Uma suposta facção de balé •...

Von callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • colegial • jm!kitty gang & jk!bailarino Jungkook estava no último ano do ensino médio... Mehr

00 | Avisos
01 | Tendu
02 | Plié
03 | Coupé
04 | Déboulés
#ikusweek2021 crossover | parte 1
05 | Cambré
06 | Relevé
07 | Fondu
08 | Cloche
09 | Chassé
10 | Allegro
11 | Arrondi
12 | Avant, En
13 | Piqué
14 | Tombée
15 | Brisé
16 | Emboité
17 | Chainés
19 | Balancé
20 | Pas de Deux
21 | Battement
22 | Entrechat
23 | Dessus
24 | Glissade
25 | Rond de jambe
26 | Pas de valse
27 | Devant
28 | Échappé
29 | Raccourci
30 | Arrière, en
31 | Effacé
32 | Pirouette
33 | Écarté
34 | Passé
35 | Couru
36 | Dégagé
37 | Emboîté
38 | Tour
39 | Final | Changements
40 | Epílogo | Développé

18 | Penchée

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Von callmeikus

Oi, meus faccionários!! Vocês estão bem?

Que saudades de vocês 🥺 Dessa vez foi um tempinho maior, né? Sentiram falta de mim?? hihi

Boa leitura e não se esqueçam de votar!

#EstrelandoOCoadjuvante

»»🩰««

Jungkook sentiu o rosto entre suas mãos queimar. Mais do que já queimava, sendo que nem acreditava ser possível. Pertinho do jeito que estava de Jimin, conseguiu ver os olhos pequenos marejarem de nervosismo, emoldurados pelo delineado de gatinho; o rosto inteirinho rosa, como se tivesse exagerado no blush; os lábios fartos em um biquinho tímido.

Pertinho do jeito que estava, sentiu a respiração do amigo falhar, e a própria seguiu o mesmo destino. Vibrou, dos pés à cabeça, inundado por uma euforia acanhada, porque agora que Jimin falara com todas as letras, sentia-se até fraco das pernas, mesmo que o coração trabalhasse com empenho.

— Caralho... — Jimin murmurou, ainda inerte. — Eu falei...

— Falou... — Jungkook suspirou, no mesmo tom. — Você tá bem?

— Que pergunta é essa? — Jimin riu, um pouquinho de nervosismo e um pouquinho por realmente ter achado graça. — Eu só disse que... te amo. Com você falando desse jeito, parece que te contei uma notícia ruim!

— É só que... você parece meio nervoso. Vai borrar seu rímel desse jeito... — A voz do Jungkook ficava cada vez mais baixa. Levou seus polegares até debaixo dos olhos de Jimin, acariciando a bochecha macia no caminho. Enxugou as lágrimas tímidas com cuidado.

— Estou mortinho de medo — Jimin confessou, dando outra risadinha nervosa e deixando algumas lágrimas rolarem. — Obrigado por me ouvir...

— Obrigado por me contar. E me mostrar. Tô muito feliz, muito mesmo... — Jungkook secou mais alguns dos rastros úmidos pelas bochechas com os dedos, porém deslizou uma das mãos para o queixo de Jimin a fim de permitir que quem coletasse a próxima lágrima fossem seus lábios.

Jungkook queimou ao sentir o calor de Jimin pela boca; a bochecha era tão gostosa de beijar. E Jimin teve certeza que pifaria por sobreaquecimento com o toque. Mas gostava tanto do carinho que apenas fechou os olhos para aproveitar.

— Também estou feliz... Sempre achei que eu fosse bom em demonstrar meus sentimentos, porque sou meio racional, né... E papai e mamãe sempre foram carinhosos comigo, então sempre fui com eles. Achei que eu já sabia. Mas acho que, na verdade, sou muito ruim nisso.

— Você é ótimo... — Jungkook disse após um último beijo na bochecha e o abraçou. Com o rosto enterrado no peito de Jungkook, Jimin sentiu-se um pouquinho mais corajoso.

— Acho que não... Acho que sou meio estranho, Jungkook. Porque aqui em casa, o choro sempre foi liberado. Sempre acreditei que estava tudo bem chorar. Desde que não fosse eu. Sempre acreditei que conseguiria expressar bem meus sentimentos, até perceber que eu só sabia expressar os que eram fáceis pra mim. Do resto, eu fugia. Que nem eu fugi do Hoseok... Obrigado por não me deixar fugir de você. Obrigado por me ensinar a chorar...

— Nem sabia que alguém tinha que aprender a chorar... — Jungkook riu baixinho, em um tom manso. Acomodou-o ainda melhor em seus braços, querendo receber da melhor forma todas aquelas confissões que sabia serem tão difíceis ao amigo. — Pensava que a gente só chorava.

— Eu também... — Riu na mesma sintonia, acomodando a cabeça para ouvir melhor o coração acelerado do Jungkook. Aquele coração intenso, como todo o amigo era. — Jungkook, quanto mais eu penso sobre, mais eu percebo o quanto te amo... Amo o jeito que você é tão sincero que nem minha cabeça consegue criar paranoias.

— É mesmo? — Jungkook arregalou os olhos com a confissão. E estava curioso. Queria ouvir mais. — Como assim?

— Ah... Eu faço bastante isso. Tipo no caminho para cá... Comecei a criar um monte de paranoia e medo de não ser o bastante para você. Do meu "eu te amo" não ser o suficiente, porque o seu é lindo e espontâneo. E o meu... eu tenho que cair no soco com meu coração e meu cérebro ao mesmo tempo para arrancar ele do meu peito. Mas aí passou. Porque lembrei que é você. E que a beleza do seu "eu te amo" é a sinceridade dele. Porque eu consigo sentir que você realmente me ama e me compreende, mesmo com essas partes que não me orgulho.

— Poxa... Mas você sabe que eu gosto de filme de ação, que nem você. Te ver caindo no soco com seu coração e com seu cérebro é entretenimento. — Jungkook brincou, gargalhando baixinho antes de deixar mais um beijo, daquela vez nos fios cheirosos de Jimin .

— Chato! — Jimin resmungou e tentou desvencilhar-se do abraço, com pouca convicção. Parou de aplicar força assim que Jungkook o apertou com mais firmeza contra seu corpo. — Eu estava tentando ser fofo!

— Você conseguiu... — Jungkook murmurou, suspirando ao rebobinar a conversa recente e ao apreciar tanto o calor do Jimin contra si. — Eu não sei mais o que te dizer... É só que eu realmente te amo muito mesmo. E, agora, amo desafiar suas paranoias! Vou continuar te amando tanto, tanto, que elas vão pensar duas vezes antes de aparecer!

— Uhum... Fico no aguardo... — Jimin suspirou, feliz, os olhos ainda lacrimejando de tanta emoção. Mesmo tudo "dando certo", ainda sentia-se incrivelmente nervoso, e o coração palpitava tanto que parecia prestes a explodir. Estava orgulhoso por ter se permitido tantas coisas, Jungkook era mesmo especial. Afastou um pouco o abraço, tremendo. — Eu... posso beijar sua bochecha?

— Por que não poderia?

— Eu tô de gloss...

— Lambuzar só um pouquinho não faz mal! — Jungkook sorriu antes de virar o rosto, oferecendo a bochecha. Jimin sentiu seu coração acelerar mais ainda, o que nem acreditava mais ser possível.

Inclinou-se em direção a Jungkook e subiu um pouco na ponta dos pés, tenso em demasia para um mísero beijo na bochecha. Depositou um beijinho leve e afastou-se para observar, preocupado, o rastro cintilante de seu gloss ali.

— Só isso? — Jungkook provocou, mas o tom de voz era manhoso.

Jimin aproveitou o desafio para colocar seu orgulho em ação. Segurou o rosto de Jungkook e o trouxe para mais perto enquanto deixava beijos em todos os cantos. Nas bochechas, na testa, no nariz... Fazia barulhinhos estalados que o preenchiam de timidez, porém a enfrentou até que não houvesse nenhum espacinho na pele de Jungkook sem rastros brilhantes que atestassem sua passagem por ali.

— Dessa vez você pegou pesado mesmo... — Jungkook comentou ao tocar o rosto com cuidado, conferindo o quão grudento estava.

— Você que pediu! — Jimin resmungou, ainda tímido, enquanto se afastava.

— E não me arrependo. Foi muito gostoso...

— Jungkook! Sua cara não queima em dizer essas coisas?

— Queima! — Jungkook riu. Também estava vermelho feito um tomate. — Mas é gostoso também, não acha? E o coração acelerado... Sei lá, vou admitir que às vezes parece um pouquinho que vou infartar, mas ao mesmo tempo parece que eu tô tão vivo.

— Eu te amo por causa disso também — Jimin suspirou mais uma confissão, quase hipnotizado com o jeito do Jungkook. Jungkook, por sua vez, sorriu ainda mais. — Eu amo muito o jeito que você vive.

— Mas todo mundo vive...

— Acho que, às vezes, eu só sobrevivo. Por isso é tão lindo te ver viver. — De fato, a torneirinha de Jimin fora aberta. A cada nova confissão que o enchia de timidez e vergonha, sua resistência àqueles sentimentos tão incômodos aumentava. Ou simplesmente não importava mais, porque já tinha chegado ao limite deles e rompido aquele teto.

— Acho que entendo... Até você aparecer, eu só sobrevivia. — Jungkook ficou pensativo, fez um biquinho adorável. Jimin apenas assistiu em silêncio, experimentando seu peito pulsar. — Acho que talvez seja por isso... Eu só sobrevivi por tanto tempo que agora, que parece que tenho uma oportunidade de viver, não consigo resistir.

— Parece até que você tem fome. Quem me dera se você tivesse esse apetite todo para comida também... — Jimin vestiu seu tom de sermão e foi verificar o frango antes de pegar o espremedor para as laranjas que assistiam aos dois do balcão da cozinha. Jungkook só conseguiu rir.

— Eu não aprecio sua comida o suficiente, chef Park Jimin? — Aproximou-se de Jimin e abraçou o amigo por trás, colando as bochechas.

— Ai, você tá me sujando de gloss! — resmungou enquanto cortava as laranjas, estranhamente confortável no abraço quentinho.

— Que pena — Jungkook disse, sem nenhum remorso. Esfregou as bochechas mais um pouco, só para irritar, antes de soltar-se do abraço e ir espremer as laranjas partidas. Jimin reclamou do gloss, mas queria reclamar de saudades do abraço gostoso também.

E um sorrisinho bobo não saía de seu rosto. Na verdade, tinha dúvidas se sairia em algum momento. Talvez, estivesse fadado a ser um bobo.

-💋-

— Cês tão namorando? — Taehyung perguntou assim que encontrou Jimin e Jungkook sentados lado a lado em um dos bancos do Centro Cultural, dividindo um misto quente de um jeito cúmplice. Aqueles dois pareciam muito suspeitos.

— Quê? — Jimin corou tanto que mais uma vez a pele e o cabelo pareciam um só. Quis morrer, porque a reação só faria Taehyung entender as coisas pior ainda. Taehyung, por sua vez, ficou mais preocupado em pegar um pedaço do misto quente do pote cor-de-rosa que repousava no colo alheio.

— Não — Jungkook respondeu com uma tranquilidade que Jimin queria ter tido. Mordeu mais um pedacinho do misto.

Taehyung encarou ambos com cuidado, ponderando sobre cada uma das reações. O rosto vermelho do Jimin dizia muita coisa, mas já Jungkook... era estranho ele não ter corado se estivesse mentindo. Ele não sabia mentir.

— Então por que vocês tão se olhando tchubiru daum daum daum? — Taehyung colocou as mãos no quadril, em uma pose investigativa. Jungkook riu da fala do gótico, achando-a fofa e inesperada. E, ao ter tal pensamento, percebeu que na verdade conhecia muito pouco do Taehyung. Afinal, encontravam-se só quando ele ia buscar as irmãs no Centro Cultural, três vezes por semana. Fazia tempo que o gótico e o Jimin não se encontravam depois da aula.

— Hm... Acho que faz sentido, né? — Jungkook cruzou os braços, pensativo. Deu um sorrisinho e corou um pouco, com o coração acelerando do jeitinho que descobrira ser tão gostoso. — Eu amo o Jimin, então acho que vou olhar pra ele com carinho mesmo que a gente não seja namorado nem nada do tipo.

Os olhos de Jimin arregalaram-se enquanto observava Jungkook falar com tanta naturalidade. Seu rosto queimou ainda mais e não conseguiu resistir ao impulso de escondê-lo entre as mãos. Taehyung encarou ambos com aquele olhar intenso que só várias camadas de lápis de olho preto e sobrancelhas descoloridas poderiam fornecer antes de dar de ombros e voltar a comer o misto.

— Faz sentido agora. — Sentou-se ao lado de Jimin no banco. — Bratz purpurinada quase morre ao ser vítima de sentimentos, entenda o caso.

Jimin abriu a boca para retrucar algum xingamento, mas foi interrompido.

— Taehyung! — Jungkook chamou, esticando o pescoço para encará-lo diretamente por cima dos fios rosa do Jimin. O punk levantou uma sobrancelha e encarou-o de volta. — Por que você não aparece mais lá na frente do colégio depois da aula?

— Nenhum motivo. — Ele deu de ombros e encarou o corredor do qual suas irmãs apareceriam. — Bratz, cadê o resto do rango?

Jimin suspirou antes de puxar um novo pote de sua mochila e entregar um muffin de aveia e banana com canela ao amigo. Logo depois, entregou a Jungkook também que, apesar de não ter terminado o misto, cheirou o aroma da especiaria. Perto de Jimin, seus sentidos pareciam tão apurados... Como se não quisesse perder nenhum detalhe. O dono do pote pegou o último bolinho para comer antes de fechá-lo e guardar de volta na mochila de paetê.

— Queria conversar mais com você... — Jungkook insistiu em falar com Taehyung, mesmo que ele estivesse com a expressão cada vez mais amarrada. Recebeu um olhar delineado de preto desconfiado do gótico, e um levemente aflito de Jimin, que não entendia a interação.

— Hm... — respondeu brevemente, enfiando mais muffin em sua boca para não ter que responder nada e ganhar tempo. Suas irmãs poderiam aparecer logo. Tinha tanta coisa para fazer... Levá-las para casa, passar no mercado, buscar o irmão menor da creche, ignorar o Jungkook.

Jimin abriu a boca, pronto para tentar algum tipo de reconciliação mansa, apesar dele mesmo não saber as palavras certas. A amizade dele e do Taehyung era confusa. Consistia mais em pequenas janelas de presença e compreensão; pouco sabiam e contavam da própria vida, marrentos do jeito que eram.

Taehyung só sabia que Jimin gostava do Hoseok, por exemplo, porque teve um dia que o dono de cabelos rosa foi cumprimentado por ele enquanto os dois trocavam conversas mansas e pouco significativas na frente do colégio. Jimin ignorou Hoseok, o normal, mas após alguns minutos chorou tanto de remorso por tê-lo magoado que não foi difícil adivinhar a narrativa. Naquela época, tudo era muito recente, e a carcaça de Jimin, pouco rija.

Enquanto a mente do Jimin trabalhava a mil para pensar a abordagem correta, dificultado por paradoxalmente conhecer Taehyung tão mal e tão bem, Jungkook percebeu e segurou sua mão pequena apoiada no banco. Trocaram olhares, já sintonizados no brilho um do outro, nas molduras afiladas e redondas. Jungkook não queria que ele falasse nada.

Portanto, continuaram em silêncio. Apesar de ter temido a piora do clima, Jimin percebeu que Jungkook não parecia magoado nem desconfortável, comendo o muffin com tanto prazer que parecia a única coisa digna de sua atenção. Logo Taehyung, já armado até os dentes, notou que não receberia nenhum ataque. E como não precisava retaliar, desarmou-se e voltou a comer também, buscando com os dedos longos o pedaço de misto que sobrara.

Sem a mínima pista do que acontecera, Jimin, sentado entre ambos, apenas deu de ombros e continuou em silêncio, apreciando o fato do Jungkook não ter tirado a mão de cima da sua até então. Era tão quentinha.

Não demorou para que as três irmãs do Taehyung aparecessem. Como sempre, eram tão agitadas e barulhentas que levantavam poeira pelo caminho. As vozes finas já gritavam: "bunda mole!", o que fazia Jungkook sorrir porque crianças eram fofas, e Jimin arrepiar-se, porque era desconfortável ver o amigo ser tratado daquela forma.

Uma das meninas abriu a boca, surpresa, tampando-a com uma das mãos e apontando para Jimin e Jungkook com a outra. As outras duas agruparam-se ao seu lado para entender o que estava acontecendo.

— São viadinhos? — ela perguntou, abismada com as mãos unidas. Jimin tentou fugir do toque, desconfortável como nunca, mas os dedos de Jungkook acariciaram os seus com leveza. Ele não segurou, não queria obrigá-lo a ficar. Jimin respirou fundo, em uma tentativa de reunir coragem para enfrentar a vergonha. Não se sentia capaz de desvencilhar-se do toque generoso e gentil.

— São viadinhos! — as outras duas atestaram. Meninos de mãos dadas eram viadinhos.

Taehyung suspirou fundo antes de levantar-se do banco, sério. Cientes do estado de espírito do irmão, as três aproximaram-se ainda mais, como se tentassem se proteger. Vê-las daquela forma arrancou um novo suspiro do gótico, que correu a mão pelo cabelo descolorido e raspado antes de agachar-se perto delas, vestindo uma expressão mais mansa.

— Por que viadinhos? — ele perguntou.

— Porque estão segurando as mãos... — a do meio falou, com um biquinho manhoso nos lábios. — E são meninos.

— E isso é ruim? — questionou novamente, assistindo o rosto das irmãs ser tomado de confusão. Elas ficaram quietas, não sabiam muito bem a resposta.

— Papai e mamãe... — a da esquerda arriscou começar a justificar, mas logo a voz morreu.

— A gente ouve e concorda com tudo que eles falam? — Taehyung continuava com seu tom de voz manso. Os olhos das garotinhas marejaram e fitaram o chão. Um grande bico tomava os lábios pequenos. Taehyung aproximou-se para dar um abraço nelas, que agarraram a jaqueta de couro falso entre os dedinhos, desesperadas. Papai e mamãe não concordavam com aquela roupa. Mas elas sim. Elas concordavam com tudo que vinha do irmão mais velho, que sempre estava lá. Que sempre estava com elas. — Estar segurando a mão é ruim?

— Não. — Elas choraram em uníssono nos braços do irmão.

— E serem meninos?

Não conseguiram negar em voz alta, mas balançaram a cabeça da esquerda para direita enfaticamente, enterrando o rosto no peito do mais velho. Este suspirou de novo antes de afagar os cabelos presos firmemente nos coques que ele mesmo fizera.

— Viadinho é um "não, não" — falou naquele tom e linguagem com o qual estavam acostumadas. As garotas assentiram. — Bichinha também é um "não, não". As outras palavras também são um "não, não" se vocês falarem junto com risadinhas.

— Tá bom... — elas concordaram, uma de cada vez, em uma espécie de trenzinho de aceitação. Taehyung afastou-se do abraço e pegou um pacote pequeno de lenço umedecido do bolso da calça, enxugando as lágrimas e depois fazendo que assoassem o nariz com paciência; mesmo quando começaram a fazer birra de quem teria o rosto limpo primeiro.

Depois, Taehyung lançou uma encarada significativa para elas, sempre intensa entre as numerosas camadas de lápis de olho. Elas assentiram antes de caminhar até Jimin e Jungkook e fitá-los com os olhinhos úmidos.

— Desculpa.

— Desculpa.

— Desculpa.

As três pareciam robozinhos idênticos e sequenciados, o que fez Jungkook rir, de tão adorável que achou. Achava crianças incríveis, mesmo. Saiu do banco para se agachar ao lado delas, com o coração palpitando no peito.

— Vocês podem me dar um abraço? — pediu, cheio de expectativa. Elas assentiram, e ele logo sentiu seu pescoço e ombros serem enlaçados por bracinhos rechonchudos e meio grudentos. Enlaçou-as de volta, espantado por ter conseguido envolver as três. Eram tão pequenas; uma graça. — Pronto, agora tá tudo bem!

Elas concordaram e deram uma risadinha ao parar de abraçá-lo. Olharam para Jimin, que ainda observava a cena de seu lugar no banco. O de cabelos rosa deu um sorriso terno e, assim como Jungkook, agachou-se no chão e estendeu os braços, chamando-as para um abraço. Não estava usando roupas com spikes para que sofresse o risco de tê-los arrancados.

As garotinhas o abraçaram e receberam um afago nos cabelos. Sim, eram pequenas pestes, mas até que eram fofas. Jungkook observava a cena encantado.

— Pronto, agora está tudo bem comigo também. — Jimin sorriu depois do abraço, de uma forma que transformava seus olhos em duas meia luas gentis.

Elas correram de volta ao Taehyung, que já se levantara e fazia menção de ir para casa. O gótico olhou para os outros dois garotos em uma análise silenciosa. Jimin trocou o olhar ácido, e Jungkook apenas encarou com curiosidade. Taehyung deu um sorriso debochado. Virou-se para as irmãs e orientou:

— Da próxima vez... chamem esses dois de namoradinhos.

-💋-

— O que é isso? — Jungkook perguntou ao assistir Jimin repousar um livro grosso na escrivaninha. Não era de nenhuma matéria do colégio, isso era certo. Jimin riu ao observar os olhos redondos brilharem de curiosidade. Tão, tão fofo que doía.

— Um livro de História da Arte — disse enquanto sentava-se na outra cadeira, ao lado. Inclinou-se até a mochila para abrir um de seus cadernos, puxando uma folha avulsa de dentro. — Aqui, pesquisei sobre os cursos de dança aqui da cidade e em algumas vizinhas. A maioria deles tem esse livro como referência para as provas específicas teóricas. Já pensou em qual faculdade você quer estudar?

— Qualquer uma que me aceite. — Deu de ombros.

— Só por cima do meu cadáver! — Jimin chiou e empurrou suas anotações das faculdades para o Jungkook. — Já tenho um dever de casa para você: pesquisar no mínimo estes nomes da minha lista e descobrir a faculdade que você quer! Elas variam em grade horária, em renome... Algumas são famosas por ser palco de bailarinos de espetáculo e outras por formar professores. Você tem que escolher a melhor dentro do que você quer fazer no futuro.

— Mas eu tô sendo sério... — Jungkook fez um biquinho, meio chateado. — Não sei se uma faculdade famosa me aceitaria. Eu danço há pouco tempo.

— E...? Que justificativa fraca, Jungkook! Você tem que mirar o que mais deseja fazer, com todo seu coração, e se esforçar para atingir o que você quer. Se não for o suficiente, é problema para o futuro. — Empinou o nariz. Sua voz estava embebida daquela certeza quase esnobe de sua armadura. Gostava de usá-la quando argumentava, mesmo que fosse com Jungkook. — Você pode tentar mais vezes, ou entrar no exame de outras instituições que também sejam boas. São várias alternativas... Mas ter um objetivo ideal, o que você mais quer de todos, é essencial; porque é o único jeito dele virar uma possibilidade, de você abrir caminhos para alcançá-lo. Se já começar com expectativas baixas, dificilmente vai chegar perto do plano perfeito.

— Hm... — A lógica de Jimin fazia sentido, mas Jungkook ainda não estava confortável com a ideia de ser capaz de entrar em uma instituição de prestígio. Secretamente, ele sabia onde mais desejava estudar desde que começou a se interessar por balé. Porém, nunca ousou dizer o nome em alto e bom som, para não se iludir com algo que nunca poderia ter.

— Não faz esse "hm"... — Jimin pediu, baixando o tom de voz, preocupado. Jungkook não era daquele jeito. Esperava que o amigo animasse e acatasse a ideia de imediato, dedicado e intenso como era. Segurou uma das mãos grandes, que repousava na mesa, e a acariciou. Jungkook suspirou antes de virar a palma para cima a fim de entrelaçar seus dedos nos alheios. A mão do Jimin era tão macia... Adorava tocá-la. — Você não está sozinho... Estou aqui para te ajudar a chegar lá da forma que posso. Compartilha seus sonhos comigo... Vou cuidar deles direitinho!

Jungkook observou o rosto completamente corado de Jimin. Era claro o quanto o amigo se esforçara para tirar aquelas palavras de seu peito, e foi tomado por ternura mais uma vez. Ainda sentia-se em um sonho, só um sonho explicaria o nível de carinho que recebia, de tão bom grado. O quão feliz se sentia. Deu um sorriso fraco para Jimin, porque segurava o princípio de um choro por ser tão querido. Inclinou-se para deixar um beijo na bochecha alheia, macia e quente de vergonha.

— É que eu penso muito na Universidade Nacional de Artes da Coreia... — sussurrou, pois sabia ser uma possibilidade muito distante e ainda achava errado nomeá-la.

— A KArts? Aquela que fica na capital? — Jimin perguntou, e Jungkook assentiu. Apesar do tom de Jimin ter sido de curioso, e não incrédulo, o sonho parecia cada vez mais distante para Jungkook.

— Hm, entendi. Vou olhar como é o processo seletivo dela, confesso que eu olhei mais aqui na região porque não sabia que você estava disposto a se mudar — Jimin respondeu por fim e soltou a mão do toque tão gostoso para puxar seu notebook de uma das gavetas da escrivaninha.

— Você fez bem, o custo de vida em Seoul é um absurdo, eu não conseguiria bancar. Sem contar que é bem difícil conseguir uma bolsa, mesmo passando na prova específica, então a mensalidade já é inviável — explicou, apoiando a cabeça na mão. Jimin virou-se para encará-lo, percebendo que ele já pensara ao menos um pouco no assunto. Apesar da franja do bailarino estar presa, Jimin não conseguiu impedir seus dedos de buscarem o resto para ajeitá-lo atrás da orelha.

— Não cante a derrota tão cedo, gracinha... Seus pontos fazem muito sentido, mas me deixe avaliar se há alternativas, ou formas de solucionar, antes de partirmos para outras faculdades de dança, tudo bem? — pediu. Jungkook assentiu, porque o tom de voz do Jimin era tão doce... Delicioso. E Jimin era do tipo que vivia achando as rotas de fuga de todas as gaiolas nas quais Jungkook via-se preso até então.

— Obrigado... — Jungkook observou os olhos delineados de Jimin o observarem, cheios de dúvida. — Por cuidar dos meus sonhos. E de mim.

Jimin sorriu, manso, antes de abraçá-lo. Ajustaram-se e deixaram aquele encaixe tão natural e especial de seus corpos enchê-los de confiança e segurança boba. Amavam tanto a presença e o calor um do outro que se separar nem parecia mais uma opção.

— Não precisa agradecer — murmurou contra o peito de Jungkook. — Você merece todo cuidado do mundo. E amo poder cuidar de você e apoiar seus sonhos, mesmo que pouquinho. Você é tão inspirador que simplesmente me faz bem. É como se eu também fosse capaz de realizar meus próprios sonhos só de te observar.

— Jimin, é tão estranho quando você fala esse tipo de coisa... Sério, fica muito difícil de acreditar que você é uma pessoa de verdade. É impossível existir alguém tão bom assim.

— Não sou tão bom. — Jimin riu fraquinho. Seus olhos ardiam, assim como as bochechas. Mesmo assim, sentia tanta necessidade de libertar o causador do rebuliço estranho de seu corpo que nenhum traço de orgulho ou timidez ousava impedir suas palavras. — E você sabe bem, conhece meus lados... espinhosos. Mas quero ser bom para você e sinto que eu sou uma pessoa melhor quando aprendo contigo. Então obrigado, sério.

— Jimin...

— Hm?

— Será que a gente se completa então? Se você se sente uma pessoa melhor por estar comigo, e eu tenho certeza que, só de respirar o mesmo ar que você, sou capaz de coisas impossíveis... a gente se completa, né?

Jimin mergulhou em pensamentos, degustando o conceito na ponta da língua. Era tentador e bonito.

— Não sei, Jungkook... Ser completo é uma coisa tão absoluta. Às vezes me parece até mesmo inalcançável; como uma abstração que inventamos, como humanos, para nos consolar perante à grandeza da vida. Será que se eu me sentisse completo, ainda teria vontade de fazer e experimentar coisas? Acho que gosto de pensar que, mesmo que o quadro da minha vida pareça colorido, ou que seja possível considerá-lo uma obra, ainda há uma pincelada a mais que eu possa dar.

— Você ficou lírico de repente... — Jungkook murmurou, de olhos arregalados com o discurso.

— Desculpa. Comecei a ler uns livros de poesia recentemente, deve estar me influenciando — falou em um muxoxo. Os dedos de Jungkook não resistiram e buscaram o rosto do amigo, acariciando as bochechas quentes que tanto amava.

— Eu achei lindo. Muito lindo. Agora que você falou, não tenho certeza se me sinto completo também. Nem se quero.

— Maria vai com as outras... — Jimin provocou levemente, e Jungkook riu, com o peito quente e agitado.

— Então talvez, não completar... Mas a gente se faz crescer, né? — sugeriu. Jimin assentiu, gostando da ideia.

Amava a ideia de crescer, sem limites. Não precisava ser um estirão súbito e empoderador. Poderia ser vagaroso. Simplesmente saber que ainda crescia, um milímetro que seja, era delicioso. Gostava de saber que era uma possibilidade. Que se crescesse como uma árvore, poderia não só ficar mais alto, mas também mais frondoso. Poderia ter vários galhos, inúmeras folhas para farfalhar pelo vento e abrigar todo um ecossistema dentro dele: passarinhos, cigarras e, quem sabe, macaquinhos. É, gostava muito mesmo de crescer com Jungkook e vê-lo crescer em conjunto, cada um no próprio ritmo, do próprio jeito. Levantou seu olhar para encontrar o dele, castanho, sempre tão gentil. E sorriu contra o toque doce em sua bochecha.

— Talvez sejamos o adubo um do outro.

»»🩰««

AI GENTE SÉRIO, EU PASSO MTO MAL, MEUS FILHINHOS SÃO TÃO PRECIOSOS PITICOS NÃO DÁ 😭🤧😭🤧😭🤧😭🤧😭🤧😭🤧 

Qual foi a cena favorita de você? Amo muito todas (para variar), mas acho que eu gosto do Minnie lírico, hehe 💜  Ai, tava com tantas saudades de perguntar cena favorita para vocês 🥺 

Como sempre, OBRIGADA DEMAIS MUITO MESMO ESTRATOSFÉRICO PARA CARALHO a todo mundo que comenta, vota, lê e surta comigo lá no #EstrelandoOCoadjuvante🩰 , amo muito vocês!!! Fiquei com xôdadis, hihi 💜 

Ah, e eu tô animadona porque hoje ainda vou pegar o busão pra ir pra SP assinar os livrinhos de Croack 🥺 lembrando que quem quiser retirar o livro na editora, pode me encontrar sábado e domingo de 12:00 às 18:00, só seguir as instruções postadas no twitter da editora 💜 

Opa! E tenho uma novidade! Criei uma newsletter, que basicamente é um e-mail que vocês vão receber quinzenalmente com spoilers/atualizações e coisas referentes às minhas histórias, então é perfeito pra quem não consegue passar a semana acompanhando ou quer saber mais a fundo (porque lá consigo escrever mais do que em redes sociais). A próxima edição sai amanhã 💜 Se você quiser se inscrever, o link tá na minha bio do wattpad!

Beijinhos de luz e até 19/11 às 19:00! Amo vocês!


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