A Pecadora (Concluído)

By Niih_Potato

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Lisie Yamazaki é uma agente especial de uma divisão secreta que investiga acontecimentos sobrenaturais. Ao se... More

Agradecimentos
Apresentações e Recados
Um: Ligações na madrugada
Dois: Marcas de um crime
Três: Boate dos mortos
Quatro: Intimidações entre quatro paredes
Cinco: Proposta indecente
Seis: Café e sangue
Sete: Jogo para dois
Oito: Inocentes mentiras, cruas verdades
Nove: Mágicas ameaças
Dez: Gato e Rato
Onze: Mais um para a conta
Doze: Difíceis decisões
Treze: Vampiro mágico
Quatorze: Questão pessoal
Quinze: Os mortos ressurgem
Dezesseis: Ventos de liberdade
Dezessete: Assassino ilusório
Dezoito: O homem que não se surpreende
Dezenove: Flor-de-Lis
Vinte: Pecado original
Vinte e Um: Real significado de monstro
Capítulo Bônus: Entrevistas

Epílogo: Mortos não enxergam

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By Niih_Potato

Pouco mais de dois meses se passaram desde o incidente com Darion e Danna Nyati. As festas de final de ano passaram e eu, Daniel, Candice e alguns membros da equipe nos juntamos para comemorar o Natal e o Ano Novo na minha casa, como fazemos todos os anos. E, como sempre, a diversão foi garantida.

Candice ficou tão bêbada, que dormiu em cima da minha mesa — não me pergunte como — e Daniel disse que me amava umas vinte vezes, depois de tomar duas garrafas inteiras de vodka com a nossa chefe. Deus, estou repensando se vou chamá-los para o final deste ano também, pelo bem da integridade do meu sofá e da minha mesa.

Nikolay e eu saímos mais uma vez depois daquele primeiro jantar, em outro restaurante seu — céus, quantos estabelecimentos esse vampiro possui? —, mas não mantemos um contato frequente, de forma que eu não o vejo há mais de vinte dias. Talvez seja melhor assim, já que, verdade seja dita, os meus sentimentos estão uma bagunça e eu não faço ideia do que pensar a respeito do vampiro, principalmente depois do nosso beijo naquela noite. Do beijo que eu tomei a iniciativa.

Eu até poderia usar a desculpa de que estava bêbada naquela vez, mas Deus sabe que isso é uma mentira. Eu quis fazer aquilo, eu fiz aquilo estando em meu juízo perfeito. E, por mais que seja difícil de admitir, eu não me arrependi e não me arrependo daquele primeiro beijo. Muito menos daquele outro beijo que aconteceu da última vez que saímos. Céus, o que está acontecendo comigo? O que aquele vampiro está fazendo comigo? Onde o meu juízo foi parar? 

Amanhã é o meu último dia depois de umas merecidas férias, e eu passei o dia de hoje inteiro assistindo a séries e filmes. Na verdade, eu planejava iniciar a quinta temporada de Game of Thrones, mas os meus planos foram interrompidos quando eu recebi uma ligação do vampiro. Nikolay estava muito sério no telefone, quase parecendo outra pessoa, o que me deixou mais do que preocupada. Ele me pediu para ir com urgência à La Petite Morsure, pois há algo que eu preciso ver, "e rápido", como ele disse.

E aqui estou eu, parando o meu carro a algumas ruas de distância da boate e seguindo para os fundos, como o vampiro me orientou.

Eu paro subitamente a minha caminhada quando vejo um homem enorme bem no meio do beco, tão alto quanto Nikolay, sua pele é negra e ele tem um rastafari curto, preso para trás com uma tira, o restante do seu cabelo é totalmente raspado, deixando apenas o topo com essas tranças; ele veste calças de couro e coturnos, uma blusa preta justa mostra o seu físico bem trabalhado. O homem está de costas para mim, mas parece sentir a minha presença, pois se vira na minha direção, eu estou a apenas alguns metros de distância.

— Você não pode passar. Volte. — a voz grave do homem retumba, principalmente por conta do eco do beco. Ele possui um rosto austero e expressão séria, seus olhos são castanhos claríssimos, quase verdes, contrastando com a barba negra sob o seu maxilar.

— Deixe ela passar, Axel. Eu a chamei. — a voz de Nikolay soa mais ao fundo.

O homem me olha fixamente por mais alguns segundos, depois se vira, me dando espaço para passar. Nikolay está encostado na parede com os braços sobre o peito e um pé escorado no muro, sua aparência é a mesma: os cabelos quase loiros sempre bem penteados para trás, o cavanhaque bem alinhado e os brilhantes olhos verdes; ele veste um terno cinza risca de giz, e os costumeiros sapatos sociais. Eu o cumprimento com o olhar e o vampiro maneia a cabeça na minha direção, olhando para o chão logo em seguida.

Eu desvio a minha atenção para onde o vampiro está olhando e tenho o vislumbre de uma cena mais do que bizarra: há um homem estirado sobre o chão, largado em uma posição estranha, os membros retorcidos e os lábios repuxados, abertos. Deus, isso são presas? Esse homem morto é um maldito vampiro?

Como se isso não bastasse, a coisa que mais chama atenção na cena, até mesmo mais do que as presas, são os olhos do homem. Ou a falta deles. No lugar do que deveria ser os olhos, há apenas um borrão escuro, como se o local tivesse queimado. Os globos oculares simplesmente sumiram, deixando um vazio horrível no rosto do homem. A aparência geral é de que os olhos parecem ter sido retirados com um maçarico, pois a pele ao redor das cavidades oculares está totalmente queimada.

Deus, o que é isso?

— Você o conhece? — eu perguntei ao Nikolay.

— Sim, ele frequentava o local há um bom tempo. É um vampiro que pertence à linhagem de alguém muito importante no mundo sobrenatural.

Ah, merda! Isso é um problema pior do que eu poderia imaginar. Tudo o que eu poderia querer na volta das minhas férias.

— Você já viu algo assim? — eu perguntei, me referindo à falta dos olhos.

Por favor, não me diga que se trata de outro ladrão de órgãos para rituais de bruxaria.

— Não, nunca vi algo do tipo. — o vampiro confessou, parecendo até mesmo perturbado. — Se as coisas continuarem assim, eu não poderei mais dizer que o meu estabelecimento é um local neutro. Terei que abrir um maldito necrotério em seu lugar.

Eu preciso de respostas, e rápido. Mas não tenho tempo para pesquisar, então, terei que usar o que tenho em mãos.

Tenshikami? Eu chamo o demônio através do pensamento, afinal, nossas mentes estão conectadas. Você está aí?

Não é como se eu tivesse outro lugar para ir. A voz do demônio soa dentro da minha cabeça, seu tom é ameaçador e sibilante como a língua de uma serpente.O que foi dessa vez? Outra bruxa tentando voltar à vida? Diga que eu não estou disponível no momento.

Olhe para essa cena, me diga o que você acha que pode ser isso. Eu falo.

E por que eu faria isso?

Não me parece que você tem algo melhor para fazer aqui! Além disso, é uma ótima oportunidade para provar os seus conhecimentos, dos quais você tanto se gaba.

Não adianta apelar para a minha vaidade, apenas vocês humanos sucumbem a essas coisas.

Vamos, Tenshikami, faça isso! Me ajude, por pena, por curiosidade, por divertimento ou qualquer merda do tipo, mas me ajude.

O demônio fica em silêncio por alguns segundos, eu quase imagino que ele se recusou a me ajudar, quando a voz dele soa novamente.

Eu tenho uma pergunta para você, mas observe bem o local antes e me responda: o que está faltando aqui?

Eu observo o local, olhando atentamente para o corpo, para as paredes de tijolos, para o céu nublado e até mesmo para os dois vampiros perto de mim, que não expressam nenhuma estranheza ante o fato de que eu não falo nada há mais de cinco minutos. Nikolay sabe muito bem o que eu estou fazendo, pois me olha em antecipação.

Droga, eu não vejo nada de diferente! Estou pronta para mandar o demônio parar com as suas brincadeiras e enigmas e me falar o que ele quer dizer com toda essa merda, quando percebo algo. Deus...

O vampiro morto não tem aura. Eu não sinto nenhum resquício da aura do homem no chão, nem um vislumbre, nada. Mesmo morto, uma parte da sua essência deveria estar impregnada no local do crime. Mesmo aqueles que possuem o poder de ocultar a sua própria aura, como Nikolay e aqueles bruxos, não seriam capazes de ocultá-la se fossem mortos. Uma vez morto, nada do que você tenha feito para ocultar a sua própria presença vale mais.

Mas, como eu não consigo sentir absolutamente nada vindo desse vampiro? Esse beco deveria conter pelo menos algum resquício da aura dele.

A menos que ele não tenha sido morto aqui.

— Foi exatamente aqui que você o achou? — eu perguntei ao Nikolay.

— Sim, exatamente aqui. Eu não o movi um milímetro sequer de onde o achei. — o segurança, Axel, respondeu.

Isso significa que o homem morreu nesse lugar. Então, por que eu não sinto a sua essência?

Por que eu não sinto a aura dele? Eu pergunto ao demônio.

Ora, essa resposta é muito fácil: esse homem não possui mais alma. Tenshikami respondeu.

Deus, como alguém é capaz de fazer isso? Como alguém consegue fazer isso? Tirar a alma de outra pessoa é algo sequer possível? Quem faria isso? Um bruxo? Outro vampiro? Quem?

Como alguém consegue fazer isso? Eu questiono.

Vê os olhos queimados? Isso significa que a alma dele foi arrancada. Afinal, não são vocês humanos que dizem que "os olhos são o espelho da alma"?

Eu nunca soube de nenhum ser sobrenatural capaz de fazer isso, creio que nem mesmo os bruxos sejam capazes. Tirar a alma de alguém, mesmo que seja de um vampiro, é algo impossível. Algo que vai contra as leis naturais. Uma atrocidade.

Você tem ideia de algo ou alguém que possa ser capaz de fazer algo do tipo? Eu questiono novamente.

Tenshikami fica em silêncio por alguns segundos. Subitamente, o beco, Nikolay e Axel somem, dando lugar à escuridão que me é muito conhecida. Os olhos brancos de pupilas vermelhas me fixam, parecendo brilhar, como o brilho nos olhos de alguém que é totalmente louco. O demônio ostenta o costumeiro sorriso, mostrando as presas brancas.

Isso só pode ser causado por um tipo de ser... Tenshikami para de falar, apenas para criar um suspense e me torturar. O meu coração bate descontroladamente e a minha garganta está seca de nervosismo. Um demônio, ou... Ele continua, mas deixa o restante da frase no ar.

Ou...? Eu o incentivo a completar a frase.

Subitamente, o demônio começa a gargalhar descontroladamente, enchendo o espaço com esse som horrendo. Quando ele para de gargalhar, os seus olhos me fixam, sua "expressão" parece ser de puro prazer.

Ou... Ele continua o suspense, eu vejo a sua língua passar pelas suas presas em um movimento circular, me enojando. Alguém possuído por um demônio. Ele completa.

Oh, merda! Isso coloca apenas uma pessoa no topo da lista de suspeitos por esse assassinato: eu.

Eaí, caros leitores! Como está o  coração de vocês depois das emoções desse livro?

Quero agradecer vocês imensamente por lerem essa obra até o final e se aventurar com a Lisie. Ela é uma personagem que, como os demais, eu criei em apenas uma noite e que conquistou o meu coração de forma que nem eu esperava.

Agora, depois dessa revelação do epílogo, vocês já devem imaginar que A Pecadora possui uma continuação. Na verdade, esse é o primeiro livro da trilogia Guardiã da Escuridão, englobando os livros: A Pecadora, A Redentora e A Caçada.

Dessa forma, A Redentora vem aí! Quer dizer, provavelmente apenas em Setembro/22 XD. Mas prometo muitas emoções no segundo livro da trilogia :3

Mais uma vez, obrigada por lerem até o final e espero ver vocês novamente em A Redentora. Até lá, nos despedimos temporariamente da Lis, do Dan, do Nikolay, da Candice e de todos os outros :(.

Ah, vou deixar no próximo capítulo um conteúdo bônus, que é a entrevista que a Lis e o Nikolay deram lá no grupo do multiversodosautores

Inclusive, também vou deixar aqui um pequeno spoilerzinho do próximo livro:

Lisie Yamazaki agora buscará pela redenção de seus pecados... Mas será que certos erros têm perdão? Ou apenas o fogo do inferno será a salvação?

Quem puder/quiser, peço encarecidamente que me dê um feedback sincerão sobre essa obra lá no chat. É isso, caros leitores! Foi um prazer viver essa aventura com vocês e até breve.

Ah, e não se esqueçam de votar <3.

Música tema dessa obra, galera! Vou deixar a tradução nos comentários :3

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