A Pecadora (Concluído)

By Niih_Potato

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Lisie Yamazaki é uma agente especial de uma divisão secreta que investiga acontecimentos sobrenaturais. Ao se... More

Agradecimentos
Apresentações e Recados
Um: Ligações na madrugada
Dois: Marcas de um crime
Três: Boate dos mortos
Quatro: Intimidações entre quatro paredes
Cinco: Proposta indecente
Seis: Café e sangue
Sete: Jogo para dois
Oito: Inocentes mentiras, cruas verdades
Nove: Mágicas ameaças
Dez: Gato e Rato
Onze: Mais um para a conta
Doze: Difíceis decisões
Treze: Vampiro mágico
Quinze: Os mortos ressurgem
Dezesseis: Ventos de liberdade
Dezessete: Assassino ilusório
Dezoito: O homem que não se surpreende
Dezenove: Flor-de-Lis
Vinte: Pecado original
Vinte e Um: Real significado de monstro
Epílogo: Mortos não enxergam
Capítulo Bônus: Entrevistas

Quatorze: Questão pessoal

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By Niih_Potato

- O que você quer dizer com "sumiu"? - meu coração parece ter falhado uma batida.

- Eu tentei entrar em contato com ela quando você me ligou da boate, mas ela não me atendeu, você sabe que a Candice nunca deixa de atender a uma ligação. - Daniel explicou. - Após várias tentativas, eu mandei um dos membros da divisão atrás dela, mas ele não a encontrou. Então, eu fui na casa dela, e Lis... Havia sinais de luta.

Algo dentro de mim parece ter se quebrado.

As imagens voam pela minha cabeça: a primeira vez que eu conheci a minha chefe, uma mulher à frente de uma organização de suma importância para o bem estar do mundo. Mesmo sendo responsável por um dos trabalhos mais perigosos e extenuantes que existem, Candice sempre procurou manter o bom humor e nunca se sentiu superior a ninguém. Esse é um dos motivos pelos quais todos da divisão são leais à ela.

Me lembro das suas habituais brincadeiras com a minha origem asiática, logo que eu entrei na divisão. Brincadeiras desde "você faz origami?" à "quando você irá fazer um temaki para nós?". Hoje, eu entendo que aquelas brincadeiras não tinham o intuito de me ofender e sim de me fazer sair da concha. E foi exatamente o que aconteceu, eu desenvolvi uma forte amizade com todos da equipe, principalmente com ela e Daniel. Eu sempre tive um pouco de dificuldade nos quesitos "trabalho em equipe" e "confiança", mas esses dois foram os responsáveis por me fazer evoluir e confiar na minha equipe, e principalmente neles.

Candice sempre prezou mais pelas nossas vidas e bem-estar, do que pelo sucesso das investigações, apesar de ser exaustivamente cobrada pelos superiores. Ela nunca colocou as nossas vidas na balança, nunca deu mais prioridade ao trabalho do DIS do que a nós. Sempre fez de tudo para nos proteger e continuar empenhando o papel que nos foi dado por esse trabalho tão ingrato.

E agora, esse mesmo trabalho a colocou em perigo.

E eu sou responsável por isso. O assassino só a levou por vingança à minha recusa, afinal, ele disse que eu iria me arrepender da minha escolha e essa foi a forma que ele encontrou para me punir. Mas ele não poderia estar mais errado, eu não sinto arrependimento.

Eu sinto ódio. O mais puro e intoxicante ódio.

- Lis? Você está aí? - Daniel chama, me lembrando que ele ainda está na linha.

- Eu vou encontrar a Candice, Daniel. Vou ao Millenium e farei aqueles bruxos de merda me falarem o que significa esse símbolo que eu vi e onde ela está. Nem que eu tenha que libertar o inferno em cima deles. - eu falei entredentes, tentando conter o ódio que eu sinto no momento. - E nada do que você disser vai mudar a minha decisão.

A linha fica em total silêncio por alguns segundos, fazendo com que eu me prepare psicologicamente para a avalanche de recusas e recomendações do meu parceiro, de que eu não devo me meter com aqueles bruxos.

- Lis... Acabe com aqueles malditos bruxos, caso eles não queiram nos ajudar. - Daniel encoraja, me fazendo achar estranha essa postura dele. - Eu e a equipe vamos dar um sumiço nessa cena do crime. Assim que você tiver notícias, me avise.

Eu me despeço de Daniel com a promessa de que retornarei com notícias. E eu não vou falhar nessa promessa.

- Lis, o que aconteceu? - Nikolay volta para dentro do apartamento.

O vampiro volta o seu olhar para a minha mão e só então eu percebo que a tela do celular exibe pequenas marcas de rachaduras, provenientes da força com a qual eu estou segurando o aparelho.

Eu preciso de calma nesse momento, ou mandaria tudo pelos ares. E isso não seria bom, nem um pouco bom.

Esse assassino acaba de tornar esse caso muito pessoal para mim.

- Minha chefe sumiu, com certeza isso é obra do assassino. - eu passo pelo vampiro, saindo do apartamento. - Vamos até o Millenium, aqueles bruxos vão me ajudar, ou eu vou queimar aquela mansão até as cinzas.


Estranhamente, Nikolay se manteve quieto o caminho todo até a mansão do Millenium, sem piadinhas maliciosas ou comentários sarcásticos. Talvez ele esteja sentindo a tensão e o medo que emanam de mim, então, ele foi esperto o suficiente para não me provocar.

Na verdade, tudo o que ele fez o caminho todo foi me olhar de soslaio uma vez ou outra, provavelmente para verificar a minha condição mental. Nikolay até mesmo se ofereceu para dirigir, ante o meu estado extremo de nervosismo, mas eu recusei, porque esse veículo pertence ao DIS e, consequentemente, ele está sob os meus cuidados, mas eu não pude deixar de perceber algo muito semelhante a preocupação na expressão de Nikolay. Quem diria que um vampiro como ele teria o mínimo de sensibilidade para saber quando um simples humano não está bem.

Assim que chegamos à mansão, diferente da habitual falta de educação dos seguranças, ao avistam Nikolay no banco do passageiro do carro, eles o dirigem respeitosos cumprimentos e pedem encarecidamente que nós aguardemos até comunicarem Eleanore e Markhan acerca da nossa presença. Essa é uma cena que eu, definitivamente, nunca vou esquecer: ver aqueles quatro homens enormes correndo feito um bando de palhaços em um circo.

Na verdade, eu tenho certeza de que os seguranças estão rezando para que não sejam eles os infelizes a dar a triste notícia de que os representantes do Millenium não poderão receber o infame Nikolay Delyon. Mesmo que se trate de um assunto urgente.

Porque, foi assim que Nikolay apresentou a situação: que ele tem um assunto urgente para tratar com os dois bruxos e não aceitaria recusa como resposta. Nem preciso dizer que houve a costumeira intimidação, com direito a olhos vermelhos-vampíricos e presas à mostra.

Mas, surpreendentemente, nós não esperamos muito tempo depois do cordial pedido do vampiro. Um dos seguranças se aproxima do carro minutos depois, com um sorriso maior do que o do Coringa, informando que podemos entrar na mansão, pois seremos atendidos.

Ao adentrar pelas portas e vislumbrar aquele mesmo memorável salão, Verônica já está à nossa espera. Um vestido tomara-que-caia oliva até os tornozelos acentua a cor do seu cabelo e de seus olhos, além das suas curvas. A garota me cumprimenta com uma simples menção de cabeça e abre o seu melhor sorriso para o vampiro, que não hesita em jogar um pouco do seu charme barato nela, beijando a sua mão ao melhor estilo "cavalheiresco". Como se ele fosse sequer capaz de ser um cavalheiro.

Se eu não tivesse o desaparecimento e a morte iminente de uma das pessoas mais importantes da minha vida pesando sobre a minha cabeça, eu teria um ataque de risos pela falsidade desse vampiro. Mas uma coisa eu tenho que admitir: ele é um ótimo ator.

Verônica nos guia silenciosamente através de um labirinto de corredores, sempre olhando para trás, para se certificar de que Nikolay mantenha os olhos grudados em seu traseiro, além de lhe lançar um ou outro sorriso um tanto malicioso. Oh, não se preocupe, querida, qualquer coisa com um batimento cardíaco serve para esse vampiro, penso comigo. Me repreendo mentalmente logo em seguida pelo meu comentário. Afinal, isso não é problema meu.

Nikolay parece ter captado mais uma vez os meus pensamentos, pois o seu sorriso cafajeste se alarga ainda mais e ele agora me olha de soslaio. Eu o ignoro, fingindo apreciar a quantidade incalculável de quadros que decoram as paredes dos corredores, retratando belas paisagens.

Verônica abre as portas de uma grande biblioteca e nos convida a entrar. Na verdade, "grande" não é a palavra adequada para esse lugar, monumental cabe melhor. A sala tem paredes de cerca de oito metros, estantes de madeira da mesma altura as cobrem, abarrotadas de livros e mais livros de todos os tamanhos e formas.

No centro da sala está um grande globo, que parece ser feito de ouro, oito anéis do mesmo material giram em sincronia ao seu redor; mais distante do globo principal, há inúmeros globos menores espalhados, alguns ostentam anéis e cinturões e outros são apenas formas arredondadas de diversos tamanhos. Deus, isso é uma representação da Via Láctea?

Todo esse intrincado sistema está preso dentro de quatro anéis dourados de forma ligeiramente oval, um na vertical, um na horizontal e dois nas diagonais, formando algo muito parecido com um átomo. Os anéis parecem girar aleatoriamente, alternando de posição entre si.

Exatamente em cima do anel vertical, o símbolo do Millenium brilha em dourado ofuscante, o pássaro de asas abertas olhando diretamente para nós, parecendo iluminar todo o cômodo. A mensagem nisso está explícita: o Millenium está acima de tudo e de todos.

Mas, o mais impressionante de toda essa estrutura não está nos elementos da obra ou na complexidade com a qual ela foi construída, e sim no fato de que ela fica suspensa no ar sem sustentação alguma, perto do teto, no meio da sala. Magia, claro.

Distribuídas ao longo de toda a extensão do local, há cadeiras, mesas e estantes pequenas, também cheias de livros. Em uma dessas mesas, Eleanore e Markhan folheiam apressadamente vários livros ao mesmo tempo, os bruxos não olham para as páginas, pelo contrário, eles parecem estar com os olhos vidrados, olhando um pouco além da mesa, para o espaço da biblioteca. Eles apenas viram as páginas e passam a mão sobre a tinta seca, como se procurassem por algo, murmurando palavras cujo significado eu não sei.

Mas por que diabos eles não mandaram alguém fazer esse trabalho por eles? É impossível que eles prefiram fazer isso por si mesmos, já que no nosso último encontro, eles fizeram questão de deixar claro o quão ocupados são os representantes do Conselho Millenium. Desse jeito, apenas os dois verificando os arquivos, levará meses para encontrar algo, por que eles não...

Ah, agora tudo faz sentido: eles mesmos estão fazendo o trabalho, porque delegar isso a outra pessoa seria o mesmo que admitir que eles foram feitos de idiota por alguém, e alguém que está conseguindo se esconder muito bem dos poderes desses dois bruxos tão poderosos. Bem que a Candice avisou que os bruxos são seres extremamente orgulhosos.

Subitamente, os bruxos param o que estão fazendo e se viram na nossa direção, seus olhos perdem o aspecto vidrado e se focam em nós. Eleanore está elegante como sempre, em um vestido vermelho liso de um ombro só, enquanto Markhan veste as suas costumeiras roupas pretas e camiseta de banda. É inegável o contraste que esses dois fazem um ao outro, me pergunto como eles foram escolhidos para representarem juntos esse Conselho.

- Não esperávamos pela sua visita, Sr. Delyon. - Eleanore meneia a cabeça na minha direção em um sutil cumprimento, mas a sua expressão me diz que algo como "o que diabos essa humana está fazendo aqui novamente?" passa pela sua cabeça. Depois de me cumprimentar, a bruxa concentra toda a sua atenção no vampiro ao meu lado.

Nikolay não se amedronta com o olhar perigoso dela, pelo contrário, ele o sustenta e mantém a sua postura relaxada e sorriso no rosto. Markhan não dispensa um tratamento mais cortês ao vampiro, o fuzilando com o olhar, parecendo ser capaz de soltar lasers pelos olhos e furá-lo como um queijo suíço, mas Nikolay também finge não perceber a reação um tanto grosseira. O seu comportamento despreocupado e autoconfiante parece enervar ainda mais os dois bruxos.

- Sabe como é, eu procuro sempre ser o mais imprevisível possível. - o vampiro respondeu. - Afinal, nunca se sabe quem pode ser amigo ou inimigo nesse complicado mundo sobrenatural, não é mesmo?

Eu sinto as auras dos dois bruxos se expandindo, o polvo de Markhan estende os seus tentáculos e a borboleta-monarca de Eleanore abre ainda mais as suas asas. Então, isso significa que os bruxos estão na defensiva. De fato, a presença do vampiro parece tê-los amedrontado, e muito. Nikolay apenas sorri novamente, parecendo satisfeito, e finge indiferença.

Seja lá o que tenha acontecido entre esses três, a tensão no local é mais do que palpável. Me pergunto quem pode ter dado início à história que gerou essa antipatia toda... Nikolay é um forte candidato a esse cargo, embora eu também não coloque auréolas e asas de anjo nesses dois bruxos.

O fato é que teremos sorte se sairmos daqui com as nossas cabeças intactas, principalmente uma mera humana como eu.

- Eu preciso de ajuda. - eu interrompo essa sessão gratuita de intimidação sobrenatural, fazendo os olhares dos bruxos se voltarem para mim por breves segundos. - Mais um homem foi assassinado e a minha chefe foi sequestrada pelo assassino.

- Qual órgão está faltando dessa vez? - Markhan questionou, desviando a sua atenção do vampiro e se focando totalmente em mim agora. Entretanto, por mais que o bruxo olhe para mim, eu sei que todo o seu poder está focado no vampiro ao meu lado.

A indiferença e frieza na voz de Markhan não me surpreendem. Na verdade, eu estou começando a acreditar que os seres sobrenaturais são simplesmente incapazes de sentir ou demonstrar qualquer emoção, quase como um efeito adverso pelo fato de não serem humanos.

- O cérebro. - Nikolay respondeu.

Markhan e Eleanore parecem empalidecer. Subitamente, as suas auras se recolhem, praticamente como se tivessem tomado uma espécie de choque sobrenatural. Eu olho de soslaio para o vampiro ao meu lado, o analisando minuciosamente, mas não sinto nada de diferente nele ou em sua aura.

- E você diz que a sua chefe foi levada, é isso? Ela também é uma psíquica? - a voz de Eleanore é quase um sussurro.

Eu meneio a cabeça positivamente, tentando decifrar o olhar que é trocado entre os bruxos quando eu confirmo as suas perguntas. Esses olhos arregalados em ambos e tangível sentimento de perigosa negação apenas servem para me alarmar mais. Céus, o que há de errado?

- Qual o problema? - eu perguntei, temendo a resposta.

- Um fígado, um pâncreas, dois pulmões, um coração e agora um cérebro. Esses são os órgãos roubados, certo? Nessa ordem? - a bruxa volta a perguntar. Eu apenas confirmo novamente. - E agora uma psíquica foi sequestrada...

A sala mergulha em um desconfortável silêncio por incontáveis segundos, ninguém parece sequer se mexer nesse meio tempo.

- Eu odeio essa tendência à drama dos bruxos. - Nikolay dá um passo à frente, quebrando o silêncio com a sua voz autoritária. - Diga logo que porra isso significa.

- Cuidado, vampiro, sua falta de modos pode ser o suficiente para me fazer explodir a sua cabeça em segundos. - Markhan o ameaça.

- Não se você estiver se afogando no seu próprio sangue, bruxo. - os olhos do vampiro brilham vermelhos agora, e as suas presas despontam dos lábios. Um aviso.

O vampiro sorri, expondo ainda mais as presas, e coloca as mãos nos bolsos da calça social, demonstrando despreocupação. Porém, a sua aura se liberta e nos atinge em ondas, como se estivesse sendo liberada aos poucos. Possivelmente apenas para passar a mensagem de "há mais de onde isso está vindo".

- Por Deus, temos uma situação de extrema importância aqui, vocês não podem medir forças em um outro momento? - eu interrompo novamente.

Nikolay apenas olha para mim com o seu costumeiro sorrisinho de escárnio e sobrancelhas arqueadas, voltando a ficar ao meu lado.

- Os tipos de órgãos roubados e a sequência em que o ato se deu são muito importantes, eles definem a natureza do ritual no qual serão utilizados. - Eleanore explicou, sua expressão fria e sua voz esbanjando descontentamento. - Nesse caso, os órgãos roubados são de extrema importância para o funcionamento de um corpo humano. Isso, somado ao fato de que uma psíquica foi sequestrada, nos indica algo muito pior do que pensávamos...

- Indica que, quem quer que esteja por trás disso, não pretende trazer apenas um corpo de volta à vida, como nós inicialmente suspeitamos, mas sim uma alma. Sua amiga será usada como receptáculo permanente para a alma trazida novamente a este mundo. - Markhan completou.

Receptáculo? Deus, se o corpo de Candice for usado pela alma de outra pessoa, o que acontecerá com a sua alma? E pior, de quem será essa outra alma?

- Vocês podem achar a localização da minha chefe usando um objeto pessoal dela, como nos filmes? - eu perguntei.

- Não, nesse momento, a alma dela não está mais nesse mundo. E mesmo se tentássemos rastrear a essência psíquica que emana do corpo dela, o assassino muito provavelmente já tomou medidas para ocultar o local onde a deixou. - Eleanore explicou. - Não conseguiremos obter nada da sua amiga.

Estou ficando sem opções. Não é possível, tem que haver um jeito de...

- Vocês conseguiriam rastrear a energia do assassino através de um símbolo? - Nikolay perguntou.

Eleanore e Markhan parecem surpresos, ficando pensativos logo em seguida.

- Um símbolo? Depende do significado que esse símbolo possui. Se o significado for forte e estiver ligado a algum tipo de magia, nós podemos identificar a sua representação mágica e tentar ligá-la à energia da pessoa à qual o símbolo pertence. - a bruxa explicou.

- Mas se você rastrear esse símbolo e ele possuir uma ligação mágica, o responsável não será capaz de sentir, de alguma forma, que o símbolo ligado a ele está sendo rastreado? - eu perguntei. - Principalmente se há magia envolvida.

- É provável que ele não suspeite, já que a sua aura está, de certa forma, ligada ao símbolo, como se fizesse parte dele. - Markhan explicou. - Então, qual o símbolo?

- Uma serpente naja de duas cabeças. É o símbolo ligado ao assassino. - eu falei. Os bruxos me lançam olhares desconfiados. - Não me perguntem como eu sei disso.

Subitamente, os olhos de Eleanore brilham em algo parecido com compreensão. A bruxa sai em direção a uma das prateleiras mais distantes da sala, parando para analisar as opções de livros dispostos, muitos deles aparentando séculos de idade.

Eleanore escolhe o que aparenta estar em um estado menos decadente do que os outros, um grande livro, mais grosso do que meus dois braços juntos. O exemplar vem flutuando atrás da bruxa, antes de cair com um baque surdo sobre a mesa entre os outros livros; a capa é vermelho bordô e o título parece ter sido apagado há muito tempo pela ação dos implacáveis anos.

- Você tem certeza de que esse é o símbolo que você viu? - a bruxa me perguntou, folheando as páginas do livro velho.

Eu confirmo, vendo os olhos da mulher esquadrinhando rapidamente as páginas, buscando sabe-se lá o que. Ela para em uma página específica e eu vejo, no topo dessa página, exatamente o mesmo símbolo que eu acabei de descrever: uma serpente naja de duas cabeças, sua pele é verde brilhante e escamosa, ambas as cabeças têm as presas e línguas à mostra. Ao lado das serpentes, estão apenas duas palavras em letra cursiva dourada um pouco apagada.

"Clã Nyati".

Eai, minha gente, quem será esse tal Clã Nyati? Quem arrisca um palpite, hein? 👀

Não se esqueçam de votar e até a próxima <3.

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