15 de Fevereiro de 2012
Henry Narrando:
Acordei bem tarde naquele dia, estava atrasado pra escola, acho que me esqueci completamente que não sou mais um bebê e não tenho mais minha mãe pra me acordar de manhã. No lugar disso tenho agora um despertador irritante que nem estremecendo o meu quarto não consegue me acordar. Agora posso dizer que cheguei na fase do: Você já é grandinho. É! Cheguei naquela idade em que sua mãe e seu pai simplesmente não se importam mais nem um segundo com a sua situação, param de me dar beijo de boa noite, não fazem mais o café da manhã pra mim, param de te ensinar coisas básicas como andar de bicicleta, vestir uma roupa, ensinar o dever de casa e levar você a um passeio no fim de semana. Isso tudo já nem importa mais pra eles, afinal "Você já tem 10 anos", falando nisso, como assim já tenho 10 anos e estou prestes a completar 11?
Definitivamente parece que foi ontem que eu tinha apenas 5 anos e corria pela casa deixando minha mãe eufórica gritando: HENRY PRUDENCE HART, PARA DE CORRER PELA CASA!
Hoje ela não faz mais isso, afinal aprendi a andar o mais devagar possível com tamanha a preguiça e desmotivação de ter que acordar de manhã pra ir a escola. Era algo tão divertido antes e agora parece que virou o meu maior pesadelo, afinal é o 5° ano, eu simplesmente odeio estudar, só queria ter a mesma disposição pra estudar que a Charlotte, falando nela... Ela tá tão... LINDA!
Não consigo nem me expressar quando falo dela, porque não tem o que dizer sobre ela, ela é simplesmente o que é, perfeita!
Fofa, meiga e inteligente, cada dia mais eu não consigo nem olhar direito nos olhos dela, ela me intimida de uma forma que só Deus sabe, e não tô falando só porque ela é linda, mas principalmente porque essa menina cada ano que se passa, mais eu não consigo mais diferenciar quando ela está falando sério ou sendo irônica e debochando de alguma coisa que faço.
Um dia eu comprei um sorvete de menta pra ela e perguntei se ela tinha gostado do sabor, e ela respondeu com um sim e um sorriso alegre, minutos depois ela jogou o sorvete fora, e nesse exato momento você pode imaginar o brilho nos meus olhos desaparecendo de pouco a pouco.
Mas falando sério agora, nossa amizade nunca mudou, tudo continua do mesmo jeito, as piadas, risadas e as loucuras. A única coisa que mudou é que os arrepios agora são mais constantes e instantâneos, ainda não sei o que isso significa, mas é meio estranho e ao mesmo tempo bom. Quer ver só uma coisa pra não achar que estou mentindo?
- Oi Henry, você já está pronto?
Escuto a voz dela ecoar por trás de mim, e.... Lá vamos nós de novo!
- O..oi Ch..Char! Eu...
O gaguejado, a voz trêmula, a pele arrepiada, o coração quase saltando pela boca, o sorriso bobo e as pernas tremendo feito vara verde. Viu só? Isso acontece sempre depois que eu passo pelo menos 3 dias sem ver ela, ela viajou com a mãe dela para a cidade dos tios e fiquei sem vê-la, foram só 3 dias mas parece que se passaram uma eternidade. Em fim é loucura sentir essas coisas quando ela é só sua amiga, eu não sei se isso é normal, mas o que sei é que estou agora nesse momento olhando pra ela feito um bobalhão com um sorriso atravessado.
- HENRY!
Ela grita me fazendo voltar a minha postura normal.
- Eu fiz uma pergunta, tô falando com você a mais de um minuto.
- Desculpa... O que você tinha dito?
- Eu perguntei se você já tá pronto, estamos atrasados pra escola!
- Ah... Sim! Eu estou pronto, podemos ir.
Digo tentando parar de encarar seus olhos que me julgavam com uma expressão de desaprovação. Fecho a porta do meu quarto e fomos juntos pra escola, nos encontramos com o Jasper no meio do caminho. Ah! Não sei se falei dele, ele tá de boa, não mudou nada, continua obcecado por baldes.
- E aí gente, qual vai ser a programação de hoje?
Jasper pergunta.
- Ir pra escola e depois voltar pra casa?
Charlotte responde em um tom irônico.
- Ah não! Porquê a gente não dá uma volta pelo parque de Swellview depois da aula?
Jasper incentiva.
- Vocês sabem que minha casa está passando por uma reforma e tenho que ajudar a mamãe a organizar as coisas.
Charlotte diz.
- Fico muito feliz em saber que você tá mudando de vida e sua mãe conseguiu um emprego legal.
Digo orgulhoso dela.
- É! Valeu a pena ter passado 3 anos sem ela, mas ainda bem que ela voltou como o prometido. Mas agora mudando de assunto, temos um teste de história hoje, uma revisão das aulas que tivemos no ano passado, vocês estudaram?
Charlotte diz.
- Eu odeio história!
Digo.
- Não é tão ruim se você se aprofundar nos estudos.
Ela responde.
- Fale por você, eu não consigo nem ler o título de um livro de história, quem dirá estudar.
- Você tem que se esforçar mais Henry.
- Gente, vou comprar sorvete, vocês querem?
Jasper pergunta.
- Não obrigada! Charlotte responde.
- Não valeu.
Respondo e depois Jasper deixa nós dois a sós.
- E... Então, você vai dormir na minha casa hoje?
Pergunto meio tímido, olhando para o chão com as mãos no bolso.
- Henry já faz anos que não durmo mais na sua casa, eu agora tenho duas babás que podem ficar comigo durante o dia inteiro.
- É eu sei, sinto falta de quando você ia pra minha casa e a gente passava a noite acordados, não entendo porque a gente não faz mais isso.
- Já somos grandinhos Henry, não temos mais 5 anos, é esquisito dormimos no mesmo quarto agora. O tempo passa e as coisas mudam.
- Você pode dormir no quarto da Piper.
- Ela não gosta de dividir o quarto Henry.
- Eu sei, é que faz tanto tempo que você não vai mais na minha casa, sinto falta disso.
- Minha mãe não gosta de encomodar as pessoas, ela acha que eu incomodo vocês e por isso ela não deixa mais eu ir na sua casa.
- Você nunca incomodou, minha família adora você, acho injusto sua mãe querer nos separar assim.
- Ok eu tive uma ideia, talvez eu possa dar uma passada na sua casa hoje!
- Sério?
Pergunto animado.
- Vamos fazer um desafio, se você tirar nota boa no teste de história hoje, eu não vou na sua casa, mas se você tirar nota baixa, eu posso ir na sua casa pra te ensinar pra você tirar nota boa na prova. Minha mãe não vai se importar de eu ir te ensinar algumas tarefas.
- Ótimo, já sei que vou tirar um zero, então eu topo.
Digo e nós dois demos um aperto de mão. Fomos para a aula e a professora entregou nossos testes, algumas horas depois terminei meu teste e entreguei pra professora, aliás, fui o último a entregar. Me sentei na minha cadeira convencido de que tiraria uma péssima nota, eu estava realmente torcendo pra aquilo acontecer, eu quero muito que a Charlotte vá pra minha casa, a gente vai poder brincar bastante, comer biscoitos e jogar, óbvio que os estudos vai ser só pretexto né? E se ela acaba até dormindo lá? Vai ser incrível, a gente fica acordado a noite inteira. Minha felicidade em pensar na possibilidade era imensa.
- Senhor Hart? Seu teste!
Minha professora me chama após terminar de corrigir as questões, fui até sua mesa e peguei a prova super feliz, nunca tinha ficado tão feliz em tirar uma nota.... ALTA?
- Professora o que é isso?
Pergunto sem acreditar na nota que ela me deu.
- É sua nota Henry, parabéns, você tirou B+, parece que ficou atento a todas as aulas anteriores não é? Estou feliz.
- Mas professora, eu nem estudei, eu nunca pego em um livro de história, essa nota deve estar errada.
- Nesse caso, parece que você não é tão ruim assim em História não é? Não está feliz?
- NÃO!
Digo alto fazendo a professora ficar assustada e os alunos me encararem com olhares arregalados.
- Foi mal, não tem como você corrigir de novo?
- Claro que não, a correção já foi feita, sua mãe vai ficar orgulhosa pela sua nota, boa sorte Henry.
Ela diz dando um tapinha no meu ombro me deixando irritado.
E agora? Se eu tirei nota alta significa que não vou precisar das aulas da Charlotte, ela não vai poder ir na minha casa porque vai estar ocupada.
- Eu tenho que fazer alguma coisa!
- E aí Henry? Como foi?
Charlotte pergunta ansiosa, eu nem sabia o que responder, mas...
- Tirei um F! Fui muito mal no teste!
Digo mentindo pra ela, é eu não deveria estar mentindo, é feio mas eu ia fazer qualquer coisa pra passar um tempo com a Charlotte.
- Ah nossa! Que pena Henry, posso ver sua prova?
Ela diz estendendo a mão pra pegar a folha da minha mão.
- NÃO! NÃO PODE!
Digo em desespero escondendo o papel atrás das minhas costas.
- Por quê?
Ela pergunta desconfiada.
- Porque? Porque... É muito vergonhoso, não quero que você veja.
- Ah sim! Então vou respeitar seu espaço.
Ela diz voltando para o seu caderno.
- Então... Significa que você vai poder ir na minha casa?
- Sim!
Ela responde concentrada, enquanto eu dava pulos de alegria. Depois da aula, fui pra casa e arrumei tudo, fiz pipoca, preparei um filme, fiz alguns biscoitos com ajuda da minha mãe e deixei meu quarto bem arrumado, ela iria chegar logo logo.
- Henry!!! A Charlotte chegou!
Papai grita de baixo, saio correndo em disparada até a porta e recepcionei ela com um abraço apertado.
- Vem entra!
Digo puxando ela para a cozinha.
- O que é isso?
- Vamos comer primeiro, mamãe preparou biscoitos pra gente.
Depois que terminamos de comer, fomos para o meu quarto.
- Pronto agora podemos estu...
Ela trava após ver uma mesa com pipocas e refrigerantes.
- O que é isso Henry? Como assim?
- Vamos assistir um filme, acho que você vai adorar.
- Henry! Eu vim pra sua casa pra te dar aulas de história e não pra brincar.
- Ah o quê que tem? Pensei que essa de estudar fosse só uma desculpa pra sua mãe deixar você vir pra cá.
- Não Henry, eu realmente vim pra te ensinar, suas notas estão horríveis, precisa se dedicar mais.
- Mas Charlotte...
- Sem Mas Henry! Desliga a TV e pega seus livros e cadernos, nós vamos estudar.
Pra quê diabos eu fui mentir sobre minhas notas, agora vou ter que estudar com ela.
Depois de alguns minutos ouvindo a Charlotte falar e falar paralelamente sobre coisas históricas, acabo quase dormindo enquanto ela fala.
- HENRY!
Ela grita e eu desperto rapidamente.
- Ooi! Foi mal, será que não dá pra gente dar um tempo nisso? Já tô cansado de ler e ouvir você falar.
Ela revira os olhos.
- Tá bom, vamos dar um tempo!
- Ebaaa! Vamos assistir?
- Tá legal, só não esquece que depois de hoje você se vira pra aumentar suas notas porque eu não vou ter como vir te ensinar de novo.
- Fica calma, eu já guardei tudo aqui na minha mente.
Não decorei absolutamente nada do que ela disse.
Coloquei um filme de comédia, e ficamos assistindo até tarde que acabamos esquecendo do tempo, até que ela se lavanta do chão pegando suas coisas.
- O que foi? O filme ainda não acabou!
- Tenho que ir pra casa, já está na minha hora.
- Por quê não dorme aqui?
- Claro que não Henry, eu já te expliquei.
- Eu dou a minha cama pra você dormir.
- E tirar o seu conforto? Claro que não! Se quiser me acompanhar até a porta...
- Por favor, nunca te pedi nada!
- Eu já disse que não posso, eu tenho que ir pra casa, minha mãe vai ficar preocupada.
Ela diz já com a voz alterada.
- Está bem, eu posso te levar em casa então?
- Isso você pode!
Peguei meu casaco e levei ela para casa.
Depois disso, adivinha? Continuei mentindo sobre minhas notas, dessa vez também com outras matérias. Minhas notas não estavam tão ruins, mas se eu não mentisse ela não ia querer ir pra minha casa me "ensinar". Eu fiz a Charlotte ir mais vezes na minha casa com a desculpa que precisava de mais aulas extras. Eu sei que é errado e a Charlotte não tá cumprindo com as obrigações dela em casa por minha causa, mas que mal tem? Somos crianças, temos que brincar e aproveitar do nosso....
- Henry!
Ouço a voz dela ecoar bem perto dos meus ouvidos, ela parecia estar brava?
- Henry, eu tô bastante chateada, não sei o que dizer!
Ela diz com os olhos molhados querendo chorar. Ela pega a sua prova de Inglês e me mostra a sua nota, que pela primeira vez não era um A ou B, era um.... C-?
- O que ouve com suas notas Charlotte? Você NUNCA tirou um 7.
- O que ouve com minhas notas? Eu vou te dizer. Eu tirei um C menos porque ao invés de eu estar em casa fazendo minhas atividades e repassando as aulas, eu estou indo pra sua casa te dar aulas quando na verdade a gente fica a noite inteira fazendo qualquer coisa menos estudando.
Eu nunca tinha ficado tão triste pela Charlotte, e finalmente comecei a sentir que a culpa foi minha. Eu não deveria ter mentido pra ela.
- Charlotte, eu tenho que te contar uma coisa.
- O quê?
Pego os meus testes da bolsa e mostro pra ela.
- Henry, de quem são essas provas?
Ela pergunta boquiaberta.
- São minhas!
- O quê? Você não disse que tinha tirado um F?
- Eu menti pra você, pra que a gente pudesse passar mais tempo juntos na minha casa, porquê a sua mãe não iria deixar você ir por outros motivos a não ser que fosse pra me ajudar com as notas, então eu menti as minhas notas pra você ir pra minha casa e a gente poder brincar ou fazer qualquer coisa.
- Não precisava mentir Henry.
- O problema é que a gente não se ver mais com frequência, só na escola e mal, e eu não acho isso justo.
- É! Acho que você tem razão, a culpa não é nossa.
- Então o que vamos fazer?
- Já sei!
Ela diz, e então a noite eu e minha mãe fizemos uma visita pra mãe da Char.
- Oi Sra Kristen, no que devo a honra da visita?
A mãe de Char surge na sala onde eu e mamãe estavamos sentados.
- Eu vim porque o Henry me pediu que eu viesse falar com você.
- Está bem, aconteceu alguma coisa séria?
- Talvez! Eu não sei exatamente o que está acontecendo, mas o Henry pode explicar.
- Primeiramente me desculpa por fazer a Charlotte ir pra minha casa e segundo, sinto muito pelas notas da Charlotte.
Henry começa.
- O que tem de errado com as notas da Charlotte?
Ela pergunta com um semblante preocupado.
- Mãe, eu tirei uma nota baixa em Ciências, mas eu já recuperei a nota, fica tranquila.
- Está tirando notas baixas Charlotte? O que você tava indo fazer na casa do Henry já que não era estudando?
- Desculpa mãe, eu sinto muito!
Charlotte diz com a cabeça abaixada, me levantei a abracei ela.
- A culpa é minha Sra Angela, me desculpa!
- Ah! Vamos lá, é só uma notinha baixa, não exija tanto da sua filha, ela está na escola pra aprender e não pra mostrar que é um gênio!
Minha mãe começa.
- Está me dizendo que eu deveria aceitar minha filha tirar notas baixas?
- Não! Estou dizendo apenas que ela é só uma criança, não deveria exigir tanto dela, ela precisa se divertir também, tudo bem não ir bem nas notas às vezes, eles estão na fase de aprendizado, é normal eles quererem colocar as brincadeiras e as travessuras acima das obrigações. Tem que respeitar o tempo da sua filha.
- Você tem razão Sra Kristen, acho que eu estou sendo muito cruel com a Charlotte. Eu fiquei tanto tempo longe dela que agora não consigo mais deixar ela tão livre, pra mim é como se ela ainda fosse a minha bebê pequena de colo, eu perdi tantos momentos com a minha filha pela minha carreira, que esqueci que ela também precisa fazer outras coisas além de estudar, eu estou praticamente colocando meus objetivos em volta dela, como se ela precisasse de fazer tudo o que eu fiz pra conseguir alguma coisa, caramba ela é uma menina de 10 anos, ela tem que sair, brincar, ter amigos, e ela não precisa ralar porque eu já dou tudo o que ela precisa. Desculpa filha, eu não deveria te proibir de ir a casa do Henry.
Ela diz abraçando Charlotte.
- Agora sim você falou a minha língua.
Minha mãe diz.
- Bom, queria dizer que a Charlotte agora pode ir pra sua casa quando ela quiser, se não for incômodo claro.
- Já repeti várias vezes que a Charlotte nunca incomodou, ela pode ir quando quiser.
- Ela pode dormir lá em casa?
Pergunto animado.
- Eu não sei... Vocês não já estão grandes pra dormir juntos? É que antes vocês eram pequenos e cabiam na cama.
A mãe de Char pergunta.
- Não tem problema, a gente organiza um espaço pra ela, aliás, eles são só crianças, não há maldade nenhuma nisso.
Minha mãe responde, depois disso a Charlotte organizou a mochila dela e fomos para a minha casa juntos. Mamãe colocou uma cama pra ela dormir, mas esperamos todos irem dormir e ficamos deitados no tapete do meu quarto e ficamos apreciando as estrelas pela janela do meu quarto.
- Henry.
- Oi?
- Você ter mentido sobre suas notas foi muito errado.
- Eu sei, foi mal!
- Mas você foi um gênio!
- Eu sei rsrs!
Digo concentrado em olhar pro céu estrelado, até que sinto a mão de Charlotte encostar na minha, e aqueles arrepios vieram de novo, mas dessa vez meu coração quase parou.
- Henry! Tá com frio? Sua pele tá arrepiada.
- Eu... Acho que vou fazer um leite pra gente.
Digo me levantando rapidamente tentando disfarçar neu nervosismo e acabo tropeçando.
- Tudo bem?
- Ss..sim, hehe!
Digo saindo rápido pela porta.
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Oi amores, desculpa pela demora e pelo capítulo meio nhé, juro que o próximo vai ser melhor, mas me digam, gostaram da nova fase de Henry e Charlotte? Votem e comentem pra tia Pri ficar feliz, obrigada e até o próximo capítulo 😘