No dia seguinte, a noite anterior parecia nunca ter acontecido. Gisele tentava agir de forma natural enquanto eu não conseguia disfarçar que quase a vi morrer. Essas coisas só reforçavam que temos de fugir daqui. Não seria a última vez que isso ocorreria, mas eu prometi a mim mesma não me envolver mais, pois tenho certeza que não suportaria outra noite como a de ontem.
Sua pele ainda estava pálida, assim como os lábios secos, mas ela continuava sem expressão.
Ethan parecia mais preocupado que eu, ele mal prestava atenção nos copos que limpava, diversas vezes quase os deixou cair.
May aparece no salão usando óculos escuros de oncinha e um vestido vermelho verniz, seu gosto era questionável. Ela olha para Gisele e puxa os óculos a altura do nariz.
— Gisele, querida, você está bem?
Ela assentiu depois de muito tempo.
— Parece que está morta. — Olho para Ethan. — Hum! Suponho que você precisa de uma folga, trabalhou duro esses dias.
Vejo Gisele serrar os dentes tencionando a mandíbula.
— Você é tão gentil, May. — Retrucou.
May sorrir e passa sua mão na costa da menina. Der repente seus olhos vão parar em mim.
— Jade, sua pele já parece ótima. Prepare-se.
Olho para Ethan, eu via em seu rosto a raiva por não poder fazer absolutamente nada contra isso.
O pior de toda a situação era não saber o que aconteceria amanhã, minha vida, meu futuro e meu corpo estavam nas mãos de May. Ela me odiava.
Gisele se aproxima de mim.
— Não fique com medo, Jade. — Encorajou. — Posso te ensinar alguns métodos para fazer acabar o mais antes possível.
Ethan derruba um copo, por sorte era o copo causando um barulho irritando em todo o salão, de alumínio usado para misturar coquetéis. Não tinha mais como escapar, eu já estava entrando na fase de aceitação.
Mais tarde, fui para o terraço respirar um pouco de ar fresco, lá era o único lugar que tinha sol, assim eu evitava ficar jogada ao mofo como de costume.
Não demorou para Ethan aparecer por lá, ficou ao meu lado em completo silêncio. Depois de ontem não nos falamos mais, acredito que um "eu te amo" vale mais que mil palavras.
Vejo a mão dele se aproximando timidamente da minha, por fim ele coloca a sua por cima da minha sem olhar para mim. Seu calor fazia tudo em no meu corpo aquecer. Tudo.
— Não tenho escapatória. — Balbucio.
Minha respiração começa a ficar ofegante a medida que imagino o próximo homem que May arrumaria para mim. Eram todos velhos, com idade para ser meu avô. Meu estômago revira.
— Me sinto fraco.
Olho para seu rosto, Ethan parecia tão acabado quanto eu, olheiras fundas e a pele seca, mas de qualquer modo ele continuava sendo belo. Olhar para seu rosto me dava uma faísca de esperança, por mais inóspita que fosse.
Ethan me surpreende com um beijo desesperado, haviam tantas emoções que eu sentia meu peito prestes a explodir. Ele ainda não fora tão intenso em um beijo, nossas línguas duelavam, enquanto suas mãos me traziam para mais junto de seu corpo. Finalizou o beijo com dois selinhos e encostou nossas testas.
Sua respiração batia no meu rosto, o calor entre nós só aumentava.
— Quero que faça amor comigo. — Sinto um calor na minha bochecha.
Ele franze o cenho balançando a cabeça.
— Jade...
— Quero que a minha primeira vez seja com alguém que amo, Ethan. — Seguro sua mão, estava tão gelada quando a minha, levo até meu seio e a deixo lá, ele olha para o local, mas não tira. — Sei que não sou bonita ou atraente como as outras mas...
— Você é a mulher mais linda que conheci, seu corpo é perfeito de qualquer maneira — Interrompeu. — Sou louco por você, Jade. Desde que te vi pela primeira vez. Completamente louco.
Minha boca ficou seca. Ele me deixou completamente sem palavras.
Ethan juntou nossos lábios novamente, mas desta vez foi um beijo lento e rítmico. Beijá-lo me fazia esquecer o mundo ao meu redor, me lembrava haver coisas boas na vida e que uma delas era o Ethan.
Arfei quando ele passou seus braços ao redor da minha cintura e me puxou mais para perto de seu corpo novamente, pude sentir seu desejo por mim, não estranhei, pois, era lindo.
Ethan parou o beijo olhando para os meus olhos, desceu seus lábios até meu pescoço e depositou um beijo no local, lentamente ele parou em frente aos meus seios e deu beijos por cima da minha camisa.
Eu estremeci.
Me ajudou a tirar minha blusa, durante anos pensei que ficaria tímida quando alguém fizesse isso, mas Ethan diferia, ele me fazia sentir desejada de uma maneira boa, me fazia querer chegar até o fim sem me sentir culpada depois.
Voltou a me beijar, eu o ajudei a tirar sua camisa, seu tronco era magro, mais perfeito que nos meus sonhos. Ele me deitou com delicadeza no chão, tirou minha saía e se colocou por cima de mim, eu o sentia pulsar entre as minhas pernas. Ele apoiou os antebraços ao lado da minha cabeça ainda me olhando, os olhos azuis dele pareciam mais profundos que o próprio oceano. Agora o que nos impedia era sua cueca.
— Tem certeza? — Sussurrou ele com seu nariz encostado no meu.
— Nunca tive tanta certeza como agora.
Avistei um brilho em seus olhos. Ele tirou seu membro para fora, eu o senti bater nas minhas pernas. Uma onda de eletricidade percorreu minha espinha.
Ethan se posicionou na minha entrada, me fazendo ficar ainda mais ansiosa, arqueei minha costa buscando por mais de seu contato, então me preencheu. De imediato eu senti uma ardência insuportável, ele parou por alguns instantes e olhou para mim.
— Tudo bem? — Depositou alguns beijos nas minhas bochechas. — Vou com mais calma, eu prometo.
Seguro seu rosto com as mãos.
— Apenas me faça ser sua.
Ele esperou até eu me acostumar, então se movimentou mais uma vez, ainda senti a ardência, mas com uma pitada de prazer. Depois seus movimentos passaram a ser mais rítmicos e eu já não sentia a ardência, apenas uma sensação que só poderia ser sentida daquela maneira, meu interior inteiro se contraiu ao redor dele, o mundo pareceu não ser um lugar tão ruim assim. Ele não parou de se movimentar entre as minhas pernas, eu apenas gemia de prazer em seus braços
Exalávamos luxúria.
Ethan arfava em meu pescoço enquanto eu arranhava suas costas. Passei minhas pernas ao redor de sua cintura, ele começou a dar estocadas mais fundas, parecia querer fundir-se a mim.
Suas mãos tiram os cabelos de meu rosto.
— Eu te amo, Jade. — Sussurrou ele.
— Eu te amo, Ethan. — Sussurrei de volta.
Não nos importamos com o horário, após o ato ficamos deitados no chão olhando para o céu estrelado.
Ethan passava a ponta de seus dedos no meu braço, estávamos em completo silêncio, apenas aproveitando a companhia um do outro.
— Já fez antes? — Quebro o silêncio.
Ele sorrir como se minha pergunta fosse idiota.
— Por que essa pergunta? Pareço inexperiente?
Balanço a cabeça.
— Muito pelo contrário.
Ele leva a mão até o peito.
— Me sinto lisonjeado. — Continua — tenho 25 anos, já tive algumas experiências, mas não aqui. — Seu polegar encontra meu rosto. — Nada comparado a você.
Meu sorriso some, dando lugar a tristeza.
— Não queria que esse momento acabasse.
— Agora mais que nunca prometo te tirar daqui. Eu juro. — Depositou um beijo na minha cabeça me fazendo sonhar mais uma vez.
° ° °
Desci as escadas flutuando, não sei como minhas pernas tiveram forças depois de tudo que aconteceu. Eu me sentia ainda mais apaixonada pelo Ethan, o amava de verdade. Eu nunca soube como era esse sentimento, mas agora eu consigo senti-lo e de certa forma, personificá-lo em Ethan.
Andando pelos corredores acabei esbarrando na Gisele, ela não parecia estar bem, continuava pálida, mas forçou um sorriso assim que me viu.
— Deveria estar na cama. — Seguro em seus braços.
Ela balança a cabeça.
— Estou bem. — Seus olhos estreitam — você parece muito feliz hoje.
Não consegui esconder meu sorriso.
Ela mordeu o lábio inferior e murmurou.
— Por acaso viu algum passarinho verde? Uhm, deixe-me ver, esse passarinho se chama Ethan?
Suspiro.
Ainda não sabia se realmente deveria confiar nela, mas depois de tudo nos aproximamos mais.
— Eu e Ethan, segui o conselho que me deu.
— Não penso que tenha sido apenas mais um beijo. — Ela me lança um olhar malicioso — me diga, Jade.
— Bem... — gaguejo.
Gisele abre um sorriso e me puxa mais para perto.
— Não acredito!
Olho para os lados, tinha apenas eu e ela.
— Caramba! O faxineiro é mais esperto do que eu pensava. Me diz, ele é bom?
— Eu não sei — dou de ombros —, se foi prazeroso então foi bom, não?
Ela assentiu, porém, seu sorriso some.
— May não pode descobrir isso, sem sei o que fariam com ele. — Assenti como se minha vida dependesse daquilo, e dependia. — De qualquer modo, fico feliz por vocês.
Fomos para o quarto, já estava tarde então Gisele tomou sua última pílula e deitou para dormir. Já eu não consegui, ainda sentia as mãos do Ethan pelo meu corpo, seus beijos, era a primeira vez depois de muito tempo que não me sentia tão feliz como agora.
Agora tudo será diferente, pensei. Sempre o terei comigo, May não pode me tirar isso.
Acordei com gemidos, esfreguei os olhos e olhei para Gisele, a vi revirando na cama. Acendi a luz e levei a mão em frente aos lábios, Gisele estava deitada sobre seu sangue, tinha sangue entre suas pernas, muito pior que na noite anterior.
Levantei da cama e corri até ela, segurei sua mão estava gelada, sua pele ainda mais pálida.
— Gisele, fale comigo, por favor... — meus olhos pesam.
Ela revirava os olhos, porém não dizia nada, parecia estar sem fôlego.
Não tinha mais o que fazer, eu teria que chamar May se não quisesse que Gisele morresse.