei deles, vi alguém que acreditava nunca mais encontrar novamente.

"Olha tio, não é Beleza?" Perguntou Fili enquanto acariciava o pescoço do animal. "É ele sim tio, é Beleza Negra." Disse Kili sorridente enquanto acariciava o outro lado.

"Então foi para cá que você veio, amigo." Eu disse enquanto acariciava o focinho do cavalo, que parecia muito feliz em nos ver novamente. "Me pergunto como você conseguiu chegar até aqui. Não se preocupe, sua dona já vai voltar." 'Assim eu espero'.

Estendemos nossas camas pelo chão do celeiro e nos acomodamos para dormir. Eu me deitei encarando o vazio pelo que pareciam horas, sem conseguir pegar no sono. A noite já havia caído quando resolvi me levantar e vi Gandalf sentado em uma cadeira na cozinha, perto da lareira. Ele fumava seu cachimbo perdido em pensamentos. Decidi me juntar a ele.

"Também não consegue dormir?" Ele perguntou baixinho enquanto eu me aproximava. "Está pensando em minha filha não esta?"

"Ela já está lá fora há horas. Devíamos ir atrás dela." Eu disse enquanto escorava ao lado da janela da cozinha para olhar lá fora. Peguei meu cachimbo e comecei a prepará-lo com o Velho Toby que Estelwen havia me dado.

"E darmos de cara com Beorn? Meio imprudente não acha?" Ele comentou, enquanto se levantava e estendia seus dedos que ao estalarem formaram uma pequena chama e me ajudou a acender meu cachimbo.

"E vamos ficar aqui sentados sem fazer nada?" Eu perguntei.

"Ela morou aqui por mais de 1000 anos. Ela conhece esta floresta melhor do que muitos. E sabe lidar com o Urso. Ela não será imprudente a ponto de deixar que ele a pegue." Ele disse enquanto voltava a se sentar.

"Espero que esteja certo." Comentei, enquanto tragava meu cachimbo, sem conseguir tirar os olhos da janela. Pude ouvir uma pequena risada vindo do mago. Me virei para encará-lo, com olhar interrogativo.

"É muito bom ver que vocês a aceitaram. Não a vejo feliz assim há tantos anos. Ela ficou perdida sem saber onde pertencia e quem ela era por tempo demais. Uma meia-elfa, nem elfa, nem humana, que viveu com anões com os quais acreditou não poder mais conviver. Buscou respostas em tantos lugares para encontrá-las em meio a 13 anões, um hobbit e um mago em uma jornada para retomar o que um dia foi seu lar."

"Ela parece tão alegre a maior parte do tempo. Não podia imaginar que havia passado por tanta coisa... Eu custei tanto a acreditar nela." Comentei.

"Algo que provavelmente você já deve ter percebido. Ela tende a esconder muito seus sentimentos negativos e até mesmo seu bem-estar. Se ela achar que vai incomodar ou prejudicar alguém, ela retém para si."

"Como aquele dia com sua perna. Ela não queria contar porque achava que isso ia nos atrasar." Eu comentei e o mago assentiu com a cabeça.

"Mas se for para mostrar aos outros aquilo de melhor que eles têm. Ela não esconde nada." Ele comentou sorrindo. E eu sorri de volta ao lembrar daquela noite em Valfenda.

"Espero que ela me perdoe. Por ter sido tão cruel com ela no início." Eu disse tristemente.

"Quanto a isto não se preocupe. Ela entende perfeitamente seus motivos." Foi então que ouvimos um barulho no telhado e eu fiquei alerta.

"O que foi isso?" perguntei, olhando atentamente para o teto.

"O motivo da nossa conversa." O mago disse sorrindo. "Bem, se conheço minha filha, ela não vai descer tão cedo. Podemos descansar agora." Ele comentou enquanto se ajeitava na cadeira e apagava seu cachimbo.

"Você não quer..." Comecei a dizer mas o mago já estava com as mãos cruzadas em seu colo e de olhos fechados, dormindo. "Bem, vou ver como ela está." Eu comentei e me virei, mas podia jurar ter visto o vislumbre de um sorriso em seus lábios.

Subi uma escada de madeira que dava para uma escotilha, permitindo acesso ao telhado. Quando a abri, olhei em volta e vi a elfa sentada em uma pequena plataforma em cima do telhado, observando a floresta. A luz da lua refletia em seus cabelos e pude perceber que haviam lindas mechas douradas.

"Desculpe-me, não quis acordá-lo." Seu comentário me tirou de meus devaneios e engatinhei telhado acima em direção a ela.

"Não se preocupe, eu não estava conseguindo dormir." respondi. Ao chegar à plataforma, me levantei e tirei meu casaco, colocando-o em seus ombros e me sentei ao seu lado. Ela me agradeceu e fechou meu casaco mais um pouco para barrar o vento.

"Você está bem? Ele te feriu? Estávamos muito preocupados com você."

"Nada que eu já não esteja acostumada." Ela disse sorrindo "Não é a primeira vez que eu o enfrento. Como Urso, ele não consegue distinguir pessoas boas de caçadores hostis. Meu trabalho aqui era guiar os viajantes para fora da floresta sem encontrar com ele. Mas algumas vezes, por algum descuido ou por estarem fazendo barulho demais, ele nos encontrava. Aí eu desenvolvi a magia de loba. Assim poderia patrulhar com ele e enfrentá-lo caso fosse necessário." Ela riu um pouco e continuou. " Amanhã ele vai estar inconsolável quando me ver toda machucada"

"Vou pedir para Oin te examinar assim que ele acordar de manhã." Eu comentei

"Obrigada, mas não precisa se preocupar. Não tive nenhum ferimento grave." Ela disse

"Você jura?" Perguntei sério.

Ela pareceu surpresa com a pergunta, mas então me olhou com seu sorriso doce, querendo me passar segurança. "Sim. Mas se eu sentir alguma coisa eu prometo que o procurarei." Vi sinceridade em seus olhos e então me contentei com sua resposta.

"Sabe, desde que Erebor foi perdida aquele dia. Eu voltei aqui apenas uma vez, a uns 20 anos atrás, quando Beorn me deu Beleza para me fazer companhia, depois disso nunca mais pus os pés nesta floresta. Agora vejo o quanto eu sentia falta daqui. De Beorn, dos animais. Desse céu incrivelmente estrelado." Eu olhei para o céu e tive que concordar com a elfa. Fiquei por anos tão focado no que estava a minha frente  que me esquecia de relaxar e simplesmente olhar para o céu e observar as estrelas. Havia me esquecido de como o céu era lindo a noite. "Espero que minhas crianças estejam bem. Eles devem estar enormes a esta altura." Seu comentário me pegou de surpresa.

"Suas crianças?!" Perguntei incrédulo.

"Ah, desculpe, não é o que está pensando. Eu criei quatro lobos gigantes por um tempo." Ela comentou.

"Mas lobos não são seguidores do Senhor do Escuro? Acha prudente criar tais criaturas?" Eu perguntei.

"Pensei nisso no início. Mas eu não podia deixá-los à própria sorte. Encontrei uma enorme e linda loba branca uma vez, presa em uma armadilha. Mas ela infelizmente não sobreviveu à fome. Segui seu cheiro até uma caverna e lá, para minha surpresa, encontrei um lindo filhote. Um lobo negro. O nomeei Khozoh (heroi), o maior lobo que já vi em toda minha vida. Eu o trouxe para cá e implorei para Beorn que me deixa-se cuidar dele. Beorn não gostou da ideia, tinha o mesmo receio dele se rebelar caso Sauron voltasse. Mas jurei que o criaria de forma que ele nunca se aliasse as trevas. Espero que neste tempo em que fiquei fora eles não tenham seguido este caminho." Ela comentou.

"E os outros três?" Eu perguntei.

"Encontrei Shomakhalinh (donzela guerreira) pouco tempo depois, uma loba branca muito doce, mas parecia um monstro quando lutava para nos defender. Criei ela junto com Khozoh e depois de um tempo eles tiveram dois filhotes, um acinzentado claro, Azaghâl (guerreiro) que lutava com unhas e dentes para proteger o irmão, sua personalidade me lembra muito a de Fili, e o mais novo, cinza escuro, Ukrad (grande coração), ele é muito brincalhão e carinhoso, como Kili. Alias, ele e Azaghal não se desgrudavam, andavam sempre juntos." Ela contou rindo, parecia sentir muita falta de sua pequena família.

"Gostaria de conhecê-los, eles parecem animais incríveis." comentei.

"Certamente os encontraremos na Floresta das Trevas. Foi onde nos vimos pela última vez. Tenho certeza que me encontraram lá, um lobo não esquece o cheiro da família. Sabia que eles podem percorrer quilômetros patrulhando o território mas sempre conseguem localizar sua matilha mesmo depois de dias? São criaturas formidáveis. Talvez por isso eu tenha escolhido a aparência de um lobo como animal."

"Para encontrar uma família" Eu disse com um sorriso.

"Sim...talvez seja por isso..." Ela respondeu tímida. "De qualquer forma, você vai amar Khozoh ele é um líder nato, teimoso mas muito nobre." Ela comentou rindo um pouco.

"Eu tenho certeza que sim" Comentei, mas algo me chamou a atenção quando vi uma massa negra na saída da floresta.

"É Beorn?" eu perguntei

"Sim, está voltando ao normal, a transição não é muito agradável." Ela comentou enquanto olhava com pena para seu velho amigo e mentor. "Minha magia apenas altera minha imagem mas eu continuo sendo uma elfa, já ele muda toda sua conformação e isso é doloroso." Ela é interrompida por um bocejo e continuou. "Talvez por isso ele fique um tanto quanto imprevisível."

"Você deve estar exausta, não quer entrar?" Eu perguntei. Ela sacudiu a cabeça negativamente.

"Pode ir se quiser, não vejo este lugar a tanto tempo... e partiremos logo logo, então, queria aproveitar ao máximo. A não ser que...você queira me fazer companhia..." Ela perguntou. Eu sorri e disse que ficaria.

Conversamos um pouco mais sobre sua vida sob os ensinamentos de Beorn. Ela me contou das inúmeras aventuras e dos vários viajantes que ela conheceu por aqui. Mas seu cansaço venceu e ela recostou em meu ombro, caindo completamente no sono. Meu coração martelava em meu peito, mas eu não tive coragem de acordá-la, eu então sorri, dizendo baixinho. "Boa noite...minha loba." Depois de um tempo, o sono tomou conta de mim também e acabei recostando minha cabeça na dela. Para minha surpresa, não tive pesadelos naquela noite.

Continue Reading

You'll Also Like

679K 20.1K 29
Você e sua mãe tinham acabado de se mudar para a casa do seu padrasto e foi então que você descobriu que teria um meio-irmão, você só não esperava sa...
532K 28.2K 101
• DARK ROMANCE LEVE 𝐎𝐍𝐃𝐄 nessa história intensa e repleta de reviravoltas, Ruby é um exemplo de resiliência, coragem e determinação. Ela é uma pr...
236K 16.7K 96
"To ficando 𝘃𝗶𝗰𝗶𝗮𝗱𝗼 nesse beijo teu" - 𝗟𝗲𝗻𝗻𝗼𝗻 lembro quando nós nem tava junto, mas se falava direto geral dizendo que nós combina muito...
55.5K 4.6K 51
𝑹𝒐𝒄𝒊𝒏𝒉𝒂 - 𝑹𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑱𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐 📍 Leticia, 21 anos, vulgo Sirius, é uma criminosa em ascensão no mundo do crime no Rio de Janeiro. Não s...