Golden Eyes ☀️ OBX 2

By itsclarafelton

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Depois de todos os acontecimentos do verão, Outer Banks já não era mais a mesma para os Pogues, que tentavam... More

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01 | O fim do Verão
02 | De volta a vida "normal"
03 | Tipo FBI
04 | A arma do crime
05 | Noite da pizza
06 | Charleston
07 | A Casa Limbrey
08 | A Volta
09 | Nada que é bom dura muito
10 | A pior hora
11 | Um dia peculiar
12 | A Chave e o Druthers
13 | Oceanos de distancia
14 | A coroa ainda é minha
15 | A festa da fogueira
17 | Bon Voyage
18 | De mal a pior
19 | O Navio
20 | Poguêlandia
21 | Epílogo
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16 | Ao pé do anjo

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By itsclarafelton


❝ Eu sempre vou te amar, seja como for. Nós nunca iremos desaparecer como grafite no viaduto ❞

Overpass Graffiti - Ed Sheeran

Sophia acomodou o violão em seu colo, posicionando seus dedos nas cordas e dedilhando alguns acordes. A garota estava sentada no banco da varanda de sua casa, aproveitando a manhã ensolarada para ficar um pouco sozinha na companhia de sua música, e de alguns passarinhos que cantavam nas árvores fazendo um lindo arranjo com a canção a qual Sophia cantava.

Did I disappoint you or let you down?
Eu te desapontei ou te decepcionei?

Should I be feeling guilty or let the judges frown?
Eu devo me sentir culpado ou deixar os juízes decidirem?

'Cause I saw the end before we'd begun
Porque eu vi o fim antes mesmo de começarmos

Yes I saw you were blinded and I knew I had won
Sim eu vi que você estava errado e eu havia ganho

So I took what's mine by eternal right
Então peguei o que era meu por direito eterno

Took your soul out into the night
Peguei sua alma dentro da noite

It may be over but it won't stop there
E pode ter acabado, mas não vai parar por aí

I am here for you if you'd only care
Eu estou aqui por você, se você apenas se importasse

You touched my heart you touched my soul
Você tocou meu coração, tocou minha alma

You changed my life and all my goals
Você mudou minha vida e meus objetivos

And love is blind and that I knew when
O amor é cego e eu só soube disso quando

Milhares de lembranças — dos dias de verão passados surfando com JJ ou apenas jogada no sofá ao lado dele; das promessas feitas; dos beijos trocados e todos os sonhos compartilhados — preenchiam a mente de Sophia enquanto as palavras escapavam melódicas de sua boca ao acompanhar as notas que fluíam naturalmente do vilão. 

My heart was blinded by you
Meu coração ficou cego por você

I've kissed your lips and held your head
Beijei seus lábios e segurei sua cabeça

Shared your dreams and shared your bed
Eu partilhei os seus sonhos e partilhei a sua cama

I know you well, I know your smell
Eu te conheço bem, eu conheço seu cheiro

I've been addicted to you
Eu estive viciado em você

I've seen you cry, I've seen you smile
Eu te vi chorar, eu te vi sorrir

I've watched you sleeping for a while
Eu te observei dormindo por um instante

I know your fears and you know mine
Eu conheço seus medos e você os meus

And I love you, I swear that's true
E eu te amo, eu juro que é verdade

I cannot live without you
Eu não posso viver sem você

Goodbye my lover
Adeus, meu amor

Goodbye my friend
Adeus, meu amigo

You have been the one
Você foi o único

You have been the one for me
Você foi o único para mim

And I still hold your hand in mine
E ainda seguro sua mão na minha

In mine when I'm asleep
Quando estou dormindo

And I will bear my soul in time
E eu conduzirei minha alma através do tempo

When I'm kneeling at your feet
Até o dia em que eu estiver ajoelhando aos seus pés

A música terminou deixando um silêncio tranquilo no ar, as lembranças ainda pairando na mente da garota. Por mais que aquela fosse uma música de "despedida" a um amor, não era isso que Sophia estava fazendo. Algo o qual aprendeu com tudo aquilo foi que mesmo com seu coração machucado, ele ainda bateria por JJ Maybank — se era bom ou ruim, isso ainda não tinha descoberto.

O barulho do celular tocando ao seu lado no banco, tirou a garota do silêncio em que estava envolta. Ela pegou o aparelho eletrônico, deixando seu violão no banco ao se levantar para atender.

Tá na sua casa? — foi a primeira coisa que Sarah perguntou quando a ligação foi atendida.

— Sim, por que?

Pode vir abrir a porta?

— Peraí, você tá aqui?

Por que mais eu pediria pra abrir a porta? — a Cameron riu de um jeito carinhoso. — Vem logo.

— Sim, senhora, general — brincou Sophia.

A garota encerrou a ligação, guardando o celular no bolso de sua calça jeans enquanto seguia a passos rápidos até a porta de entrada. Quando abriu a porta de madeira branca lá estava Sarah, sorrindo pra ela. Um sorriso que Sophia conhecia bem.

— Não vai acreditar no que eu achei — disparou Sarah, antes que a amiga tivesse chance de falar.

— O que?

— Eu te conto no caminho.

— Caminho pra onde?

— Para o Castelo.

Sophia franziu o cenho. Não estava entendo bulhufas do que estava acontecendo, o que fez Sarah revirar os olhos.

— Confia em mim?

— Eu confio, mas tenho um pouco de medo às vezes — Sophia deu de ombros.

Sarah cruzou os braços em frente ao corpo, encarando a amiga com uma expressão de falsa mágoa, o que arrancou um sorriso da Howard.

— Pode só pegar a chave do seu carro?

Sophia atendeu ao pedido da amiga, indo até o aparador no canto do hall e pegando as chaves de seu carro jogadas ali em cima. Estava saindo quando deu meia volta e escreveu um pequeno bilhete para sua mãe, usando o bloquinho de papel e a caneta deixados ali em cima. E, dessa vez, Sophia voltou até a porta, saindo sem olhar para trás.

De todas as coisas as quais Sophia imaginou que a Cameron pudesse ter descoberto, nem ao menos passou pela cabeça da garota que fosse aquilo. Quer dizer, quais eram as chances?

— Vamos? — Sophia perguntou, retoricamente, quando estacionou o carro ao lado da kombi velha na propriedade dos Booker.

De onde estavam, era possível ver os quatro Pogues conversando espalhados pela varanda protegida pela tela de mosquitos, que estava com rasgos enormes em algumas partes.

Sarah olhou para a amiga ao seu lado assentindo. As duas saíram do veículo, fechando as portas com um leve baque abafado e com um sincronismo surpreendente. Elas uniram suas mãos ao caminhar em direção a entrada da frente.

A porta produzindo o seu típico rangido ao ser aberta. Sarah apertou a mão da amiga — que retribuiu o gesto — enquanto as duas seguiam até onde os quatro amigos estavam reunidos, JJ estava encostado em uma das viga de madeira, John B jogado na poltrona velha, Pope sentado na cadeira com as pernas apoiadas em cima de uma mesa de centro e Kiara esticada no sofá.

— Olá, garotas — JJ falou em um tom divertido, evitando os olhos da Howard.

— E ai? — Kiara murmurou sonolenta.

— Não devia estar no Figure 8 com os amigos riquinhos? — a fala debochada de John B foi dirigida a Sarah, que apertou um pouco mais a mão da amiga unida a sua. — Ou você terminou com o Topper?

— Somos só amigos — a Cameron puxou a amiga junto com sigo quando deu alguns passos para o centro da varanda, para perto de Pope.

— Você é cheia de amigos, Sarah Cameron — o Booker provocou.

Sophia revirou os olhos. Eles não iam mesmo começar com aquilo, iam?

— Pois é. Você também fez novas amizades. — Sarah usou o mesmo tom do garoto ao se virar para o encarar.

— Tá fazendo o que aqui? Fala logo.

— Vim falar com o Pope.

As duas se viraram para o moreno, que franziu o cenho surpreso com a última informação, assim como seus amigos.

— Quer contar? — Sarah olhou para a loira ao seu lado, um pequeno sorriso estampava seus lábios.

E Sophia abriu o mesmo sorriso ao negar com a cabeça, acrescentando em seguida:

— Foi você quem achou, você tem que contar.

— Contar o que? — Pope intercalava seu olhar entre as duas loiras sem entender nada.

— Achei o quarto da ilha.

No mesmo instante em que as palavras saíram da boca de Sarah, os olhos de Pope se arregalaram enquanto ele sentava reto na cadeira. A reação dos outros não tinha nada diferente da reação do Heyward; todos pareciam processar a informação, como se não tivessem escutado direito.

A surpresa inicial, no entanto, não durou muito e logo todos estavam dentro da kombi com John B acelerando para longe da casa. Sophia estava sentada ao lado de Pope no banco de trás, e assim como o moreno mantinha seu olhar focado no maço de folhas em suas mãos, que para a surpresa de Sophia e Sarah eram os xerox de páginas do diário de Denmark Tanny

— Pessoa, escuta só — Pope chamou a atenção de todos. — O diário diz que a cruz guarda a relíquia mais sagrada de toda a cristandade, o Manto do Salvador.

— Espera, ele tá dizendo que tem um manto sagrado dentro da cruz? — Kiara indagou, surpresa.

— É. Diz que o manto é capaz de curar qualquer doença.

— Sim: "Se eu tão somente tocar em seu manto, ficarei curado" — citou JJ, e todos o encararam com uma visível surpresa. — Que foi? Eu fiz catecismo.

O loiro deu de ombros.

— Enfim, isso explica porque a Limbrey quer tanto a cruz — Sophia constatou, brincando com seus colares.

— Ela acha que pode curá-la — Pope assentiu.

— O que mais diz ai?

— "Dizem que foi pecado roubar algo sagrado, e que Deus nos castigará" — o Heyward leu.

Sophia e JJ, que estavam um de cada lado do moreno, inclinaram as cabeças para ver o desenho feito nas duas páginas seguintes: um desenho feito a mão do navio Royal Merchant entre ondas violentas de um mar revolto.

— Pior que Deus os castigou mesmo — a Carrera murmurou.

— Um furacão afundou o navio e só o Denmark sobreviveu.

A frase, um tanto carregada, de Pope ficou no ar junto a um silêncio, o qual ninguém ousou quebrar. Assim, logo as ruas do Cut deram lugar às ruas do Figure 8, e ninguém ficou muito surpreso quando, seguindo as instruções de Sarah, John B passou pelos portões da propriedade dos Cameron.

— É claro que tá em Tannehill — murmurou o Maybank. — Onde mais a gente ia achar a pista para a cruz amaldiçoada?

Sophia não conseguiu evitar abrir um sorriso divertido com a fala do garoto — algo que não passou despercebido a ele.

O grupo deixou o carro, seguindo Sarah para dentro da casa, aparentemente, vazia. O único barulho que eles conseguiam ouvir eram de seus próprios passos ecoando pela escada, a qual seguia o contorno da parede arredondada até os pisos superiores da construção.

— Essa casa me dá arrepios — comentou John B, e JJ murmurou em concordância.

— Pope, olha — Sarah abriu uma das portas do segundo andar, olhando para o moreno antes de entrar no cômodo.

— Nossa! Só pode estar de brincadeira! — exclamou boquiaberto. Seus olhos, arregalados, percorrendo todo o cômodo.

— Pois é — a loira confirmou sorrindo. — É o quarto da ilha.

Quando Sophia entrou no quarto, entendeu o porquê da exclamação do amigo. As quatro paredes as quais delimitavam o cômodo tiveram seus papéis de parede arrancados, relevando desenhos feitos a mão e tinta do que aparentava ser nada mais nada menos do que um imenso mapa, que ao invés de ser pintado em uma simples folha de papel, havia sido pintado nas paredes daquele quarto, com gravuras que mais pareciam uma obra de arte perdida.

— Incrível — John B sussurrou, como se não conseguisse falar mais alto do que aquilo.

— Tava aqui o tempo todo — Sarah abriu os braços indicando o cômodo onde estavam.

— Não acredito! — JJ exclamou, acrescentando em seguida: — Deve significar alguma coisa.

O loiro olhou animado para os amigos, voltando a olhar admirado para as paredes logo em seguida.

— Com certeza — foi Sophia quem concordou. A garota passou a ponta de seus dedos pelo contorno do desenho de uma pequena capela. — Isso é fantástico.

Todos os cinco agora andavam pelo cômodo, olhando mais atentamente para os desenhos nas paredes.

— É um mapa da ilha toda.

— Acho que tem razão, John B, porque aqui tá o Rixon's. — JJ apontou para um dos desenhos na parede, e Sophia se aproximou só para constatar que aquele era o desenho do mesmo lugar a qual o grupo já tinha ido tantas vezes. — E tem o farol — O loiro indicou um desenho próximo deles.

— Pessoal, olhem. É a parcela nove e o poço — Kiara passou a mão pelo desenho, virando para encarar os amigos logo em seguida.

— Então, se aquela é a parcela nove e aquele é o Rixon's — John B apontou para os desenho indicados pelos amigos enquanto andava pelo cômodo. — Então ali é a praia do surfe — O garoto indicou o desenho na parede ao lado da porta, para onde ele e JJ foram.

Sophia foi para perto dos dois, ficando entre eles para observar o desenho. A garota cerrou os olhos ao notar que logo abaixo do desenho, escrito em uma caligrafia que ela já tinha visto, havia o nome do lugar.

— JJ, me empresta isso — pediu, indicando a folha nas mãos do loiro, uma das cópias das páginas do diário de Denmark.

O Maybank entregou a folha à garota, e ela não precisou olhar duas vezes para descobrir de onde tinha reconhecido a caligrafia.

— Pope — chamou, se aproximando da parede e colando a folha ao lado do desenho na parede. Vendo o Heyward se aproximar dos amigos. — Reconhece?

— É a letra do Denmark — constatou JJ, animado.

— E os desenhos são os mesmos — Pope acrescentou, um sorriso surgindo em seu rosto.

— Puta merda! — John B intercalava o olhar entre a folha e a parede.

Sophia entregou a folha a Pope, que a segurou com as duas mãos.

— Denmark, seu gênio! — O garoto se afastou dos amigos, olhando com admiração para as paredes que os cercavam. — Ele fez todos os desenhos do quarto.

— A pergunta é: por que? O que ele tá tentando nos dizer? — indagou Kiara.

— Deve ter algo a ver com a chave, né? — JJ supos.

— Sim, mas o que?

Sophia e os três garotos, se aproximaram da parede onde Sarah e Kiara estavam. Ambas analisavam os desenhos, passando a mão pelos contornos deles vez ou outra.

— Como você descobriu esses desenhos? — John B parou ao lado da Cameron, que tinha sua atenção focada na parede.

— Não fui eu — Ela deu de ombros. — Tava assim quando eu cheguei.

— O que?

— Então, quem foi? — Kiara perguntou, e todos os cinco tinham seus olhares focados na loira.

— Os doidos.

Os seis pularam com o susto ao ouvirem uma voz desconhecida atrás deles. Todos viraram assustados para encontrarem a dona da voz.

— Caramba, Wheezie — Sophia esbravejou, levando uma de suas mãos ao coração, disparado, e apoiando a outra na mesa ao seu lado. — Quase me matou de susto.

— Peraí, de quem estava falando, Wheezie? — perguntou JJ após se recuperar do susto. Ele deu alguns passos à frente, ficando ao lado da loira ao apoiar seus braços no encosto de uma cadeira de madeira.

— Uma mulher doente e o capanga dela. Vieram aqui ontem a noite, queriam falar com o Rafe.

— Uma loira pálida?

— De muletas?

Wheezie, que tinha todos os olhares focados em si, confirmou com um gesto de cabeça.

— Só pode ser a Limbrey — constatou Pope, com certo pesar.

— O que aconteceu? — John B perguntou a garota de cabelos escuros.

— Reviraram a casa inteira atrás de alguma coisa. Então o Rafe me mandou subir, mas eu fiquei curiosa e escutei pela ventilação — Wheezie contou. — É eles estavam falando sobre fazer alguma coisa no domingo.

— Código — disparou JJ, endireitando sua postura. — É o código para alguma coisa.

— Pra que? — Sophia olhou para os amigos, todos pareciam pensar em uma resposta para aquela indagação.

— A Cruz de Santo Domingo? — a pergunta de Pope foi dirigida a mais nova.

— Isso — Wheezie apontou para ele. — E também falaram de anjos. Falaram muito de anjos.

— Anjos? — Sarah fez uma careta.

— Galera — Todos olharam para Pope, que parecia subitamente energizado. — As últimas palavras do Denmark: "O verdadeiro tesouro está no pé do anjo". Eles estão atrás de um anjo. Vamos procurar o anjo na sala.

— Pope, você é um gênio — Sophia sorriu animada para o amigo.

Uma pequena confusão tomou conta do cômodo. Wheezie sentou em uma cadeira, olhando confusa para os adolescentes que falavam um por cima do outro enquanto andavam pelo quarto olhando atentamente os desenhos à procura de um anjo — em forma simbólica ou literal, não importava, só precisavam achar um anjo.

Sophia foi a primeira a ir até o loiro, parando ao lado dele, que estava em frente ao desenho — o qual, na opinião da garota, era o mais bonito de todos naquele quarto — de um gigantesco carvalho.

— Essa árvore enorme fica na ilha dos Bodes — o Maybank explicou. — Sabem como se chama?

— Carvalho do anjo — sussurrou Pope, parando do outro lado do loiro.

— E bem aqui, a fechadura — JJ indicou o desenho de uma fechadura desenhada no centro do carvalho, quase escondida pelos desenhos imitando os nós do tronco da árvore.

— Então, a cruz está enterrada — Pope olhou para o Maybank ao seu lado — No pé do anjo — os dois garotos falaram em coro a última parte.

A Howard soltou um riso anasalado, que soava com um misto de surpresa e animação. Tinham encontrado a trilha outra vez.

— Nossa! Deve ser onde ele enterrou — comentou Pope. E foi quando o grupo se entreolhou, todos parecendo se tocarem de uma coisa naquele momento: — Eles devem estar lá agora. Vamos!

— Sou o próprio Sherlock Holmes — JJ abriu os braços. — De nada.

Sophia revirou os olhos de forma divertida enquanto seguia com os amigos para fora da sala.

— Vamos logo, Sherlock — John B debochou, puxando o amigo junto a si para fora do quarto.

— É a igreja que o Denmark construiu para os escravos que libertou — Pope contou quando a kombi passou por uma igreja de madeira abandonada.

Sophia olhou para o lugar pela janela, suja, ao seu lado, e teve uma estranha vontade de entrar naquele lugar. Era como se algo naquele lugar a estivesse a chamando, a convidando para entrar. Talvez convencesse seus amigos a pararem ali na volta, pensou voltando seu olhar para frente quando a igreja sumiu de seu campo de visão.

Ela trocou um pequeno sorriso com Pope. O garoto estava sentado à sua frente no pequeno banco atrás do motorista; Sarah e Kiara estavam no banco de trás junto com a Howard e os outros dois garotos nos bancos da frente.

— Ah, merda! A maré tá subindo.

JJ fez uma careta, olhando para a parte da trilha que passava de terra para lama, isso por conta da maré que quando subia fazia aquela parte deixar de ser uma estrada para se transformar em uma parte do pântano.

— Esperem, olhem. Eles já passaram por aqui — Pope havia inclinado seu corpo para frente, quase ficando entre os bancos da frente, quando John B parou a kombi no início da parte que começava a alargar, e por onde marcas de pneu passavam. — Devem ser as marcas do carro da Limbrey. A gente precisa ir.

— O que acha, chefe? — a pergunta de JJ foi direcionada ao Booker, que assim como ele tinha os olhos focados na estrada a frente.

— Acho que vai ser arriscado.

— Concordo.

— Mas eles passaram, né? — Kiara perguntou.

— Sem tração nas quatro rodas? Dúvido muito. — comentou o Maybank.

— Vocês estão realmente analisando a situação? — Sarah abriu um sorriso incrédulo, atraindo o olhar de todos para si. — Desde quando vocês dois escolhem o caminho seguro?

JJ e John B se entreolharam.

— Ela tem razão — o Booker deu de ombros.

Os dois se viraram para frente, agora decididos a passar por aquela trilha. E Sophia não pode deixar de sorrir com a cena.

— Precisa acelerar — JJ instruiu o amigo, que segurava firme o volante. — Então, coloca em segunda e pisa fundo.

— Passa pela parte do meio — acrescentou Pope.

— Beleza. — John B deixou o carro pronto para dar partida. - Prontos?

— Que a gente não morra — pediu Sophia, segurando o mais firme que podia no banco, já que a kombi não tinha cintos de segurança.

— Amém — os cinco falaram juntos.

Sem esperar mais, John B deu partida. Fazendo aquela adrenalina boa, de quando você faz algo empolgante, percorrer as veias de todos ali dentro.

— Acelera, cara! — JJ exclamou. — Tem que pisar fundo, você ainda está lento.

— Eu to em segunda, cara!

— Vai derrapar — alertou Kiara.

— Já tá atolando — O barulho de água abaixo do carro, só confirmava a fala do Maybank.

— Eu sei!

— Sem querer te pressionar, mas se atolar, nunca mais sairemos daqui — Pope colocou a cabeça entre os dois bancos da frente.

— Volta pra trás — o Booker empurrou a cabeça do amigo para trás outra vez.

Todos comemoram felizes quando chegam à parte seca da trilha outra vez. John B estacionou a kombi longe da estrada principal, perto de algumas árvores, que cobriam um pouco o veículo, já que para serem mais discretos — e não trombar com a trupe do mal, como Sophia chamava — teriam de fazer o resto do trajeto a pé.

— O carvalho do anjo tá aqui perto — JJ desceu do carro, abrindo a porta de trás para os amigos saírem. — Só um conselho, gente, tem ninho de jacaré nessa por aqui, então fiquem de olho, beleza? — Ele apontou para os próprios olhos e depois para o terreno em volta. — Vocês não vão querer pisar em uma mãe jacaré.

— Eles tem ninhos? — a Carrera fez uma careta.

—Seria útil saber disso antes de ter vindo — Sophia resmungou ao descer do carro.

A garota olhou em volta, não havia nada além de árvores, mato, terra e pelo visto jacarés. E já podia prever que teria de limpar seus all stars depois da caminhada que estavam prestes a fazer. Contudo, valeria a pena se pudesse ajudar Pope a achar o tesouro de sua família.

— Ótimo lugar para parar — ironizou Sarah, fechando a porta da kombi ao descer.

— Lembram da Pat Womack? — o Maybank pegou um galho seco de árvore caído ao chão. Seguindo a frente do grupo por um caminho entre as árvores. — Um jacaré arrancou a panturrilha dela, sabem disso, né?

— Não foi bem assim — retrucou a cacheada. — A Pat se machucou em um acidente de carro. Mas entendi.

— Tá bom, viva na ignorância. Mas um jacaré-fêmea arrancou a panturrilha dela. Tenho certeza. — O loiro olhou para os amigos por cima do ombro. — Eles ficam em lugares assim.

— O que cê tá fazendo?

JJ foi até um pequeno declive no chão de terra, que levava até a água escura, onde folhas secas e galhos de árvores caídos flutuavam.

— Vi alguma coisa — Ele se agachou, acertando a ponta do galho na água, fazendo alguns respingos voarem para cima.

— Isso, acorda eles. Muito esperto — debochou, Sarah.

— Eu só estava confirmando que não era um jacaré, beleza?

O grupo voltou a caminhar em fila indiana por entre o mato e as árvores; JJ ia à frente, seguido por Pope, Kiara, Sophia, Sarah e por último John B. O caminho era horrível. A todo instante era preciso prestar atenção ao chão — para não pisar em falso, na lama ou, caso tivesse, em algum animal — assim como era preciso abaixar para passar por galhos baixos de árvores e pular por cima dos caídos.

— Eu me sinto em um filme do Indiana Jones — comentou Sophia, tirando uma folha presa entre os cachos de Kiara.

Ela mostrou a folha para a morena, que havia virado a cabeça para olhar a amiga.

— Devíamos ter trazido uma câmera para documentar isso — a Carrera falou, exibindo um sorriso ao voltar seu olhar para o caminho.

— Aí podíamos assistir quando tivéssemos setenta anos e dezenas de rugas na cara. Seria legal.

Kiara concordou animada com um gesto de cabeça, um sorriso simples estampava o rosto das duas garotas. Era estranho pensar naquilo, de certa forma. Afinal, naquele pequeno comentário era fácil imaginar como seria o futuro, quando tivessem setenta anos. No entanto, se parasse para pensar melhor, havia uma pergunta que muitas vezes — principalmente em noites as quais não conseguia dormir — aquela vozinha irritante na cabeça de Sophia insistia em fazer : ainda seriam amigos daqui a tantos anos?

Pogues para a vida não significa exatamente estar juntos, mas sempre ter o coração e alma Pogue. Sempre terem uns aos outros como família. Mas, muitas vezes, as famílias se distanciam. Isso aconteceria com eles? E se fossem para faculdades em lugares diferentes ou viajassem para longe e depois não encontrassem seu caminho de volta uns para os outros? Ainda beberia cerveja e andaria de barco com seus amigos quando tivessem trinta anos? Ou passariam as noites cantando em volta da fogueira depois de um dia de surfe?

Sophia odiava pensar no futuro, por mais que estivesse constantemente pensando nele, e quando Pope chamou a atenção dos amigos, trazendo a garota de volta para a realidade, ela teve vontade de abraçá-lo.

A Howard foi para o lado do moreno, que estava atrás de um grande arbusto, colocando a mão no ombro dele. A apenas alguns passos de distância estava o carvalho do anjo e ao lado dele uma escavadeira, a máquina era usada para cavar um burrco embaixo da sombra produzida pelos galhos do carvalho. Com o canto do olho, Sophia viu todos os seus amigos se reunirem atrás da mata alta para observar a cena que se desenrolava: Rafe, Limbrey e seu capanga discutindo sobre a localização enquanto três homens — dois com pás nas mãos e um no comando da escavadeira — apenas trabalhavam.

— Tem certeza que é aqui? — Rafe indagou, parecendo impaciente.

— É aqui. O manto vai estar dentro da cruz que vai estar no pé da árvore — Limbrey afirmou.

— O que a gente encontrar, vou querer a minha parte.

— O manto sagrado. Você entende o significado disso? — a mulher perguntou ao seu capanga, ignorando a fala de Rafe.

— Entendo, Carla. Totalmente.

O homem assentiu, parecendo entediado com aquela história, fechando o porta malas do carro antigo ao tirar uma cadeira de praia dali de dentro.

— Basta tocá-lo e eu ficarei curada. Será o fim deste pesadelo.

— Deus te ouça.

— Sei que você não acredita — Carla seguiu para mais perto de onde a escavação acontecia, esperou o homem abrir a cadeira para sentar nela e continuar: — Mas diversas histórias ao longo do milênio provam que milagres acontecem.

Nem um minuto se passou antes que Limbrey começasse a gritar para que parassem com a escavação. O grupo se entreolhou sem entender, e logo focaram toda sua atenção na cena à frente, como se fosse um filme passando na TV. Carla mandou que os homens cavassem manualmente a partir daquele momento.

— É menor do que eu pensava — a mulher comentou, ficando próxima à beira do buraco com seu capanga e Rafe ao lado. — Parece ser...

— Um caixão — completou Rafe.

Não fosse o momento — e a ligação emocional de Pope com toda a história — Sophia teria rido do comentário e da forma como Carla e o homem olharam para o Cameron.

— O Denmark colocou dentro do caixão — A ideia parecia agradar Carla. — Tirem daí.

Sophia apertou um pouco o ombro de Pope quando os homens começaram a tirar o caixão de dentro do buraco.

— Eles pegaram a cruz? — JJ sussurrou, agitado. — O que vamos fazer?

— O que podemos fazer? — John B encolheu os ombros.

O caixão foi colocado no chão de terra — era feito de madeira escura, quase preta, e parecia ter alguns pequenos e simples detalhes em torno da tampa. A todo momento Carla dava instruções para que tivessem cuidado ao abrir e para não tocarem em nada que estivesse ali dentro. De onde estavam, o grupo não conseguia ver o que tinha dentro do caixão, mas pela expressão chocada de Limbrey, com certeza não era a cruz.

— Só tem um cadáver. Eu sinto muito, Carla — falou o homem, não que Sophia acreditasse na sinceridade das palavras.

— Perdemos alguma pista — a mulher alegou ao se levantar, com dificuldade.

— É claro que é só um cadáver. Meu Deus! — Rafe murmurou, irritado.

— Estamos no lugar errado. Vamos voltar para o quarto da ilha. Hora de ir. Vamos voltar. Ainda não acabou.

Em menos de alguns minutos, todos os carros e máquinas já estavam seguindo para longe dali. Pope nem ao menos esperou que eles sumissem de vista antes de sair do esconderijo onde o grupo estava. Sophia foi a primeira a ir atrás do garoto, sendo seguida pelos amigos.

A loira parou ao lado de Pope, enfim vendo o que tinha no interior do caixão: apenas ossos e pedaços velhos de tecido, que em algum momento deviam ter sido roupas.

— É a Cecília Tanny, esposa do Denmark — Pope ajoelhou ao lado do caixão, engolindo em seco. O garoto olhou para o imenso carvalho, levantando do chão e dando alguns passos para frente. — Ele a enterrou aos pés do anjo.

— O verdadeiro tesouro — Kiara abriu um sorriso doce, olhando para o interior do caixão.

— A esposa — sussurrou John B.

Sophia sentiu uma lágrima solitária rolar pelo seu rosto, aquilo era tão lindo. Quanto mais descobria sobre Denmark, mais admirada ficava com a sua história e com a pessoa que ele devia ter sido. Homens como aquele mereciam ser lembrados.

Pope voltou a se ajoelhar ao lado do caixão, por mais que tivesse tentado, não conseguiu evitar deixar que algumas lágrimas molhassem seu rosto. Os cinco agacharam em torno do caixão junto ao amigo.

— O Denmark foi enforcado por enterrar a esposa, e agora profanaram o túmulo dela.

Naquele momento, a Howard pediu desculpas a Cecília pelos imbecis que haviam aberto seu túmulo. Mesmo que ali houvesse apenas os restos físicos, ainda era desrespeitoso.

— Ela deve ter ganhado do Denmark — Um pequeno sorriso surgiu nos lábios de Sarah ao segurar a aliança de ouro deixada dentro do caixão. — É a aliança dela.

Sophia também sorriu, olhando outra vez para Pope e segurando a mão do amigo com força.

— Não podemos deixá-la assim — o moreno falou.

— Não vamos — John B assegurou com a voz firme.

O garoto olhou para JJ, que assentiu. Os dois levantaram e pegaram a tampa do caixão, o fechando outra vez.

A kombi agora estava estacionada ao lado do enorme carvalho e o caixão havia sido enterrado outra vez. John B foi sentar ao lado da prima enquanto JJ terminava de nivelar a terra do buraca com uma pá.

— Eu não entendo. Vocês viram o mapa — Pope andava de um lado para o outro, gesticulando com as mãos. — O ouro dele ficou escondido por 170 anos.

Sophia deitou a cabeça no ombro do primo, desviando sua atenção do amigo para observando JJ caminhar até o porta malas da kombi e guardar a pá ali dentro.

— E aí ele deixou um recado pro filho Robert ir ao túmulo da mãe, mas ele nunca recebeu a mensagem — Pope continuou, atraindo o olhar da loira em sua direção outra vez. O Denmark queria que ele achasse a cruz. É aqui. Sei que estamos no lugar certo, mas parece que...

— A gente não viu alguma coisa? — JJ completou, atraindo o olhar de todos para si. — Pessoal — chamou, mantendo seu olhar focado em algum ponto da árvore.

Os cinco se apressaram em ir até ele. JJ subiu na parte da frente da kombi, sendo seguido por Kiara enquanto os outros ficaram no chão ao lado do veículo. Havia um burraco no tronco da árvore, não muito grande, só o suficiente para passar uma mão.

— Parece...

— O desenho do quarto da ilha — Kiara assentiu ao completar a fala do loiro.

No mesmo instante, Sophia lembrou do desenho do carvalho e do pequeno buraco de fechadura feito nele. Aquela era a fechadura.

Os dois olharam para os amigos abaixo.

— Vale a tentativa — JJ deu de ombros, e todos concordaram. — Manda ver.

Ele olhou para Kiara, que fez uma careta.

— Que tal você? — sugeriu Sarah.

— Foi mal. A gente entrou no esgoto... — A cacheada indicou a si e a Sophia.

— Elas entraram na galeria pluvial — Pope concordou.

— A gente quase morreu na galeria pluvial — corrigiu Sophia.

— Eu sei. Eu coloco a mão. É que... — O loiro aproximava e afastava a mão do buraco na árvore.

— Ele tá com medo — Kiara falou para os amigos.

— Não tô com medo.

— Mas parece com medo.

Sophia soltou um pequeno riso. Logo ficando séria ao ver JJ, enfim, passará a mão pelo buraco feito no tronco da árvore. Uma tensão tomou conta do ar e todos estavam em um pequeno estado de alerta enquanto o Maybank procurava por algo ali dentro.

— Tem alguma coisa aqui.

De repente, JJ começou a gritar e tentar puxar seu braço para fora. Os cinco entraram em pânico, começando a gritar junto. Enquanto Kiara puxava o casaco do loiro para tentar ajudá-lo a tirar o braço da árvore, Pope e Sarah esticavam suas mãos para tentar alcançar os pés do amigo, já John B e Sophia começavam a subir na kombi para ajudar, quando o Maybank começou a rir. Rir.

JJ começou a rir.

— Seu babaca... — Pope fuzilou o loiro com o olhar.

O mesmo olhar fuzilante com o qual Sarah também encarava o garoto; enquanto John B encostava sua cabeça na lataria da kombi soltando um suspiro irritado; Kiara resmungava com o mesmo humor dos amigos.

— Nossa! Peguei todo mundo nessa! — JJ limpou o canto de seu olho, afinal, ele chorava de tanto rir.

E o loiro ainda sorria ao olhar para os amigos, mas sua expressão deixou de ser brincalhona quando pousou seus olhos em Sophia, vendo o olhar da garota brilhar com um misto de irritação e um resquício do medo o qual havia sentido quando o garoto começou a gritar. Ela cruzou os braços em frente ao corpo, virando o rosto para o lado, se recusando a encarar o garoto porque estava extremamente brava — odiava aquele tipo de brincadeira.

— Que originalidade — comentou Pope, atraindo a atenção do amigo.

— Engraçado — a voz de Sarah era pura ironia.

— Mas é sério, tem alguma coisa aqui.

JJ voltou a ficar sério, puxando sua mão de volta para fora do buraco e revelando um objeto cilíndrico, que parecia ser uma luneta de bronze.

— Deixa eu ver — Pope estendeu a mão, e o loiro entregou o objeto ao amigo. — HMS Royal Merchant — o moreno leu a inscrição gravada na lateral.

— Dê ao capitão — JJ desceu da kombi, pegando o objeto das mãos do amigo e puxando as camadas, fazendo o objeto duplicar de tamanho. — Vamos ver. É uma luneta.

John B franziu o cenho, pegando o objeto das mãos do amigo e girando umas das partes cilíndricas da ponta.

— Tem alguma coisa escrita aí — ele mostrou ao Heyward. — Da uma olhada.

O garoto pegou a luneta, recebendo dois tapinhas no ombro do Booker.

— "Quem chega até aqui não fraqueja. A cruz está no altar da Igreja".

Um pequeno grito animado escapou da boca de Sophia, em parte porque estava feliz pela nova pista, mas também porque começava a ter a certeza de que o seu sexto sentido nunca errava.

— Igreja?

— A Igreja dos Homens Livres — a loira respondeu a pergunta do Heyward. — Só pode ser lá.

Os seis se entreolharam com sorrisos enormes iluminando seus rostos.

— Por que estão parados? — Pope exclamou.

— Vamos!

— Toca aqui.

JJ e Pope fizeram o toque do "Boogie, woogie" arrancando uma risada de Sophia, que já puxava Sarah e Kiara de volta para a kombi junto com sigo. Em pouco tempo os seis já seguiam pela estrada outra vez, fazendo o caminho de volta, em direção a igreja. Mas, é claro, que o destino parecia nunca querer colaborar com eles.

— Ah, merda! A maré! — resmungou John B, parando a kombi a poucos centímetros da parte alagada da estrada.

— Nada promissor.

— É fundo? — Kiara tentou olhar pela janela ao seu lado, já que de onde estavam, nenhuma das três garotas conseguiam ver a estrada à frente.

— Não sei. A estrada sumiu.

— Isso parece fundo pra mim — comentou a Howard.

— A maré subiu mais rápido do que eu pensava — JJ comentou. — John B, qual é a altura das velas?

— São altas.

Sophia cerrou os olhos ao encarar o reflexo do garoto no retrovisor, podia não entender nada de carros e da sua mecânica, mas conhecia seu primo como conhecia a palma de sua mão e apenas pelo tom de sua voz sabia que ele estava mentindo.

— Qual é a altura? — JJ e Pope perguntaram juntos dessa vez, fazendo o amigo suspirar.

— Acima do farol traseiro — John b colocou a cabeça para fora da janela, olhando para a parte de trás do carro. Ele fez uma careta, endireitando a postura no banco outra vez.

— Então a um metro mais ou menos?

— Por aí, sim — o Maybank assentiu a pergunta de Pope.

— A água não chegou a tudo isso, né? — Kiara deu de ombros.

Sophia e Sarah trocaram um olhar incerto que dizia: "Isso vai dar merda com certeza".

— Então, qual é o problema? — Pope olhou para os dois amigos nos bancos da frente.

— Sem problema — JJ negou, endireitando sua postura no banco. — Vai dar certo, vai passar.

— Beleza, senhoras e senhores, apertem os cintos e segurem firme. Vou pisar fundo — John B segurou firme o volante, girando o pescoço antes de focar seu olhar na estrada ou pelo menos no que antes era uma estrada.

— Que a gente não morra — pediu Sophia, pela segunda vez naquele dia, ao segurar firme no banco como seus amigos.

— Eu vou rezando.

JJ fez o sinal da cruz, rezando um Pai Nosso enquanto os outros dois garotos faziam uma contagem regressiva. No três, John B pisou fundo no acelerador, as rodas traseiras giraram algumas vezes antes de saírem da lama em direção a água. Foi quando a confusão começou. Os cinco gritavam um por cima do outro — "Acelera!", "Ah meu Deus!", "Merda!", "Pisa fundo", "A gente vai conseguir!", "A gente vai morrer!", "Puta que Pariu!" — sob o barulho do motor e enquanto tentava se segurar em seus lugares. Pelas janelas fechadas, era possível ver a parede de água que se erguia ao lado do veículo quando eles passavam.

Faltavam apenas um pouco para chegarem do outro lado, quando a kombi deslizou e foi para o lado, batendo com tudo em algumas árvores. O impacto fez Sophia segurar mais firme no banco, mas como seu corpo girou, ela pode sentir uma dor aguda atingir seu pulso. A garota resmungou encostando no banco e levantando sua mão na altura do rosto, verificando seu pulso. Não estava quebrado, obviamente, mas era possível que estivesse aberto.

— Calculamos errado — constatou Pope, levando a mão à sua cabeça.

Sarah levantou o polegar e o indicador, os separando alguns centímetros ao negar com a cabeça e dar de ombros. Aquilo era sarcasmo em sua forma pura. E Sophia riu, porque se não risse, iria chorar.

— Eu devia ter dirigido — JJ apoiou a cabeça no encosto do banco.

— Estamos vivos pelo menos — Sophia comentou, envolvendo seu pulso com a outra mão. — Ferrados, mas vivos.

Gente, esse foi o maior capítulo que eu já escrevi! Vocês falaram que gostavam de capítulos grandes, agora lutem com este de 6611 palavras.

Enfim, já tô reservando meus lenços pois teremos a cena do JJ com o pai no próximo capítulo e eu choro litros nela. Só queria poder abraçar meu amorzinho e não soltar mais. Sera que a Soph vai fazer isso por mim?

E falando em próximo capítulo, estamos na reta final da historia. Faltam só mais três capítulos para acabar, e eu tô pensando em postar eles todos no mesmo dia (que ainda não se qual vai ser, talvez nessa semana que vai entrar) e fazer tipo uma maratona com os capítulos finais. O que acham?

Música do capítulo: Goodbye my lover do James Blunt. 

Beijos 💕

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