Heartbreaker

By bizzleztz

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Addison Moore queria muitas coisas e uma delas era Justin Bieber, o garoto mais bonito do colégio e que para... More

Personagens
Prólogo
1 - Angel
2 - The most beautiful boy in the whole school
3 - My favorite girl
4 - Date
5 - The same boy and the same vacancy
6 - The heart wants what it wants
7 - You really like her?
8 - Damn, Angel
9 - A truce
10 - She is not so bad
11 - I'm in love with you
12 - Starting to feel attracted
13 - I hate this girl
14 - Company and embraced
15 - Bob is dog name
16 - Discussion between friends
17 - The vacancy is not her
18 - I need help
19 - I will still conquer him.
20 - Perfect match
21 - Proposal for Angel
22- First kiss.
23 - Call out my name
24 - Justin's party
25 - First Time
26 - Heartbreaker

27 - Cut You Off

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By bizzleztz

Justin Bieber

Canadá — 2016

"E eu poderia aproveitar pra te falar enquanto estou bêbada, é
A verdade é que acho que já tive o suficiente
Mexendo profissionalmente com minha confiança
Como eu pude confundir essa merda com amor?
Então eu tenho que
Tirar você da minha cabeça agora
Eu apenas te cortei."

Assim que Addison saiu deixei a tensão que sentia, pela preocupação com minha mãe, dar uma pausa e deixando um arrependimento me consumir, lembrando dos seu olhar triste e perdido antes de deixar o hospital. E mesmo lembrando das coisas que Jazmyn havia me falado dias atrás, meu estômago ainda revirava.

— Se fosse com a Jazmyn, você voltaria com dois olhos roxos para casa! Christian é muito bonzinho — meu pai comentou ao meu lado.

Eu sabia.

— Eu quero que você vá embora — disse para Beatrice.

Eu não havia avisado Beatrice do acidente, muito menos chamado ela ou a abraçado como Addison pode ter achado e parecido. Ela havia acabado de chegar, segundos antes de Addison e simplesmente me agarrou à ela. Eu podia ser o maior filha da puta do mundo, mas nunca me envolveria com Beatrice sabendo que Addison à considerava sua amiga e que me amava. E pensar isso me fez questionar quando eu comecei a me importar tanto assim.

O que eu fiz para ela sentir isso? Eu nunca sequer quis que ela sentisse algo por mim, mas eu sabia que ela sentia e não queria ser um idiota e ignorar isso, magoá-la como das outras vezes que fazia questão de esfregar as garotas que ficava em sua frente.

Por que isso mudou?

Tento puxar aqueles pensamentos que sempre me ajudaram a evitar Addison, a não pensar nela, mas simplesmente não conseguia. Addison não vinha mais à minha mente com pensamentos ruins como no começo do ano, ela havia conseguido me mostrar um outro lado e eu a via com outros olhos. Eu queria simplesmente ligar o foda-se e não me importar com isso, mas ainda me sentia como se tivesse feito algo errado.

Bufei, esfregando o rosto.

— Como assim? — ela riu, parecendo desacreditada. Olhei para meu pai e minha irmã, que virou o rosto para mim. — Eu vim te apoiar.

— Eu sei o que você veio fazer aqui Beatrice, você foi mais cedo na minha casa e deixou claro suas intenções. Só que isso — apontei para ela e depois para mim. — Não vai rolar. Eu sequer tenho interesse em você, garota!

Beatrice deixou os ombros caírem e piscou algumas vezes.

— Mas eu sei que... — interrompi ela.

— Independente do que você achou. Aliás, eu não sei o que você está fazendo aqui. Eu não te chamei e muito menos te avisei. Como soube que eu estava aqui? — perguntei sério.

— Ela está te perseguindo, não entendeu ainda seu idiota? — Jazmyn me respondeu, sendo mal criada. — Essa talarica — Jazmyn metralhou Beatrice com o olhar. — Meu Deus, eu sempre achei estranho alguns comportamentos seus e olha só...

Minha irmã negou com a cabeça.

— Ei, não estou perseguindo ninguém. Foi Chaz quem me contou — apontou para trás, para o garoto que acabava de chegar.

— Ah pronto, agora isso daqui vira uma festa cheia de pirralhos — meu pai bateu com as mãos, se afastando. — Vou ver se consigo alguma notícia. Essa espera está me matando.

— O que foi? — Chaz perguntou se aproximando.

— Você, fazendo merda, seu idiota! — Nolan respondeu por mim e Chaz enrugou a testa confuso.

— Mas o que eu fiz? — perguntou e eu passei os dedos entre meus fios, antes de responder.

— Depois falamos disso! Eu só quero saber da minha mãe agora e você — apontei para Beatrice. — Não vai usar isso para tentar se aproximar. Eu estou cansado disso, das pessoas me usando e se aproveitando das situação para se aproximar então vai embora — suspirei, não sabendo se agora eu estava falando dela ou de Angel.

A garota bufou e foi até a cadeira, pegar sua bolsa. Chaz balançou a cabeça, me vendo expulsar Beatrice do hospital.

— Você está me expulsando por causa de Addison. Eu realmente pensei que você não ligasse para ela.

Enchi o peito de ar e soltei, antes de respondê-la:

— Estou te mandando embora porque não é você quem eu quero aqui.

Beatrice saiu marchando e eu suspirei, sentindo o ambiente mais leve. Eu nunca quis ela aqui, sequer conversava com essa garota no colégio. Ela é louca!

— Cara, você têm alguma notícia? — Chaz perguntou enquanto me sentava em uma das cadeiras.

Descansei os cotovelos em minhas coxas e escondi o rosto entre as mãos. Minha cabeça começou a doer.

— Não pode acontecer nada com a minha mãe, Nolan, não pode! — escutei minha irmã dizer, fazendo meu coração apertar.

Droga!

— Ainda não — respondi abafado e senti sua mão bater de leve nas minhas costas, em forma de conforto.

— Eu sinto muito — Chaz sussurrou, ao meu lado.

                                    ***

— Tenho notícias — meu pai voltou, me fazendo pular da cadeira e ficar em pé, assim como os outros. — O médico vai dizer para todos nós juntos.

Vi meu pai ao lado do homem de jaleco e logo percebi que se tratava do médico.

Ele têm que ter notícias boas. Por favor. Pedia mentalidade ou melhor; implorava.

Do outro lado do corredor também havia outra família e eles pareciam menos apreensivos que nós. Era óbvio que o hospital estava cheio, mas aquela ala era a mais tranquila do local. Aquele silêncio, aquele cheiro de medicamentos e... Morte, me deixava pior.

— O que, pai? Como está a mamãe? — Jazmyn logo perguntou, tão apreensiva quanto eu.

— A situação dela é estável por enquanto, o enfermeiro responsável me disse que ela redobrou a consciência assim que chegou no hospital. Vão fazer uma cirurgia específica porque ela teve uma pancada muito forte que causou uma hemorragia abdominal — o médico disse e meu pai passou as mãos sobre o rosto cansado.

— Isso é muito grave? — perguntei preocupado. — Eu quero ver minha mãe.

Já havia ouvido falar sobre hemorragia abdominal, mas nunca tive o menor interesse em pesquisar. E isso me fez xingar a mim mesmo, porque agora não me sentiria tão no escuro assim.

Que merda de filho eu sou? Quando percebo, estou me culpando, culpando meu pai, minha irmã, todos, como se alguém tivesse culpa do acontecido.

Eu só... Quero minha mãe bem logo.

— Não posso dizer que é uma coisa normal, principalmente no estado dela, mas temos ótimos profissionais e vai dar tudo certo — o homem olhou no tablet em sua mão.

— Estado dela? Como assim? — meu pai perguntou sério e bastante preocupado.

— Eu não posso dar um diagnóstico sobre incertezas, ainda vamos fazer exames, mas depois disso posso dizer — ia abrir a boca, mas ele continuou. — Agora o que precisamos é de doação de sangue, se algum parente próximo puder vai ser ótimo, estamos sem bolsas o suficiente de O negativo.

— Eu posso — disse um pouco alto, mas animado.

Senti uma alegria percorrer o meu corpo, eu ia ajudar a salvar minha mãe. Eu e ela temos o mesmo tipo sanguíneo, lembro nos exames que fiz uma vez que dizia meu tipo sanguíneo.

— Então ele vai agora mesmo — meu pai disse vindo até mim. — Ele já pode tirar o sangue... — Jazmyn interrompeu.

— Pai... — eu não deixei que Jazmyn concluísse.

— Agora e já fazer a transfusão, o mais rápido possível...  — completei.

— Pai — Jazmyn exclamou e olhamos para ela.

— O que foi? — meu pai perguntou.

— Justin fez uma tatuagem em menos de seis meses, dois dias antes da volta das aulas — ela me disse e eu enruguei a testa.

— Não, eu não fiz... — pausei, lembrando.

Havia saído com o pessoal do time do ano passado, que ainda era o mesmo desse ano e todos havíamos decidido fazer o escudo do nosso uniforme. Era uma tatuagem pequena e parecia boba, mas o significado era importante. Algo que sempre vamos amar, é o basquete, mas merda, eu amo muito mais minha mãe e agora eu não posso ajudá-la por causa disso.

— Eu fiz! — murmurei baixo, cansado.

— Eu sou A positivo — Chaz respondeu desanimado, por saber que não poderia ajudar. — O que vamos vou fazer?

— Eu também não posso — Nolan se prontificou.

Vi meu pai cerrar os punhos e vim para cima de mim, puxando minha camisa.

— SEU MOLEQUE INÚTIL! QUANTAS VEZES EU TE DISSE PARA PARAR COM ESSAS MERDAS? VOCÊ NÃO SERVE PARA NADA JUSTIN. NÃO SERVE PARA CUIDAR DO MEU IMPÉRIO E SEQUER PARA FAZER O MÍNIMO QUE É SALVAR A VIDA DA SUA MÃE. VOCÊ É UM LIXO DE FILHO! — ele cuspiu contra mim, me pressionando contra a parede, enquanto puxava o meu corpo e fazia minha cabeça bater contra a mesma.

Porém, aquela dorzinha não chegava sequer perto da culpa que eu sentia.

Eu não deveria ter feito a tatuagem, eu não deveria ter saído de casa naquele dia e ido beber com meus amigos, eu não deveria ser um péssimo filho, que não servia sequer para doar o sangue para a própria mãe.

Imprestável, inútil, um bosta!

É isso que você é, Justin.

Jeremy estava certo, eu não servia para fazer o mínimo. Agora o que acontecer com a minha mãe, é minha culpa.

Virei o rosto, engolindo a seco e o médico me encarou com dó. Merda, eu odiava que as pessoas me olhasse assim, com dó, pena.

Velho filho da puta!

— Ei, acalmem os ânimos. Isso é um hospital e não um ring! — o médico disse, enquanto Chaz e Nolan tentavam puxar meu pai de perto de mim. — Eu vou chamar a segurança.

Se Jeremy me batesse, eu não revidaria. Eu merecia.

— Para com isso tio, o Justin não sabia que isso ia acontecer — Nolan o empurrou para longe de mim.

— Justin nunca sabe de nada, né!? — riu com ironia. — Se alguma coisa acontecer com a sua mãe, eu vou te culpar pra sempre, inútil.

— Pai, para com isso, Justin não tem culpa. Como íamos saber que a mamãe ia precisar de doação de sangue? Como íamos imaginar esse acidente? Não seja injusto. O senhor também sabia que ela não dirigia há meses e mesmo assim não a impediu de ir. Estamos te culpando por isso? Não! A culpa não é de ninguém — Jazmyn bateu o pé, séria. — Eu estou preocupada com a minha mãe, com medo de algo acontecer com ela. Eu queria que isso fosse um pesadelo qualquer e que eu pudesse acordar qualquer hora e ver minha mãe bem, mas não, enquanto fico sofrendo aqui eu sou obrigada a escutar DR do meu irmão com a minha amiga, que eu queria aqui me apoiando mas foi literalmente expulsa. E como se não bastasse, depois uma briga com meu pai. Deixem de egoísmo, não é só vocês que estão sofrendo.

Ela ficou entre mim e meu pai. Eu ainda estava encostado na parede branca, assustado, enquanto Chaz e Nolan estavam do outro lado, segurando Jeremy.

Vi meu pai fazer uma expressão de careta, deixando seus ombros caírem. Ele desviou o olhar para mim e me encarou por alguns minutos, antes de voltar sua atenção a Jazmyn, que milagrosamente ele ouviu. Jeremy não estava satisfeito com a situação, ninguém estava.

— Ouçam a garota. Da próxima vez eu vou chamar a segurança e os dois serão proibidos de entrar nesse hospital. Espero que isso não se repita! — o médico foi duro.

— Não vai se repetir — Jazmyn respondeu por nós.

Fui até minha irmã, finalmente saindo da parede e a abracei. Jazmyn deitou a cabeça sobre meu ombro e apertou minha camisa com os dedos, chorando. Beijei seu rosto, sentindo lágrimas descerem pelos meus também.

Eu tentei segurar, mas caramba!

Olhei para o final do corredor, aonde estava o elevador qual Addison havia chegado e ido embora em poucos minutos. Engoli a seco.

— Eu quero minha mulher bem logo ou esse hospital vai cair tão rápido quanto a torres gêmeas — meu pai retrucou, fazendo o homem arregalar os olhos, provavelmente por ter citado um atentado terrorista como se fosse a coisa mais natural do mundo em sua ameaça.

Eu sabia que ele não iria ficar ouvindo sermão do médico sem falar nada. Jeremy Bieber sem suas ameaças não era ele mesmo.

— O senhor... — ele interrompeu o médico.

— Arrumem sangue para minha esposa, eu quero ela boa logo. Sei lá, façam até mesmo campanha, mas eu quero que até de manhã minha esposa esteja boa.

— Não é assim, senhor. Como disse, não temos o suficiente. O que dá é para aguentar até algum família ou pessoa com o mesmo tipo sanguíneo chegar. Vocês tem algum parente que possa vim doar? Amigos?

— Podemos pedir nossos amigos do colégio — Jazmyn me encarou e eu assenti.

Addison. Eu sabia que se pedisse ela faria isso por mim, porque ela sempre estava ali acessível a me ajudar, na situação que fosse. Fora que elas se gostavam. O jeito que minha mãe falou dela mais cedo, o jeito que Addison parecia preocupada... Mas Addison conseguiria ajudar minha mãe?

— Tem a irmã de Pattie, Débora. Eu não sei o tipo sanguíneo dela, mas podemos tentar, tem aquela moleque filho dela também. Ethor, o marido dela. Eu prefiro não falar com os pais dela, são muito idosos e não vão servir para nada mesmo — escutei meu pai dizer, saindo dos meus pensamentos.

— O que? O Nick, não! — fui rápido em dizer e todos me olhavam. — Aquele garoto é horrível, é capaz do sangue dele estar podre. Ele não vai doar para minha mãe!

Sabia que estava sendo imaturo e até mesmo egoísta, mas eu não queria que corresse o menor risco do meu tão odiado primo salvar a vida da minha mãe. Qual é, eu odeio ele e não quero ser grato à ele nunca. Apesar que minha mãe precisa e... Eu que deveria ajudá-la . Eu que sou seu filho preferido. Eu que deveria cuidar dela. Quem deveria estar doando o sangue agora sou eu.

— Se você não pode ajudar, não atrapalha, moleque! — meu pai passou ao meu lado, enquanto pegava seu celular do bolso da calça e trombava no meu ombro, por querer. — Vou ligar para a tia de vocês e pedi para vim o mais rápido possível, depois vou deixar o jatinho disponível para eles.

— Essas horas serão crucial, não podemos levá-la para cirurgia sem sangue no estoque. Duas pessoas no mínimo precisa fazer a doação — o médico disse, deixando bem claro o quão delicada era a situação.

O médico saiu de perto de nós e eu peguei meu celular, mordendo os lábios em dúvida. O que havia me deixado pilhado foi a forma qual Addison saiu daqui, chateada. Tentei uma vez e foi direto para caixa postal, tentei de novo e vi que seu celular parecia desligado. Toda a coragem se esvazio do meu corpo. Não era para ter ligado.

Logo vi Jeremy voltando do fundo do corredor, onde ele havia se exilado para poder ligar. Ele mantinha o rosto rígido e sério, como sempre. E vejo o quanto ultimamente estava ficando parecido com ele. Me transformando em uma pessoa rabugenta.

— Conseguiu pai? Eu mandei no grupo do colégio. — Jazmyn logo perguntou, enquanto segurava seu celular.

— Débora e Nick já estão arrumando as coisas para vir no meu jatinho. Depois que ver a irmã, ela vai embora e o Nick vai ficar como foi combinado da outra vez — Jeremy respondeu e revirei os olhos. — Os dois são compatíveis pelo que me disseram.

Vi minha irmã deixar cair os ombros e suspirar em alívio, assim como meus amigos. Eles sorriram felizes.

Nick ficaria um tempo na nossa casa até que seus pais pudessem mudar definitivamente de volta para o Canadá, por causa da empresa do pai dele e o colégio, se ele viesse depois perderia a volta das aulas. E era mais do que óbvio que não estava gostando disso, mas não só por não gostar dele e sim, também porque eu sentia uma coisa estranha. Era como se ele fosse atrapalhar minha vida ainda mais.

— Agora é uma coisa que eu odeio; esperar! — meu pai disse e se sentou na cadeira, pulando três próximas de mim.

Ele realmente me odiava.

                               ***

Vi meu primo ao lado da minha tia Débora, andando em nossa direção. Esfreguei os olhos e percebi que ainda não havia dormido nada e provavelmente era madrugada. Ao redor dos meus olhos doía e os mesmos estavam um pouco embaçados.

Escutei minha tia Débora perguntar algumas coisas ao meu pai, alguns centímetros de mim. A conversa não demorou muito tempo e logo ela, Nick e meu pai foram para uma sala do outro lado. Provavelmente para exames e doação de sangue.

Esfreguei meu rosto e puxei meus fios de cabelo.

— Ele está morrendo de raiva de você — Jazmyn disse e eu subi meu olhar até ela, encarando minha irmã que tinha a testa enrugada e a boca entreaberta — Eu me escorço para tentar entender as atitudes do nosso pai, então fico procurando qualquer coisa para me prender e ajudar criar uma desculpa palpável para as atitudes nojentas, mas ele se mostra cada vez mais ser uma pessoa tão ruim e eu não quero ver meu pai dessa forma.
— Dessa vez ele não está errado, Jaz. Eu podia ter ajudado e não pude por uma coisa boba — falei sentindo uma angústia terrível e engoli a seco — Você tem noção da culpa que eu sinto agora? Se algo ruim acontecer eu vou sempre pensar e "se" e isso vai me matar.

— Você guarda culpa demais, Justin. Você não tem que ficar se cobrando por tudo. E muito menos se deixar levar pelas coisas do nosso pai. Você é muito mais que isso e tenho certeza que a mamãe quando acordar vai te entender muito bem. Não deixa Jeremy entrar na sua mente, mais do que ele já faz com a empresa.

— Pra você é fácil falar, o papai sempre puxa seu saco o tempo todo, não fica te cobrando de nada e ainda é a filha preferida.

— Você está sendo injusto Jay e usando sua raiva e preocupação para me atacar — ela me encarou seria. — Você sabe que o nosso pai não me deixa ao menos chegar perto da empresa.

— Mais uma sorte sua — revirei os olhos e Jazmyn me encarou balançando a cabeça, em negação.

— Ótimo!

Vi minha tia Débora e Nick saírem da sala, os dois pareciam abatidos e tinham curativos no braço.

— Senti saudade de vocês meus sobrinhos, é uma pena encontrá-los em uma situação tão chata — nossa tia tentou sorrir, mas era claro o cansaço e tristeza em seu olhar. Ela abraçou Jazmyn, em seguida me dando um também, porém mais rápido.

Se pudesse, não me encontraria com vocês nunca mais. Pensei.

— Fico feliz em ver vocês — Jazmyn foi mais receptiva, enquanto eu me mantinha calado. — Eu me sinto tão aliviada por vocês terem vindo. Obrigada pela ajuda!

— Não precisa agradecer, faria qualquer coisa pela minha irmã — Débora jogou os cabelos escuros para o lado.

— Bom, esse é meu namorado Nolan e nosso amigo Chaz — apresentou para nossa tia. — Você lembra deles, Nick? — Jazmyn perguntou.

— Claro, como esquecer o cabeçudo do Chaz — Nick brincou e Chaz lhe deu um soquinho no ombro, antes de abraçar meu primo.

— Seu idiota, depois que foi para a Europa deixou os amigos de lado.

Olhei para Chaz, não acreditando que ele estava assim tão feliz com a presença do meu primo.

— Estive muito ocupado com várias gatinhas europeias — Niyck sorriu safado e tia Débora lhe deu um olhar fulminante.

— Garoto!

— E você Nolan, só esperou eu ir embora para dar em cima da minha prima? — Nick fechou a expressão, se mostrando sério, porém logo vi ele segurar o riso.

— Sabe como é, uma garota desprotegida sempre precisa de um garoto lindo como eu — Nolan balançou os ombros, com um olhar cismado.

Bufei, me sentindo excluído na conversa e por ver eles ali se dando tão bem.

— Não vai falar comigo, priminho? — Nick me encarou ainda sorrindo, mas não soube distinguir se ele estava realmente feliz e animado em me ver.

— Não — virei o rosto.

— Ah qual é, Justin, ainda está com raiva por causa daquilo? Eu sei que você gostava de Annelise, mas não achei que fosse tanto assim ao ponto de ficar com raiva de mim pra sempre, só por causa de uns beijinhos.

Annelise havia sido a primeira garota pela qual me interessei verdadeiramente, ficamos algumas vezes e não que eu estivesse apaixonado por ela, a única garota por quem eu já me apaixonei foi Angel. Porém, ver Nick ficando com ela, após ele dizer que era apaixonado por outra garota, qual ele deu seu primeiro beijo, me deixou fora de órbita.

— Ela foi meu primeiro beijo! — exclamei e Nick revirou os olhos.

— Tínhamos quatorze anos. Você quer que eu faça o que? Procure a garota com quem eu tive meu primeiro beijo pra você beijar e se vingar? — disse com tédio.

Ergui uma sobrancelha. Aquilo seria infantil demais?

— Meninos, respeitem o momento! — minha tia chamou nossa atenção, com uma expressão séria no rosto. — Depois conversam sobre isso, tempo não vai voltar já que vão morar juntos por uns dias. Tenho certeza que logo estarão grudados igual vocês eram na infância.

— Ah claro — usei todo o meu deboche, no meu tom de voz e revirei os olhos.

Vi Nick encolher os ombros e não respondeu à sua mãe.

Será que ele achava mesmo que aquilo tinha a menor chance de acontecer?

Parece que quando mais esperávamos maior ficava um buraco no meu estômago, de preocupação, ansiedade, remorço e... Bem, podia ser errado ficar pensando em Addison com minha mãe em uma mesa de cirurgia, sendo operada com urgência, mas ela também me vinha a mente e talvez um pouco do meu remorço não era só pelo fato da tatuagem, e sim... Dela?

Peguei meu celular e vi as horas, já era cinco e dez da manhã e logo estaria amanhecendo e daria exatas vinte e quatro horas que estamos agoniados aqui.

Por que essas coisas demoram tanto?

Vi que tinha muitas mensagens no meu Whatsapp, alguns colegas do colégio se oferecendo para doar sangue e mandando melhoras para minha mãe. Deixei isso de lado, não estava com a menor paciência e vontade de respondê-los, mas não podia negar que havia sido bem legal da parte deles. A maioria aqui eu sequer já conversei!

Olha como é irônico, Addison que sempre dizia querer estar ao meu lado simplesmente sumiu no momento que eu mais... Preciso dela? Quer dizer, eu não preciso dela mesmo! Mas bem, enquanto isso pessoas que só me conhecem de vista se prontificarão mais que ela.

Sentia uma luta interna entre ficar com raiva dela por ter saído daquela forma, e ficar com remorço por ter sido um idiota nas minhas últimas palavras, por ver seu olhar quebrado e suas lágrimas descendo, enquanto não fazia simplesmente nada.

Será que ela ainda estava com raiva disso? Não, Addison nunca ficou com raiva de mim e como Jazmyn mesmo fosse: ela sempre vai me desculpar, mesmo sem pedir desculpas porque ela me ama.

Segurei o pequeno sorriso que queria crescer no canto dos meus lábios, ao pensar nisso.

Vimos dois homens vestidos roupas hospitalar de cirurgião passando pela porta.

— Finalmente! — escutei meu pai resmungar, enquanto os homens vinham até nós. Percebi que um deles era o mesmo que conversou conosco horas atrás.

— Bom dia! Não vou enrolar muito pois sei que vocês estão loucos por notícia então; a senhora Bieber reagiu muito bem a cirurgia e passa bem, um pouco frágil devido o tempo de espera, mas nada que um bom repouso não ajude. Nesse primeiro mês é essencial que ela não faça qualquer tipo de esforço, até mesmo tentar andar pela casa sem ajuda.

— Mas ela teve alguma sequela do acidente? — meu pai perguntou preocupado.

— Até meu conhecimento e do Doutor Scherbatsky não, são apenas metidas para uma boa recuperação — o homem ao seu lado assentiu.

— Vocês sabem me dizer se a senhora Bieber faz algum acompanhamento com um oncologista? Se tem exames anteriores? — o doutor Scherbatsky perguntou, nos fazendo se entre olhar confusos.

— Oncologista não é médico que trata... Tumores e câncer? — Jazmyn diz com uma voz fraca, piscando algumas vezes, como se tivesse paralisada.

— O que vocês estão tentando dizer? Hein? — meu pai andou em sentido do médico, como se fosse para cima dele.

Vi os dois se entreolharem e o doutor Scherbatsky receber um olhar de pressão pela outro doutor.

— Minha esposa está com câncer? É isso? — Jeremy surtou.

— Eu não disse nada! Aliás, não posso afirmar nada sem fazer exames detalhados em um paciente — Scherbatsky se defendeu.

Então minha mãe não está com nada? Senti o ar preso em meus pulmões saírem.

— Então guarde a droga das suas sugestões pra você antes de fazer perguntas estúpidas — e ele foi grosso como sempre.

— Me desculpa senhor Bieber, mas... — meu pai interrompeu o médico.

— Mas nada! Se você não calar sua boca doutorzinho de merda, eu mesmo faço questão de você perder seu emprego ainda hoje. Onde já se viu insinuar que minha mulher tem alguma coisa... — e ele foi falando como um histérico.

— Pai! — exclamei, sentindo vergonha no tom mandão que ele usava, parecia o mesmo qual falava com os funcionários da empresa.

— E podemos vê-la? — Chaz perguntou, desviando o foco do assunto, mas mantendo ainda na minha mãe.

— Vocês podem ver a paciente, mas dois de cada vez e em silêncio, ela ainda está sedada e logo irá acordar, não sabemos se ela vai ter um súbito de amnésia — olhou para Jeremy. — Antes que o senhor surte não é amnésia mesmo, mas às vezes as pessoas acordam de traumas com falta de memória e com o tempo vão redobrando ela.

— Então ela está cem por cento ok? — Débora perguntou.

— Tirando as dores da cirurgia e a recuperação sim, a senhora Bieber daqui um à dois meses estará perfeita.

— Porém... — o outro médico interrompeu.

— Scherbatsky, vamos deixá-los em paz por enquanto — pediu e eu enruguei a testa confuso, mas não fiquei prestando tanta atenção assim. O que importava era que a cirurgia havia sido perfeita, minha mãe estava bem e logo iria se recuperar.

Eu não sei o que seria de mim sem minha mãe!

Addison Moore

— Addison... — Abby suspirou — Eu nunca gostei de Justin, principalmente pelo forma que ele te tratava, mas no fundo eu sempre torci para que ele pudesse retribuir esse seu sentimento, porque amar sozinha nunca é bom amiga. Desde o começo eu sabia que você poderia sair machucada disso tudo e esse sempre foi meu medo. Eu tentei te aconselhar de todas as formas e você não ouviu nenhuma delas. Você não se pode conquistar alguém que não quer ser conquistado, Addison — disse me encarando com pena e eu não aguentei, meu choro triplicou.

Por que amar tinha que doer tanto?

— Ele nunca quis — respondi chorosa e coloquei as mais sobre o rosto, sentindo ela fazer um carinho gostoso no meu cabelo.

— Ei — tirou as mãos do meu rosto e me abraçou — Eu odeio te ver assim, odeio saber que aquele idiota quebrou não só seu coração, como tudo que você era. Você era uma garota tão animada, tão de bem com tudo e do nada te via deprimida por causa de Justin e Angel, que também era ligada a ele. Assim como sua auto estima, você era uma garota tão cheia de si e segura e do nada te via preocupa com o que vestir porque talvez Justin não gostaria, que não ficasse boa o suficiente para ele, ou com medo de falar algo que não o agradasse. Sabe o quanto isso é problemático? Sua vida começou a girar em torno dele.

Funguei, me vendo sem saída a não ser concordar com ela. Eu estava tão cega que não conseguia perceber a "relação" problemática que estava me colocando. Talvez aquilo não era culpa de Justin, já que fui eu que fiquei forçando. Talvez a única culpada de tudo seja eu. Não se pode gostar de alguém que não quer ser conquistando e não se pode forçar alguém a gostar de você. Talvez esse seja meu pior e mais doloroso aprendizado.

— Eu sou tão burra, tão estúpida! — falei com raiva — Justin nunca ligou pra mim e só agora vejo isso, porque ele estava com a minha amiga e pior que eu não culpo tanto ele, me sinto mais culpada por tentar obrigá-lo à sentir algo.

— Não é assim Addison, Justin não teve responsabilidade afetiva com você quando deu abertura para Beatrice.

Cerrei o punho.

— Eu odeio tanto ela e me odeio ainda mais por ter confiado nela — suspirei — E me odeio por não conseguir odiar Justin.

— Eu sei — Abby estava compreensiva até demais — Com o tempo você vai superar isso e vamos rir de tudo.

— Eu acho que nunca mais quero amar de novo, Abby — limpei minhas lágrimas que caiam ainda.

Abby bufou, revirando os olhos.

— Não é assim também — pausou — Você só não achou o cara certo. Simples ou não, porque nem sempre é fácil achar.

— Eu achei, mas ele não me quer — virei de novo, me jogando na cama. — Às vezes eu acho que nunca vou, acho que não sou boa o suficiente para ninguém — eu disse e encolhi os ombros, fazendo uma expressão chateada — De qualquer forma, isso não faz mais sentido. Eu queria mesmo era... — ela me interrompeu.

— Não, não, Addison! Você não vai mudar de ideia. Você acabou de falar que vai superar ele e não vai mais sofrer, agora já está falando que quer ele? Por Deus, amiga! — foi dura e suspirou, quando viu que eu ainda chorava um pouco.

— Eu vou, vou fazer de tudo para não querer ele mais. Eu não quero mais me machucar e se eu tiver que me acostumar com a ausência de Justin, eu vou fazer isso — disse decidida, limpando meu rosto, já havia chorado demais — Se eu tinha alguma esperança dele gostar de mim, não tenho mais. Me machuquei tanto ao ponto de não conseguir mais acreditar nos nossos bons momentos. Nunca significou nada. Eu me entreguei para ele, eu queria que fosse com alguém que eu amava, não daquele jeito, mas achei que ele fosse o certo — tampei o rosto, com as mãos. Me sentia tão envergonhada.

— Você teve que chegar no seu limite para entender isso — Abby tirou minhas mãos do rosto — Quem nunca fez merda na vida, né?! Então dá o primeiro passo e levanta dessa cama, limpa esse rostinho lindo e terminar de arrumar suas coisas. Vai para a fazenda da tia Lucy e pega um caipira bem gostoso — disse me empurrando, fazendo com que eu me levantasse do seu colo e me sentasse na cama.

— Abby! — chamei sua atenção e ela se virou, me olhando — Não sei se quero ir, na verdade eu sei. Eu não quero ir!

Abby suspirou me encarando.

— Amiga, você ficar assim é pior e poxa, tudo bem que é seu primeiro coração partido, mas você não vai morrer por isso — disse insensível.

— Não se sei percebeu, mas eu estou sofrendo, Abby — me joguei na cama, puxando as cobertas.

— Addison! — senti a cama balançar um pouco e sua presença ao meu lado, mas mantive meus olhos fechados — Olha, pelo menos faz um esforço pelo seu pai e pela Lauren, eles estão doidos para irem.

— Eles podem ir — murmurei, ainda de olhos fechados.

— Eles não vão sem você — continuou tentando me convencer.

Suspirei. Eu realmente não sentia vontade de sair, de falar com ninguém e muito menos ficar com um caipira gostoso, como Abby incentivava. Fazia horas que havia chegado do hospital, era tudo recente demais e se antes de chegar a ficar com Justin eu não conseguia me sentir desligada dele, agora parecia impossível. Eu só queria me lamentar, porém, também não queria ser uma idiota egoísta de barrar minha irmã e meu pai de ir, pois eu sabia que eles ficariam preocupados se ficasse. Lembrei dos olhos de Lauren, brilhando enquanto falava sobre os animais na fazenda. Isso fez meu coração se contorcer.

Às vezes me preocupava mais com as pessoas que comigo mesmo e isso era uma merda.

— Você vai comigo? — fiz minha carinha mais convincente possível.

Por meu pai e por Lauren, por meu pai e por Lauren. Pensei.

— Você sabe que eu odeio esses lugares.

Abby não fazia o tipo fã de natureza, a garota odiava ter que conviver com bichos selvagens, mosquitos e dormir mal.

— Eu preciso de você — disse a verdade.

— Você precisa de terapia.

— Abby — pedi manhosa.

Addy me mandou um olhar metralhador, mas sabia que havia convencido ela.

— Está vendo? Não precisei de muito para te convencer.

— Eu só estou com dó de você mesmo, por isso o sacrifício — devolveu o sorrisinho e eu abri a boca. — Mas mudando de assunto, você ligou para Jazmyn?

Ergui a sobrancelha e Abby cruzou os braços, trocando o peso de uma perna para outra.

Ah sim, a mãe dela, merda! Como eu sou uma péssima amiga, eu sequer tive consideração com isso.

— Meu Deus a Jazzy — pulei da cama, indo até a escrivaninha e pegando meu celular. — Eu não liguei para ela desde ontem. Droga, me sinto péssima por isso! — suspirei derrotada.

— Ela deve estar péssima, a mãe sofreu um acidente e você ainda foi lá brigar por causa do irmão, em vez de apoiar — Abby jogou na minha cara.

— Mas eu fui por ela — devolvi.

— Mais ou menos, né?!

— Eu sei que não deveria ter feito aquilo, mas na hora eu não sei, eu só... Surtei — olhei para baixo, encarando meus pés descalços. Sinto à vontade de chorar voltar e fungo, Abby me mataria porque a sua cota de me aguentar chorando e reclamando já havia durado o dia e a noite toda — Justin me faz ser irracional, impulsiva.

Abby ia abrir a boca quando a campainha tocou, não me mexi esperando que meu pai atendesse, mas ele não fez.

— Seu pai não está em casa — Abby disse indo até minha maleta, tirando uma lixa dali.

Por um momento pensei que podia ser Justin, mas seria impossível. Ele não ligava para mim.

Suspirei e me joguei na cama desanimada, ouvindo a porta do quarto abrir e Abby saindo do cômodo.

Abby Stinson

Se Justin aparecesse na minha frente, eu o mataria. O meu ódio pelo garoto estava passando por todos os níveis e eu só queria dar um chacoalhão e vê se aquele idiota acordava para a vida e visse o quanto Addison é incrível. Porém, ao mesmo tempo eu o queria bem longe dela. Addison é minha melhor amiga, eu amo ela e a amizade que temos. Se ela está feliz eu fico feliz, se ela está triste eu fico triste também e sei que ela também.

Às vezes me estresso com Addison, brigo, xingo, mas é porque eu fico revoltada como as pessoas abusam da sua inocência e empatia, sempre fazendo o que quiser com a garota e ela ainda continua dando o outro lado do rosto à tapa.

Passo pelo corredor da pequena casa indo atender a porta, me sentindo em casa o suficiente para isso. O tio Christian e Lauren gostam de mim, me consideram muito, assim como eu com deles. É como se fosse minha segunda família.

Abri a porta e assim que vi quem era tentei fechar, mas o moreno colocou o pé no meio do caminho.

— Qual é, Chaz — reclamo forçando a porta.

— Calma, eu só vim conversar — ele respondeu com a voz abafada pela madeira.

— Na casa da Addison? O Justin te mandou aqui? — perguntei, porque não tinha o porquê de Chaz estar na casa de Addison assim, ou ele sabia que eu estava aqui.

— Na verdade não, mas eu vim por conta própria porque eu acho que a Addison entendeu tudo errado — respondeu e eu enruguei a testa confusa — Agora abre, por favor!

Suspirei e abri a porta, qual estava entreaberta por causa do seu pé no meio dela. Encarrei Chaz e o garoto sorriu sem graça, encolhendo os ombros. Desviei o olhar, não querendo reparar na sua beleza, porque caramba, ele é lindo!

— Fala — cruzei os braços, não me importando em pedir para ele entrar.

— Então, eu cheguei lá depois que a Addison tinha ido embora e o Justin estava chateado por isso, ele não assume mas eu sei que gosta da Addison — contou e eu revirei os olhos.

— Bela forma de gostar — fui irônica e Chaz bufou sem paciência.

— Estou falando sério, Justin gosta mesmo dela. O jeito que ele tenta esconder o brilho nos olhos quando falamos no nome dela, que ele tenta estar sempre próximo dela, mesmo parecendo que quer afastar. Ele age de forma torta, mas ele gosta dela.

— Isso é algum tipo de aposta?

— Como? — ele piscou algumas vezes, parecendo confuso.

— Isso é alguma aposta de você? Porque pra mim não faz sentido nenhum você vim aqui falar que Justin gosta de Addison depois dele ter praticamente expulsado ela do hospital e pior, você veio sem ele saber — ergui uma sobrancelha.

— Não é aposta nenhuma, mas eu senti necessidade de vim porque eu estava dando informações para Beatrice de onde Justin estava — soltei um "ah". — Eu sequer pensei quando ficava falando as coisas com ela, não levei para esse lado. E vim mesmo sem Justin saber porque eu sei que isso é um dos motivos que estava atormentando ele, fora as merdas que aconteceu com a mãe. Justin não ficou com a Bea ou sei lá o que vocês pensaram.

— Eu não sei se acredito — disse erguendo o nariz e Chaz bufou.

— Essa é a verdade!

— Não é a primeira vez que ele trata ela como um... Um lixo, uma coisa qualquer!

— Eu sei, mas Justin é assim.

— Não é porque Justin é assim que a Addison tem que aceitar tudo.

— Mas ela sempre aceitou?! — me olhou sugestivo, logo após me lançando um olhar como se fosse uma retardada.

— Não me convenceu, pode ir embora! — tentei fechar a porta, mas mais uma vez ele não me deixou. — Porra!

— Você não precisa acreditar, só não quero estar no meio deles, ter atrapalhado sei lá o que eles tem — Chaz pausou e riu.

— Qual é a graça? — perguntei confuso.

— Demoramos tanto para perceber o óbvio, estava tão na nossa cara e eu só percebi quando Nolan me disse uns dias antes da festa e depois os vimos se beijando. E é engraçado porque quando eu olhava pra você junto com elas Justin já vinha cheio de questionamentos achando que eu estava afim da Addison quando na verdade era você — disse e eu automaticamente fiz uma careta pensando na possibilidade, mas tentei não demonstrar.

— Eu nunca nem te dei bola, não sei o porquê desse interesse todo por mim e repentino.

— Você é muito desconfiada, sabia? — dei de ombros, pois isso eu era mesmo. — Eu meio que sempre fui afim de você, mas por bobeira dos garotos nunca cheguei em você, principalmente pelo...

— Justin — o interrompi. — Incrível como a vida de todo mundo gira em torno desse garoto.

— Ei, ele é meu melhor amigo — Chaz me repreendeu.

— E eu odeio ele por fazer minha melhor amiga sofrer — eu rebati.

— Tudo bem, só diz a Addison que eu que chamei a Beatrice e pode não parecer, mas Justin e Jazmyn precisam dela, principalmente ele.

— A Pattie está bem? — perguntei lembrando da mulher qual havia conhecido e gostado bastante.

— Agora está estável, mas essa madrugada foi foda — ele esfregou o rosto cansado.

— Ela é uma boa pessoa.

— A tia é maravilhosa — ele deu um sorriso de leve. — Conheço ela desde que era um pirralho e considero como uma segunda mãe. Lembro quando tinha dez anos e meus pais estavam se separando, todo dia era briga em casa e — ele suspirou, parecendo ser um assunto que mesmo depois de anos, ainda delicado. — Ela para meus pais para que eu pudesse ficar na casa deles por um tempo porque sabia que aquele ambiente só de brigas não me fazia bem, então a Pattie fazia de tudo para me deixar feliz e animado, saímos, íamos no parque, tomar sorvete, em jogos de hockey com o avô do Justin. E na hora de dormir ela sempre me dizia que meus pais me amavam e mesmo passando por problemas eles nunca iam me esquecer e me deixar de lado, que casais se separam e não era para me sentir culpado, e que eu não tinha só uma família, eu tinha eles também.

— Chaz, isso é tão... Bonito e sensível — disse realmente emocionada.

Não dava para imaginar que sua mulher com o coração tão grande e bondosa tinha parido aquele anti-cristo vulgo Justin Bieber.

— Eu sei e isso me ajudou muito na época. — disse sorrindo fraco e me encarou por alguns minutos, me fazendo desviar o olhar.

— Ah... hm — engoli a seco, procurando não olhar muito para seu rosto. — Tudo bem, Chaz, você já fez sua ação do ano então tchau.

— Só mais uma coisa — pausou misterioso e eu deixei que ele continuasse. — Sai comigo?

— Sair com você? — disse atordoada, não esperava que ele fosse perguntar isso do nada.

— Bom isso foi melhor do que eu imaginava que era logo um não de cara então... — mordeu os lábios e eu desci meus olhos até eles, vendo o quão são atraentes.

— Eu não posso sair com você — disse e ele desmanchou o sorriso.

— Por quê? — perguntou com um tom um tanto quanto chateado.

— Isso não vai dar certo.

— Você não quer nem tentar.

— Isso não vai dar certo — eu repeti.

— Se você não tentar nada nunca vai dar certo, Abby — disse me encarando sério.

— Eu não sou como a Addison que sai pulando de cabeça mas coisas, principalmente em relacionamentos.

— Eu não estou te pedindo em namoro, é só uma saída — disse e eu abri a boca, encarando ele um pouco sem graça, mas não deixei transparecer.

Tudo bem, ele havia me pegado nessa.

— Tem certeza? Não vai ser nada mais do que uma saída? — cruzei os braços, erguendo uma sobrancelha.

— Eu juro — levantou as mãos.

— Ok, eu saio com você... Como... — enruguei a testa pensativa — Uma colega.

Chaz começou a fazer uma dancinha estranha de comemoração e eu comecei a rir.

Meu Deus, como ele é patético.

— Tudo bem, Chaz, agora chega de dançar — disse ainda rindo um pouco.

— Eu sei que você gostou — piscou um dos olhos e eu revirei os meus. — Te busco sexta às sete para nosso encontro.

Ele disse e se virou, me fazendo ficar confusa.

— Você disse que não era um encontro — exclamei enquanto ele descia os três degraus que tinha ali, após passar pela pequena varanda. — E eu só volto para a cidade na semana que vem.

Chaz se virou e sorriu para mim, antes de dizer:

— Não se deve acreditar cem por cento em um jogador de basquete do ensino médio. Então até semana que vem, Abby!

Bufei e fechei a porta, indo em direção ao quarto de Addison, onde estava antes. Abri a porta e passei por ele, esfregando o rosto ao ver a garota ainda tristonha sentada na cama.

Eu só queria arrancar tudo de ruim que minha amiga sentia.

— Quem era? — Addison perguntou, fazendo as coisas que Chaz falou sobre Justin passa-se pela minha mente.

— Era o Chaz — disse e ela me encarou confusa.

— O Chaz aqui? O que ele queria? Era sobre o J... — Addison se levantou em um pulo interrompi ela, antes de viesse terminasse.

Eu não iria defender Justin para Addison e sim dar apoio em sua decisão, que demorou até demais. Então, preferi mentir sobre tudo que havia escutado do melhor amigo do garoto.

— Ele veio me chamar para sair porque sabia que eu estava aqui — contei uma parte e inventei a outra. Addison sorriu de leve.

— E você vai? — perguntou.

— Ele insistiu muito — dei de ombros e ajeitei meus fios loiros. — Eu preciso ir em casa arrumar minha mala. Você vai comigo?

— Não — Addison suspirou desanimada e eu me virei para sair, mas ela me chamou; — Chaz disse alguma coisa sobre ele?

Pisquei algumas vezes, sabendo que não podia criar esperanças em Addison. Ela já havia sofrido demais por aquele babaca e finalmente tinha acabado de decidir esquecer ele, esquecer a ideia nova de conquista-lo.

— Nada demais, só que... Beatrice continua lá com ele. Acho que os dois estão mesmo... Você sabe... — menti e sabia que estava fazendo o certo.

Addison se virou, não dizendo uma palavra sequer, mas eu sabia como ela estava se sentindo.


ADDISON MOORE

— Alguma coisa passou pelo meu pé — Abby praticamente gritou, começando um ataque histérico. — Não, eu tenho certeza, ALGUMA COISA PASSOU NO MEU PÉ!

Vi minha amiga pular feito uma louca, me deixando até mesmo um pouco tonta.

— Foi só um largato — Lauren riu, achando graça da minha melhor amiga que só faltava chorar.

Vi meu pai segurando a risada.

— Largato? Isso parecia mais uma cobra — fez drama e Lauren riu mais ainda. — Ah você está rindo de mim sua espertinha?

— Desculpa Abby, mas foi engraçado você pulando como uma louca por causa de um largato — Lauren respondeu entre risos.

— E largato não tem nada a ver com cobra, Abby — meu pai respondeu com humor.

— Abby é surtada assim mesmo pai, nem liga — dei um sorrisinho para minha amiga que me devolveu com um olhar fulminante.

Tivemos que parar alguns minutos antes de chegar, na rua porque o carro do meu pai havia pifado, mas a nossa sorte foi que o tempo andando na estrada sem asfalto foi pouco. Como disse, já estávamos bem perto.

— Sua ingrata! Eu estou aqui por você! — Abby disse continuando à andar, então parou um pouco abismada — Que lugar lindo! Não acredito que tem um cavalo mesmo e ele é tão lindo — ela falava sem parar. — Olha esse cabelo, está mais hidratado que o seu Addison.

Olhei para meus fios e subi o olhar, olhando para os do cavalo, que eram escuros e sua pele marrom brilhava.

Coloquei meus fios para trás e diminui os olhos.

— Pra quem só veio por minha causa você está bem animada — impliquei.

Qual é, ela falou do meu cabelo.

— Bom, vamos ver até quando.

— Addison, depois que guardamos as coisas e se vocês não estiverem cansadas, mostra toda a fazenda para Abby. Vai levar o resto do dia todo praticamente porque aqui é enorme, mas vai valer a pena.

— Cansada? Nem sei o que é isso — Abby disse limpando a testa e soltando o ar cansado.

Rimos dela.

— Pode deixar, papai!

Suspirei, olhando tudo em volta. O lugar era realmente muito lindo e encantava qualquer um. Na parte debaixo era onde ficava os animais quais minha tia Lucy fazia questão de ter ali. A parte das galinhas, o lago dos patinhos, um chiqueiro e do outro lado, que tinha uma "casinha" de madeira qual ficava o cavalo que Abby havia ficado deslumbrada.

Tinha muitas outras coisas também já que a área era ampla e dava até entrava para fazendas vizinhas, rios e mais coisas.

Subindo a escada de madeira dava acesso a casa que mesmo sendo simples em detalhes era grande e bonita. E foi por lá que vi tia Lucy e Lea, sua filha, descendo as escadas e vindo em nossa direção.

— Meus queridos, quanto tempo! — tia Lucy sorriu doce.

— Oi tia — Lauren abraçou ela, sendo seguida por mim e meu pai.

— Aproveitei as férias das meninas e tirei uns dias para vim, mas só vou poder ficar esse fim de semana.

— Mas só? Vocês mal vêm e quando decidem é tão rápido assim.

— Pois é, trabalho. Apesar que não sei se tenho o meu ainda — meu pai murmurou me olhando e eu desviei meu olhar para baixo.

Lembrei de Justin, pela milésima vez no dia e isso me fez suspirar. Não queria mais pensar nele. Como Abby contou que Chaz disse; ele está com Beatrice!

— Como assim? — Lucy perguntou confusa, enrugando a testa.

— Nada não — meu pai respondeu e se virou para Abby. Coitada, até nos esquecemos dela! — Trouxemos Abby conosco. Ela é uma das melhores amigas da Addison e é uma boa garota.

— Que bom receber mais alguém aqui e se é amiga da minha sobrinha, também é nossa!

Vi Lauren e Lea conversando no canto, já bem entrosadas e isso me fez soltar um riso de leve. Elas se odiavam e se amavam ao mesmo tempo, como isso era possível? Quer dizer, elas são crianças né.

— Obrigada pela hospitalidade, a senhora é tão legal! — Abby olhou em volta. — Não vou mentir que vindo para cá eu quase chorei, mas caramba, chegando aqui eu fiquei deslumbrada. Olha aquele cavalo, ele é tão lindo! E esse lugar, apesar dos mil mosquitos e pernilongos que devem ter durante a noite, eu amei!

— Vejo que está empolgada.

— Muito, tio! — Abby respondeu meu pai.

— Vamos entrar, Candoca fez uma comida especial quando soubemos que viriam — minha tia chamou.

Todos foram na nossa frente, deixando que eu e tia Lucy ficássemos para trás. Percebi que ela queria falar alguma coisa, puxar assunto, mas parecia um pouco receosa.

— Addison, o que foi querida? — perguntou carinhosa e eu enruguei a testa.

— Como?

— Você calada assim, nunca te vejo dessa forma. É sempre tão animada e falante.

— Digamos que esses dias estou mais na minha — respondi, enquanto subíamos as escadas.

— Você mais na sua? — parou e ergueu uma sobrancelha, colocando as mãos na cintura — Quem foi o garoto?

— Como a senhora sabe? — abri a boca.

— Já tive sua idade e digamos que quase todo mês eu me apaixonava por um, mas não conte isso ao Dynne — disse baixinho, citando o marido.

Ri com isso. Minha tia era demais.

— Todo mês? Não sabia que era assim, tia.

Ela deu de ombros.

— Digamos que eu soube aproveitar minha adolescência — pausou. — Agora vai me contar ou não confia na sua velha tia? — disse fazendo um drama.

— Não é isso, é só que eu sinto que não posso sair falando sobre Justin por aí porque as pessoas vão me achar uma bela idiota, por ter aguentando tantas coisas e continuado atrás dele. Pelo menos é o que minhas amigas falam! Às vezes não consigo nem mesmo falar com Abby, ela não consegue me ouvir sem críticas.

— Talvez seja porque ela só quer te proteger.

— Proteger — revirei os olhos. — Me fazendo me sentir mais mal ainda, falando coisas que sabe que vai me machucar ainda mais.

— E ela sabe que você se sente assim? Cada um tem seu jeito, Addison, talvez esse seja o dela.

— Com Abby é tudo oito ou oitenta — suspirei, cansada daquele assunto. — Oi Dynne, como vai? — cumprimentei o homem, que me deu um sorriso caloroso.

— Oi, Addison, um pouco mais velho que da última vez que nos vimos e você? Está enorme e linda.

— Obrigada, tio! — sorri. — Então, onde vamos ficar? — perguntei quando estávamos todos na sala.

— Eu sei em Lauren ficar no quarto com Lea... — a garota interrompeu a mãe.

— Ah não, essa chata não vai ficar no meu quarto — a garota fez pirraça.

— Eu não sou chata, você que é!

Revirei os olhos com a briguinha besta.

— Lea — Dynne chamou sua atenção.

— Lauren pode ficar comigo — meu pai disse cansado, já sabendo das implicâncias entre as meninas.

— De forma alguma, Lea tem que deixar de ser egoísta — e a garota ia falar algo, porém a mãe lhe deu um olhar metralhador fazendo com que ela se calasse. — Addison e Abby ficam no quarto perto do de Lea e o Chris fica perto do meu e de Dynne — pausou. — Venham que eu vou levar vocês.

Depois de devidamente instalados e ter tirado algumas roupas, Abby ficou insistindo para sair andando por aí, conhecer o lugar.

— Sabe, pensei que tinha ouvido alguém falar que não suportava ficar em lugares assim, que odeia mosquitos e... — ela me interrompeu.

— Deixa de ser amarga, Addison! Eu mudei de opinião, não posso? — ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

Sua indecisão me fez lembrar de alguma, mas tentei de todo custo afastar esses pensamentos.

Para de pensar nele, Addison Moore!

— Claro — disse com sarcasmo no meu tom.

— Então vamos!

— Só vou tomar um banho rápido e vamos, me espera aqui! — disse e peguei a roupa e toalha que havia separado, indo em direção ao banheiro.

— Não demora! — escutei ela gritar.

E não é que ela mudou de ideia mesmo.

***

— Será que tem jacaré na água? — Abby perguntou atrás de mim. — Nossa, como eu estou cansada e ainda nem subimos isso direito.

— É uma cachoeira, Abby — corrigi ela. — E já estamos perto, podemos até escutar o barulho da água olha.

— Isso é tão legal!

Subi as últimas pedras que faltava e sorri olhando para o local. A água cristalina caia de forma tão maravilhosa entre as pedras.

A natureza é tão maravilhosa.

Desci o olhar e vi um garoto sair da água, onde achei que estivéssemos sozinhas e até ai tudo bem, mas...

— Abby, anda logo, vem ver isso! — chamei minha amiga, com os olhos arregalados e sem acreditar no que estava vendo.

— Eu já estou indo! Minhas pernas doem de subir isso, sabia?

— Eu deveria ter tirar do time de líderes então vovó — brinquei, observando a bunda branca do garoto. Virei de costas, quando ele se virou na minha direção e bom, eu vi ele daquele jeito.

Era o segundo garoto que eu estava vendo assim, pessoalmente, que estranho.

— Como você é... — interrompi Abby.

— TEM UM GAROTO PELADO NA CACHOEIRA! — gritei e Abby se assustou, caindo para trás entre as pedras e bom, como se não bastasse, o garoto subiu o rosto e olhou em minha direção.

Merda, ele me viu!

***

Oi, voltei! Isso é um milagre? Talvez sim hahah me desculpem a demora, foram tantas coisas acontecendo que acabei deixando a escrita de lado. Espero que tenham gostado do capítulo e ignorem os erros ortográficos gritantes, eu estou morrendo de preguiça de olhar isso e hoje só sai escrevendo. Enfim, até o próximo amores <3

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