One More Night

By PizzaDuarda

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Na frente das câmeras, uma amizade. Por trás delas, um amor interrompido por um contrato profissional. Caitr... More

Capítulo 1: Fúria encoberta
Capítulo 2: Eu pensei que você voltaria
Capítulo 3: Uma noite
Capítulo 4: Retorno a realidade
Capítulo 5: Prova real
Capítulo 6: Inconformado
Capítulo 7: Encarando as consequências
Capítulo 8: Escolhas
Capítulo 9: Revelações
Capítulo 10: Depois de tudo
Capítulo 11: Não faça mais isso!
Capítulo 12: Limites
Capítulo 13: Uma noite - parte II
Capítulo 14: Dia da mudança
Capítulo 15: 1° semana
Capítulo 16: Baby bump
Capítulo 17: IFH
Capítulo 18: Happy birthday Sammy!
Capítulo 19: Momentos
Capítulo 20: Loving and fighting
Capítulo 21: Pesadelos
Capítulo 22: Provocações
Capítulo 23: Efeito colateral
Capítulo 24: Cinema, jantar e...
Capítulo 25: Edimburgo - Parte I
Capítulo 26: Edimburgo - Parte II
Capítulo 27: Edimburgo - Parte III
Capítulo 28: Edimburgo - Parte IV
Capítulo 29: Reconciliação
Capítulo 30: Conexão
Capítulo 31: You broke me first
Capítulo 32: Irlanda - Parte I
Capítulo 33: Irlanda - Parte II
Capítulo 34: Irlanda - Parte III
Capítulo 35: Irlanda - Parte IV
Capítulo 36: E a verdade é contada...
Capítulo 37: It's a...
Capítulo 38: It's a... - Parte II
Capítulo 39: To build a home
Capítulo 40: inseguranças e hormônios
Capítulo 41: Tour de divulgação
Capítulo 42: Tour de divulgação - Parte II
Capítulo 43: volta pra casa
Capítulo 44: Papai tem conversa séria com bebê
Capítulo 45: That's a wrap
Capítulo 46: odeio mudanças
Capítulo 47: a volta dos que não foram
Capítulo 48: concessões
Capítulo 49: tudo desmorona
Capítulo 50: 30 semanas
Capítulo 51: Curso de pais
Capítulo 52: O outro
Capítulo 53: welcome, baby girl!
Capítulo 54: o que a madrugada guarda...
Capítulo 55: Happy Birthday, Cait
Capítulo 56: desentendimento
Capítulo 57: jogo de sedução
Capítulo 58: Surpresa
Capítulo 59: Surpresa - Parte II
Capítulo 61: O começo
Capítulo 62: O parto
Capítulo 63: Depois do parto
Capítulo 64: pequenos momentos
Capítulo 65: Natal
Capítulo 66: Pai e filha
Capítulo 67: Primeiro encontro
Capítulo 68: afogar o bico do ganso
Capítulo 69: os finalmentes
Capítulo final: Happy Ending - Parte I
Capítulo final: Happy Ending - Parte II
Capítulo final: Happy Ending - Parte III

Capítulo 60: Hormônios

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By PizzaDuarda

Dedicado aos meus dois amores, Rafa e Letícia que fazem aniversário essa semana!

___________________

Caitríona

O tempo dela não estava mais funcionando para mim.

Quando seria o meu tempo?

O tempo em que eu poderia finalmente enxergar os meus pés de novo, que eu poderia usar saltos ou até sapatos de novo. Já que hoje em dia, nem mesmo eles cabiam mais em meu pé extremamente inchado.

O tempo em que eu poderia dormir em qualquer posição ou ao menos dormir, sem ser acordada no meio da noite por conta da minha bexiga minúscula e pressionada pelo peso ou por sentir desconforto em qualquer posição que eu me deitasse.

O que eu não faria para que essa criança – minha criança – simplesmente sair de mim?? Era uma questão muito tendenciosa. Eu estava a ponto de seguir aquelas receitas malucas da internet que prometiam ajudar na indução do parto! Já estávamos chegando a 42° semana de gestação e meu colo do útero continuava intacto. Nenhuma dilatação, nenhuma contração... Nada. Minhas consultas semanais apontavam apenas que minha ervilhinha estava tãoooo confortável dentro da barriga que simplesmente não queria sair. Parecia tortura. Minha filha, essa pequena meliante, estava me torturando.

Eu queria que ela saísse! Eu precisava que ela saísse! Minha opinião não valia de nada pra essa mini ingrata? Já não bastava ela claramente preferir o pai, ela ainda me torturava no processo! Não era eu que estava literalmente carregando todo o peso????

— Vamos, ervilhinha! — pedi, cutucando a minha barriga e ela chutou em resposta. Ela odiava quando eu fazia isso e sempre me respondia com um chute que podia ser visto como um "me deixa em paz". — Mamãe quer conhecer você!

E não aguento mais carregar você. Minhas costas doem em todos os pontos; meus pés estão tão inchados que nem os sinto mais na metade do tempo...

— Vamos, filha!!! — a cutuquei de novo — Mamãe promete que mantém você quentinha e segura aqui fora também! — abaixei o volume da minha voz — Se você sair... eu prometo que compro todos os ursinhos que você quiser! Eu compro a loja toda, querida... Apenas saía.

Ouvi a risada de Sam e joguei uma almofada nele, fazendo com que ele apenas risse mais.

— Você perdeu o amor a sua vida?

— Você está tentando comprar a nossa filha para ela sair de você?

— Não. — Neguei para ele e então olhei para a minha barriga — Só se funcionar...

Nada. Dessa vez ela nem me deu um chute, apenas me ignorou com se já tivesse entrado na fase rebelde da adolescência.

— Traidora. — Murmurei e então ela me chutou em resposta, revirei os olhos e eles repousaram em Sam a minha frente e tive uma ideia — Talvez se você falasse com ela...

— Já tentamos isso, lembra? Não deu muito certo...

Bufei.

Sam fez um gesto para que eu me movesse para abrir espaço para ele, sabendo que eu ficava muito mais confortável com o seu apoio. Abri espaço para ele, mas antes dele se posicionar, ele deu um beijinho na minha barriga e disse "Oi, Ervilhinha" recebendo um chute em retorno, como sempre. Pequena traidora.

Depois de dar a atenção devida a sua filha, Sam subiu no sofá e se sentou bem atrás de mim. Eu me encostei nele, descansando minha cabeça em seu peito, enquanto ele posicionou sua cabeça na curva do meu pescoço e suas mãos se posicionaram bem em cima da minha barriga, onde nossa filha fez a festa ao reconhecer o toque do pai.

— Ela me odeia. — Murmurei, indignada.

— Não odeia, não. — Ele disse, acariciando minha barriga — Eu é que tenho um efeito especial sobre as mulheres Balfe, querida.

Revirei os olhos.

— Se esse efeito não me ajuda a tirar essa criança de dentro de mim... Você é inútil pra mim então.

Ele me deu língua e um beijo na minha bochecha.

— Você sempre me dizendo as coisas mais lindas, Balfie.

— Você sabe onde pode enfiar esse seu deboche?

— Você sabe o que pode acalmar esse seu humor? — revidou.

— Sim! — exclamei, aproximando nossos lábios só para desviar no último segundo e fazer um gesto em direção a minha barriga — Que ervilhinha saía de dentro de mim!

Ele riu de novo.

— Não posso fazer com que ela saía, mas posso te dar um pequeno alívio...

— É mesmo? — Sussurrei sugestivamente, enquanto afundava meu rosto em seu pescoço.

Sam riu.

— Não isso.

— Para que você serve afinal? — comentei irritada.

— Para te amar! Não? — questionou ao receber meu silêncio.

— Não.

— Droga! Achei que ia gostar dessa.

Sam vendo que suas piadas só pioraram meu humor, deixou de lado as gracinhas e tentou fazer a única coisa que podia aliviar minha irritabilidade no momento. Ele posicionou suas mãos bem embaixo da minha barriga e a levantou, erguendo o peso dela com suas mãos e eu suspirei de alívio, quase choramingando, deitando minha cabeça cansada em seu peito.

Eu sei. — Ele sussurrou para mim.

Não acho que ele sabia, mas não queria discutir agora.

Todo mundo falava sobre o milagre e a felicidade durante a gravidez, mas poucos falavam sobre como isso nos afetava em geral. Como era literalmente pesado carregar um bebê por 9 meses, quase 10, já que minha filha decidiu que não queria sair.

Sam soltou a minha barriga depois de um tempo e o peso retornou.

— Arghhhh. Ela não vai sair nunca? — Murmurei.

— Em breve. — Ele me deu um beijo na testa.

-/-

Meus irmãos eram uns pés no saco, sendo David o mais irritante de todos e eu estava preparada para ensiná-lo uma lição.

Ele tinha ultrapassado todos os meus limites quando comeu meu mamão. Eu estava salivando por aquele mamão com sal e o desgraçado simplesmente C-O-M-E-U o meu mamão!

Que tipo de pessoa fazia isso? Comia o mamão de uma grávida e nem se sentia mal por isso?

Eu respondo: David.

Se eu pudesse voltar no tempo, poderia jogá-lo em uma caçamba igual o Félix fez com a filha da Paloma.

Babaca.

Como eu não podia, eu planejei uma leve vingança.

— DAVID! — Gritei.

— O que foi, irmãzinha? Vai começar a reclamar de novo sobre o mamão, porque eu já disse que...

Ele se calou.

Eu estava sobre uma poça enorme de água, curvada como se sentisse dor. O rosto do meu irmão se empalideceu na mesma hora já que éramos os únicos em casa, porque o resto tinha saído para fazer as compras do mês.

— Você... Isso... Você... — ele olhava de mim para a poça, abismado.

— Sim! Me ajuda!

David olhou para todos os lados antes de caminhar até mim em passos hesitantes.

— Eu sou o único em casa? — Assenti. — Droga! — Olhei para ele com os meus olhos arregalados e ele quase se bateu. Como eu era uma atriz excelente! — Quer dizer... Até que enfim! Que legal e emocionante.

— Você não vai desmaiar, vai?

— Não. Só... — ele olhou ao redor — Talvez eu devesse ligar para o Sam.

— Ou me levar para o hospital. — Massageei minha barriga, como se sentisse dor — No seu tempo, irmãozinho. Podemos esperar! — ele bufou, mas me ajudou a sair da poça até a porta da frente, estoico.

Eu poderia levá-lo até o hospital e meu irmão ainda não saberia a verdade, mas eu acabei tendo uma crise de risos e contei a verdade.

Pensei que David ficaria irritado, chateado ou até transtornado, mas ao invés disso, ele me parabenizou pela performance e me pediu para fazer o mesmo com Kevin.

Não pude negar. Seria impecável ver a reação do meu irmão mais velho... Planejamos tudo para que ele chegasse sozinho e tivéssemos tempo o suficiente para assustá-lo. David adicionou até um drama a atuação, desligando a caixa de energia e fazendo barulho de chuva enquanto estávamos em uma área sem janelas...

A reação de Kev foi ainda mais hilária que a de David e ele quase conseguiu me enfiar no carro antes que eu finalmente falasse a verdade.

Kevin não falou comigo por horas depois disso, mas ele superou quando eu fiz um pouco de drama. Afinal, eu estava grávida.

-/-

O meu humor se dissolveu como água nos dias seguintes...

Eu quase não dormir mais do que 4h horas diárias nos últimos dias e toda vez que eu conseguia cochilar por alguns minutos, meus irmãos babacas faziam barulho e Ervilhinha acordava com soluço.

Além de me acordar, atrapalhavam a minha filha a dormir.

Eu estava farta! Sem nenhuma paciência para os meus irmãos babacas e suas infantilidades e idiotices. Na verdade, meu problema era com homens em geral, porque se eles não existissem... Eu não estaria grávida agora, carregando uma barriga de quase 10kg de um lado para o outro.

Eu os odiava.

Eu ia matá-los.

Um por um.

Em breve.

E seria doloroso. Muito. Faria eles sofrerem primeiro para depois alimentá-los para os animais selvagens que só existiam na Escócia...

— Respira. — Sam pediu.

— Não me manda respirar! — sussurrei brava para ele.

— Eu só não quero que você se estresse.

— Quem sabe assim essa criança saía de dentro de mim!

— CAITRÍONA! — David gritou — Sarah quer falar com você sobre a bebê.

— 1,2,3... respira. 1,2,3... Inspira.

— Amor...

— Caitríona, você acha que podemos fazer aquele jantar? — Kevin questionou.

Meu pai fez um barulho de ronco do sofá enquanto a voz de Francis ecoava no viva-voz de Kev.

Eu explodi.

Não me orgulho disso, mas caramba! A encheção de saco estava tão grande que até mesmo minha mãe estava começando a ficar irritada. Agora... imagine eu? Grávida de quase 42 semanas, sofrendo todos os tipos de desconforto tendo que aturar meus irmãos idiotas?

— PAREM! SÓ PAREM! EU NÃO AGUENTO MAIS VOCÊS! — gritei — ANNIE MATE ELES OU EU VOU MATAR!

— Ela precisa se acalmar. — David sussurrou para Kevin e levou um soco em resposta.

— O que eu preciso é que minha filha saía de dentro de mim antes que minha coluna se envergue permanente! — gritei, jogando um limão nele — E sabe o que mais eu preciso? Me livrar dos homens! Todos eles. Vocês são bagunceiros, irritantes, porcos e sinceramente, imprudentes.

— A... —

— E cala a sua boca, David! Você jamais aguentaria carregar seus três filhos por quase 10 meses!

Virei as costas para sair, mas não rápido o suficiente para não ouvir mamãe, Annie e Chrissie repreendendo meus irmãos (com direito a tapas e puxões de orelhas), o que me agradou bastante.

— Querida, talvez a gente pudesse ir para algum lugar e...

— Sam. — O interrompi — Eu amo você, mas nesse momento até mesmo o som da sua voz está me irritando.

— Mas..

— Zip. — Fiz gesto de zip em frente à minha boca, insinuando que Sam deveria ficar quieto. — Eu realmente não preciso das suas habilidades de coaching agora, eu só preciso ficar sozinha. — Olhei para a minha barriga — Na medida do possível.

Sam assentiu, parecendo magoado. Mas eu não podia me preocupar com ele agora, já tinha muito no meu prato!

Um rompante de lágrimas encheu meus olhos e senti que estava por um fio.

Malditos hormônios!

Ouvi a porta se fechar atrás de Sam e isso só me deu mais vontade de chorar, porque no fundo não queria que ele fosse, mas ao mesmo tempo não queria que ele ficasse.

Droga!

Eu explodi mais cedo com os meus irmãos... E agora com o Sam. Estava totalmente irritada, insatisfeita e mal-humorada.

Ervilhinha estava prolongado seu lar quentinho por mais tempo do que eu pensava e na 42° semana de gestação eu já não tinha posição para dormir, sentar ou andar sem que tudo doesse ou pressionasse minha bexiga.

Eu estava tãooo cansada.

Filha... — pedi, meio implorando — Mamãe precisa que você saía antes que ela cometa um crime e mate seus tios ou seu pai. É isso que você quer?

Ervilhinha chutou.

— Eu sei que não. Agora colabora com a mamãe... Por favor.

Sem chute dessa vez.

A médica disse que isso iria acontecer. Ela tinha tão pouco espaço dentro da minha barriga agora que a qualquer pequeno movimento, toda minha barriga se mexia; mas ela não tinha mais espaço livre então se mexia pouco ou quase nunca.

Às vezes, quando ela ficava muito tempo sem se mexer, meu coração apertava e eu implicava com ela até ela se mexer com medo de que alguma coisa tivesse acontecido com ela, como ser enforcada pelo cordão umbilical ou morrer de susto por causa dos meus irmãos. E ela sempre me respondia com um chute que parecia irritado.

Ri em meio a um soluço. A gestação era uma verdadeira montanha russa de emoções e sentimentos que eu nunca explorei antes.

— Torça, querida... Para que eu tenha mais paciência nos próximos dias ou você vai nascer na cadeia.

-/-

Sam não voltou para o quarto e eu fiquei brava. Depois fiquei triste, porque sabia que eu o havia afastado e então fiquei brava de novo, porque ele deveria estar aqui. Ele, mais do que ninguém, deveria entender que eu não era eu mesma e estava por um fio.

Ele não podia ficar chateado pelas coisas que eu dizia durante uma crise hormonal! Eu não tinha controle de mim mesma nesses momentos e muito menos a capacidade de poupar os sentimentos dos outros.

Suspirei.

Ouvi uma batida na porta e me animei um pouco. Sam tinha voltado! Infelizmente, minha animação morreu durante os poucos segundos necessários para atravessar o quarto e abrir a porta.

— Oi, Chrissie. — Cumprimentei, desanimada.

— Oi, querida! — ela sorriu, o que me fez me sentir mal pelo meu pouco entusiasmo ao vê-la, mas não estava conseguindo me controlar quem dirá fingir sentimentos. — Você está um pouco cabisbaixa hoje.

— Só cansada. — Dei um sorriso triste.

— Eu sei como é.

— Cirdan e Sam também demoraram para nascer?

— A não... Meus filhos eram apressados como ninguém! Cirdan nasceu de 8 meses e Sam nasceu na primeira semana que completou 9.

Suspirei, cansada. Apenas a minha filha que não queria sair então.

— A minha obstetra disse que eu criei um ambiente tão seguro e confortável que ela não quer sair. — Suspirei, me sentado na beirada da cama com uma mão apoiando minha coluna — Eu vivo desequilibrada, como isso pode ser seguro e confortável?

Chrissie riu.

— Estão todos com raiva de mim lá embaixo?

— Não, claro que não. Todos entendemos que você está gerando uma vida e isso não é uma coisa fácil. — Chrissie se aproximou de mim, colocando suas mãos finas, delicadas e sujas de tinta (como se fosse uma marca permanente) de uma artista em meu rosto. Seu toque era macio, quente e maternal, o que me fez buscar por ele — Seus irmãos receberam uma leve repreensão e estão pagando por irritar uma mulher grávida.

— Eles merecem.

Ela concordou.

— Agora... O que você merece?

— Que minha filha seja um anjo depois que nascer? — Chrissie me deu um olhar cético. — O que? Eu posso sonhar!

— Um dia de SPA.

Suspirei.

— Não acho que tenho ânimo para sair de casa até a cidade, principalmente tendo que me esconder e me esgueirar por causa daquele maldito.

Toda vez que eu lembrava o que Tony tinha feito por vingança, um sentimento ruim e frio se apoderava de mim. Ele tentou transformar esse momento lindo, o momento em que eu criava uma vida em algo sujo. Feio. Como se a minha gravidez fosse algo que eu tivesse que ter vergonha.

Um dia... Eu iria pagar com a mesma moeda. Mas por enquanto, eu deixaria esses pensamentos de lado porque não queria energias negativas perto da minha Ervilhinha.

— Não, querida. Você não precisa ir a lugar algum!

— O que?

Chrissie me levou até a janela e apontou para o jardim, onde na área coberta, havia tudo o que um SPA tinha. Cadeiras de massagem, massagistas e até lama.

— Você merece um dia para relaxar...

— Eu não acredito que vocês fizeram isso por mim.

Chrissie me deu um leve aperto na mão.

— Você merece, mamãe.

Passamos o resto da tarde aproveitando o SPA. Apesar de pensar que seria restrito as mulheres, todos os meus familiares foram contemplados com o dia no SPA, até mesmo papai Balfe compareceu e ganhou uma limpeza de pele completa, banho de lama e uma massagem que o fez dormir até babar.

Sam foi o único que ficou em silêncio o tempo inteiro, mesmo participando de todos os processos conosco.

Eu sabia que ele estava chateado, mas eu não queria dar o braço a torcer! Principalmente sabendo que estar grávida me isentava de quase todos os meus ataques ou explosões, porque eu não tinha controle com o meu excesso de hormônios.

Ao final do dia, o SPA acabou. Todos voltamos para dentro, exaustos demais do nosso dia relaxante para brigar, assistir tv ou até falar. Alguém pediu comida e nós comemos em silêncio antes de nos debandarmos para os nossos quartos.

Sam fez sua rotina noturna enquanto eu removia minhas roupas e me enfiava debaixo das cobertas. Ele me deu boa noite e conversou com a minha barriga tão baixinho, que não passava de ruídos para mim.

Amanhã eu pediria desculpas.

Amanhã.

-/-

Eu acordei mais estressada do que no dia anterior porque tive que levantar mais de 16 vezes para fazer xixi e Sam continuava não falando comigo.

Resultado: eu agi como uma vadia com a minha família toda, especialmente meus irmãos. Olhar para eles era motivo para me irritar e olhar para o meu pai ou minha mãe era motivo para chorar... Eu estava um caos completo.

E Sam continuava em silêncio.

Annie tentou me animar, propondo uma ligação com Lorraine e seu bebê recém-nascido, mas tudo o que a ligação me fez sentir foi mais irritação.

Com o meu sobrinho que não parava de chorar, com a minha irmã que tinha dado à luz há dois meses enquanto eu ainda andava igual um pinguim para todos os lados e com Ervilhinha por não me obedecer e sair logo.

Annie desligou antes que eu pudesse fazer alguma besteira e tentou me distrair com filmes.

Mas eu estava um porre.

Na hora do almoço, minha família e Chrissie decidiram que seria bom me dar um tempo a sós. Ou seja, fugirem de mim. E eu achei um máximo! Finalmente poderia ficar sozinha tempo o suficiente para ouvir meus pensamentos ou uma música!

Ficou decidido que Chrissie levaria todos para almoçar fora e depois eles dariam uma volta em Glasgow para começarem as compras de Natal, já que faltava menos de 20 dias.

A decoração tinha sido feita há dois dias e rendeu um quase incêndio quando meu pai e Sam derrubaram as meias dentro da lareira, mas felizmente, David estava preparando e conseguiu apagar o fogo. Provavelmente acostumado com isso já que criava seus filhos sozinhos.

Sam, David e Kev foram pessoalmente escolher o imenso pinheiro que ocupava minha sala de estar, enquanto Chrissie e mamãe foram as responsáveis em decorá-la.

Apesar da maior parte do tempo, eu estar irritada com a minha família, seria legal passar o Natal com todos depois de tanto tempo. Especialmente sabendo que minha filha estaria aqui.

Querendo ou não.

A doutora Palmer tinha decretado que se Ervilhinha não nascesse até o dia 10, teríamos que fazer um procedimento de emergência para tirá-la, porque ela não podia ficar mais tempo.

Suspirei. Não ouvindo nenhum outro barulho dentro de casa além da minha própria respiração.

Finalmente.

Fugi da sala de tv até a cozinha e roubei alguns biscoitos para comer enquanto assistia ao meu episódio favorito de Friends, quando esbarrei em uma muralha.

— Sam?

— Cait.

— O que você está fazendo aqui?

Ele me olhou como se eu fosse louca.

— Pensei que só minha voz te irritava, não a minha presença.

Revirei os olhos.

— Não quis dizer dessa forma. Só achei que você iria com todos os outros...

Até porque eu não te dei nenhum motivo para ficar e ser maltratado enquanto podia se divertir. Pensei.

— Eu não podia deixar você sozinha.

— Ah.

É claro que não. Ervilhinha podia nascer a qualquer momento e eu seria incapaz de dirigir até o hospital enquanto as contrações acabavam comigo.

— Se isso é tudo... — Sam passou por mim, mas eu o segurei.

— Sammy... Desculpa. Sua voz não me irrita de verdade, eu só... Estava tão irritada e ainda estou. Tudo isso é muito estressante, mas eu não quis descontar em você.

— Nossa família está fugindo de você.

Eu sorri.

— Eu sei.

— Você armou isso?

— Um tempo de silêncio e paz em nossa casa para nós três? — arregalei os olhos, fingindo. — Jamais!

Ele sorriu.

— Perversa.

— Eu não aguentava mais eles.

— Nem eu! — sorri. — Podemos sentar e assistir Friends como se nada disso estivesse acontecendo?

— Ok. Mas só se for aquele que...

Não terminamos o episódio, porque eu finalmente convenci Sam de que nossa melhor opção para que Ervilhinha nascesse... era seguir a sagrada internet. Dessa forma, ficamos presos em uma lista de coisas que induzia o parto, segundo especialistas da internet, e decidimos testar uma mistura com essas receitas que precisava ficar na geladeira por 12h antes de ser tomada.

— Amanhã eu tomo isso e... bum! Bebê no braço!

— Simples assim?

— Simples assim.

— E se não funcionar?

— Podemos tentar o sexo. — Sorri.

— Até nesses momentos, você pensa em sexo? Ninfomaníaca!

— Eu não sou!

— É sim! — fiz careta e Sam riu — Aposto que está pensando em sexo agora!

Eu não estava.

Isso não podia ser o que eu achava que era... Quer dizer, eu esperava que fosse acontecer em algum momento, eu estava ativamente criando e planejando toda uma forma para que isso acontece, mas... Um barulho igual a um copo de água virando preencheu o ambiente e eu olhei para baixo, enquanto Sam, continuava a tagarelar.

— Sam? — chamei, sentindo todos os meus músculos se tensionarem.

— O que? — murmurou distraído, olhando uma outra receita no tablet.

— Minha bolsa estourou.

_______________________

Nota 1: Quem esperava por esse final? 😳😅 Então, finalmente vem ai o nascimento tão esperado da nossa Ervilhinha! Até a próxima 😝

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