Uma suposta facção de balé •...

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... More

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
15 | Brisé
16 | Emboité
17 | Chainés
18 | Penchée
20 | Pas de Deux
21 | Battement
22 | Entrechat
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
32 | Pirouette
33 | Écarté
34 | Passé
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

19 | Balancé

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By callmeikus


Oi, meus faccionários lindos!!! Prontos para mais boiolice?

Boa leitura e não se esqueçam de votar!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

— E você, Jimin? O que quer fazer? — Jungkook acabou perguntando no meio da sessão de estudos sobre História da Arte que, de fato, era importante para todas as faculdades. Jimin, que aproveitava para estudar matemática ao seu lado, deixou o olhar vagar.

— Não sei.

— Sério? — Jungkook insistiu, espantado.

— Por que parece tão difícil de acreditar, gracinha? — Deu um sorrisinho provocador para disfarçar os traços de chateação que nasciam em seu peito. Talvez até mesmo inveja. Invejava Jungkook e sua paixão por balé, queria ter algo do tipo. O amigo notou de imediato e uniu as mãos. Jimin deu uma risadinha; Jungkook não deixava nada passar.

— É só que você é todo planejador... Planejou toda minha vida e agora meu futuro também. Só presta consultoria pros outros, é?

— Eu deveria abrir um serviço? Seria legal se "planejador de vida alheia" fosse uma profissão requisitada — brincou, e Jungkook permitiu-se gargalhar daquela vez.

— Eu te contrataria, você é muito bom nisso. Mas não sei se teria dinheiro pra bancar, né... Bailarino em começo de carreira é um bicho pobre.

— Você é meu cliente especial. Como foi o primeiro, tem serviço gratuito e vitalício. — Arriscou o momento para deixar um beijinho na bochecha de Jungkook, admirando o rastro cintilante dos seus lábios na pele depois que se afastou. Mais uma vez, buscou irritação na expressão de Jungkook por ficar grudento, mas apenas encontrou um sorriso de orelha a orelha. Jungkook amava o cheirinho de morango, ainda mais acompanhado de um beijo tão gostoso.

— É uma honra.

Assunto findado, voltaram a estudar em silêncio. Longos minutos transcorreram até Jimin perder o foco das equações que tomavam as páginas de seu caderno. Contemplativo, notou talvez ter enterrado suas vontades junto à bagunça de dúvidas que o corroíam.

— Eu volta e meia penso em ser professor... — murmurou, atraindo a atenção de Jungkook. — Mas não sei de qual matéria, então continuo sem ideia de qual faculdade faria.

— Pra mim, você já é um professor! E o melhor de todos! — Os olhos de Jungkook brilhavam com a revelação porque, de fato, ela fazia muito sentido. — Nossa, seria incrível! Nossa!

— Não sei... Não sei se alguma escola me contrataria, muito menos se algum aluno me respeitaria com essa aparência. — Seu tom era pensativo, apesar das bochechas queimarem de felicidade pela reação de Jungkook. — Será que quando eu for ficando adulto, vou passar a me vestir com roupas mais normais?

— Agora você que tá cantando derrota cedo demais! — Jungkook retrucou, resoluto. — Talvez não a maioria das escolas, nem dos alunos, mas eu tenho certeza que você vai ser um professor tão incrível que vão te reconhecer mesmo no meio dos preconceitos! E com certeza seus alunos te respeitariam depois de te conhecer e, sendo sincero, eu amaria ter um professor como você. Diferente de todos. Sério, só de dividir a sala com você, as coisas parecem magicamente interessantes e o mundo menos cinza. Olhar pra você me dá vontade de ser eu. E você com certeza seria uma inspiração para todos que se sentissem assim também.

— Hm...

— Compartilha seus sonhos comigo! Vou cuidar direitinho deles! — Jungkook pediu, repetindo as palavras de Jimin. Afoito, segurou as mãos pequenas entre as suas. — A gente dá um jeito, você tem tanto potencial para ser o melhor professor do mundo! O preconceito não pode vencer!

— Fofo... — Jimin acabou rindo com a intensidade dele. Queria acreditar na possibilidade que os lábios alheios recitavam. — Te amo.

— Eu te amo demais! Mesmo! E amo o professor incrível que vai virar!

— Já decidiu meu futuro por mim, gracinha? — Levantou uma das sobrancelhas, tentando segurar o sorriso sem conseguir.

— Já! Pode me contratar para trabalhar na sua consultoria, o que acha?

— Acho que você precisa de mais tempo como trainee. Não tenho material o suficiente para te avaliar.

— Aff... — Jungkook fez um biquinho que Jimin achou adorável. Mais natural do que respirar, seus dedos buscaram os fios negros mais uma vez, ajeitando-os atrás da orelha. — E se você começar dando aulas particulares? Aí dá pra descobrir qual matéria você gosta mais de ensinar.

— Em Busan? — Riu amargamente. — Tenho certeza que todo habitante daqui preferiria levar um chute na boca do que me ver ensinando o filho.

— Hm... Se não fosse Busan, estaria tudo bem? — Jungkook ficou confuso com a colocação.

— Ah, mais ou menos. Mas menos pior. Pensa: na capital tem mais gente, mais estímulos, informação e influência exterior. Pessoas como eu continuam sendo minoria lá, mas elas não são inexistentes. E uma parte maior da população tem mais familiaridade... então acho que seria um pouco mais fácil. Mas não é como se eu quisesse me mudar, planejo ficar perto dos meus pais.

Jungkook cruzou os braços e encarou a parede, concentrado. Revoltava-se com o fato de que quanto mais queria que o cérebro funcionasse, menos disposto ele parecia a obedecer. Porém, insistiu, encorajado por uma sensação incomum de que elaborava uma resposta. Jimin apenas o observou em silêncio, apesar de cheio de vontade de rir do semblante reflexivo, tão incomum.

— E... se você tentasse gravar videoaulas no YouTube? — Jungkook prendeu a respiração na hora de falar, segurando sua empolgação para não atropelar o amigo. Era difícil, porque agora tudo que ocupava sua cabeça eram cenas que criara do Jimin dando aula. Para ele, para vídeos, para uma sala de aula cheia de alunos, infinitamente mais viva do que a que eles estudavam. — Dá pra testar que matérias você gosta mais e... dá pra chegar em gente da Coreia inteira sem você sair daqui. Na Coreia inteira, devem ter mais pessoas como você, né?

Jimin mordeu os lábios e abaixou o olhar. A onda avassaladora de entusiasmo de Jungkook cedeu espaço à apreensão e aquietou-se. Tentou esperar o amigo mostrar-se pronto para explicar o que passava pela cabeça, mas não aguentou — antes que pudesse perceber, o acomodava em um abraço.

Um pouco mais tranquilo dentro do enlace cálido de compreensão, Jimin suspirou. Acomodou-se melhor em Jungkook e o apertou com força entre seus braços, grato por tê-lo cuidando não só de seus sonhos, mas de quem era também.

— Tá tudo bem? — Jungkook arriscou perguntar.

— Me faz um cafuné. — Jimin fez questão de ignorar a pergunta com certa satisfação, cheio de manha. Jungkook riu baixinho e obedeceu, mergulhando os dedos nos fios inesperadamente macios, ainda mais agora que fazia parte dos bastidores da descoloração. — Estou bem, sua ideia é ótima. Só fiquei com medo mesmo.

— Posso perguntar por quê?

— Poder perguntar, você sempre pode. Apenas precisa suportar o fato de que nem sempre estou disposto a responder.

— Acho que eu sobrevivo. — Gargalhou. Jimin, com a cabeça apoiada no peito dele, o ouviu vibrar na primeira fileira.

— Eu tento me convencer de que não ligo para o que os outros pensam de mim e de que já estou acostumado com julgamentos, mas... sei que não é verdade. Os vídeos são uma ótima ideia, uma forma fácil e factível de testar se é isso mesmo que quero e se tenho alguma chance de sucesso. Mas a internet é terra de ninguém. Se eu já recebo olhar torto no nosso dia a dia presencial, que possui uma barreira mínima de respeito, imagine em um lugar em que acham que tudo é permitido? Em que as pessoas se sentem protegidas pela distância da tela e não reconhecem no outro lado uma existência digna de respeito também?

— Faz sentido...

— Mas sua ideia foi muito boa mesmo... Vou pensar nela com carinho.

— O.k.! Vou apoiar qualquer decisão que você fizer. Tô animado pra isso, na verdade.

— O quê?

— Te apoiar.

— Mas por quê? — Jimin desencostou do peito dele para encará-lo melhor. Jungkook devolveu o olhar, igualmente confuso.

— Porque eu amo seu apoio, e quero que você ame o meu. Não é claro?

— Está me chamando de burro de novo? — Jimin levantou uma das sobrancelhas, provocativo.

— Nunca chamei! Só de mentiroso. — Riu e afastou-se ao que sentiu as mãos de Jimin perto demais de suas costelas. Sabia que levaria cócegas sem dó. — Mas sério, não entendi essa conversa.

— É só que achei estranho. Tipo, que você quer me apoiar, eu sei. Mas estar animado não passou muito pela minha cabeça, sendo sincero.

— Achou estranho porque quis! — Jungkook assumiu um tom convencido quando empurrou sua cadeira longe o suficiente dos dedos de Jimin, cujo dono revirou os olhos com a cena. Jungkook era um crianção, sem sombra de dúvidas. Bobo, brincalhão e divertido. E Jimin amava cada pedacinho da personalidade dele. — Porque eu sei que você ama e fica animado em me apoiar, então deveria entender meus sentimentos!

— Você ficou bom em argumentar, gracinha... — Jimin ergueu a sobrancelha enquanto entrava na briga também.

— Aprendi com o melhor! — Deu uma piscadinha e ajeitou-se melhor na cadeira, meio inquieto. Estava longe demais de Jimin para seu gosto. — Também fiquei bom em perceber quando você desvia o assunto porque sabe que eu ganhei a discussão, não acha?

Jimin encheu os pulmões de ar, vestiu sua melhor expressão de deboche e abriu a boca para dizer:

— Acho...

Surpreendeu a ambos. Jimin corou no mesmo instante ao notar que Jungkook o amaciara tanto, tanto, que não lhe sobrou um cantinho sequer de dureza. Não conseguiu provocar, nem mesmo na brincadeira. A pior parte era: para se consolar da vergonha, desejava, e muito, enterrar o rosto no peito do amigo e sentir o abraço dele aquecer seu corpo.

Logo ele, Park Jimin, parecia um marshmallow.

Não, marshmallow não era suficiente. Era um marshmallow derretido.

— É... — Jungkook arregalou os olhos, chocado. — Você venceu, Jimin. Ainda não fiquei bom em perceber quando você vai dizer esse tipo de coisa.

— Acho que foi uma vitória sua... — murmurou e virou o rosto. Voltou a olhar o caderno de matemática em sua frente, mas as letras e números das equações pareciam dançar pelo papel, impedindo-o que lesse corretamente. Estava tão calor, deveria abrir mais a janela para o vento circular.

— O quê? — Jungkook perguntou ao aproximar sua cadeira da escrivaninha, já que Jimin voltara a estudar. — Não ouvi.

Jimin levantou-se de sua cadeira como se levasse um susto. Caminhou como um robô até sua janela e abriu-a um pouco mais. Estava tão, tão calor. Quando a temperatura aumentara daquela maneira?

Jungkook apenas o assistiu, confuso. Porém, não achou ruim quando o ar começou a circular melhor pelo quarto, estava mesmo meio quente. Quando a temperatura aumentara tanto? O dia parecera ameno até então.

Quando Jimin sentou de novo, ambos voltaram a estudar em silêncio. Jungkook queria que o motivo do silêncio fosse seu respeito aos limites de Jimin, porém, no fundo, sabia que era outra coisa.

Se sabia o que era? De forma alguma. Porém, a avalanche de perguntas que sempre parecia prestes a fugir de sua garganta, pela qual fazia um esforço hercúleo em mantê-la comportada, não deu as caras. Jungkook estava mais do que acostumado com silêncio, mas nunca da sua cabeça. Parecia que toda a energia que possuía estava concentrada em lidar com o tanto de sensações em seu corpo e não sobrava nada para a mente.

Talvez estivesse tentando conter todo aquele calor que sentia, para não suar tanto. Tinha um probleminha com suor.

Nossa, quando o clima ficara tão quente?

Aquecimento global era mesmo preocupante.

-💋-

— O que foi? — Jungkook perguntou, curioso, quando Jimin riu para o celular.

Era um dos típicos intervalos entre as aulas de balé, em que Jungkook, Jimin e Taehyung espremiam-se, nessa ordem, em um banquinho do Centro Cultural. O cardápio do dia era bolinho de arroz e ameixas frescas. Taehyung inclinou-se na direção de Jimin para bisbilhotar o celular dele, mas foi interrompido quando o amigo virou a tela para Jungkook.

Hobi [15:03]

Minnie plmdd me ilumina

N consigo achar o x dessa questão

[foto]

Algm ideia?

C ctz, né, vc é estudioso

Se vc me ajudar te dou suco de caju da mamãe pelo resto da vida

— Ah, eu fiz essa questão! — Jungkook sorriu, radiante, e puxou o caderno da sua mochila para tirar foto da resolução. Estava tão orgulhoso de si. Roubou o celular de Jimin e apertou o botão do áudio. — Hobi, você confundiu só a parte de passar pro outro lado. Você dividiu só um dos números, mas tem que ser todos eles. Mas aí a conta vai ficar difícil, então acho melhor você fatorar os números primeiro. Vou mandar minha resolução!

Jimin largou o celular com Jungkook, carregando um sorrisão no rosto. Ele era tão fofo que deveria ser crime. Taehyung, ao lado, revirou os olhos. Só não reclamaria de ser vela dos namoradinhos porque já o tinha feito, e Jimin ameaçara não oferecer o bolinho de arroz extra se continuasse "enchendo o saco".

— Vocês são tão nerds... — Bufou o gótico. Jimin gargalhou, talvez fossem mesmo.

— E você? Agarrou em alguma matéria? — Jimin perguntou. — Posso te ajudar.

— Nah, tá de boa. Estudando um dia antes da prova já vai.

— Mas você não aprende.

— Quem disse que tenho intenção de aprender? — Taehyung deu de ombros e virou a cara. Jimin aceitou a derrota. Nem tinha tanto o que falar para defender os estudos, sabia que a escola de Taehyung conseguia ser até pior que a sua.

— Jimin, esse sábado a gente vai estudar na casa do Hobi, tá? — Jungkook anunciou enquanto devolvia o celular decorado. Jimin abriu a boca, pensando em reclamar que fazia só umas três semanas desde todo o... probleminha com o Hoseok, mas decidiu ficar calado. A verdade é que aquele problema não importava mais, por vários motivos, mesmo que não soubesse enumerar todos. — Quer ir também, Taehyung?

— Nem fodendo. Coisa de nerd.

— Ah, pena. Na próxima, te convido de novo.

— Não quero.

— Aí você recusa de novo quando eu te convidar. — Jungkook empinou o nariz. — Me deixa te convidar em paz!

— Você é chato.

— Eu sou! Vai fazer o quê? Me dar um soco?

— Não dá ideia, Jungkook... — Jimin, que se divertia com a discussão, interveio.

— Mas o Taehyung não dá soco, só você aqui que sabe. O superpoder dele é fazer essa cara de azedo só — Jungkook argumentou, muito sério. Tão sério que os outros dois caíram na gargalhada.

— O viadinho número dois tá certo — Taehyung confirmou.

— Por que eu sou o viadinho número um? — Jimin perguntou, ofendido.

— Nunca disse que era, mas se a carapuça serviu, fique à vontade. — O gótico assistiu, com uma expressão vitoriosa, Jimin corar. Jungkook, desinteressado com a discussão de viadagem, começou a vasculhar o pote de Jimin para pegar uma fruta.

— Não foi você que ensinou às suas irmãs que não se deve chamar os outros de viadinho? — resmungou Jimin, cruzando os braços.

— Eu posso, sei muito bem o que eu quero dizer chamando cês de viadinhos. Elas falam com a mesma intenção que meus pais, e eles querem dizer outra coisa.

— O Jungkook é hétero! — Jimin jogou outro argumento ao notar que perdia a razão em todos os outros.

— Sou? — Jungkook, que comia uma ameixa distraído, perguntou confuso. Quando seu nome foi parar no meio da discussão?

— Você beijou uma garota — pontuou Jimin. Taehyung encarou Jungkook com novos olhos, nunca imaginara que ele seria o tipo de cara com tal iniciativa. Se bem que... tinha muita dificuldade de entender que tipo de cara Jungkook era. Jimin sempre fora tão óbvio: marrento por fora, manteiga derretida por dentro. Jungkook? Uma incógnita.

— Beijei. — Jungkook assentiu com a cabeça, dando mais uma mordida na ameixa.

— E você sente atração por garotas...

— Uhum... — Jungkook ponderou, montando uma retrospectiva em sua cabeça para avaliar seu nível de atração pelas pessoas. Era meio difícil, porque interagia com pouca gente, então talvez não tivesse tanto espaço para sentir atração. Será que ele deveria se sentir atraído por personalidades públicas então? Tipo uma atriz queridinha da nação. Tinha certeza que sentia uma atração, mesmo que mediana, pela garota com quem ficou. Ela era bonita e até mesmo legal. — É, sinto.

— Viu? Isso se chama heterossexualidade, Jungkook. — Jimin cruzou os braços, apegado ao argumento. E nervoso. Muito nervoso mesmo. De novo, a temperatura parecia ter subido alguns graus do nada. O clima andava tão estranho.

— Mas acho que eu beijaria um garoto — Jungkook falou depois de pensar mais um pouco. Virou-se para encarar a expressão espantada de Jimin e seus olhos acabaram pousando nos lábios fartos e brilhosos dele, sem querer.

Seria um belo beijo.

Pestanejou e afastou o olhar, subitamente. O que estava fazendo?

Antes que Jimin e Jungkook pudessem entender o mínimo que fosse não só do clima bagunçado, mas de seus pensamentos bagunçados, foram interrompidos por uma gritaria infantil. As irmãs de Taehyung apareceram correndo pelos corredores do Centro Cultural.

— Finalmente! — Taehyung suspirou e levantou-se de pronto. — Não tava mais aguentando essa tensão entre vocês dois. Arranjem um quarto, sério.

Sem nem esperar resposta, afastou-se e juntou-se às irmãs. Deixando Jimin e Jungkook.... sozinhos. Entreolharam-se, atônitos. E eles, que nunca tiveram dificuldade de encontrar assunto, encararam o chão. Que coisa estranha.

— Acho... — A voz de Jimin tremia. Engoliu em seco. — Que sua próxima aula já deve começar.

-💋-

— Sua casa é toda diferente! — Jungkook exclamou ao adentrar a residência de Hoseok, que ria por mal ter sido cumprimentado.

Jimin preocupava-se com a saúde de Jungkook, pois este não parava de perder o ar com cada detalhe da casa que visitavam. Teve certeza de que ele desmaiaria asfixiado de tanto que tagarelou sobre os gnomos. Até pediu para tirarem uma foto dele ao lado do Chucky. Jimin riu muito na hora e achou até mesmo idiota. Agora, brotava em seu peito uma vontade boba de usá-la como plano de fundo do celular.

Como uma criança, Jungkook foi tocar a parede redonda da sala de estar. Depois, achou que seria uma boa ideia rolar por ela, para averiguar o quão curvada era. Jimin e Hoseok entreolharam-se, tentando conter o riso. Jungkook era tão engraçado que Jimin não se incomodou nem quando Yoongi desceu as escadas e postou-se ao lado do namorado para rir daquele convidado estranho.

— Seu namorado é todo diferente também! — Jungkook perdeu o ar mais uma vez com a presença de Min Yoongi. Não foi difícil reconhecê-lo após as descrições que Jimin fizera naquela noite dolorosa, mas igualmente cheia de ternura. — Ah, calma! Isso foi mal-educado, não foi? Desculpa, eu juro que não foi achando ruim, foi achando muito legal mesmo e, nossa... Eu deveria parar de tocar a parede, né? Ai, socorro, me desculpa...

Os outros três riram enquanto assistiam o rosto de Jungkook ficar cada vez mais rubro. Jimin entrou em êxtase, porque era a primeira vez que o via corar tanto. Era como um novo pedacinho dele sendo desbloqueado; tal qual um item raro de um videogame. A voz, sempre doce e animada, subia e descia o tom, falhava, afinava. Cada sílaba tropeçava no seu folêgo e tudo era uma confusão. Jimin queria guardar o momento e colocá-lo em replay para sempre.

— Acho que sou todo diferente mesmo. — Yoongi deu de ombros e sorriu de leve. Parecia impossível ficar irritado com aquele garoto. De fato, os amigos de Hoseok eram todos meio estranhos e igualmente adoráveis. Refletiu se também entrava na conta. — Você pode ser também, meu irmão pode fazer uns piercings em você.

— Você é muito marketeiro... — Jimin comentou, com uma expressão de deboche.

— O irmão dele dá 50% do lucro quando ele arranja o cliente — Hoseok segredou, mas não fez questão alguma de baixar o tom de voz, recebendo uma encarada de desagrado do namorado. Riu. Deu-lhe um selinho, pois era fofo emburrado daquele jeito. — E ele usa pra comprar roupinha pros bonecos dos jogos dele, acredita? E na vida real usa a mesma calça e a mesma camisa todo dia.

— Mentira! — Yoongi sibilou.

— Tá bom, ele usa as duas mesmas calças e as quatro mesmas camisas pra dar tempo de lavar a roupa. Duas delas fui eu que dei, inclusive — Hoseok continuou.

— Foi uma forma educada de indicar que as blusas estavam ficando fedidas? — Jimin perguntou.

— Não! — Yoongi disse.

— Sim! — Hoseok complementou, gargalhando. — Quer dizer, claro que não. De jeito nenhum. O Yoonie tá sempre cheirando a flores silvestres.

— Parece cheiro de desinfetante! — Yoongi protestou de novo, mas Hoseok o ignorou e foi oferecer a Jungkook um suco de caju. Sua mãe se orgulhava muito do suco que fazia.

Sobraram, então, Jimin e Yoongi. Entreolharam-se com expressões de desafio, mas logo caíram na risada. Eram tão estranhos.

— Ei, quanto tempo, florzinha — disse Yoongi.

— Três semanas só. Você é do tipo carente?

— Não, você que é do tipo sonso.

— Te dei intimidade para isso?

— Pareço alguém que pede permissão para algo?

— Aposto que até hoje você deve perguntar à tia Jung se pode abrir a geladeira quando ela está em casa...

— A tia Jung é golpe baixo!

— Eu não peço! — Jimin cruzou os braços e empinou o nariz. — Acho que sou mais rebelde do que você.

— Duvido! Antes, talvez, mas quero ver você ser abusado na frente dela agora!

Jimin estava prestes a sibilar algo quando foi interrompido por um chamado de Jungkook e Hoseok. Ele e Yoongi juntaram-se aos outros na mesa de jantar, como feras obedientes e amansadas. Dessa vez, Hoseok e Jungkook que se entreolharam, mas com um ar de vitória pairando entre eles.

Tia Jung preparara um cachorro quente para as visitas, mas saíra com o marido a fim de visitar a nova exposição do único museu da cidade, então não os recebeu, mas deixou uma mensagem fofa pelo filho. Jimin estava morto de saudades dela, e Jungkook doido de vontade de conhecê-la.

Comeram, interrompendo a ação apenas para rir de piadinhas, em geral sobre eles mesmos. Todos acharam cômico ver Jimin, todo arrumado, comer com as mãos o cachorro quente. Parecia chique demais para isso.

Jungkook, é claro, juntou-se à risada, mas aproveitou para admirar mais uma vez seu amigo. Amava os finais de semana, em que Jimin era ele mesmo o dia inteiro. Aquele dia, as pálpebras gordinhas carregavam as cores do arco-íris, junto a glitter e um delineado rosa bebê. Jimin arrependera-se de escolher algo tão complexo, porque Jungkook o assistira se maquiando mais cedo e, sinceramente, suas mãos pareciam fracas sob o olhar dele. Não conseguira nem segurar o pincel direito.

Usava um suéter de tricô rosa pastel para dentro de um short jeans de cintura alta e lavagem clara. Suas meias 7/8 eram brancas e usava aquele seu all star azul bebê que muitas vezes cobria os pés do Jimin "masculino". Mas nossa... Jungkook achava os tênis muito mais certos daquela maneira. Tudo sobre a aparência de Jimin lhe enchia de tranquilidade. E vontade. Vontade de experimentar um abraço, que parecia muito quentinho.

Contudo... As unhas impecáveis e decoradas segurando o pão lotado de salsicha era uma cena no mínimo cômica, de fato. Queria desmaiar de tanto que o adorava. Adorava. Mas não era novidade, certo? Amava muito Jimin. E vê-lo feliz, sorrindo, entre outras pessoas fazia um calor bom surgir em seu peito. E ele crescia e crescia, até chegar aos dedinhos do pé e ao couro cabeludo.

Amava tanto o sorriso do Jimin. Mesmo todo sujo de cachorro quente.

Depois de comer — e tomar o famoso suco de caju da mãe de Hoseok, claro —, subiram até o quarto de Hoseok para estudar. Jimin, Jungkook e Hoseok matemática, porque a prova estava logo ali, e Yoongi partituras e alguns pontos de Teoria Musical para a prova específica da faculdade, sem querer atrapalhar os outros tocando piano.

Pararam no meio da tarde para lanchar — dessa vez um sorvete caseiro de manga que Hoseok estava muito orgulhoso de ter aprendido a fazer. No meio da conversa, Yoongi mais uma vez fez seu ótimo papel de marketing ao irmão e Jimin aceitou. Queria colocar brincos. Jungkook implorou para ir junto, apesar de saber que não poderia furar nada tanto por falta de permissão dos pais quanto por saber que se chegasse diferente em casa, seria massacrado.

Jungkook lembrou Jimin de convidar Taehyung, porque parecia algo que ele gostaria. O gótico, por mensagem, reclamou que provavelmente não deixariam que fizesse sem a permissão e acompanhamento dos pais — Yoongi confirmou o fato —, mas resolveu ir junto para ver se o tal irmão era bom mesmo porque logo faria dezoito anos. Jungkook suspirou. Queria poder fazer o piercing aos dezoito tão próximos, mas tinha certeza que ainda estaria na casa dos pais e não teria chances. Também atrapalharia no balé... Teria que ficar tirando e colocando.

É, ver Jimin de brinco parecia o suficiente. E como os pais dele teriam que ir para dar autorização, Jungkook ficou muito animado. Gostava de passar tempo com a Jina e com o Bongcha. Eles eram o tipo de pessoa que queria se tornar um dia, então vivia observando-os como uma espécie estranha de estudioso.

Com horário marcado com o irmão de Yoongi para o final de semana seguinte, voltaram a estudar. Como os estudos faziam parte da rotina de Jungkook e Jimin, um pouco da normalidade costumeira deles voltou. Jungkook sorriu ao ter os cabelos ajeitados pelas unhas longas, ao roçar seus pés descalços na textura gostosa da meia que cobria o pequeno de Jimin. Em estudar lado a lado, trocando calor e sentir aquele cheirinho delicioso de morango. Tão distraídos no próprio mundinho que nem ao menos notaram o olhar de Hoseok. E, depois, o de Yoongi.

Jungkook, metido, foi quem respondeu a maior parte das dúvidas de Hoseok. Nunca pensara que estudar seria tão recompensador, mas era legal mesmo saber e explicar para os outros. Compreendeu melhor por que Jimin gostava tanto de ser sabichão. Mas, de fato, Jimin era o melhor professor ali, e sempre ficava atento às dúvidas, complementando as explicações e as aproveitando de gancho para explicar mais coisas.

E quando ele engatava em ensinar algo específico... Como Jungkook amava. Tudo. A voz doce, a expressão animada... ele simplesmente brilhava. Jungkook queria tanto que ele virasse um professor. Queria ouvi-lo lecionando para sempre.

O sábado passou voando. E quando o céu para fora da janela de Hoseok mostrou-se escuro, tudo que preenchia o quarto era um "mas já?". Combinaram uma nova sessão de estudos, e Jungkook estufou as bochechas com um último cachorro quente antes de ir embora com Jimin.

A noite soprava um vento meio geladinho, fazendo com que eles se aproximassem enquanto caminhavam em direção à casa de Jimin. Porém, a proximidade fez com que se sentissem inusitadamente quentes, então se afastaram um pouco. De fato, o clima estava maluco.

E quando Jungkook saiu do banho, quis acreditar que o calor era pela água quase escaldante do chuveiro. Como se todo o abafamento o engolisse retroativamente, ao observar Jimin ler um livro deitado na cama, já de banho tomado também. Usava um pijama larguinho e fofo, mas, naquela posição, o contorno do corpo de Jimin era tão... Enfim, Jimin era muito bonito. Até a pele livre de maquiagem, deixando à mostra algumas espinhas e brilhosa por causa do hidratante era bonita demais da conta.

Entreolharam-se sem saber muito o que fazer. Faziam semanas que dormiam juntos e nunca foi problema, nem vergonhoso. Pelo menos para Jungkook. Jimin sempre sentiu vergonha, por ser arisco, mas agora a vergonha era diferente.

— Que tal aproveitar que seu corpo tá quente para alongar um pouco antes de dormir? — Jimin sugeriu, cheio de nervosismo. Fechou seu livro e levantou-se. Jungkook assentiu.

Quietos, começaram com alguns movimentos mais leves, para aquecer os músculos. Até mesmo cruzar os olhares parecia uma espécie de tortura. Como sempre faziam a mesma sequência de movimentos e sabiam o que viria a seguir, começaram a ficar ansiosos. Sentaram no chão de frente para o outro e engoliram em seco.

E até aqueles toques usuais de quando davam apoio ou ajudavam a aprofundar o alongamento estavam esquisitos. Normais, os de sempre; mas completamente esquisitos. Jimin mordeu os lábios ao acomodar seus pés nos calcanhares de Jungkook e segurar as mãos grandes dele. Respirou fundo antes de empurrar os calcanhares com cuidado, ouvindo o amigo grunhir de desconforto.

— Você tá quase conseguindo fazer o espacate completo! — Jimin comentou, animado. E nervoso. E, nossa, como o clima estava estranho. Puxou os braços de Jungkook, apenas para ajeitar a posição. Não era necessário exagerar no alongamento para colher os benefícios dele.

— Finalmente! — Jungkook suspirou, aliviado. — Menos uma coisa pra professora cobrar de mim.

— O que mais você precisa fazer? — Jimin riu com o tom manhoso dele.

— As elevações pro Pas de Deux. Sério, é muito difícil.

— Imagino. Quer treinar amanhã?

— Não posso treinar sozinho, tem que ser com a Momo.

— Você pode treinar comigo, pelo menos a parte de aguentar o peso. Se você conseguir me levantar, consegue fazer elevação em qualquer uma delas, né. Elas são mais leves e mais habilidosas do que eu. Como eu não sei nada de balé, o sucesso da elevação depende apenas de você. — Parecia vomitar as palavras. Muito estranho.

— Hm... Podemos tentar. Tenho medo de te machucar...

Jimin soltou as mãos de Jungkook apenas para encará-lo com uma expressão de desdém. Depois riu.

— Relaxa, eu faço kung-fu, sei cair. A gente pode fazer no quintal, na grama. Melhor do que no piso normal.

— O.k., o.k., rei da queda. A gente treina amanhã.

— Tá bom.

E, então, veio o silêncio. Porque aquele amanhã parecia, por algum motivo, tão estranho quanto o clima. Tinha um ar quase premonitório, os fazia suar frio. Expectativa pairava ao redor daquela palavra.

Amanhã.

»»🩰««

TENSÃO TENSÃO TENSÃO OS BOIOLAS NÃO TÃO CONSEGUINDO NEM RESPIRAR DO LADO UM DO OUTRO, PELO AMOR DE DEUS 😭 SÉRIO FICO TODA FDLASHKSAL ESCREVENDO, MEIO QUE "TO ATRAPALHANDO O CASALZINHO AÍ???"

Qual é a cena favorita de vocês? Acho que a minha é o Jungkook todo "ah, eu beijaria garotos também", meu reizinho bi todo assanhado da forma mais fofa possível sério que tristezaaaaa como eu o amo😭

Como sempre, muito, muito, muito obrigada mesmo a todo mundo que lê, comenta, vota e surta comigo lá na #EstrelandoOCoadjuvante! gosto tanto de poder compartilhar esse amorzinho com vocês 🥺 me sinto mto bem escrevendo, espero que se sintam lendo!

Infelizmente, eu tenho uma notícia muito boa para mim, mas meio triste também pra gente. Fui contratada pra ser CLT 44h, uhul! Estou muito feliz mesmo por começar oficialmente uma carreira numa área que eu quero continuar (e receber mais dinheiros pelo meu trabalho, né), mas eu ainda não terminei minha graduação em Engenharia Elétrica (tenho mais um ano pela frente), nem o tecnólogo que faço também :(. 

Em resumo, vou ficar sem tempo. E, uma consequência para eu sobreviver esse período até minhas formaturas é congelar temporariamente as postagens de USFDB. Por quanto tempo, Mel??? Não sei ainda. Vou continuar postando Empresário, que é mais antiga e já terminei de escrever, e passar os próximos dias focada em revisá-la. Depois, pretendo voltar a revisar e escrever USFDB. O melhor dos casos é voltar em janeiro; o pior, em junho.

Eu estou triste de pausar USFDB de novo, principalmente logo depois das minhas férias de postagem (é que eu esperava ser contratada só em março). E sei que é frustrante e que é pedir demais para que vocês não fiquem tristes também, mas espero que compreendam. Tentei ser bem transparente e dar uma expectativa mais clara de quando ela volta para tentar amenizar um pouco essa dor e tranquilizar de que ela não vai ser abandonada. Vocês sabem que eu sempre cumpro minhas promessas, né? :( espero que volte rápido, vou me dedicar o quanto for possível para isso.

Você pode acompanhar meu andamento de revisão de Empresário e, subsequentemente, USFDB pelas minhas redes sociais (@callmeikus no twitter e no instagram também) ou, se preferir algo mais organizado, na minha newsletter, cujo link está na bio do wattpad!

Beijinhos de luz! Até breve e amo vocês!


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