No Compasso das Estrelas | ⚢

Por girlfromcv

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Para uns, Porto Baixo não passava de uma cidadezinha praiana esquecida num canto qualquer da Costa Este e ass... Más

Nascer do sol
DREAMCAST
Epígrafe
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 31
Capítulo 32
Epílogo
Especial de Fim de Ano
Tem alguém aí?

Capítulo 30

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Por girlfromcv


      Yara abriu os olhos a tempo de captar através da janela do carro a movimentação da Praia Dourada naquela tarde de domingo que parecia chamar todos a aliviar o calor e relaxar, a fim de iniciar a semana da melhor forma.

Alguns surfavam, outros banhavam-se apenas, diferentes daqueles que preferiam a areia no momento, principalmente as crianças que corriam e pulavam de um lado para o outro, gastando a carga de energia acumulada em seus corpos.

Havia ainda outro grupo que permanecia no quiosque perto da calçada, degustando água de coco e pensando na vida, enquanto observavam as ondas calmas e o sol que quase se punha.

O cheiro gostoso da brisa marítima que a recebia, a beleza do final de tarde e o barulho das pessoas animadas na praia eram elementos relaxantes e faziam com que se sentisse uma boa filha, pois estava voltando para aquela que havia se tornado a sua casa e aprendera a amar como parte de si.

Viu uma criança correr velozmente atrás de outra pela areia, rindo e gritando, e  lembrou-se de Maurício, que chorou ao despedir-se dela, pedindo que não demorasse a voltar. Ele com certeza iria gostar de correr e brincar ali até se cansar.

Clarisse também chorou, embora tentasse disfarçar — demorando-se no abraço para poder enxugar as lágrimas sem que ela visse —, deixando claro que as portas estariam sempre abertas para ela a qualquer tempo e hora, e reforçando o conselho dado na noite anterior.

Também não conseguiu evitar que as emoções tomassem conta de si e, agarrada aos dois, garantiu que voltaria a visitá-los em breve.

      — Descansou? — a voz de Matias fez-se ouvir ao seu lado, fazendo com que olhasse para ele.

      — Uhum. — respondeu num suspiro, passando as mãos pelo rosto.

Ele voltou a prestar total atenção à estrada pouco movimentada, caraterística das tardes de domingo.

No dia anterior, na volta da Double S, revelou que estava na cidade a trabalho e só voltaria a Porto no dia seguinte, pelo que poderia levá-la caso quisesse.

Ela aceitou, não só como uma forma de poupar tempo à tia para que continuasse focada na organização da exposição, mas também de firmar laços com Matias, tendo em conta que andavam trabalhando para reerguer a relação.

Sentia algo de bom se espalhando pelo seu peito ao ver o quanto ele estava se esforçando para que desse certo, sem forçar absolutamente nada. As coisas estavam fluindo naturalmente, não de volta ao que era antes, mas sim rumo a algo novo, com base nas pessoas que haviam se tornado.

Enviou uma mensagem à Lena, avisando que tinham chegado, ao mesmo tempo que o pai parou o carro e desceu, de seguida abrindo a porta de trás para pegar a sua mochila.

Parecia um déjà vu ao descer e vê-lo em pé com a bagagem em mãos, à espera que pegasse. Lembrava-se dos seus tempos de menina, em que a levava à escola e esperava que descesse para lhe entregar a mochila.

Uma nostalgia enorme inundou o seu peito no momento que ele lhe ajudou a colocar nas costas e sorriu. A sua expressão lhe dizia que as lembranças também estavam presentes.

      — Muito obrigada pela carona.

      — Não tem de quê. — meteu as mãos nos bolsos das calças. — Sempre que precisar.

A preta assentiu e, num ímpeto e sem saber como prosseguir verbalmente, deu um passo para a frente e o abraçou. Quase se arrependeu no segundo seguinte por falta de uma reação da parte dele, mas quando sentiu os seus braços a envolverem, sorriu aliviada.

      — Muito obrigada! — com a cabeça encostada em seu peito podia ouvir o seu coração bater acelerado. — Por tudo.

      — Eu... — as palavras lhe faltavam e a supresa se misturava à alegria em seu rosto.

A aproximação repentina de Madalena impediu-o de prosseguir, roubando a atenção para a sua expressão indecifrável.

A ex-cunhada não era exatamente o seu desafeto, mas a relação deles nunca foi das melhores, baseando-se em cumprimentos frívolos e escassa conversa, sem contar que ela fez questão de deixar claro que não gostava dele e parou de falar consigo quando se separou da sua irmã.

Entendia o seu lado e não tirava a sua razão, pois, no seu lugar, não sabia se teria estômago para manter conversa com alguém que magoou profundamente pessoas que amava.

      — Matias. — voltou a si quando ouviu a voz dela, deparando-se com a sua mão estendida para si.

      — Madalena. — aceitou o comprimento. — Como vai?

      — Bem, obrigada. E você?

      — Também, obrigado.

Observou-a abraçar a sobrinha e perguntar se estava bem, recebendo uma resposta positiva e um sorriso.

      — Bem, eu tenho que ir. — anunciou, captando a atenção delas.

      — Tá bem então. — a preta deu um passo para frente, segurando as alças da mochila. — Obrigada novamente.

Ele fez um gesto com a mão, mostrando que aquilo não fora nada 

     — Nos vemos depois. — disse, antes de se afastar em direção ao carro.

      — Até.

Entrou no jeep preto ao mesmo tempo que Madalena e Yara seguiram para a entrada do prédio.

Deu partida quando as viu desaparecer porta adentro, não sem antes receber um aceno da filha e acenar de volta.

      A semana transcorreu normalmente para Lacerda, não fosse pela imensa falta que a porto-baixense lhe fazia.

Pensava constantemente sobre o que havia conversado com Clarisse e, por vezes, considerava seriamente tomar alguma atitude, mas quando imaginava qual seria a reação de Léia, o fiapo de coragem se desfazia e desaparecia feito pó ao vento.

Manteve a estratégia de isolamento para não encontrá-la, o que continuou funcionando, contudo só fazia doer mais por estar sendo medrosa e correndo o risco de perdê-la completamente. Se é que ainda a tinha.

Leandra, assim como a sua tia, ficou muito feliz em receber as novidades da sua estadia em Solar, tanto por ter tido coragem de regressar ao lugar onde tudo começou para encarar de frente o que a machucava, como pelo rumo que a sua relação com o pai seguia.

Estava claramente orgulhosa dela e do seu progresso.

Outra coisa que contou foi sobre o conselho de Clarisse, acabando por receber um terceiro na mesma linha: que era necessário conversar com Léia, pois certas respostas não teria e certas coisas não saberia de não tentasse.

No fim de tarde de quinta-feira, enquanto arrumava o seu guarda-roupa e separava roupas para lavar, era aquilo que ocupava a sua mente.                                        

Suspirou, após dobrar uma regata e depositar na pilha das blusas. Sabia que, por mais bonitinho que arrumasse, em uma semana já estaria uma bagunça novamente, assim como a sua vida nos últimos tempos.

Embora Lea tentasse fazê-la acreditar que conseguiria assumir o controle e que estava por cima de aquilo tudo, custava a crer quando nem consertar as coisas com a garota que amava ela conseguia.

Apanhou uma saia jeans no pequeno amontoado de roupas sobre a cama e verificou os bolsos — como fez com as outras peças —, deparando-se com um cartãozinho dobrado ao meio.

Abriu-o, reconhecendo imediatamente as cores graciosamente combinadas no fundo e as letras garrafais em destaque. Era o cartão com as informações do grupo de apoio que Leandra sugeriu que frequentasse.

Sentou-se na borda do colchão, com o papel em mãos, ao mesmo tempo que Lena entrou no quarto, procurando avidamente por algo na bolsa que sustentava no braço.

      — Você viu onde eu coloquei as chaves da Galeria? — questionou, apontando para ela, que negou com mexidas de cabeça, os olhos ainda no papel. — Droga!

      — Mas a Yumi não está lá?

      — Está, mas vai que algo acontece, sei lá. Eu preciso encontrar essas chaves. — coçou a cabeça, olhando para os lados. Realmente a exposição, que teria lugar no dia seguinte, estava dando consigo em doida. — Será que eu deixei no...o que é isso aí que você tanto olha?

Ela aproximou-se, espiando com curiosidade o que a sobrinha tinha nas mãos.

      — É o cartão de um grupo de apoio aí. — respondeu, finalmente olhando para ela, que sentou-se ao seu lado. — Leandra disse que poderia ser bom pra mim.

      — Hm, entendi. — assentiu lentamente. — Você quer ir?

      — Não sei. — coçou a testa, indecisa, fitando o cartão. — Já tem um tempo que ela me falou, mas eu ainda não sei se estou preparada.

      — Sabe que eu sempre vou querer o melhor pra você, então se sentir que isso vai te fazer bem, tem todo o meu apoio, sim?

Lacerda assentiu.

      — Eu vou pensar.

      — Ótimo. Agora eu tenho que ir, senão a Yumi vem até aqui me arrastar. — beijou a sua testa e levantou-se. — As meninas estão assistindo televisão. Peguem alguma coisa pra lanchar, tá? Tem frutas, biscoito, cereais, o que quiserem. Eu volto antes do jantar. Beijos.

      — Até logo.

Lena acenou e saiu pela porta, porém voltou logo depois ao lembrar-se de algo.

      — Divirtam-se, mas, por favor, pelo talento de Da Vinci, conservem a minha casa inteira.

      — Entendido, comandante. — bateu continência e sorriu, observando-a desaparecer pelo corredor.

      No fim das contas, não foi de todo ruim como imaginava.

Na verdade, foi até bom. Voltava para casa sentindo algo de bom se alastrando por seu peito e havia uma sombra de sorriso em sua face iluminada pelo sol poente.

Não saberia explicar, mas as histórias que ouvira, todas as lágrimas que viu as pessoas ao redor derramar e todo o resto fizeram-na perceber que, de fato, não estava sozinha. No fundo, sabia que nunca estivera, mas teve a plena certeza ao ver força de vontade nos olhos de pessoas que passavam por situações do tipo e eram constantemente tentadas pela vontade de desistir.

Era muito bom saber que não estava sozinha na luta e, embora com histórias diferentes, todos lutavam do mesmo lado, o lado amarelo da força. Faziam parte daqueles que muitas vezes lutam no silêncio e no escuro do quarto e só são lembrados em setembro, mas não tomavam aquilo como motivo suficiente para desistir.

O espaço era acolhedor e bastante aconchegante, mas o apoio no olhar das pessoas, ainda que sem saber quais batalhas travava internamente, eram o suficiente para que se sentisse um pouco mais à vontade.

Queria muito ir até a praia para ver o pôr-do-sol e terminar o dia em grande, mas a exposição na Sombra do Poente começaria em breve, pelo que tinha que voltar para se arrumar.

      — Boa tarde, seu Nelson. — cumprimentou assim que entrou no prédio, seguindo em direção ao elevador.

      — Ô, dona Yara, bem na hora! — exclamou, detendo os passos da preta. — Acabaram de deixar algo aqui pra senhora.

Lacerda absteve-se de alertá-lo, pela milésima vez, sobre tratá-la por aqueles termos, mas sabia que seria em vão, pois era um hábito de muito tempo que custava abandonar.

      — Pra mim? — aproximou-se, confusa. — Tem certeza?

      — A não ser que exista alguma outra Yara Lacerda no duzentos e um, acho que sim. — sorriu, brincalhão, depositando uma caixa preta com detalhes em vermelho sobre o balcão.

De fato, o seu nome e o número do apartamento escritos na parte de cima confirmavam que era para ela.

      — Engraçadinho. — semicerrou os olhos para Nelson, de seguida pescrutando a caixa com atenção. — Que estranho. Não tem remetente.

      — Alguém quis fazer uma surpresa? — palpitou, dando de ombros.

      — Ha ha, até parece! — soltou uma risada, desacreditada, sacudindo o pacote perto do ouvido, mas pouco se ouviu. — E se tiver uma bomba aqui dentro?

      — Numa caixa bonita dessas?

Tinha que admitir que era mesmo linda, no entanto, assistira séries policiais o suficiente para saber que podia muito bem se tratar de uma armadilha.

Suspirou, coçando a cabeça.

      — Bem, de qualquer forma, eu vou subir e tentar descobrir o que é. — pegou o que era seu. — Obrigada, seu Nelson. Até logo!

      — Até, dona Yara.

Esperou o elevador chegar, e em poucos minutos já entrava em casa, deparando-se com uma Madalena apressada e espectacular no corredor, avisando que estava indo para a Galeria a fim de ajustar algumas coisinhas antes de receber os convidados, e pedindo que se pusesse pronta logo para estar lá a horas.

E assim saiu, deslumbrante em um vestido tubinho de mangas compridas, confecionado a base de tecidos africanos, com uma linha diagonal de botões que fazia parecer que estava de blazer, mas na verdade não. Os cabelos volumosos escondiam-se por dentro de um turbante que combinava perfeitamente com o traje, rematado pelo scarpin preto e batom vermelho vivo recém-passado. Absolutamente magnífica!

A preta viu-se sozinha no silêncio do apartamento, lamentando a ausência das primas, que passariam o fim de semana com o pai em Nova Atlanta.

Apressou-se a estar pronta o mais rápido possível, pois queria estar na galeria pontualmente para prestigiar o evento pelo qual a tia e a sócia deram tanto suor.

Enquanto fechava o zíper lateral do vestido vermelho-carmim em frente ao espelho do guarda-roupa, e o cetim abraçava o seu corpo, os seus olhos foram de encontro à caixa esquecida sobre a cama.

A pressa havia feito com que se esquecesse dela.

A curiosidade voltou com força e, sem pensar muito, sentou-se na cama e a trouxe para o seu colo, decidindo que iria apenas espreitar e o resto ficaria para quando voltasse.

Respirou fundo e retirou a tampa com cuidado, deparando-se com várias tirinhas coloridas de papel ocupando boa parte do interior.

Logo por cima, um papel dobrado em quatro repousava sobre algo que reconheceria em qualquer lugar do mundo, ainda que parcialmente coberto, como naquele momento.

Era o seu exemplar de "Noventa e nove".

A simples constatação do que aquilo significava fez o seu coração acelerar, porque era Léia quem o tinha, então só podia ter sido ela quem enviara a caixa.

E, aparentemente, também uma mensagem, pois a caligrafia do papel que acabava de desdobrar com certeza era sua.

"22/11/2020

     
      uma infinidade de coisas que anseio por te dizer desde que coloquei os meus pés para fora da biblioteca naquele dia fatídico, em que o sol se foi e me vi na imensidão de um lago gelado, congelando-me da epiderme aos ossos.

Senti tantas coisas diferentes no momento em que olhei em seus olhos e percebi que não estava em minhas mãos, mas me vi incapaz de expressar o que quer que fosse, pois tudo se embolava dentro de mim como uma extensão de fios que era necessário tempo e paciência para desembaraçar.

E eu tomei esse tempo.

Esperei até que o mar tumultuoso em meu coração desse sinais de calmaria, para que eu pudesse assimilar com mais clareza tudo o que havia acontecido. Eu refleti sobre inúmeras coisas que poderiam ter nos levado até ali, chegando a me perguntar se por acaso já não estávamos em queda livre fazia tempo e apenas eu não percebi.

Porque, quando atingi o chão, ele mal me amparou e se abriu sob mim. E eu continuei a cair, a ir para longe, mas sem encontrar a melhoria que julgou que eu teria estando em outro lugar que não fosse perto de você.

Pensando agora, acho que talvez tenha se esquecido de me perguntar se realmente seria o melhor pra mim. Talvez te tenha escapado à ideia questionar o que eu queria, o quanto doeria em mim, e o quanto eu estava disposta a lutar para que agora a realidade fosse outra.

Também me pergunto o porquê de você ter ido embora tão de repente, sem me dar espaço algum para tentar fazer com que ficasse. Você não olhou para trás e eu ainda não estava pronta para soltar a sua mão. Eu teria feito e dado tudo de mim para que permanecesse. Mesmo que não pedisse, eu me esforçaria a cada momento para te fazer enxergar o quão incrível é e o quanto que me faz bem, leve e imensa.

Eu tinha tantas coisas ainda a dizer sobre e para ti, que acho que nem uma vida inteira seria suficiente. Desejava te falar, olhando em seus olhos, que você tem a risada mais gostosa de todas, que o seu cheiro é o meu favorito de todo o Universo, que amo a sua voz, a sua timidez, a maneira como tenta esconder o rosto quando fica envergonhada, as suas respostas ácidas, a empolgação única quando fala sobre livros. Cada detalhe que os meus olhos — comandados por um coração apaixonado — não deixaram passar.

Neste momento, ao mesmo tempo em que me pergunto se não poderia ter feito um pouco mais para que você tivesse escolhido ficar, também me ocorre a dúvida do que te fez pensar que eu ficaria melhor sem você, quando só me trouxe coisas boas e me fez provar de sensações que eu nunca pensei antes sentir, como se estivesse flutuando e nenhuma força do Universo pudesse me trazer para baixo.

Entretanto, ironicamente ou não, aqui estou eu, escrevendo enquanto a luz do sol poente reflete no papel de aparência antiga e embeleza o meu quarto.

Sabe, desde o dia no terraço, todos os fins de tarde me lembram você. Os momentos que vivemos ao pôr-do-sol e no compasso das estrelas fazem parte das minhas lembranças mais felizes. Aquele foi um dos melhores dias da minha vida, pois tive certeza do que sentia por você e do quanto te queria na minha vida.

Eu gostaria tanto que houvessem mais memórias para colecionar, histórias para contar e, quem sabe, planos, projetos e sonhos a serem compartilhados num futuro não tão distante. Você não tem noção do quanto eu desejava que as coisas fossem diferentes. Que, juntas, enfrentássemos bravamente qualquer adversidade. Mas, infelizmente, você escolheu ir e acho que não há nada que eu possa fazer para mudar isso.

Portanto, só me resta desejar que tudo seja bom pra ti. Que a vida te sorria e jogue flores, que a alvorada seja uma chance para novos começos, que a alegria seja uma presença constante, que o medo nunca te impeça de alçar voo em busca de novos destinos, que o fim de tarde venha com a sensação de dever cumprido e prontidão para um novo amanhecer cheio de chances para ser feliz. E que, quando as estrelas finalmente beijarem o céu, você dance, dance muito até se cansar, agradecendo pelo que se foi e se preparando para saudar o que virá.

E, o que quer que venha, que seja bom e te faça sentir orgulho da pessoa que lutou para se tornar. E, aonde quer que eu esteja, também estarei feliz por você.

Ass.: Vidente".

Ao fim da leitura, o coração da preta batia acelerado no peito, enquanto lágrimas faziam caminho por suas bochechas.

Ela queria sim novos começos, desejava mais do que tudo ter o coração preenchido a cada fim de tarde por ter dado o seu melhor, queria orgulhar-se da sua trajetória e das coisas que poderia conquistar, era o seu desejo dançar sob as estrelas até seus pés doerem, mas, mais do que tudo, queria que fosse com ela. Queria que Léia lá estivesse para aproveitar cada segundo consigo, queria beijá-la até o amanhecer assim como as estrelas beijavam o céu noturno, e desejava que o seu sorriso — tão revigorante quanto o sol da manhã — fizesse parte de cada um dos seus dias.

Queria-a assim como o sol ardia sobre Porto. Queria-a como nunca antes.

Então talvez fosse aquela a sua deixa para chegar-se a ela. Queria saber se ainda sentia tudo o que descrevera na carta, se continuava disposta a enfrentar tudo ao seu lado e, o mais importante, se ainda visualizava um futuro consigo.

Precisava encontrar a porto-baixense e, assim como ela, dizer tudo o que vinha guardando em seu coração.

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