“O Passado é como se fosse um ímã...”
“...Quando você menos espera, ele está grudado em você outra vez.”
Silverbook's, September, 18, 15:45pm...
Aurora...
Dizem que uma mudança de ares faz muito bem para saúde, e desde quando aceitei o convite para visitar Silverbook's sabia que esse novo ar me faria muito bem.
E como uma ótima policial investigativa, acabo matando dois coelhos com uma cajadada só. Visito a minha melhor amiga e ainda faço uma investigação com mais precisão, em relação as coisas sobrenaturais que aconteceram pela região.
Há exato seis anos, aconteceu um grandioso festival em Village Of Black Blood. Além da morte de Kathryn Preston e Jorge Owen, metade da população foi morta da pior forma possível. Mesmo eliminando a força maligna Artivia G., não foi o suficiente para trazer a confiança dos sobreviventes de volta.
Muitos deixaram a cidade e até mesmo o país, para tentar se proteger. Embora, não seja o suficiente para sumir do radar dela, visto que sua última frase foi: “Não adianta para onde você vá, eu sempre vou te encontrar. Eu tenho olhos onde menos você possa imaginar.”
E vou contar um segredo para vocês, eu me arrepio todas as vezes que cito essa frase. Mas, se quero finalizar esse caso de uma vez por todas, tenho que enfrentar todos os fantasmas.
Um ponto interessante nisso tudo. Por que depois de tanto tempo esse meu interesse para investigar? Simples, alguém voltou a matar e eu preciso confirmar se foi ela ou não.
E digo, é difícil esconder essa nova onda de matança da minha melhor amiga e do Jack. Mas é extremamente necessário. Se eu contasse agora, ela com certeza surtaria e voltaria para a ação. E o melhor agora, é proteger ela e o bebê – só eu sei quantas vezes ela chorou quando teve os abortos espontâneos, só eu sei o quanto sofreu para superar a perda e só eu sei o quanto ela sorriu quando finalmente a gravidez vingou –, esse bebê é uma benção para todos e por isso tenho que encarar essa nova batalha, mesmo não sendo oficialmente minha.
– Ela já deveria ter chegado! - sussurro para mim mesma, enquanto olho os segundos passaram - Porra, Jully! Sempre atrasada. - reviro os olhos e começo a mexer no celular.
– Olá, senhorita! - disse uma criança se aproximando de mim - Poderia me informar as horas? - a olhei e fiz uma pequena análise
Por que uma criança me perguntaria as horas? E como poderia ser tão formal? Que tipo de situação é essa?
– 15:50pm - falei e vi um sorriso surgir em seus lábios, mas logo foi abandonado
– Oh, não! - ela deu um pequeno sobressalto, que foi extremamente suspeito - Mamãe está atrasada... Eu poderia ficar com a senhorita e esperar? - a olhei da cabeça aos pés e não posso negar, ela é linda, mas seus olhos escondem algo, mesmo sendo claros iguais ao oceano, sua suavidade não me engana.
– Comigo? - ela concordou - Por que eu? Tem outras pessoas aqui e já estou de saída. - falei e me levantei do banco onde estava, ela segurou a minha mão
– Por favor, senhorita... - implorou com lágrimas nos olhos - De todas as pessoas aqui, você é a única que exala confiança.
– Para uma pirralha, seu vocabulário é bem rico. - ela sorriu
– Para uma policial, você é bem lenta.
– Como sabe que sou policial? - levantei a sombrancelha e tentei tirar sua mão da minha, mas ela começou a apertar com uma força surreal
– Eu sei tudo sobre você, Aurora. - ela riu alto - Sei sobre seu avô maluquinho e aquelas loucuras do tempo. E muito mais. - ela apertou mais
– Solte-me agora! Sua pirralha. - seu olhar suave virou uma terrível tempestade
– Não deveria está aqui sozinha em primeiro lugar. Mas é melhor assim, não estou afim de conhecer aquela Jully Preston e o maldito Jack Owen.; Por isso, desejo que vá embora de Silverbook's, mas se preferir ficar e vê com os próprios olhos o que irei fazer com aquela família. Terá que manter os lábios lacrados, a gente nunca se conheceu e nem teve essa conversa. - piscou para mim
– E se eu abrir o bico? - a desafiei, ela apenas me olhou profundamente e sorriu
– Será muito triste ver esse rostinho bonito a sete palmos do chão.
A encarei em completo choque. Como é possível uma pessoa tão minúscula ser tão forte e tão maligna? Será que...? Não, é impossível a Artivia ter encarnado numa criança. Diferentemente do grandioso Ernesto Mond'vick, a Artivia não era tão poderosa assim, mesmo assumindo seu clã e obtendo poderes fora do normal. Ela não conseguia tranferir sua alma para outras pessoas. Então... Quem seria essa criança?
– Relaxa! - ela riu e soltou a minha mão - Não pretendo fazer isso agora. Tudo tempo seu tempo e seu relógio da vida ainda tem muitas voltas para dá.
– Artivia, é você? - ela desviou o olhar e começou a ficar desconfortável. O que confirma a minha teoria, ela não é a Artivia e parece ofendida por ser confundida com a mesma.
– Aimee Guhdmoy's! - sorriu - E por favor... Nunca mais cite esse nome, é irritante.
– Aimee Guhdmoy's... - murmurei para me acostumar - Quem seria você exatamente? Você não consta nos meus registros e muito menos estava no massacre de Village Of Black Blood.
– Não tire conclusões precipitadas, futura Delegada! - piscou - Eu estava lá, mas era apenas um bebê. - ela sorriu e olhou para o horizonte - Sabia que aquele massacre foi o meu presente de aniversário? Eu fazia um ano naquele dia. - meu corpo tremeu com aquela informação
– Eu preciso fugir dessa maluca! - pensei - Porra, Jully! Cadê você?
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Jack Owen, ao mesmo tempo...
Saímos do escritório de mãos dadas e fomos diretamente para a saída. Ao passarmos pelo hall de entrada para pegar a chave do carro, um vento passou por mim e quando percebi estava completamente sozinho com a mão suspensa no ar.
– Amor? - chamei algumas vezes, mas não obtive resposta - Jully, querida... Responda por favor, não gosto desse tipo de brincadeira.
– Ela não está brincando, Senhor Jack Owen! - falou uma voz masculina extremamente grossa vindo do alto da escadaria principal - Sentiu a minha falta? - sorriu de forma sombria - Digo que senti a sua falta.
– Augustus Heart? - olhei assustado - Pensava que estava no inferno!
– Lá é muito quente. - debochou - Você e eu sabemos que eu não iria para o inferno, meu pai praticamente comanda aquele lugar e eu tinha que tomar de volta o que é meu por direito.
– Eu estudei a sua história... Aquele lugar não lhe pertence. - ele riu
– Na visão do mocinho, eu sempre serei o vilão. Mas não se preocupe, eu mudei isso. - piscou
– Vo.cê conse.guiu vol.tar no tem.po? - perguntei ficando nervoso - Como? Destruímos os relógios e vocês. - ele riu outra vez
– Não apenas voltei no tempo, como também recuperei a minha imortalidade e dessa vez, nada e nem ninguém pode removê-la! Cortesia de Ernesto Mond'vick. - sorriu com um brilho intenso no olhar - E como? Simples, é possível criar outros relógios se você não sabe e até onde eu me lembro, a Aster traiu vocês.
– Ela não faria isso!
– Acredite... Ela fez, mas não se preocupe. - riu do meu medo - Esse relógio foi projetado para se autodestruir assim que realizasse sua única função.
– Por que está aqui? - levantei a sombrancelha e me aproximei um pouco
– Distração! - sorriu e me puxou com a sua magia, fazendo eu engolir toda a minha saliva e o meu medo - Eu não vou te machucar, ela mesmo que fazer isso!
– Ela? A Artivia voltou?
– Não completamente... - sorriu e começou a admirar a minha casa - Sua casa é belíssima, bem espaçosa, espero que tenham muitos filhos. - disse mudando de assunto
– Por que precisa me distrair?
Ele soltou um longo suspiro e olhou no fundo do meus olhos.
– Não se preocupe, Jack! Ela apenas que parabenizar pela gravidez e colocar o papo em dia com a sua graciosa esposa. - sorriu
Eu peguei em seu pescoço com uma força impulsiva pelo sentimento de proteção e com um sorriso sombrio falei:
– Se ela mexer com a minha esposa ou com o meu filho. Eu vou atrás dela nos confins do inferno e removo membro por membro, órgão por órgão do corpo dela. Estamos entendidos, Augustus Heart?
– Sim, Senhor! - disse com dificuldade, logo soltei seu pescoço, ele passou a mão no local antes de voltar a falar - Realmente o amor nos dá forças. - riu
– Onde ela está?
– No mesmo lugar onde você estava quando foi salvo por ela. - me encarou com o olhar sombrio, enquanto passava a língua entre os dentes como se fosse um predador - No vazio, conhecido como o subconsciente.
– Eu exigo que traga ela de volta! Imediatamente!
– Já disse para não se preocupar, ela irá voltar em poucas horas. Mas, lamento informar que o meu trabalho aqui já foi cumprido e seria bom você se preocupar com aquela amiguinha dela, ela é muito insolente e corre mais perigo que a Jully.
– O que você que dizer? - levantei a sombrancelha e recebi um sorriso de lado como resposta
– Deveria verificar ela, invés de tentar salvar a Jully. Você sabe que ela pode se salvar sozinha, ela já fez isso uma vez e pode fazer novamente, Jack. - bateu no meu ombro - Ela nunca será uma donzela completamente em perigo. Já aquela Aurora, é uma forasteira em nossas terras, ela pode até ser policial e achar que sabe tudo sobre esse lugar, mas aqui é muito pior que ela imagina.
– Por qual motivo está me ajudando? Passando informações e sendo bonzinho?
– Eu preciso de um favor... - deu um sorriso debochado - E também, como o próprio Collin Evans disse uma vez, eu não pertenço a esse lugar. Então, por que devo lutar batalhas que não são minhas?
– Você fez isso uma vez, por qual motivo não faria novamente?
– Eu e ela tínhamos um acordo naquela época. E antes que pergunte, essa distração é apenas um acerto de contas entre mim e ela, que como eu disse já foi cumprido. - ele revirou os olhos - Agora vá, é melhor trazer aquela garota para as fortalezas da sua casa, antes que a Rainha chegue nela.
– Claro... Mas qual seria esse favor?
– Quando encontrar o Gabriel, diga que eu o amo e sinto a falta dele todos os dias. E se o mesmo quiser o meu pedido desculpas, fale para ele viajar para o sul da Europa e quando chegar numa placa escrito: “Bem vindos ao século 21”, informe ser o destino final dele e que eu estarei na floresta esperando.
– Obviamente não direi isso ao Gabriel e você sabe muito bem disso. Você pode muito bem mata-lo lá. - ele ri
– Se eu quisesse matar ele, já teria feito isso e com certeza não seria numa floresta. - debochou - Eu sei que dirá... Nos vemos por aí! - piscou
E da mesma forma que apareceu, desapareceu.
– Eu espero que esteja bem, meu amor... - sussurrei no lugar onde estávamos - Irei atrás da Aurora e voltarei para te procurar. - suspirei fundo, peguei as chaves e fui em direção a estação de ônibus.
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Aurora, 16:20pm...
– Não precisa ter medo de mim, Aurora. - voltou a falar quando percebeu o meu espanto ao digerir aquela nova informação - Eu não pretendo te matar agora, estou apenas te distraindo.
– Me distraindo do quê exatamente? - olhei para a pequena criatura genuína
– A Rainha precisa de um momento a sós com a Jully, por isso eu e o Augustus Heart fomos enviados para distrair vocês dois.
– Dois? Oh, não! O Jack foi envolvido outra vez? - ela riu
– Ele sempre será envolvido, Aurora! Infelizmente está no destino dele, não importa quantas vezes ele fuja, ela sempre voltará atrás dele. - suspirou - Poderia me dizer às horas outra vez?
— Assustada e tentando entender essa obsessão pelas horas, respondi na inocência outra vez — 16:20pm, Aimee - ela sorriu outra vez
– É uma pena eu ter que ir, mas o meu serviço já foi concluído. - ela começou a seguir para a estrada - Foi muito bom te conhecer pessoalmente, Aurora e espero que você não diga nada sobre mim.
– Por qual motivo não posso dizer? - elevei a voz por conta da distância que ela se encontrava de mim
– Eu sou um segredo e ninguém nunca acreditaria em você. - sorriu e parou no meio da estrada - Outra coisa, Seja muito bem vinda a Silverbook's!
Assim que terminou e sorriu sombriamente para mim, um caminhão passou por cima dela e ela desapareceu como fumaça.
Como é possível só eu ter visto isso? Seria tudo isso um delírio? Eu não posso está enlouquecendo! Não, não! Essa situação é real e eu vou mostrar que tem algo muito errado por aqui, custe o que custar. Dessa vez, todos lembraram do meu nome e nunca mais esqueceram da energia maligna que habita aqui.
Artivia e Aimee Guhdmoy's, me aguardem! Vocês irão cair e eu vou amar matar vocês!
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