Eu fugi deles o máximo que eu pude, evitei estar no mesmo ambiente e quando era obrigada falava o mínimo possível, o topetinho até tentou contato mas eu prefiro ficar na minha e evitar desenvolver sentimentos pelas pessoas.
No fim todos vão embora e eu fico sozinha.
Melhor me prevenir sendo a vadia que sou, vivendo minha vida sem me importar com nada, à se apaixonar e acabar abandonada no meio da floresta pelo cara que dizia me amar com sua alma.
Nos dias que se passaram não chovia mais, apenas garoas durante a noite e muita neblina durante o dia, sendo assim fui pro inferno que popularmente chamam de escola, calça de couro preta e uma regata da mesma cor justa no corpo, minha preciosa jaqueta de couro vermelha, saltos altos e minha pulseira no braço.
Era até engraçado como mesmo tendo quase duas semanas naquele fim de mundo ainda era uma atração para aqueles bando de urubu, sempre que eu chegava me olhavam e sorriam, uns acenavam, uns garotos e garotas vinham até mim, ironicamente falando fiz amigos ali, Throy carrega minha mochila achando que vai me pagar um dia, Chad me abraça como se já tivesse transado comigo ─ oque não aconteceu não achei meu corpo no lixo ─ Jullie e Hellen gruda os braços nos meus e ficam se achando por ter tantas pessoas as olhando.
E saiu um boato pela escola que ninguém sabe quem deu início ─ só pra quem ainda tem dúvida de quem foi, Jéssica e Lauren ─ que eu estava saindo com uma garota e um cara todos os dias, sendo esses nunca os mesmos, foi então que surgiu meu carinhoso apelido, A mestiça vadia, até a loira dos Cullens me elogiou essa semana dizendo que eu não tinha vergonha na cara e era uma sem futuro.
E apesar desses boatos serem mentira eu estava adorando todos me olharem admirados por saber que tanto o sexo masculino quanto o feminino tinha chances de ficar comigo.
── Ei, Kyra. Fez o trabalho de educação cívica? ── tiro meus olhos do meu caderno e me viro vendo uma ruiva bonitinha me olhar envergonhada.
── Fiz sim, quer ajuda? ── sorrio de lado com a ponta da caneta entre meus dentes a fazendo corar de vergonha.
Cara ela não perdoa nem as tímidas.
Rolo os olhos quando ouço Dean comentar com Emmett sobre minha pequena conversa com a menina.
── Eu não consegui responder a última, pode me ajudar? ── sorrio e concordo pegando meu caderno e o colocando ao lado do seu em sua mesa.
Eu expliquei pra ela a questão pedida e aind ajudei a revisar o trabalho todo que a deixou super feliz, eu não sou uma vadia oferecida que fica com todo mundo,eu gosto de conversar e fico feliz quando vem alguém falar comigo sobre algo que eu gosto e envolvido ao estudo me deixa ainda mais feliz.
Quando o professor chegou não deu tempo nem de se arrumar na mesa que ele já passou pegando os trabalhos de toda a classe me fazendo sorrir fraco para a menina que está radiante por um possível 10.
── Ei Kyra, é verdade que você estava ajudando a gordinha estranha da sua sala hoje? ── encaro feio o garoto que havia comentado, e de longe vejo ela me olhar tristinha achando que iria a ofender.
── Como é seu nome mesmo?
── Que isso gata já esqueceu meu nome assim? É Scoot ── ele sorri malicioso e me manda uma piscadela.
── Ah, sabe como é, seres insignificantes pra mim eu nem faço questão de lembrar o nome, ── sorrio debochada quando seus amigos começam a zoa-lo ── e sobre eu ter ajudado ela, sim eu ajudei sim, e pode ter certeza que o que ela tem de gostosa tem de inteligente, diferente de você que seu único neurônio veio com defeito e em vez de falar algo útil só fala merda. ── me viro e coloco meu capacete subindo na minha moto e acelerado, finjo ir até ele o fazendo pular de susto.
Sigo pra minha casa louca pra me jogar no sofá e terminar de assistir a série que eu estava vendo ontem, série essa que me prendeu a ponto de eu pensar em faltar aula pra continuar igual estátua vendo aquelas beldades o dia todo.
Porém não foi oque fiz já que no meio do caminho vi o conversível vermelho da loira me dando seta pra seguir até a casa Cullen, juro que se eu pudesse rolar os olhos a ponto dele sair de órbita eu faria, porém segui até a casa deles, pelo motivo óbvio de que são um Clã de oito vampiros contra eu, isso seria pura burrice.
Quando estaciono na frente da mansão retiro meu capacete logo arrumando meus cabelos, deixo sobre a moto minha mochila e o capacete.
── Fala aí dracula um e dois, oque querem comigo agora? ── vejo todo o Clã se juntar em frente a casa me fazendo mais uma vez rolar os olhos. ── só pra deixar bem claro, eu fui obrigada vir aqui então se eu for mal educada reclamações com a loira ali, eu podia estar em casa assistindo dois gostosos matando monstros mas não, tinham que querer ver meu lindo corpinho agora.
Sorrio de lado ao observar toda a casa, a decoração deixava tudo parecido como se humanos vivessem ali, ao redor era tudo floresta e barulhos de sapos e grilos.
── Você está chamando muita atenção sendo você na escola, vai acabar estragando nossos disfarces ── estalo a língua no céu da boca e depois dou risada pelo comentário do topetinho. ── Eu consigo ler sua mente Kyra, foge de nós como o diabo foge da cruz, mesmo sabendo que tem algo que te prende a nós. ── fecho a cara no mesmo segundo o vendo dar um passo para trás assustado.
── Presta bem atenção porque eu vou dizer apenas uma vez garoto, parem de me seguir e de interferir na minha vida, não vão gostar de saber como vai acabar isso se eu me irritar, eu sou uma PESSOA livre, não matei e muito menos roubei, minha fixa é mais limpa que esse teu cabelo cheio de laquê, ── digo brincando com minha pulseira, louca para acertar naquele garoto folgado ── eu estou disfarçando melhor que vocês, me misturei e fiz amigos, não fico parecendo um bando de idiotas que fingem comer e ficam parados na cantina como se fossem estátuas de deuses, e outra Edward eu acredito que quando eu quiser eu posso sentar e conversar com o meu companheiro, isso diz respeito apenas a mim e a ele, não a você, então cuide da sua vida e pare de se entrometer na das outras pessoas.
Me viro subindo na moto e logo vou embora, consigo sentir o olhar de Emmett em mim, ele não veio atrás e eu é que não vou atrás dele igual uma cadelinha, ele é meu companheiro e eu sou a dele, e enquanto ele decide se vem falar comigo sobre isso ou não, eu irei seguir minha vida como sempre.
Vivendo ela como se fosse o último dia.