Contos que Sussurram.☑.

By BruxinhaDark04

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Explore o intrigante mundo dos contos onde o silêncio ecoa em uma casa assombrada pelo vazio, onde a morte an... More

- ძᥱძіᥴᥲ𝗍᥆́rіᥲ -
- і́ᥒძіᥴᥱ -
- ᥲ⍴rᥱsᥱᥒ𝗍ᥲᥴ̧ᥲ̃᥆ -
•O Vigilante•
•Pétalas Mortas•
•No Bar Com Mors•

•Além das Três•

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By BruxinhaDark04


       


O homem se contorcia na cama, a coberta caída no chão, enquanto o ventilador girava, espalhando um sopro gélido e agradável pelo quarto. Um gato preto com uma mancha branca que cobria metade de seu rosto aproximou-se, ronronando, e encarou o homem antes de olhar para o despertador.

"Havia chegado a hora."

O peso sobre seu rosto dificultava a respiração, e ele tateou ainda sonolento, sentindo algo peludo. Com cuidado, retirou o ser desconhecido de cima de si e virou-se para o outro lado, tentando voltar a dormir. No entanto, o sono foi interrompido mais uma vez pelo maldito despertador - por que ainda insistia em usar aquele objeto?

Ao abrir os olhos com dificuldade, ele procurou seus óculos, que estavam próximos ao despertador. Finalmente, enxergava novamente. Espreguiçou-se e bocejou, fitando o aparelho com números em néon azulado que iluminavam o quarto. O relógio marcava exatas 3 horas, mas o detalhe estranho era que parecia ser 3 horas da tarde.

A gata miou, assustando-o. Ao ligar o celular, sentiu um arrepio percorrer o corpo. A cortina bege balançou e, em seguida, um silêncio sepulcral tomou conta do ambiente, acompanhado apenas pelo som do ventilador girando de um lado ao outro. Respirou aliviado ao ver a tela do celular acender, usando-o como iluminação para observar sua gata, Elisa, que estava enrolada em seu travesseiro. Seus olhos avermelhados encaravam-no fixamente, como se escondessem algo estranho em sua aparência. Seria apenas sua imaginação ou havia algo mais?

Levantando-se da cama e calçando suas havaianas, percebeu que a noite estava abafada. Ao conferir novamente o celular, o horário do despertador ainda reluzia, e o mistério sobre os horários bagunçados persistia.

Enquanto caminhava pelo quarto, notou que seus passos não produziam som algum, o que o assustou ainda mais. Elisa desceu da cama, fixando seus olhos na porta, e ele, por sua vez, direcionou o olhar para a janela do quarto. Na penumbra angustiante do lado de fora, parecia haver algo, mas seus olhos não conseguiam decifrar o que era. Mesmo assim, resolveu agir e envolveu seus dedos na maçaneta fria, girando-a lentamente.

Nenhum som, absoluto silêncio, exceto pelo marcante ‘Tic-Tac’ do antigo relógio cuco.

....

Meu corpo de repente foi tomado por um cansaço terrível, mas com forças que desconhecia, consegui prosseguir pelo corredor em direção ao quarto dos meus pais. Eliza continuou a me seguir, o animal parecia incomodado com algo, e isso também me causava calafrios. À medida que me aproximava do quarto, a sensação de que ele se afastava crescia.

Os quadros na parede compunham uma mistura de fotos de família e pinturas de bazar, compradas a preço de pechincha. Minha mãe sempre apreciara aqueles quadros. Meu preferido estava do lado esquerdo do corredor, à frente do segundo retrato. A foto, tirada por uma câmera antiga, mostrava um casal sentado sob uma árvore com poucas folhas em sua copa. Não era uma imagem impressionante, mas havia algo no enigmático sorriso da mulher, como o sorriso da famosa Monalisa, que trazia um ar diferente, quase psicopata.

Eliza arranhou a porta ao lado do quadro, assustando-me. Repreendi a gata, que me encarou com um olhar profundo, quase debochado, em seus olhos vermelhos. Ignorei-a e voltei minha atenção para a porta de madeira escura, quase preta na escuridão do corredor. Bati na estrutura três vezes, mas ninguém respondeu. Bem, eles eram meus pais, não ficariam tão nervosos se eu invadisse o quarto deles. Com cuidado, abri a porta.

O cheiro foi o primeiro a atingir meu nariz.

Quando liguei a luz, a cena que se apresentou diante de mim me deixou sem chão.

Ali... exatamente ali, à minha frente, estavam meus pais, com uma corda em volta do pescoço. Seus pés balançavam no ar, roxos. Olhei para o restante do quarto, mas não havia nada além dos corpos balançando. Os vermes devoravam seus olhos como se fosse a melhor refeição do dia, e o corte no ventre da minha mãe ainda jorrava sangue.

Meu estômago revirou, e não consegui segurar o vômito.

Saí do quarto, fechando a porta com força. Respirei fundo, permitindo que as lágrimas escorressem dos meus olhos. Como isso poderia ter acontecido?

Voltei a encarar o quadro da mulher novamente e, ao fazê-lo, minhas pernas fraquejaram ainda mais. Agora, ela sorria ainda mais, segurando uma navalha em suas mãos, enquanto o marido tinha a cabeça cortada.

Pelo canto periférico da minha visão, pude perceber um vulto passando no final do corredor. Engoli em seco, mas continuei seguindo em frente. Liguei novamente a tela do meu celular, e Eliza passou por entre minhas pernas, como se quisesse me proteger. Ao chegar no fim do corredor, me assustei ao ver o relógio cuco voltar à vida, confirmando novamente o horário: 3 horas da madrugada. Será isso um presságio?

Meu estômago ainda revirava quando a TV ligou sozinha, emitindo estática e barulhos estranhos, uma mistura de missa com culto satânico. O ar parecia ficar cada vez mais pesado, e eu tentei buscar o controle da TV velha de tubo, mas acabei puxando a tomada, encerrando aquela sinfonia infernal.

Meus olhos pesaram novamente devido ao cansaço. Meu corpo estava exausto com tudo que estava acontecendo.

E mais uma vez, fui despertado por Eliza, que miava alto. Iluminei-a com a luz fluorescente do telefone e me surpreendi ao vê-la sentada lambendo as patas em um lugar peculiar.

Então foi ali que tudo começou?

Foi naquela maldita tarde?!

Por que? Por quê!!

Minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos no chão. O tabuleiro estava ali na minha frente, com velas apagadas ao redor. Foi um erro meu tê-lo jogado. No final, achei que tudo aquilo era besteira, apenas uma lenda para assustar crianças... Mas pelo visto, não era só isso.

Senti novamente a presença daquele ser aterrorizante no cômodo. Era tão terrível quanto todos os outros que já havia visto.

Decidi me levantar. Não podia ficar parado esperando o pior acontecer. Ao menos, precisava saber se ainda estava no mundo real. Suspirei, meu coração parecia prestes a explodir a cada passo que dava.

Mas não importava. Tudo o que precisava fazer era seguir em frente, sem olhar para trás.

Tapei minha boca rapidamente com uma das mãos e, com a outra, puxei Eliza, me escondendo atrás do sofá. A TV ligou novamente.

Suor frio escorria pela minha testa. Olhei para a sombra que se projetava na parede, formada pela fraca luz da TV.

Que tipo de ser era aquele?

Era uma mulher, parecia usar um vestido. Minha espinha gelou quando senti uma gota de sangue escorrer pela minha bochecha. Olhei para cima e, naquele momento, me arrependi amargamente.

Não havia olhos em seu rosto, apenas um buraco oco.

Um sorriso cheio de presas pontiagudas se fazia presente.

Sua pele carbonizada se enrugava, tornando-a ainda mais assustadora.

Não consegui conter o grito enquanto o ser cortava profundamente minha garganta com suas mãos feitas de navalha.

O relógio cuco tocou novamente, já era além das 3 da madrugada.

Sorri enquanto fazia carinho em minha adorada Eliza.

Não parecia uma noite fantástica para pedir doces ou aprontar travessuras? Gargalhei estericamente.

Peguei meu velho casaco, jogado sobre o sofá de couro, e o vesti. Encarei o pequeno relógio de prata e logo o guardei novamente. O vulto obscuro se aproximou, exalando um cheiro terrível de enxofre. Ela ainda morava aqui, só aceitei isso depois que aquele maldito ser cortou minha garganta.

Gargalhei mais uma vez.

Não era irônico? Tudo isso por ter morrido no horário errado. Após minha morte, renasci em um lugar que nunca pertenci: o inferno, talvez para expiar meus pecados...

Sorri novamente.

Era estranho me pegar pensando nessas coisas. Encarei os olhos vermelhos de Eliza e a peguei no colo.

⎯⎯  Vamos, minha amada. Hoje é o nosso décimo terceiro aniversário de Halloween aqui em Stealém.

   

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