O dia seguinte foi uma completa confusão, as aulas de Runas Antigas e Aritmância passaram voando e estranhamente, Harry não tinha passado mal em momento algum, porém, mais estranho ainda foi não ver a presença de Malfoy em nenhuma delas.
Tampouco na mesa do café da manhã ou do almoço.
Apesar de "negar" que sentisse alguma coisa pelo loiro, Potter não conseguia não se importar com ele, principalmente depois da noite na Torre de Astronomia.
Como lidar com essa confusão mental?!
Harry estava com o braço entrelaçado no de Hermione caminhando até o pátio enquanto ficariam até as próximas aulas começarem. Rony tinha ido com Gina e os irmãos à cabana do Hagrid, então Harry e Hermione ficariam por algum banco até a hora certa. Passava um pouco mais das duas tarde e como um vislumbre, Harry jurou ter visto cabeleiras loiras ao final do corredor entre uma das pilastras.
— Harry, o Que foi? – a cacheada disse ao ver que seu melhor amigo tinha parado de andar.
— Aquele é o Malfoy? – questionou vendo a amiga voltar e olhar na mesma direção que ele.
— Acho que sim... Ele parece estar com o Blaise Zabini. – ela fitou o moreno — Algum problema?
— Era isso o que eu queria saber... – Hermione sorriu negando com a cabeça e erguendo uma sobrancelha Harry afastou-se um pouco.
— Você mal tá conseguindo esconder, Harry.
— Esconder o que? – ela revirou os olhos — Eu só queria saber se ele tá doente, porque desde que descobrimos essa gravidez ele tem se preocupado comigo, até fizemos um "recomeço"... – a garota abriu a boca e só então Harry se deu conta que não tinha contado nada detalhado sobre suas "saídas" com Draco Malfoy e com deboche Hermione riu e cruzou os braços esperando amigo falasse. — Olha, ele só achou que não tivemos um bom começo há anos atrás, e prometemos nos tratar bem daqui em diante.. pelo bem da criança.
— Da criança, sei... – ela riu e arrumou a bolsa em seu colo, colocando uma mão na bochecha do amigo fazendo um leve carinho pelo seu rosto. — Você não precisa guardar tudo isso pra si, Harry, as coisas já estão loucas demais pra você se privar de sentimentos, e eu tenho notado que você anda diferente desde que toda essa confusão começou.. – ele engoliu seco — Pode tentar mentir pra nós, mas você não pode mentir pro seu coração. – ela fez uma pausa e pôs a mão em sua barriga vendo o amigo sorrir e juntar sua mão com a da amiga. — Eu não suporto o Malfoy, fico chateada só de pensar que talvez ele realmente tenha algo a ver com tudo isso. – Harry fez uma careta — Mas o fato aqui não é o que Eu, ou qualquer outro Grifinório pensa sobre ele, está na cara que você já sentia alguma coisa pelo Malfoy muito antes dessa poção da errado... – o moreno suspirou e abaixou a cabeça. Ele odiava o fato de sua melhor amiga ser tão observadora e sempre estar certa.
Por mais que relutasse em admitir, Harry também já tinha notado que algo dentro dele não era a mesma coisa quando ele encontrava com Malfoy, ele nunca conseguiu explicar, e como estavam sempre em pé de guerra, aquilo nem passava pela sua cabeça. Mais depois daquela aula de poções que foi um fracasso, o jeito como Malfoy o tinha tratado e vinha lhe tratando trouxe de volta tudo o que um dia ele achou ser algo ilógico, impossível e até ridículo, eram coisas que não faziam sentido em sua cabeça naquela época, e por muito tempo "ignorá-las" funcionou bem, até eles saberem da gravidez e Malfoy começar a lhe tratar diferente.
Harry mal sabia como estava conseguindo se manter são com todo o emaranhado de pensamentos e sensações; se ele gostava de Malfoy qual o problema em aceitar?!
Então porque continuar negando tudo?!
— Você não pode ser infeliz por medo do que os outros vão achar, ou dizer. – ela continuou com a voz calma trazendo o amigo de volta a realidade — Sempre vão existir pessoas pra apontar seus erros, dizer que você está errado, e até quando você estiver fazendo o certo, as pessoas ainda irão criticar. Eu odeio admitir, mas o Malfoy superou todas as minhas expectativas, ele tem sido alguém completamente diferente do que conhecemos. – Harry concordou — Ainda vai demorar um pouco para nos acostumarmos com isso, mas se você gosta mesmo dele, e eu sei que gosta, vá em frente... Eu te amo e só quero que você seja feliz... – Harry sorriu largo e abraçou a amiga deixando que mais algumas lágrimas caíssem; ele não tinha parado pra conversar sobre nada daquilo com seus amigos, e também agradeceu por nenhum deles querer fazê-lo "a força".
Harry sabia que no momento certo as coisas iriam fluir, assim como aconteceu naquele exato momento. Era óbvio que com Rony seria muito diferente, ele não aceitaria aquilo numa boa, mas ainda assim, Harry sabia que o amigo ficaria do seu lado independente de qualquer circunstância.
E Harry era muito grato por ter amigos assim.
— Não precisa admitir nada agora. – ela voltou a dizer e então virou na direção em que Malfoy ainda estava parado e fez um leve sinal com a cabeça — Vai lá. – o de cicatriz a olhou espantado vendo-a sorrir dando um tapinha em seu braço. — Não se prive de ser feliz, Harry.
E antes que ele pudesse protestar outra vez, Hermione levantou do banco e saiu quase correndo, deixando-o sem ação, Harry suspirou e olhou ao redor vendo que os alunos nem pareciam notar nada errado na expressão de Harry, ou talvez ele estivesse tão louco que estava ilusionando sobre si mesmo. Quando voltou a olhar pra frente, ele notou que Malfoy ou Blaise Zabini estava de costas para a direção que Harry ficara, então era provável que eles nem tivessem o visto ali e suspirando fundo. o moreno começou a andar até eles, mesmo que ainda não fizesse ideia do que falar.
"Oi Malfoy, senti sua falta" ou "Quero ficar com você."?
Aquilo era ridículo.
Mas ele acabara de ouvir sua melhor amiga falar pra não esconder seus sentimentos, porque negar o óbvio?!
— Malfoy..? – o loiro virou assustado ao ver Potter parado a sua frente, diferente de como ele reagiria há meses atrás, e Harry não deixou de achar aquilo estranho. — Oi Zabini.
— Como está se sentindo, Potter?
— Muito bem, obrigado. – o moreno sorriu de lado e logo encarou Malfoy outra vez — Aconteceu alguma coisa? – Draco ergueu uma sobrancelha.
— Como assim?
— Você não apareceu em nenhuma aula hoje, não estava no café da manhã, nem almoço... – Blaise deu um risinho, abaixando a cabeça. — Achei que tivesse tido problemas. – o loiro negou.
— Eu estou bem, relaxa. – Harry franziu o cenho não convencido pela sua resposta, e Malfoy também notou aquilo na expressão do outro. — Mas obrigado por se importar..
— Então, por que não foi as aulas? – Draco ficou em silêncio enquanto tinha um flashback de seu pesadelo da noite anterior, Blaise agora olhava o amigo fixamente, sabia que mais uma vez Draco tentaria fugir do assunto e guardar tudo pra si, e ele sinceramente não aguentava mais aquilo.
— Só estava resolvendo umas coisas.. – Blaise revirou os olhos — Pensei em mandar uma coruja para os meus pais...
— Ah, vai se foder, Draco. Você vai mesmo continuar mentindo a essa altura dos fatos? – Harry estava confuso com o comentário e Malfoy virou para o amigo, o fuzilando com o olhar.
— Blaise... – Draco tentou dizer de forma discreta, sendo ignorado por completo.
— Achei que você tivesse dito que não queria esconder seus sentimentos por ele.. – Blaise então encarou Harry que continuava com sua expressão confusa. — O Draco sonhou que você dava um fora nele na frente da escola inteira..
Malfoy arregalou os olhos, sentindo como se todo o sangue do seu corpo tivesse esvaído. O amigo continuou agindo como se nada tivesse acontecido e Draco o socou no braço.
— Mas que porra, Blaise!
— Nós já tínhamos conversado sobre isso, Draco. – o loiro ficou quieto — Eu disse alguma mentira, por acaso? – Draco revirou os olhos.
— Você não vai viver até as férias, Zabini. – retrucou furioso e o amigo riu dando de ombros.
— Por que eu te daria um fora? – Harry questionou com a voz baixa vendo Malfoy suspirar frustrado, antes de voltar a atenção para ele.
— Eu... – Draco fechou os olhos e respirou fundo, ainda nervoso. — Eu pedia você em namoro.. – ele fez outra pausa e então, olhou Harry nos olhos. — Mas você disse não, porque... Não gostava de mim.. – Harry engoliu seco, lembrando do dia que Malfoy assumiu que tinha medo da sua reação e de toda a insegurança por não saber se seria correspondido nos seus sentimentos.
Harry se sentiu mal e deu alguns passos a frente, se aproximando de Malfoy e então segurou uma das mãos do loiro, fitando-o nos olhos enquanto sua expressão ainda era desolada.
— Eu sei que está preocupado e com medo, mas não precisava me evitar por causa disso. – Harry continuou falando com a voz baixa e mesmo que não vissem, Blaise olhava a cena, fazendo caras e bocas enquanto sussurrava consigo mesmo que diria aos seus amigos toda a declaração que tinha acabado de ver e ouvir. — Só foram sonhos ruins, Malfoy. É bobagem...
O loiro engoliu seco.
— Não é bobagem quando envolve a pessoa que você ama. – Harry arregalou os olhos e Blaise colocou a mão na boca, prendendo um grito de empolgação e então ele viu Harry se aproximar ainda mais e soltar a mão que segurava a de Draco, o abraçando em seguida enquanto acariciava suas costas.
— Eu nunca vou te dizer 'não'. – Harry sussurrou o mais baixo possível para garantir que somente Draco ouvisse, e pareceu dar certo, já que o loiro respirou fundo e fungou, segurando as lágrimas que provavelmente viriam. — Eu 'tô aqui com você... Não vou a lugar nenhum...